tag:blogger.com,1999:blog-88508926139371883642024-03-13T13:25:45.533-07:00MÚSICAsite sobre música, sons, letras de músicas, acordes,partituras.Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.comBlogger227125tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-17089496026897601872022-02-23T13:10:00.000-08:002022-02-23T13:10:22.894-08:00OS PRIMITIVOS - NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - PARTE I - ELES COMEÇARAM A HISTÓRIA<p> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ELES
COMEÇARAM A HISTÓRIA</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
Música Popular, essa criadora de ídolos da moderna era da cultura de massa, começou a nascer no Brasil há mais de duzentos anos, pela mão
de artistas cujo nome, na maioria das vezes, a História esqueceu.</span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="text-align: left;">Desde o fim
do século XVII, o poeta satírico <b>GREGÓRIO DE MATTOS GUERRA</b>, (Salvador 23/12/1636 - Recife 26/11/1696 apelidado BOCA DO
INFERNO ou BOCA DE BRASA, conquistava (já velhote) muitas mulatinhas do Recôncavo baiano,
cantando versos frascários ao som de uma viola de arame por ele mesmo
fabricada. Por suas críticas foi considerado poeta rebelde e primeiro poeta do Brasil.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Pouco mais de cinquenta
ano depois, em meados do século XVIII, outro tocador de viola, o poeta carioca<b> DOMINGOS
CALDAS BARBOSA, o LERENO </b></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><br /></span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiPz1Nd8_TfeNxXyqDujPb1nZY5wXbRZ964Msx4m67YeTUuuHBMeBPwlhRya0nNM11VM6PjZqoUV4hN0SYrFf3TZfC78iFrpnWF-ccER6jdOMGzqiNp85gZ902n5x2J2TnAt7XK3RAyXJj9oZbGQl3bQROWXIqBA2RFKE0cpjmlIPpbo2Z9CBED738c=s328" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="328" data-original-width="221" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiPz1Nd8_TfeNxXyqDujPb1nZY5wXbRZ964Msx4m67YeTUuuHBMeBPwlhRya0nNM11VM6PjZqoUV4hN0SYrFf3TZfC78iFrpnWF-ccER6jdOMGzqiNp85gZ902n5x2J2TnAt7XK3RAyXJj9oZbGQl3bQROWXIqBA2RFKE0cpjmlIPpbo2Z9CBED738c=s320" width="216" /></a></div></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">(Rio de Janeiro 1740, Lisboa 9/11/1800), filho de um português com uma escrava negra de Angola, deixava
o Rio de Janeiro e ia lançar na corte de Lisboa umas cantigas repassadas de tal
ternura, que os mais conservadores chegava a temer pela integridade moral das
mulheres as quais se dirigiam.</span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">“Ora adeus, Senhora Ulina,</span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Diga-me, como passou,</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Conte-me, teve saudades?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Não, não; nem de mim mais se lembrou;</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Cantou, algumas modinhas?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E que modinhas cantou?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Lembrou-lhe alguma das minhas?</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Não,
Não; nem de mim mais se lembrou”.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Seria, porém, a partir
da segunda metade do século XIX, que a história da música popular iria fixar os
primeiros nomes daqueles que ajudaram a formar no Brasil, um dos mais ricos
patrimônios de todo o mundo, no campo dos ritmos e das canções.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E havia com toda a certeza uma razão para
isso.<o:p></o:p></span></b></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Por
oposição à música folclórica (de autor desconhecido e transmitida oralmente de
geração a geração), a música popular (composta por autores conhecidos, e
divulgada por meios gráficos, como as partituras, ou através de gravações de
discos, fitas, filmes ou vídeo-tapes) constitui uma criação contemporânea ao
aparecimento das cidades com um certo grau de diversificação social.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No
Brasil isso equivale a dizer que a música popular aparece nas duas principais
cidades coloniais – Salvador e Rio de Janeiro – no correr do século XVIII,
quando o ouro das Minas Gerais desloca o eixo econômico da região Nordeste para
o Centro-Sul, e a coexistência desses dois centros administrativos de áreas
econômicas distintas torna possível a formação de uma classe média urbana
relativamente diferenciada.</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Nos primeiro duzentos
anos da colonização portuguesa no Brasil, a existência de música popular se
tornava impossível desde logo porque não existia povo. Os indígenas, primitivos
donos da terra, viviam em estado de nomadismo ou em reduções administradas com
caráter de organização teocrática pelos padres jesuítas. </span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Os
negros trazidos da África eram considerados coisas e só encontravam relativa
representatividade social enquanto membros de irmandades religiosas. E,
finalmente, os raros brancos e mestiços livres empregados nas cidades,
constituíam minoria sem expressão, o que os levava ora a identificar-se
culturalmente com os negros, ora com os brancos da elite de proprietários – os
chamados homens bons.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Durante esses dois primeiros séculos de colonização, portanto, os
únicos tipos de música ouvidos no Brasil seriam os cantos das danças rituais
dos indígenas, acompanhados por instrumentos de sopro (flautas de vários tipos,
trombetas, apitos) e por maracás e bate-pés; os batuques dos africanos (na
maioria das vezes também rituais, e à base de percussão de tambores, atabaques
e marimbas, e ainda de palmas, xequerés e ganzás), e, finalmente, as cantigas
dos europeus colonizadores. Estas eram ainda representadas por gêneros de
músicas que remontavam em muitos casos ao tempo da formação dos primeiros burgos
medievais, dos séculos XII ao XIV, e que se conheciam como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">romances, xácaras, coplas e serranilhas.<o:p></o:p></i></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fora desses tipos de música, só se poderia citar - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>já como criações ligadas à arte de elite dos
colonizadores – o cantochão das missas e do hinário religioso católico
(salmodias cantadas em contraponto) e os toques e fanfarras militares.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Para que pudesse surgir um gênero de música reconhecível como
brasileira e popular, seria preciso que a interinfluência de tais elementos
musicais chegasse ao ponto de produzir uma resultante. E, principalmente que se
formasse nas cidades um novo público com uma expectativa cultural própria a
estimular o aparecimento de artistas capazes de promover essa síntese. Pois isso só se deu de forma ampla e regular
a partir de meados do século dezenove, quando o povo das principais cidades
brasileiras configurou em sua heterogeneidade o que modernamente se chama de
massa e passou a exigir um tipo novo de produção cultural, capaz de atender a
novas formas de lazer. Essa produção, no
setor da música, fez-se representar pelos gêneros da modinha e do lundu; no campo
da dança pela criação do maxixe; e, no da diversão em geral, pelo aparecimento
dos cafés- cantantes, dos teatros de revista e, mais tarde, das casas de chope
e dos desfiles de carnaval.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Para que a música estivesse
presente em todas essas criações surgidas da necessidade de organização do
lazer na vida das cidades, várias gerações de artistas do povo deram a sua
contribuição, primeiro ao som da viola, depois nos conjuntos de choro (à base
de flauta, cavaquinho e violão) e, por fim, manejando instrumentos
sofisticados como o piano, ou primitivos como os pratos raspados com facas dos
sambas de partido alto. Graças ao talento inato das grandes massas populares do
Brasil, não apenas nas cidades, mas na área rural (a música urbana no Brasil
muitas vezes se confunde com a do campo), os nomes desses criadores do povo se
contam por milhares até hoje.</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira</p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> Abril Cultural – 1978</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Foto: Wikipedia </div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-53335327766783399172022-02-23T13:07:00.000-08:002022-02-23T13:07:56.054-08:00OS PRIMITIVOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - PARTE II - XISTO BAHIA - CALDAS BARBOSA -LAURINDO RABELO<p> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>XISTO DE
PAULA BAHIA<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhT6fH3TeBkrIqzyyfaMXz8Y2PJWXlJS9eUud5HzFQed3DdsqsnOuT_NeHeMPrPBucARDXzg5RVDJkIx5yDxsSamedzJwMT8yb-B-8W61f9XBfEdW7wBUZr9sjqKD5yUg_cfM7-4vmj9Xy7K8kUzHIp6bh63vHKx8laX3orF3w3f1aPg469Y4-R79sQ=s647" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="396" data-original-width="647" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhT6fH3TeBkrIqzyyfaMXz8Y2PJWXlJS9eUud5HzFQed3DdsqsnOuT_NeHeMPrPBucARDXzg5RVDJkIx5yDxsSamedzJwMT8yb-B-8W61f9XBfEdW7wBUZr9sjqKD5yUg_cfM7-4vmj9Xy7K8kUzHIp6bh63vHKx8laX3orF3w3f1aPg469Y4-R79sQ=s320" width="320" /></a></div><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span><p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;">(SALVADOR, BAHIA 6/8/1841 – CAXAMBU, MG-
30/10/1894)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Por
volta de 1860, quando o jovem filho de um oficial veterano das lutas da
Independência e da Cisplatina começou se tornar conhecido nas rodas boêmias de
Salvador sob o estranho nome de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Xisto
Bahia</b>, as velhas modinhas sentimentais viviam um curioso momento. Divulgada
em meados do século XVIII em Portugal pelo mulato carioca <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Domingos Caldas Barbosa</b>, (Rio 1740 – Lisboa 9/11/1800), <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a modinha passara a ser cultivada nos salões
por compositores eruditos influenciados pela música italiana. <b>Lereno Selinuntino</b>, como era conhecido, é considerado nome importante na música popular brasileira. Patrono da cadeira nr. 3 da Academia Brasileira de letras. Sacerdote, poeta e músico</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg_kG1tPjJocd41IUqHr-18py35w_4ryB3aah8q_bhgLShhMxJefPkLwedg1WWEAJPGgzSRAE5WuCBnC9ts_N3phSwMbAZ5OMsmag0LRud23SOaJZt2w95PnSgx4QnAsgCVx0SkYrMnu0jYFUavAdoMYx1f5yNDUrLhRDqM4asQSkoOY82axejoMy7_=s328" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="328" data-original-width="221" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg_kG1tPjJocd41IUqHr-18py35w_4ryB3aah8q_bhgLShhMxJefPkLwedg1WWEAJPGgzSRAE5WuCBnC9ts_N3phSwMbAZ5OMsmag0LRud23SOaJZt2w95PnSgx4QnAsgCVx0SkYrMnu0jYFUavAdoMYx1f5yNDUrLhRDqM4asQSkoOY82axejoMy7_=s320" width="216" /></a></span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Assim,
já no início do século XIX, quando o Príncipe Regente Dom João se transportou
com toda a corte portuguesa para o Brasil, as modinhas algo irônicas e
espontâneas de<b> Caldas Barbosa</b> tinham-se transformado em verdadeiras árias de
óperas. Como a produção dessas modinhas se circunscrevia aos meios do Paço e da
Capela Real (onde até o Padre José Mauricio, compositor de missas e de
réquiens, não escapava às tentações do gênero profano), as letras de tais
canções eram quase sempre escritas por poetas e literatos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Isso tudo contribuía para conferir à modinha
uns ares aristocráticos, que chegaria a levar estudiosos como Mário de Andrade
a admitir que sua origem fora erudita, e só muito tarde o gênero passara ao
violão do povo pela mão dos seresteiros e boêmios românticos. Na verdade, apesar
de a modinha ter figurado quase cem anos como a música de salão predileta dos
compositores clássicos de Portugal e do Brasil, sua popularização vinha sendo
promovida desde a década de 1830, no Rio de Janeiro, pela primeira geração de
poetas do romantismo.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Reunidos
na loja do livreiro e editor carioca Paula<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">
</b>Brito, no Largo do Rossio Grande (hoje Praça Tiradentes), poetas como <b>Laurindo
Rabelo</b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>(Rio de Janeiro 8/7/1826 –
Rio de Janeiro 28/9/1864),</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFSM10S2xm9yjAZDrg6X2MKfDhJDrvUGWHqF8K2ZLL1ek77S4a_gRyIEfQU56rrEXrIBNBex9qV8feJiYeu5BgnPLGPGjY9Tx-2lLC4xcHwkXrlI1rAlDXl3I38OccfU0JjOKSIbJRwPJim77K9JHs3eDJnuj_ClrBGTe6MbvAJzsFXVbAUfn2nY5X=s261" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="261" data-original-width="200" height="261" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhFSM10S2xm9yjAZDrg6X2MKfDhJDrvUGWHqF8K2ZLL1ek77S4a_gRyIEfQU56rrEXrIBNBex9qV8feJiYeu5BgnPLGPGjY9Tx-2lLC4xcHwkXrlI1rAlDXl3I38OccfU0JjOKSIbJRwPJim77K9JHs3eDJnuj_ClrBGTe6MbvAJzsFXVbAUfn2nY5X" width="200" /></a></div><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> Deus pede estrita conta de meu tempo</span><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> é forçoso do tempo já dar conta;</span><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span><span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> Mas como dar sem tempo tanta conta,</span><br /></span></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span><span><span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> Eu que gastei sem conta tanto tempo</span><br /></span></span></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span><span><span><span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> ( domínio público)</span><br /></span></span></span></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Gonçalves de Magalhães<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">, </b>Casimiro de Abreu e Gonçalves Dias<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>começaram a escrever versos que eram musicados não mais apenas por
músicos de escola, mas por simples tocadores de violão, como o parceiro de<b>
Laurindo Rabelo</b>, <b>João Luiz de Almeida Cunha,</b> conhecido por <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Cunha dos
Passarinhos</b>. O próprio <b>Francisco de </b><span style="mso-bidi-font-weight: normal;"><b>Paula Brito</b></span>
(que era um mulato de origem modesta e chegara ao nível dos literatos do tempo
com esforço de autodidata) também compunha modinhas e lundus, chegando a
imprimir em sua oficina a partitura do lundu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A MARREQUINHA DE IAIÁ</b>, com música de<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> Francisco Manuel da Silva, autor do Hino Nacional</b>. Ativista político , foi o primeiro a inserir no debate político a questão racial. O Jornal O HOMEM DE COR ,primeiro jornal brasileiro dedicado à luta contra o preconceito racial, colocando-o como precursor da imprensa negra no Brasil.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> Como as
principais cidades brasileiras estavam em fase de rápido crescimento, essas
produções de poetas e de músicos – de qualquer maneira mais ligados às fontes
populares que os das gerações anteriores – ganharam os violões anônimos das ruas,
e imediatamente as modinhas entraram a constituir parte obrigatória do
repertório de gemidos de mestiços de gaforinha partida ao meio. </span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É por essa época que,
na Bahia, aparece o nome do violonista, compositor e depois ator <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">XISTO BAHIA.</b> De saída, sua importância
estava em que, sendo um compositor do povo pela origem, sua condição de ator ia
levá-lo a atuar no âmbito da classe média: isso o tornaria o intermediário que
estava faltando entre os literatos letristas da primeira metade do século XIX e
aqueles cantores de rua que dependiam da criação alheia para fazer cair o
queixo de seus auditórios de esquina soluçando nos bordões.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Embora
a bibliografia no que se refere à modinha popular seja muito escassa, a maioria
dos depoimentos existentes coincide no reconhecimento dessa importância do ator
e compositor baiano. No mesmo livro em que cita <b>Xisto Bahia</b> como “<b>o maior
cantador de modinhas do século passado</b>”, o musicólogo Flausino Rodrigues do
Vale, lembra que o historiador italiano Vincenzo Cernicchiaro definira o baiano
como </span><i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">“espírito de harmoniosa
graça, inimitável pela maneira especial com que sabia cantar tanto as próprias
modinhas como as de alheio punho”, acrescentando: “E era de ver-se como este
músico ingênuo, apesar de não conhecer uma nota de música, sabia comover todo
um auditório”.</span></i></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isso
queria dizer que, apesar da condição de representante das camadas mais baixas
do povo Xisto Bahia – tal como mais tarde aconteceria no rio com Catulo da
Paixão Cearense – conseguia superar com a força da sua personalidade a marca de
classe, impressionando as camadas médias e a própria elite com a beleza da
música e a dignidade dada à interpretação das suas modinhas.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhP51WFQN87p7XzG4fji9R6tAog7Gv3zGaEAJTkS5zZZ0ur21LPsl2bn8ujAf4LdBg5kw7S_q8nhfqGOxtvHE2lZ8IhO9NjziTP7NeybOPh_CRSluKUF5tmuyAHi0BHr9t0oSzC2uDNVhQ3dASyGZ-G7cY1seWAt4Opj9uzcXtQPCi34Gok2rZP_yUd=s763" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="401" data-original-width="763" height="168" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhP51WFQN87p7XzG4fji9R6tAog7Gv3zGaEAJTkS5zZZ0ur21LPsl2bn8ujAf4LdBg5kw7S_q8nhfqGOxtvHE2lZ8IhO9NjziTP7NeybOPh_CRSluKUF5tmuyAHi0BHr9t0oSzC2uDNVhQ3dASyGZ-G7cY1seWAt4Opj9uzcXtQPCi34Gok2rZP_yUd=s320" width="320" /></a></div><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">De
fato, ao apresentar-se na cidade paulista de Piracicaba em 1888 – quando já
percorria o Brasil como ator consagrado<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-,
Xisto Bahia apesar de citado pela Gazeta de Piracicaba como o ator que “cantou
ao violão as modinhas do capadócio, sendo ruidosamente aplaudido pela plateia”
(o que dá a entender, pela escolha do termo “capadócio”, o preconceito do
comentarista contra o gênero da música), tem a sua participação pessoal
ressalvada pela observação: “ Xisto é um cavalheiro extraordinário: reúne o dom
de uma fisionomia, um aspecto singular, e no sexo amável abre uma brecha
imensa, como a uma muralha de pedra não o faria a maior artilharia”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Para
o longo processo da retomada da modinha como gênero popular – embora sempre
sujeita ao talento individual dos “modinheiros”, ao contrário das demais
canções populares passíveis de interpretação coletiva, como seria mais tarde o
caso do samba -, a importância assumida pela figura de Xisto Bahia era
fundamental.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
fato de Xisto Bahia ter livre trânsito entre os intelectuais, depois que a sua
parceria com o maranhense Artur Azevedo tornou-o praticamente co-autor da
comédia em um ato<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">UMA VÉSPERA DE REIS</i> (representada pela primeira vez no Teatro São
João, na Bahia, a 15 de julho de 1875), ia fazer com que vários poetas baianos
se dignassem também a escrever versos especialmente para serem por ele
transformados em modinhas populares.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Animados
pelo prestígio de Xisto Bahia perante o público dos teatros, figuras da elite
como <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o </i>Visconde de Ouro Preto, o
historiador Melo Moraes Filho e o poeta pernambucano Plinio de Lima lançaram-se
como autores de modinhas. E em breve os seresteiros podiam contar com modinhas
como a famosa <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A CASA BRANCA DA SERRA</i>, que em 1880 </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, Guimarães Passos “compôs e cantou numa memorável noite de boemia”, segundo
afirma o autor baiano Afonso Rui em seu livro Boêmios e Seresteiros do Passado.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quem
melhor distinguiu esse traço de ligação estabelecido através de Xisto Bahia
entre a segunda geração de poetas românticos e os catadores de modinhas do povo
foi o historiador da música brasileira Guilherme de Melo<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">. </b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Baiano como o próprio
Xisto (que conheceu e ouviu cantar na cidade de Salvador), Guilherme de Melo
lembra em seu livro A MÚSICA NO BRASIL, com toda exatidão: “o que se dava com
relação <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a Laurindo</b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Rabelo</b> no Rio, reproduzia-se na Bahia
com <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Xisto Bahia</b>, ator e aprimorado
trovador, que arrebatava auditórios, cantando modinhas próprias ou alheias,
interpretando e cantando como artista que era engraçadíssimos lundus, aos
repinicados do violão”.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">E
após salientar que o mais admirável no autor baiano “era a pujança do seu estro
musical sem conhecer uma só nota de música”, Guilherme de Melo entrava na
análise da modinha </span><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><i>Quis debalde varrer-te da memória</i>,</b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> anotando: “não haverá
decerto, no mundo, artista nenhum que desdenhe assinar o seu </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Quis Debalde</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, uma vez que no gênero ele
em nada é inferior aos seus similares. Como o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Nel cor più non mi sento</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, de Paisiello, sobre o qual Beethoven, o
mais sublime dos mestres, não desdenhou fazer diversas variações; como o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Carnaval de Veneza</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, que é o canto mais
popular do mundo inteiro e que tem servido de tema a centenas de variações de
artistas distintos como Lizst, Paganini e outros; como o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Ah che la morte ognora</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, do </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Trovador</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
de Verdi, que quanto mais cantado mais lindo se torna, assim o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><b>Quis Debalde</b></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><b>, de Xisto Bahia</b>, sendo uma
composição essencialmente pura e bela como as supracitadas, há de atravessar o
perpassar dos tempos, conservando sempre o mesmo encanto e a mesma frescura
como se fosse escrito na atualidade”.</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A importância de Xisto
Bahia, porém, não se esgotava nessa criação de modinhas que, apesar da comparação
com músicas eruditas europeias, imediatamente se tornavam populares em todo o
Brasil. Conforme salienta Afonso Rui no seu livro Boêmios e Seresteiros do
Passado, “... não era Xisto menos inspirado no compor de lundus então em voga
como o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">ISTO É BOM QUE DÓI</i>, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
PESCADOR (COM LETRA DE ARTUR AZEVEDO),<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
MULATA </i></b>e<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"> A PRETA</i>,</b> esta última ainda ouvida por mim, cantada nesta cidade
(da Bahia) num circo de cavalinhos, por Eduardo das Neves”. A citação, além de
valer como um documento do papel de divulgador nacional de músicas populares
assumido no início do século pelo palhaço Eduardo das Neves, do Rio de Janeiro,
ainda é acrescida por Afonso Rui com esta lembrança reveladora, o propósito de
Xisto Bahia: o estribilho do lundu <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Preta</i></b> era, nada mais, nada menos,
do que o célebre </span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 106.2pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 0cm 106.2pt; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Laranja, banana,<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Maçã,
cambucá,</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu tenho
de graça</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> Que </span>a preta me dá”,</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">tantas
vezes aproveitado mais tarde por outros compositores, entre eles o também
baiano Dorival Caymmi no seu samba <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cais Dourado</i>.
Alguns desses lundus de Xisto Bahia, como o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">ISTO É BOM</i>,</b> lançado no
teatro de revista (o grande divulgador das músicas populares, antes do disco e
do rádio), alcançaram, em pleno sucesso, o início do Século XX, com seus
estribilhos transformados em música de carnaval. <o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Para
Xisto Bahia – e até neste ponto ele foi representativo – o sucesso e a fama só
não lhe conseguiram dar a fortuna que merecia. E após uma vida inteira de
glórias e de fama como ator (até o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Imperador
Pedro II</b> o aplaudiu no espetáculo comemorativo da Batalha do Riachuelo, em
1880), Xisto Bahia foi obrigado a aceitar em l891 um emprego modesto de
funcionário da penitenciária de Niterói. Despedido logo no ano seguinte, quando
o presidente do Estado do Rio e seu protetor Francisco Portela é deposto do
cargo, Xisto Bahia (já casado e com quatro filhos) entra em depressão, adoece e
morre em fins de 1894 na cidade balneária mineira de Caxambu.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: left;">O aparecimento de outros gêneros de música popular
no início do século, fazendo recuar a modinha e o lundu para a memória dos
velhos, ia tornar o nome de Xisto Bahia quase desconhecido das novas gerações.
Quando, porém, em 1902, a Casa Edison começou a gravar os primeiros discos (até
então a gravação era em cilindros), a música escolhida para inaugurar a série
10 000 da matrizes Zon-o-Phone foi o lundu de Xisto Bahia <b>ISTO É BOM, q</b>ue o
cantor baiano interpretava com graça, ressaltando a malícia rítmica que
envolvia os versos:</span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">“O inverno é rigoroso,<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Já dizia a minha avó;</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quem dorme junto tem frio</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quanto mais quem dorme só...</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom, isto é bom</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom que dói”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Se eu brigar com meus amores</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Não se intrometa ninguém</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que acabando-se os arrufos </span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ou eu vou, ou ela vem</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom, Isto é bom,</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom que dói.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quem ver mulata bonita</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Bater no chão com o pezinho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No sapateado ameio</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Mata meu coraçãozinho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom, Isto é bom</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom que dói.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">As cadeiras me dói, dói, dói</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Minha mulata bonita</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Vamos ao mundo girar</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Vamos ver a nossa sorte</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que Deus tem para nos dar</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom, Isto é bom</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom que dói</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Minha mulata bonita</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quem te deu tamanha sorte</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Foi um soldado de Minas</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ou do Rio Grande do Norte?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom, Isto é bom,</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Isto é bom que dói.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Minha viola de pinho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Eu mesmo fui o pinheiro</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quem quiser coisa boa</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Não tenha amor ao dinheiro.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></i></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Fonte</span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">: </i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Nova História da Música Popular
Brasileira</span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Abril Cultural - 1978</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fotos: Google</span></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><o:p> </o:p></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-89333748407879046612022-02-23T13:02:00.000-08:002022-02-23T13:02:02.823-08:00OS PRIMITIVOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - PARTE III - JOAQUIM ANTÔNIO DA SILVA CALADO<p> </p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>JOAQUIM
ANTÔNIO DA SILVA CALADO</b></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">RIO
DE JANEIRO (11/7/1848- 20/3/1880)</b></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjmpExyVYs2toWEQ515BBFy_29aI_xJKxMiOxMljsbpKNoO3O03h5-FvEwfrILAxXaWL0I7B5gxcWqDBM5SkRAzFL-Slu1ZLXVlCtsqjagqYPEjqqambMeDle5HGJ_6hbatjCUL4Pq428vnWVGCZI9-w-HY_NL4-VeIuG0li0HGIGkmxHEfcjY5VQZK=s553" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="509" data-original-width="553" height="295" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjmpExyVYs2toWEQ515BBFy_29aI_xJKxMiOxMljsbpKNoO3O03h5-FvEwfrILAxXaWL0I7B5gxcWqDBM5SkRAzFL-Slu1ZLXVlCtsqjagqYPEjqqambMeDle5HGJ_6hbatjCUL4Pq428vnWVGCZI9-w-HY_NL4-VeIuG0li0HGIGkmxHEfcjY5VQZK=s320" width="320" /></a></div><br /><b><br /></b></span></div>
<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">Até
meados do Século XIX, o Brasil não possuía organizações ou grupos musicais que
se pudessem chamar de populares. As camadas mais altas cultivavam principalmente
a música lírica e podiam dispor das orquestras de teatro ou dos pequenos grupos
de câmara que se formavam principalmente no Rio de Janeiro para atender ao
refinado entretenimento das elites nos salões.</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">Os escravos divertiam-se com seus batuques, à base de instrumentos de
percussão, e os brancos e mestiços das camadas mais baixas – cantando
estribilhos ao ritmo de palmas e violas dançavam fofas, fados, miudinhos e
lundus, que não passavam de misturas daqueles batuques de negros com vários gêneros
de danças populares portuguesas, espanholas e até francesas (o miudinho surgira
do minueto).</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">Assim, quando, a partir do
início do Segundo Reinado, as classes sociais das principais cidades
brasileiras começaram a se diversificar, a nascente classe média, não
encontrando um tipo de música com que pudesse se identificar (a não ser a
modinha e o lundu-canção), teve que importar gêneros europeus como a polca, em
1844, e logo depois o schottisch, a quadrilha e a mazurca. Nas fazendas mais
importantes, os proprietários organizavam bandas de escravos, e mesmo em
cidades como o Rio e Salvador acontecia os barbeiros formarem seus conjuntos
instrumentais denominados </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: justify;">música de
barbeiros.</i></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Mas
esses grupos ou tocavam peças clássicas ou músicas importadas da Europa,
geralmente para animar festas de adro das igrejas.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É
então, pelos meados do século, que aparece no Rio, tocando flauta como nunca se
ouvira, o mulatinho filho de um mestre de banda do mesmo nome – <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Joaquim Antônio da Silva Calado.</b><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Calado Júnior (como foi conhecido até a morte
do pai, em 1867), casara-se muito cedo, e ao ficar órfão, com dezenove anos,
foi ganhar a vida tocando não apenas peças clássicas, mas música dançante, em
bailes de casas de família e festinhas de casamento e batizado. </span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ora,
como nos ambientes acanhados das salas de visitas não cabia o instrumental das
bandas, essa música doméstica geralmente era fornecida apenas por tocadores de
violão e de cavaquinho. Segundo afirmação do Maestro Baptista de Siqueira em
seu livro intitulado <i style="mso-bidi-font-style: normal;">VULTOS HISTÓRICOS DA
MÚSICA BRASILEIRA, </i>“esses artistas aprendiam uma polca de ouvido e a
executavam para que os violonistas se adestrassem nas passagens modulantes,
transformando exercícios em agradáveis passatempos”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
Calado ia caber exatamente o papel de introdutor da <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">flauta</b> nesses conjuntos, criando o primeiro grupo instrumental de
caráter absolutamente popular e brasileiro, e cuja forma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">chorada</i> de execução ia conferir ao estilo e aos grupos de músicos o
nome de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">choro</i></b>.</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Explicando essa criação
do ponto de vista musical, o Maestro Baptista de Siqueira, referindo-se ao
grupo de Calado, escreveu que “constava ele, desde sua origem, de um
instrumento solista, dois violões e um cavaquinho, onde somente um dos
componentes sabia ler a música escrita: todos os demais deviam ser
improvisadores do acompanhamento harmônico.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
resultado da música produzida por esses conjuntos de choro, à base de
modulações, era a criação de melodias tão trabalhadas que os editores as
julgavam avançada demais; e temendo o fracasso de venda obrigaram Calado a
imprimir suas primeiras obras por conta própria, como aconteceu com as polcas
QUERIDA POR TODOS (dedicada à sua companheira de choro <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chiquinha Gonzaga</i>), A SEDUTORA e LINGUAGEM DO CORAÇÃO.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E
os editores não deixavam de ter alguma razão porque, segundo ainda observação
de Baptista de Siqueira, já nessas polcas aparecia “uma espécie de introdução
servindo de estribilho permanente a duas estrofes que se sucedem em
alternativas na execução”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Essa
característica iria servir de base, menos de dez anos depois, para a criação de
um gênero novo de música dançante, de par enlaçado, genuinamente brasileira e
popular: o maxixe.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O reconhecimento da
importância de Calado no meio dos próprios<i style="mso-bidi-font-style: normal;">
chorões</i>, entretanto, foi desde logo muito grande, e pode ser medido hoje
pelo levantamento da influência claramente exercida pelo flautista sobre os
músicos populares da sua geração.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">“O
grande flautista”, escreveu a pioneira da pesquisa de música brasileira Marisa
Lira num artigo sobre Calado, “criou escola, contaminando os executores da
época com suas interpretações originais. Lançou, já não há mais dúvida, as bases
da nacionalização da música popular brasileira. E explicando a ação de Calado
como animador da formação de grupos de choro, acrescentou: “Foi seu
acompanhador predileto o <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Saturnino</b>,
um pardo magrinho que tocava violão admiravelmente. Seus companheiros de choro:
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Viriato Figueira, Chiquinha Gonzaga, o
Silveira, o Luisinho flautista, Rangel, Baziza, Ismael Correia, Zequinha, Leal
Careca e mais alguns”.<o:p></o:p></b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ao
lado dessa posição de destaque na área popular, Calado alcançaria em 1871 a
honra de tornar-se o terceiro professor da cadeira de flauta do Conservatório
Nacional de Música, o que lhe permitiria receber de <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">D. Pedro II, em 1879</b>, juntamente com os demais professores daquela
instituição, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">a Ordem da Rosa, no grau de
comendador.</b> A honraria, no entanto, como no caso de tantos outros
compositores brasileiros, não o impedia de ter que continuar a tocar como
músico profissional em bailes e festas para ganhar a vida.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E
foi assim que, logo após o carnaval de 1880, quando ainda tocou flauta como
componente de orquestra de bailes de teatro, o Comendador Joaquim Antônio da
Silva Calado caiu com a febre de uma epidemia que grassava no Rio de Janeiro e
morreu em março, sendo enterrado no cemitério São João Batista “com pequeno
acompanhamento de amigos” – conforme esclarece seu biógrafo Baptista de
Siqueira -“por haver sucumbido de doença contagiosa e estar sendo proibido
qualquer tipo de aglomeração humana”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Com
a morte de Calado, a música brasileira teria que esperar alguns anos até o
aparecimento de outro flautista à altura de sua arte (seria <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Patápio Silva</b>, nascido na vila de
Itaocara, no Estado do Rio de Janeiro, a 22 de outubro de 1881), mas as suas composições
nunca chegaram a ser esquecidas.</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No início do século XX,
mas de vinte anos depois do desaparecimento do flautista, o pernóstico poeta
Catulo da Paixão Cearense, resolveu tomar como um desafio as dificuldades
musicais da última composição de Calado, a polca <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Flor Amorosa, </i>e transformou-a em canção, colocando-lhe os versos
que lhe garantiram a sobrevivência na memória popular:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 5;"> </span></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-tab-count: 5;"> </span>FLOR
AMOROSA<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Música:
Joaquim Antonio da Silva Calado Jr.<o:p></o:p></span></p>
<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 3;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Letra: Catulo da Paixão Cearense</span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Flor amorosa, compassiva, sensitiva, vem, porquê?<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">És, uma rosa orgulhosa, presunçosa, tão vaidosa</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pois olha a rosa tem prazer em ser beijada, é flor,
é flor</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Oh!
Dei-te um beijo, mas perdoa, foi à toa, meu amor</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em uma taça perfumada de coral</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um beijo dar não vejo mal</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É um sinal de que por ti me apaixonei</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Talvez
em sonhos foi que te beijei.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Se tu puderes extirpar dos lábios meus</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um beijo teu, tira-o por Deus</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Vê se me arrancas esse odor de resedá</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Sangra-me
a boca é um favor, vem cá!</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Não deves mais fazer questão</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Já pedi, queres mais? Toma o coração</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Oh, tem dó dos meus ais, perdão</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Sim ou não? Sim ou não?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Olha que eu estou ajoelhado</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A te beijar, a te oscular os pés</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Sob os teus, sob os teus, olhos tão cruéis</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Se tu não me quiseres perdoar</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Beijo
algum em mais ninguém eu hei de dar.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Se ontem beijavas um jasmim do teu jardim, a mim, a
mim</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Oh! Por quê juras, mil torturas?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Mil agruras, por quê juras?</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu coração delito algum por te beijar não vê, não
vê</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Só, por um beijo, um gracejo, tanto pejo</span></div>
<div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Mas
porquê?</span></div>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Abril Cultural - 1978</span></div>
<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fotos –Letra da música - Google </span></div>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-23145803646679964112022-02-23T13:00:00.002-08:002022-02-23T13:00:56.594-08:00OS PRIMITIVOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - PARTE IV - OS CHORÕES E O TEATRO<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /> <p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">OS
CHORÕES E O TEATRO<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">PEDRO
GALDINO (?)<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">PAULINO
SACRAMENTO (1880-1926)<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>PEDRO SÁ PEREIRA ( PORTO ALEGRE- 25/11/1892 RIO DE JANEIRO 4/7/1955)<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
partir do início do século XX, os velhos chorões tocadores de valsas,
schottisches e polcas nas festas de casa de família passaram a encontrar mais
facilmente oportunidades de se tornarem profissionais.<o:p></o:p></span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em
1902 começaram a ser gravados discos de gramofone, e o teatro de revista, que
vinha crescendo desde fins do século XIX, cada vez mais pedia músicos para suas
orquestras e mais composições para animar os quadros de musicados das peças
alusivas a temas da atualidade.</span></div><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">PEDRO
GALDINO</span></b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Entre
esses músicos de choro, que chegaram a ver perpetuadas em discos algumas das
melhores provas do seu talento, estava PEDRO GALDINO, operário de uma fábrica
de tecidos do bairro carioca de Vila Isabel. Nascido na segunda metade do
século passado, Pedro Galdino – preto de origem popular urbana inequívoca, como
revela sua condição de operário têxtil – aprendeu a tocar flauta no auge da influência
de Calado, o que significa dizer que era um virtuosista, preocupado em
dificultar nos solos, o acompanhamento improvisado dos violões e do cavaquinho.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Os
dados pessoais sobre Pedro Galdino são muito poucos. Ary Vasconcelos afirma em
seu livro </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Panorama da Música Popular
Brasileira </i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">que foi mestre da banda da Fábrica Confiança de tecidos, de Vila
Isabel, e que vinha de uma família de músicos. Mas as poucas músicas que chegou
a deixar gravadas em discos da Casa Faulhaber explicam perfeitamente a razão do
seu prestígio entre os chorões cariocas dos primeiros vinte anos do século XX.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Ary
Vasconcelos aponta como a mais famosa das composições de Pedro Galdino a música
MEU PENSAMENTO, transformada, depois de receber letra de Tuttemberg Cruz, na
canção OLHOS DE VELUDO. Em disco Falhauber, porém Pedro Galdino gravou
schottisches como ADÉLIA, valsas como PASTORINHA e polcas como FLAUSINA e
JOCOSA. </span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">PAULINO
DO SACRAMENTO</span></b></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></b></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Um
pouco mais novo que Pedro Galdino, o pistonista PAULINO DO SACRAMENTO
(1880-1926), também músico de banda, alcançaria um degrau a mais na carreira:
além de conseguir gravar algumas de suas músicas, pôde atingir o estágio de
profissionalização, tornando-se maestro de orquestra do teatro de revista
carioca. Contemporâneo e companheiro do Maestro Francisco Braga no Colégio dos
Meninos Desvalidos, em cuja </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">banda
tocaram juntos. O início da carreira do jovem Paulino do Sacramento ia ficar
ligado ao do grande maestro: quando Braga, já regente da banda do colégio,
ganhou uma bolsa para especializar-se em teoria em Paris, foi Paulino o
indicado para substituí-lo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Como
o teatro de revista estava, no início do século, precisando de músicos capazes
de escrever na pauta (a falta de maestros brasileiros obrigava o teatro
musicado a servir-se de estrangeiros como o português Gomes Cardim e o espanhol
Júlio Cristóbal), Paulino do Sacramento pôde transferir-se para as orquestras
de polo de teatro.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A partir da revista O Rio Civiliza-se, em 1912
(ao que tudo indica sua primeira contribuição para o teatro musicado), o nome
de Paulino do Sacramento não deixa mais de figurar nos cartazes da Praça
Tiradentes, produzindo partituras para revistas, operetas e burletas até 1926,
quando morre a 9 de março.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
ano da morte de Paulino do Sacramento marca por coincidência, o momento de
glória de outro músico de orquestra de teatro de revista, seu contemporâneo o maestro<b> </b></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b> PEDRO DE SÁ PEREIRA</b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Temperamento romântico (era, com seu
1,60 m de altura, muito tímido e franzino), especializara-se no gênero que a
partir da década de 20 se convencionara chamar de CANÇÃO SERTANEJA.<o:p></o:p></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
influência da poesia de <i>Catulo da Paixão
Cearense</i> chegara também ao teatro de revista, onde as figuras idealizadas
dos caboclos começavam a queixar-se do desprezo das morenas com uma insistência
que contaminou irremediavelmente a música popular brasileira seguramente até a
década de 40. Pois foi ao compor uma dessas canções para a revista <i>COMIDAS, MEU SANTO!,</i> estreada no Teatro
São José, a 1º de setembro pela
companhia da atriz Margarida Max, que SÁ
PEREIRA ia conseguir lançar seu nome muito além dos palcos do teatro
musicado.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">A canção-modinha (como
dizia a partitura), cantada na revista pelo barítono Roberto Vilmar, foi a
célebre CHUÁ-CHUÁ cuja letra era do revistógrafo </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><b>Ari Pavão</b></i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">, e que ainda hoje é lembrada pelo seu estribilho:</span></div><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">“E A FONTE A CANTÁ<o:p></o:p></span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">CHUÁ, CHUÁ...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E AS ÁGUA A CORRÊ...</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">CHUÊ,
CHUÊ...”</span></div><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando, a partir da década de 30, uma profusão de
sambas e de marchas invadiu o teatro de revista com <i>SINHÔ</i> e toda uma geração de compositores das camadas mais populares
do Rio, <b>Sá Pereira</b> –silenciosamente,
como era seu feitio –retirou-se com o repertório das suas canções debaixo do
braço e foi tocar o seu Chuá,Chuá para os passageiros dos navios da Companhia
de Navegação Costeira, como pianista de bordo. </span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">CHUÁ, CHUA<o:p></o:p></span></p><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(Pedro
Sá Pereira e Ary Pavão)</span></div><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Deixa a cidade, formosa morena,<o:p></o:p></span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Linda pequena e volta ao sertão</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Beber a água da fonte que canta</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que se levanta do meio do chão</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Se tu nasceste cabocla cheirosa</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Cheirando a rosa do peito da terra</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Volta pra vida serena da roça</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Daquela palhoça</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Do
alto da serra</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E a fonte a cantar</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Chuá, chuá</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E as água a correr</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Chuê, Chuê,</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Parece que alguém</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que cheio de mágoa</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Deixasse – que há de dizer –</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A saudade</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No meio das águas</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Rolando
também.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A lua branca de luz prateada</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Faz a jornada no alto dos céus</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Como se fosse uma sombra altaneira</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Da cachoeira</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fazendo escarcéus</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando essa luz lá na altura distante</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Loira, ofegante</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No poente a cair</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Dá-me essa torva que o pinho descerra</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que eu volto pra serra</span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que
eu quero partir.</span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira</span></p><div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> Abril
Cultural - 1978</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></div><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-22850142212090787042022-02-23T12:58:00.000-08:002022-02-23T12:58:30.838-08:00OS PRIMITIVOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA -PARTE V-JOSÉ LUIZ DE MORAIS – ERNESTO DO SANTOS – JOÃO MACHADO GUEDES – <p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">OS
PRIMITIVOS – PARTE V<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>JOSÉ LUIZ DE MORAIS –o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">CANINHA</i> (1883-1961)<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ERNESTO DO SANTOS – o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">DONGA </i>(05/04/1890- 25/08/1974)<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>JOÃO MACHADO GUEDES – o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">JOÃO DA BAIANA</i> (1887-19740 <o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Nos
últimos anos do século XIX, as principais cidades brasileiras assistiram ao
despertar da consciência das camadas mais humildes da sociedade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Inferiorizados até 1888 pela existência da
escravidão, os trabalhadores livres da era republicana começaram a disputar um
lugar na sociedade, o que no campo do lazer, se evidenciou por uma crescente
participação na festa do carnaval, transformada pela classe média numa imitação
da brincadeira europeia, à base de desfiles de carros alegóricos, corsos e
batalhas de flores. Os integrantes dessas populações predominantemente negras e
mestiças mais integradas na estrutura econômica das cidades, como os empregados
das fábricas e pequenos burocratas, organizaram-se principalmente no Rio de
Janeiro em sociedades recreativas denominadas<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> ranchos, </i>e passaram a sair no carnaval produzindo um tipo de
música orquestral que acabaria fazendo nascer as marchas de rancho – e, em
decorrência delas, as marchas-ranchos.<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Os
mais pobres, porém, onde a cor negra predominava (era o mestiço que
invariavelmente galgava os primeiros degraus da escala social), continuaram a
exercitar-se nos seus batuques e rodas de pernadas ou de capoeira (nome
preferido na Bahia). Essa parte da população não saía no carnaval de forma
organizada, mas em cordões desordenados, cujos desfiles, terminavam quase
sempre numa esfuziante coreografia de rabos-de-arraia e em coloridas cenas de
sangue.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No
entanto, ia ser da música à base de percussão produzida por esses negros com o
nome de “batucada” que ia nascer o gênero popular mais nacionalmente
representativo da música brasileira:<br /><b><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
SAMBA</i>. </b>Três dos mais velhos representantes seriam CANINHA, JOÃO DA BAIANA e
DONGA, dos quais os dois últimos ainda chegaram à década de setenta do século
XX, não apenas como sobreviventes de uma era extinta, mas continuando a
demonstrar a validade da sua arte em espetáculos evocativamente denominados da
“velha guarda”.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">JOSÉ
LUIZ DE MORAIS – O CANINHA<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(Rio de Janeiro 06/07/1883 – Rio de janeiro
16/06/1961)<o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjNev2Gc0ayIr2Han9iYDNnFBThmXlppTBVaPAqZSq3d0Pe174DeIIB8Esl-WYTw-hN92YKMjsLZu7_VpcD7Gx9BhlxWxN6PDGalHo3NOmMgxHn2sJr3eVR2wC2v5FgYo8yZkr6XqrQO1L8uYhsqXKSDMD0gQ0mSMM5-keArxDjTDiVYgTS88hYAfq4=s128" style="font-style: italic; font-weight: 700; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="128" data-original-width="96" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjNev2Gc0ayIr2Han9iYDNnFBThmXlppTBVaPAqZSq3d0Pe174DeIIB8Esl-WYTw-hN92YKMjsLZu7_VpcD7Gx9BhlxWxN6PDGalHo3NOmMgxHn2sJr3eVR2wC2v5FgYo8yZkr6XqrQO1L8uYhsqXKSDMD0gQ0mSMM5-keArxDjTDiVYgTS88hYAfq4" width="96" /></a></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O mais antigo, JOSÉ
LUIZ DE MORAIS, o CANINHA chamado em criança de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caninha Doce</i> (porque vendia roletes de cana na zona da estação da
Estrada de Ferro Central do Brasil, no Rio de Janeiro), aprendeu a música dos
negros durante as batucadas realizadas na Festa da Penha. Nos anos 20, foi
aclamado <b>“IMPERADOR DO SAMBA”.</b><b> </b> Em 1932,
quando essa população de descendentes de escravos foi obrigada a morar em
casebres no alto dos morros do Rio de Janeiro –compôs o samba É BATUCADA, que
valia por uma aula de história da música popular, e venceu o primeiro concurso
de sambas e marchas.</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: center;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É Batucada</span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Samba de morro, não é samba,</span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">é batucada, é batucada, é batucada...</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Cá na cidade, a Escola é diferente,</span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Só
tira samba/ malandro que tem patente.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Nossas
morenas</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Vão
pro samba bonitinhas</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Vão
de sandália</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E
saiote de preguinhas</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></div>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Seu
primeiro sucesso foi <i style="mso-bidi-font-style: normal;">GRIPE ESPANHOLA</i>
– maxixe, seguido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">de NINGUÉM ESCAPA DO
FEITIÇO . QUEM VEM ATRÁS FECHA A PORTA e QUE VIZINHA DANADA</i>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É BATUCADA</span></i><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">,
música feita para o carnaval de 1933, enfoca um problema que se tornou
polêmico. Segundo o autor Caninha e seu misterioso parceiro Visconde de
Pycohiba, “samba de morro não é samba, é batucada”, só vira sambo no momento em
que chega à cidade. <b> </b><b>É BATUCADA deu aos
seus autores o prêmio do primeiro concurso oficial de músicas carnavalescas do
Rio de Janeiro</b>. E o intérprete, apresentado no selo do disco como Antonio
Moreira da Silva, apenas começava sua carreira, depois firmada como uma das
mais importantes na divulgação do samba-de-breque.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ERNESTO<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>JOAQUIM MARIA DOS
SANTOS<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(DONGA)<o:p></o:p></b></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(Rio
de Janeiro 05/04/1890 – Rio de Janeiro – 25/08/1974)<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjRC4oVOZ4eSuvRui7AsFHq3MBvEf9mMV20IVW9o2SJrgOScscJm3fcamXASFJbRVUx1xVeSCK8bU-TQuzXVyp-nkzS0DBMyfWLW2X7Bc_vH2zIzExtrfadHbK0QyrRMPjl5NMLPFG3o2MUPqbhWkWfLLZSu-z-HA9gK_kapR7JNJ72EXwe40e5fac6=s301" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="167" data-original-width="301" height="167" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjRC4oVOZ4eSuvRui7AsFHq3MBvEf9mMV20IVW9o2SJrgOScscJm3fcamXASFJbRVUx1xVeSCK8bU-TQuzXVyp-nkzS0DBMyfWLW2X7Bc_vH2zIzExtrfadHbK0QyrRMPjl5NMLPFG3o2MUPqbhWkWfLLZSu-z-HA9gK_kapR7JNJ72EXwe40e5fac6" width="301" /></a></div><br /><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">De fato, quando <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b>ERNESTO
DOS SANTOS, o Donga, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o mais novo desses
três pioneiros, realiza em 1917, sob o nome de samba, o arranjo de motivos
populares que intitulou <i style="mso-bidi-font-style: normal;">PELO TELEFONE</i>,
sua primeira providência é registrar música e letra na Biblioteca Nacional – o
que equivalia mesmo a tirar patente. A atitude de Donga significa que,
coincidindo com o aparecimento do samba, a música popular, como criação
destinada ao entretenimento da massa, tinha atingido o estágio de produto
comercial capaz de ser vendido e de gerar lucros.</span></p><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; text-align: left;">A letra original da canção, que era “O chefe da
folia/ Pelo telefone / Mandou me avisar / Que com alegria / Não se questione /
Para se brincar”, foi alterada para a versão mais conhecida hoje em dia,
"O Chefe da Polícia / Pelo telefone/ Manda me avisar/ Que na Carioca / Tem
uma roleta/ Para se jogar". Segundo depoimento de Donga para o Museu da
Imagem e do som (MIS), “O Chefe da Polícia… foi uma paródia feita pelos
jornalistas de A Noite”. Repórteres do jornal tinham, em 1913, posto uma roleta
no Largo da Carioca, para demonstrar a tolerância da polícia com o jogo. Em
abril de 1913, o chefe de polícia do Rio de Janeiro havia declarado que o jogo
permaneceria liberado “até que o governo resolvesse o contrário". Henrique
Foréis Domingues, o Almirante, em matéria no jornal O Dia, em 13 de fevereiro
de 1972, também confirma essa versão: “alguém lá na redação de “A Noite”,
inspirando-se nos episódios em questão, criou a famosa paródia”</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">O crescimento da
indústria do disco, e logo o aparecimento do rádio, seguidos mais tarde do
cinema e da televisão, provaram que Donga tinha sido um pioneiro esperto ao
correr à repartição oficial para “tirar patente”.</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Como violonista Donga
integrou</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">o </span><i style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">grupo 8 BATUTAS</i><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> e em 1926 integrou a Banda de Carlito Jazz. </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Donga viveu</span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">seus últimos anos como funcionário aposentado
da Justiça, doente e quase cego, num subúrbio do Rio de Janeiro.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span><span style="font-weight: bold;"> </span></o:p></span></span><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></b></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span style="font-size: 12pt; text-align: left;">PELO TELEFONE</span></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>O chefe da folia</span></p><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Pelo telefone</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Manda me avisar</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Que com alegria</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Não se questione</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Para se brincar</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ai, ai, ai</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Deixe as mágoas para trás, oh rapaz</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ai, ai, ai</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Fica triste se és capaz e verás</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Tomara que tu apanhes</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Pra não tornar fazer isso</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Tirar amores dos outros</span></div><div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Depois fazer feitiço</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ah, se a rolinha, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Se embaraçou, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>É que a vizinha, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Nunca sambou. Sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Porque este samba, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>De arrepiar, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Põe perna bamba, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Mas faz rodar</span></div><div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Sinhô, sinhô</span></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>O peru me disse<o:p></o:p></span></p><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Se morcego visse</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Não fazer tolice</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ou então saísse</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Dessa esquisitice</span></div><div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>De disse, não disse,</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ai, ai, ai</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>A estátua do ideal triunfal</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ai, ai, ai</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Viva o nosso carnaval sem rival</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ninguém tira amor do poço</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Por Deus foste castigado</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>O mundo estava vazio</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>E o inferno habitado</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Queres ou não, sinhô, sinhô</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ir por cordão, sinhô, sinhô.</span></div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>E ser folião, sinhô, sinhô</span></div><div><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>De coração, sinhô, Sinhô.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><br /></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;"><br /></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">JOÃO
MACHADO GUEDES – JOÃO DA BAIANA<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(Rio
de janeiro 17/5/1887 - Rio de janeiro 12/01/1974)<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEir6da2_Ga1W9mhibamuVc5XRxxBre8hUn593Ir4br3_B9DK9-5sBxPqd-CF_HS4Xpgx4Kdkd7BkqF6PTlVSnmgJZT7iaOTTO4Z1qehW2SRJOELec3tpz3noS4wjN3aBBg78pHnRL8dy1xW_v0N0IhuF7S9Vwzdz13ZhKcnTySLwaih_-J2O_wz8BKS=s271" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="271" data-original-width="186" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEir6da2_Ga1W9mhibamuVc5XRxxBre8hUn593Ir4br3_B9DK9-5sBxPqd-CF_HS4Xpgx4Kdkd7BkqF6PTlVSnmgJZT7iaOTTO4Z1qehW2SRJOELec3tpz3noS4wjN3aBBg78pHnRL8dy1xW_v0N0IhuF7S9Vwzdz13ZhKcnTySLwaih_-J2O_wz8BKS" width="186" /></a></div><br /><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Mas, o exemplo da vida
do mais velho sobrevivente da geração que criou o samba a partir da batucada, JOÃO
MACHADO GUEDES (chamado </span><b style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">JOÃO DA BAIANA,</b><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">
porque era filho da baiana Perciliana de Santo Amaro), veio mostrar que essa
esperteza ia valer para todos, menos para os que criaram o próprio samba.
Fiscal da Marinha, recusou viajar com Pixinguinha e os Oito Batutas para não
perder o emprego.</span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Recolhido à Casa dos Artistas de Jacarepaguá,
na zona rural carioca, João da Baiana passou o fim de seus dias de uma forma
não muito diferente daquela que descreveu com bom humor no seu samba de maior
sucesso<i style="mso-bidi-font-style: normal;">, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">o Cabide de Molambo</b></i><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">,</b>
composta em 1917, um samba corrido. A letra e o título da música são calcados
na figura de um malandro que tinha como apelido “cabide de molambo”. Era
alfabetizado, quase poeta, mendigo, mas servidor de amigos, e João da Baiana o
conheceu na tendinha do Tinoco, na Gamboa.</span></div>
<div style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Apesar
de ser conhecida popularmente, a música só recebeu a primeira gravação em 1933,
quinze anos depois de ter sido composta.</span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu
Deus, eu ando<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Com
o sapato furado</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Tenho
a mania</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">De
andar engravatado</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
minha cama</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É
um pedaço de esteira</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E
é uma lata velha</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Que
me serve de cadeira</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Minha
camisa</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Foi
encontrada na praia</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
gravata foi achada</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Na
ilha de Sapucaia</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu
terno branco</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Parece
casca de alho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Foi
a deixa de um cadáver</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Do
acidente no trabalho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">O
meu chapéu</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Foi
de um pobre surdo e mudo</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">As
botinas foi de um velho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Da
revolta de Canudos</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando
eu saio a passeio</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">As
damas ficam falando</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">-
Trabalhei tanto na vida</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Pro
malandro estar gozando</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">A
refeição</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">É
que é interessante</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Na
tendinha do Tinoco</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">No
pedir eu sou constante</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">E
o português</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Meu
amigo sem orgulho</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Me
sacode o caldo grosso</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Carregado
de Entulho.</span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira - 1978<o:p></o:p></span></p>
<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> Abril Cultural</span></span></div>
<div style="text-align: left;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fotos – GOOGLE - </span></div>
<p align="center" class="MsoNormal" style="tab-stops: 125.25pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 363.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p> </o:p></span></b></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-25738659079636235532022-02-23T12:57:00.000-08:002022-02-23T12:57:37.790-08:00OS PRIMITIVOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA - PARTE VI - HEITOR DOS PRAZERES<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> </span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">HEITOR
DOS PRAZERES<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">(RIO DE JANEIRO 23/9/1898-RIO DE JANEIRO 04/10/1966)<o:p></o:p></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilnvDLjZ42Q9dIjdqCnC4Nn3Z6QaNXGWvY1tgQmuvuAsBaIGLWFCk7vvdoYxY0UqR6mTZgGi6evzvNRnA8H_tsp-hXujCHnG_xCGlYvs8cwLJuvrZObo1FeZalZURjj7_LoICCyTWnYg2XBWNIYZq10Ahl3zVm1ILkvbyq2xhObYI6RAR_aUSOuill=s1284" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1284" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilnvDLjZ42Q9dIjdqCnC4Nn3Z6QaNXGWvY1tgQmuvuAsBaIGLWFCk7vvdoYxY0UqR6mTZgGi6evzvNRnA8H_tsp-hXujCHnG_xCGlYvs8cwLJuvrZObo1FeZalZURjj7_LoICCyTWnYg2XBWNIYZq10Ahl3zVm1ILkvbyq2xhObYI6RAR_aUSOuill=s320" width="299" /></a></div><br /> <p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Uma
das mais completas figuras de criador das camadas populares foi o tocador de
cavaquinho, ritmista, compositor e pintor carioca <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Heitor dos Prazeres</b>, filho de descendentes de baianos da Cidade
Nova, no Rio de Janeiro (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">o pai era o
clarinetista Eduardo Prazeres, da Banda Policial; a mãe, a costureira
Celestina).<o:p></o:p></i></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Heitor
surgiu para a pintura e a música ainda na infância, dividido entre os desenhos
da Cartilha de Felisberto de Carvalho (que coloria com lápis) e o cavaquinho do
tio, que ele tirava às escondidas do prego que o prendia à parede. -Na sala
–lembrou mais tarde em seu depoimento no Museu da Imagem e do Som da Guanabara
o próprio Heitor – havia também um piano, mas esse só era aberto nos dias de
festa e aos sábados, para limpeza. </span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Após
uma infância típica de menino das classes populares do Rio de Janeiro do final
do século XIX (nasceu perto da Praça Onze de Junho, a 23 de setembro de 1898),
passou por várias escolas, sempre expulso, foi preso por vadiagem aos treze
anos e, “aprendiz de tudo”, trabalhou com tipógrafos, sapateiros e marceneiros,
tornando-se mestre nessa profissão.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quando
podia largar a pua, Heitor pegava o cavaquinho e com outros rapazolas do tempo
– entre os quais <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Donga</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caninha</i> –ia apreciar os sambas na casa
da baiana Tia Ciata, onde o maioral era o baiano criador dos primitivos ranchos
cariocas, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Hilário Jovino</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ferreira.</i> Integrado nesse meio de
tiradores de samba de partido alto, Heitor (conhecido por <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">MANO LINO</b>, nas rodas de sambistas), saía de baiana no carnaval
tocando seu cavaquinho, e em 1932 já firmava seu nome, vencendo, com o samba
MULHER DE MALANDRO. Outro samba VOU TE ABANDONAR- surgiu logo após o carnaval de
1930 e mostrava forte emprego da<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>percussão. </span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Em 1933 fez a CANÇÃO DO JORNALEIRO, e a partir da letra autobiográfica deste tema, se iniciou uma campanha para financiar a construção da casa do PEQUENO JORNALEIRO, que abriu em 1940.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span> </span><span> </span> </span>Olha A NOITE, Olha A NOITE</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> <span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span></span>Eu sou um pobre jornaleiro</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>que não tenho paradeiro</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ai, ninguém vive assim.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>vivo a cercar toda gente</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>As vezes triste e doente</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Ninguém tem pena de mim.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Eu vivo sempre a sofrer</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Oh! que destino é o meu</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> Eu vivo sempre jogado</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> e bem amargurado</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> Oh! que sorte Deus me deu.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> Olha A NOITE, olha A NOITE</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> quando o sol vai se escondendo</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> eu vou me entristecendo</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> correndo pra redação</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> E lá venho carregado</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> com as folhas ao meu lado</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> Cumprindo a minha missão.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Quatro
anos depois, quando morre sua primeira mulher, Mano Lino escreve uns versos
sobre um pierrô apaixonado, que vivia só cantando, e de um encontro com NOEL
ROSA sob os Arcos, perto da Lapa, nasce o seu primeiro grande sucesso nacional:
a marcha PIERRÔ APAIXONADO.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="line-height: 107%;"><div style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;"><span style="font-size: 12pt;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Um
pierrô apaixonado</span></div></span>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Que
vivia só cantando</span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Por
causa de uma colombina</span></div>
<div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Acabou chorando, acabou
chorando.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>A
colombina entrou num botequim<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Bebeu,
bebeu, saiu assim, assim</span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Dizendo:
pierrô cacete</span></div>
<div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Vai tomar sorvete com o
arlequim.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Um
grande amor tem sempre um triste fim<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Com
o pierrô aconteceu assim</span></div>
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Levando
esse grande chute</span></div>
<div><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span>Foi tomar vermute com
amendoim.</span></div></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> É então que Heitor começa fazer desenhos para
ilustrar as partituras de suas músicas, lançando-se a experiências com pintura
a óleo em 1936. <b>Em menos de dez anos teria a honra de ver um dos seus quadros
incluído na mostra de arte brasileira em Londres, para a venda em benefício da
Royal Air Force. Era a tela A FESTA DE SÃO JOÃO, diante da qual a Rainha
Elizabeth perguntou:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- </b></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"> <b>QUEM É ESSE
PINTOR EXTRAORDINÁRIO?</b></span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><b>Premiado
na I Bienal de São Paulo em 1951 com seu quadro MOENDA, </b>o sambista-pintor (a esta
altura contínuo do Ministério da Educação, por influência do poeta Carlos
Drummond de Andrade), ainda tinha tempo para assinar o ponto na Rádio Nacional
–cujo coro dirigia havia vinte anos –e para apresentar-se em shows com seu
grupo de mulatas passistas intitulado HEITOR E SUA GENTE.<o:p></o:p></span></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Na 2ª Bienal em 1953 teve uma sala reservada para a exposição de sua obra. Criou cenário e figurinos para o balé do 4º Centenário da de São Paulo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhUriXXtbs_k10GI3btQcrQZUGRzI6OSyMEqpChQ0P4L4Klztw4PfgSoKHt8NpUPvqFfDTx6edhfbSIDWlkW5N5qgRp0zGEg3gAWs13mCeNX9FopKyizIHhjFqL6T-TCUKyyJKpaStuVbYrlfOCn7IprAxFWHbBS2Emy2TxV6nB9UF2gD2zhPVnCEDn=s212" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="152" data-original-width="212" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhUriXXtbs_k10GI3btQcrQZUGRzI6OSyMEqpChQ0P4L4Klztw4PfgSoKHt8NpUPvqFfDTx6edhfbSIDWlkW5N5qgRp0zGEg3gAWs13mCeNX9FopKyizIHhjFqL6T-TCUKyyJKpaStuVbYrlfOCn7IprAxFWHbBS2Emy2TxV6nB9UF2gD2zhPVnCEDn" width="212" /></a></div><br /><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> </span><span> PIERRÔ - Heitor dos Prazeres</span><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", "serif"; font-size: 12pt;">Foi assim que a morte
por câncer o encontrou no primeiro minuto da madrugada de 4 de outubro de 1964,
atirado afinal, depois de toda uma vida de cores, ritmo e poesia como ele mesmo
definiu – “sobre um leito branco como uma negra bandeira”.</span></div>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira<o:p></o:p></span></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Abril Cultural – 1978</span></div>
<div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 107%;">Fotos: Google</span></div>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-33092682588900567672021-08-14T13:04:00.000-07:002021-08-14T13:04:00.696-07:00ARY BARROSO - PARTE I - A TORTURA DO PIANO<p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-1uUvIA4AsvA/YRLgVbPG4UI/AAAAAAAASeA/jdmpQpVR82I6ckkSPtaTcBScWpvUBkrgQCLcBGAsYHQ/s225/download%2B%25284%2529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="225" height="225" src="https://1.bp.blogspot.com/-1uUvIA4AsvA/YRLgVbPG4UI/AAAAAAAASeA/jdmpQpVR82I6ckkSPtaTcBScWpvUBkrgQCLcBGAsYHQ/s0/download%2B%25284%2529.jpg" width="225" /></a></div><br /><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"> ARY BARROSO </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">NÃO PERCAM! O
ESPETÁCULO MAIS SENSACIONAL DE TODOS OS TEMPOS!<o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">HOJE! GRANDE FUNÇÃO
DO CIRCO BARROSO!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Façam fila, façam fila! Cuidado
para não derrubar o pavilhão!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
espetáculo já vai começar!<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Na confusão, o porteiro vai recebendo os ingressos. Tarefa difícil:
tem que conferir o número de palitos de fósforo, ou consultar a coleção para
ver se já tem aquela bandeira. No Circo Barroso só se entra pagando dez
palitos, ou contribuindo para a coleção de caixinhas de fósforos impressas com
bandeiras de países.<o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">As crianças acomodam-se nos caixotes que servem de arquibancada, na
espera impaciente do espetáculo. Primeiro número: Ataul Brandão exibe-se em seu
estranho trapézio, feito de uma gangorra. Em seguida, a grande atração: as
feras domesticadas. Sobre um arame esticado, Loló, o gato, passeia de um lado
para outro, com passos elegantes e sob a ameaça de pancadas do domador. Outro
felino é obrigado a saltar através de um círculo de arame. Aplausos, batidas de
pés, gritaria, terminou o “espetáculo mais sensacional de todos os
tempos”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na saída, o inevitável
acidente: um menino derruba a “lona”, sujando os lençóis<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>roubados da cômoda da Tia Ritinha. Ary,
proprietário, bilheteiro e domador, reclama, o menino responde, quase sai
briga. Mas logo o grupo se dissolve: está na hora da “pelada” no campinho ao
lado da igreja. Ary guarda rapidamente os lençóis<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e, segurando os óculos, sai correndo para não
perder o lugar de goleiro.O menino Ary Barroso é assim: adora o circo de cavalinhos, a ponto de
improvisar o seu próprio; com os óculos presos atrás das orelhas, pretende ser
um bom goleiro míope; gosta de andar pelas ruas da cidadezinha, em busca de uma
nova brincadeira, pronto para qualquer briga. O que não lhe agrada são as aulas
diárias de piano que Tia Ritinha insiste em lhe dar. Três horas sentado num
banquinho tocando “ cachorro vai, cachorro vem”
transformaram-se em tortura. </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Ary mora em Ubá, Minas Gerais, com a avó materna, Dona Gabriela
Augusta de Resende, e tia Ritinha (Rita Margarida de Resende). Quando tinha
seis anos (nasceu a 7 de novembro de 1903) perdeu a mãe, Angelina de Resende
Barroso, vítima de tuberculose aos 22 anos.
O pai, Dr. João Evangelista Barroso, deputado estadual, promotor público em
Ubá, líder da campanha civilista de Rui
Barbosa, duas semanas depois sucumbiu à mesma doença. Ary guardaria para toda a
vida um grande medo da tuberculose. </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Dona Gabriela e Tia Ritinha eram
muito religiosas e queriam que Ary se tornasse padre. Conseguiram até que ele
aprendesse a ajudar missa. Mas não
puderam evitar que, numa noite, ele entrasse na igreja e amarrasse a corda do
sino na cauda de um cavalo que mansamente pastava no campinho. E o animal deu
alegres badaladas enquanto espantava as muriçocas com o rabo...</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Avó e tia não possuíam recursos. Enquanto estudava, Ary precisava
ganhar algum dinheiro. E assim, com apenas doze anos, foi ajudar Tia Ritinha a fazer no piano o fundo musical para as aventuras de Mae West e Tim McCoy, no cinema Ideal. Ganhava 5$000 por noite. Mais tarde passou a 30$000 por
dia, trabalhando como caixeiro da loja A
BRASILEIRA, onde chegou a permanecer
durante seis meses.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Terminado o primário na escola do
Professor Cícero Galindo, foi para o Ginásio São José. Não demorou, foi mandado
para o ginásio da cidade de Viçosa. De lá foi para o de Rio Branco, de onde foi
expulso por ter fugido do dormitório para ir a um baile. O mesmo aconteceu na cidade de Leopoldina: 24
horas depois de chegar, tomou uma bebedeira com um novo colega e a punição foi
imediata. Só conseguiu terminar o ginásio em Cataguases, na escola do Professor
Antônio Costa. A esta altura já era um rapaz que ficava no Bar do Camilo
tomando cerveja com Chico Bomba e Franco, ferroviários da Leopoldina, defendia
o gol do Botafogo Futebol Clube de Ubá e desfilava no bloco Ubaenses e Estrelas
para mágoa do resto da família, todos membros do bloco Dragões e Opalas. Não
ficavam aí os problemas dos Resende: Ary arranjou uma noiva que não agradava à
família e estava disposto a casar, embora tivesse só 17 anos. Tinha até o
dinheiro: recebera 40:000$000 (quarenta contos de réis) de herança do Tio
Sabino Barroso ( político influente que já fora até ministro da Fazenda). Ary
era teimoso: não casou, cedendo à pressão familiar, mas abandonou Ubá, viajando
para o Rio de Janeiro em 1921.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Abril Cultural – 2ª Edição – 1977</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fotos:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>GOOGLE</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><br /><p></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-86736552782584448922021-08-14T13:02:00.000-07:002021-08-14T13:02:03.548-07:00ARY BARROSO - PARTE II- VIDA DIFÍCIL DE BACHAREL<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">VIDA DIFÍCIL DE
BACHAREL<o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Com dinheiro no bolso, morando numa pensão de luxo, a vida estava
fácil para o jovem Ary. Fez vestibular para a Faculdade de Direito da
Universidade do Rio de Janeiro, sonhando com um futuro sem dificuldades.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas os melhores restaurantes, as melhores
bebidas, as roupas mais elegantes acabaram com os 40:000$000 da herança. De
Ubá, a família simplesmente informou que não podia sustentá-lo . Não havia
alternativa: Ary teria que trabalhar.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Ainda bem que tia Ritinha insistira com suas aulas de piano. Como nos
tempos de Ubá, Ary voltou a fazer o fundo musical para os filmes mudos. Das 14 às 18 h no cinema Íris; das 20 às 22 h no Odeon.
O esforço rendia-lhe 24$000 por dia, uma pequena fortuna, na época.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Era 1923 e Ary, de manhã cursava o segundo ano de direito. Trabalhando
o dia inteiro, não tinha tempo para estudar. Consequência: seu curso foi
interrompido e retomado várias vezes.; Ary formou-se somente em 31 de janeiro
de 1930, na mesma turma do cantor Mário Reis. Bom pianista, logo surgiram
outras oportunidades. Ainda em 1923, tocou na orquestra da peça <i>LUAR DE PAQUETÁ</i>, de Freire Júnior, encenada pela Companhia
Alda Garrido no Teatro Carlos Gomes. Deixava de ser o pianista solitário das
sessões de cinema para integrar-se nas grandes orquestras: a Trianon, de
Alarico Paes Leme, a American-Jazz, de José Rodrigues, a Orquestra de J.
Thomaz, a Jazz-Band Sul-Americana, de Romeu Silva. Esta última era a única em
que os músicos vestiam casaca, tocando nos lugares frequentados pela alta
sociedade do Rio, apreciadora da música americana. O jazz dominava e Ary, de tanto ouvir,
através de discos, os melhores pianistas do gênero, acabou se tornando também
excelente intérprete. Aliás, desde os
tempos de Ubá que ele gostava de improvisar, nunca se limitando à linha
melódica original.Saltando de orquestra em orquestra, Ary viu-se de repente sem emprego.
Todas as vagas de pianista estavam ocupadas em bailes a 10$000 por hora, a
metade do que ganhava em orquestras.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">A situação só melhorou quando, em
1928, foi contratado pela orquestra do Maestro Spina, de São Paulo, para uma
temporada em Santos e Poços de Caldas.
Ficou oito meses nas montanhas, tocando piano e fazendo estação de águas...
Aproveitou também para se lançar decisivamente na composição, terreno em que já
fizera alguns ensaios.</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">DA GROTA FUNDA AO
RANCHO FUNDO<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Ary<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>passou na Casa Carlos Wehrs
(editora de músicas) para saber se alguém havia se interessado por suas
composições. O gerente De <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vicenzi<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>informou:<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>“ O Dr. Olegário Mariano e o Luís Peixoto levaram algumas músicas suas,
Ary.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dê um pulo ao Teatro Recreio e fale
com eles”.Lá ensaiavam <i>Laranja da China, </i> revista de Olegário Mariano, dirigida por Luís
Peixoto. Ary timidamente apresentou-se ao diretor, que lhe deu a boa notícia:
duas músicas suas tinham sido incluídas na peça (<b>VAMOS DEIXAR DE INTIMIDADE</b> e <b>VOU À
PENHA</b><i>) </i> e seriam interpretadas por Araci Cortes e
Zaíra Cavalcanti. Além disso, gostando
da maneira de tocar piano de Ary, influenciada pelos pianistas americanos, Luís
perguntou: “ Você sabe fazer foxtrotes?”
Ary disse que sabia, embora jamais houvesse feito um. Então traga-me para o ensaio de
amanhã, à 1 da tarde, seis foxtrotes.</p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">E agora, que fazer? Ary estava
com violenta furunculose e ardia em febre. Mas não podia perder a
oportunidade. Foi para casa, uma pensão
da Rua André Cavalcanti, e sentou-se ao piano. Enfraquecido e tonto,
esforçou-se para se concentrar. Finalmente,
já noite, começou o trabalho. Além do estado de saúde, tinha que suportar o
protesto dos vizinhos, que não podiam dormir com o barulho. Ás 5 da manhã
completou o último fox e à 1 em ponto, com enormes olheiras, estava no Teatro Recreio, esperando ansioso o
julgamento de Luís Peixoto.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">O esforço foi compensado. Peixoto gostou das músicas e logo colocou
letra nos seis foxtrotes. Um deles, <b>FEBRE
AZUL</b>, ficou famoso por motivos
extramusicais. Durante o quadro em que era apresentado, as coristas espargiam
sobre os espectadores uma colônia recém-lançada no mercado, causando protestos
dos cavalheiros. </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Com <i>Laranja da China, </i>Ary Barroso, que fizera sua primeira música – <b>DE LONGE – </b>aos quinze anos, tornou-se
conhecido como compositor. <b>VOU À PENHA </b>foi
gravada, no fim de 1928, por seu colega de faculdade Mário Reis. O Teatro Recreio ofereceu-lhe um contrato de 1:500$000 por mês
para musicar futuras peças, como <i>Brasil do Amor, </i>onde estreou Sílvio
Caldas, cantando Faceira, <i>e É do
balaco-baco</i>, revista do caricaturista J. Carlos. Para esta última, Ary fez
uma música que recebeu letra de J. Carlos, com o título de <b>NA GROTA FUNDA</b>: “ Na grota funda, na virada da montanha, só se fala
na façanha do mulato da Remunda...” O compositor Lamartine Babo, assistindo à
estreia, ficou impressionado com a melodia. No dia seguinte, ao se apresentar
com o Bando de Tangarás na Rádio
Educadora, lançou, sem pedir licença, a composição de Ary com nova letra: “ No Rancho Fundo, bem pra lá
no fim do mundo, onde a dor e a saudade contam coisas da cidade...” Começava a parceria Ary-Lamartine (<b>Palmeira triste, Na virada da montanha,
Grau Dez) </b> e a briga com J. Carlos ,
pois o caricaturista pensou que Ary dera a música para Lamartine e nunca
aceitou explicações. Não foi o único caso de troca de
letra. Em 1932 para uma revista de Luís Peixoto e Freire Júnior, Ary apresentou
uma composição que dizia: “Bahia/cheguei hoje da Bahia/ Trouxe uma figa de
Guiné...” Luís Peixoto não gostou e
escreveu nova letra: “ <b>Maria/ o teu nome principia/ na palma da minha mão</b>...”</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-GyRhZlD9wPQ/YRWJSzXTK0I/AAAAAAAASfA/hKRE61AqYwUPkZk0gtXYHc6dTTSHD-H-gCLcBGAsYHQ/s237/aquarela%2Bdo%2BBrasil.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="213" data-original-width="237" height="265" src="https://1.bp.blogspot.com/-GyRhZlD9wPQ/YRWJSzXTK0I/AAAAAAAASfA/hKRE61AqYwUPkZk0gtXYHc6dTTSHD-H-gCLcBGAsYHQ/w470-h265/aquarela%2Bdo%2BBrasil.jpg" width="470" /></a></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA</p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Abril Cultural – 2ª Edição – 1977</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fotos: GOOGLE</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-8161110937184772762021-08-14T13:01:00.000-07:002021-08-14T13:01:11.654-07:00ARY BARROSO - PARTE III - PRÊMIO DE CONCURSO: CASAMENTO - O HOMEM DOS SETE MICROFONES<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">De pensão em pensão, Ary foi parar na Rua André Cavalcanti, nº 50, e
gostou muito do lugar. Não só das acomodações, mas também da filha da dona da
pensão.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Era 1929 e Ary Barroso resolveu
casar. Mas onde estava o dinheiro para montar a casa, se seu salário no teatro
mal dava pra os gastos diários?<o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">O compositor Eduardo Souto<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-
que muito influenciou a obra de Ary<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>-<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sugeriu uma solução: ganhar o
concurso de músicas carnavalescas que a Casa<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Edison<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estava promovendo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ary gostou da ideia e escreveu a marchinha <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">DÁ NELA</b>,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cuja letra era um violento ataque às mulheres
linguarudas: “ Esta mulher há muito tempo me provoca.../ Dá nela! Dá nela! É
perigosa, fala mais que pata-choca.../ Dá nela! Dá nela!.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No dia 18 de janeiro de 1930, o público que
lotava o Teatro Lírico vibrava com as músicas de Pixinguinha, Sinhô,
Donga.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas DÁ NELA sobrepujou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a todas e os novecentos votantes da plateia
deram-lhe a vitória com trezentos votos de diferença para a segunda
colocada.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Gravada por Francisco Alves,
foi o maior sucesso do carnaval de 1930.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Os 5:000$000 de prêmio foram mais do que suficientes para Ary pagar as
despesas com o diploma de bacharel em direito – recebido a 31 de janeiro – e
casar com Ivone Belfort de Arantes a 26 de fevereiro. Mas o dinheiro que
ganhava tocando piano e compondo não permitiria uma vida folgada para o casal.<span style="text-align: center;"> </span></div><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">O HOMEM DOS SETE MICROFONES</p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Com o diploma debaixo do braço, Ary foi a Belo Horizonte, onde um tio,
o Deputado Alarico Barroso, lhe conseguiu<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>uma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nomeação para juiz municipal
de Nova Rezende. O futuro estava garantido. Só que quinze dias depois Ary
voltou para o Rio: chegara à conclusão de que não nascera para juiz, que sua
vida estava definitivamente ligada à música.<o:p></o:p></p>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">O tenor Machado del Negri, pronto para ensaiar um trecho de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Marta</i>, ópera de Flotow, perguntou para
Renato Murce, produtor do programa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Horas
do Outro Mundo</i>:</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">- Onde está o pianista?</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Renato apresentou Ary e o tenor não gostou: -Este rapaz é do samba. Ele não conhece
música clássica! - Coloca a partitura no piano que ele acompanha.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Ary tocou perfeitamente e o tenor teve que pedir desculpas. Era 1932 e
Ary Barroso ingressava na Rádio Philips
a convite de Renato Murce. A princípio
simples pianista, logo se tornaria
locutor, humorista, animador e locutor esportivo.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Tudo começou com o terceiro lugar conseguido num concurso de
locutores. Ficou trabalhando na Philips e logo arranjou briga: criticou pelo
microfone Sodré Viana e Henrique Pongetti, que haviam elogiado um filme em que
a rumba aparecia como música brasileira. Formou-se uma polêmica, como tantas
outras que Ary promoveria mais tarde.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Depois da Philips, Ary foi para a Mayrink Veiga, e de lá para a
Cosmos, em São Paulo. Relembrando o
tempo em que contava piadas no intervalo das revistas que musicava,
transformou-se em humorista, trabalhando com Luís Peixoto e Gagliano Netto. Voltando para o Rio, foi para a Cruzeiro do Sul. Seus
companheiros: Heber de Bôscoli, Paulo
Roberto e Edmundo Maia, que era o “sonoplasta”, imitando trovão, latido de
cachorro, etc...</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Os programas de calouros de Ary Barroso ficaram famosos pelos disparates
que os candidatos diziam e pelo gongo, inovação de Ary que, no princípio,
quando o programa começou na Rádio Cruzeiro do Sul (1937), era um sino. Ary brincava com os calouros, fazendo os
ouvintes se divertirem com os absurdos ditos ao microfone. Quando passou para a
Tupi, instituiu o gongo, que era tocado pelo auxiliar de portaria da rádio,
Macalé. O calouro desafinava e Ary fazia um discreto gesto – coçar a cabeça,
segurar o botão do paletó – e Macalé já sabia: gongo nele!</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Preocupado em defender a música brasileira, não gostava quando um
calouro cantava Fox, bolero ou tango. E exigia que anunciassem o autor da
música, procurando prestigiar os compositores. Essa exigência motivou várias
confusões engraçadas, algumas com seus próprios sambas. O calouro anunciava que
ia cantar um “sambinha” de autor desconhecido: AQUARELA DO BRASIL... Ou se
espantava: “ Ué, RISQUE não é da Linda Batista?” . Outro, que ia cantar
composição de Vinicius de Moraes e Tom Jobim, anunciou apenas o nome do poeta.
Ary perguntou: “ e o Tom?” Resposta: “
Sol maior”. </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Cantores famosos, como Angela
Maria e Lúcia Alves começaram em seu programa, que chegou a ser transmitido
pela televisão. Mas, Ary, desgostoso com o pouco tempo que lhe davam na TV Tupi
(25 minutos), acabou encerrando o programa definitivamente.</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-jnm-NMLZhQc/YRLiaCoohwI/AAAAAAAASek/u5kStUF-qHgwKaIe5tJcNajMFSiBgCf8QCLcBGAsYHQ/s300/Ary%2Be%2Bo%2Bgongo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" height="168" src="https://1.bp.blogspot.com/-jnm-NMLZhQc/YRLiaCoohwI/AAAAAAAASek/u5kStUF-qHgwKaIe5tJcNajMFSiBgCf8QCLcBGAsYHQ/s0/Ary%2Be%2Bo%2Bgongo.jpg" width="300" /></a></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;">Fonte: NOVA
HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA</p><div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">Abril Cultural
– 2ª Edição – 1977</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: left;">Fotos: GOOGLE</div><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-12606343013505059572021-08-14T13:00:00.003-07:002021-08-14T13:00:37.006-07:00ARY BARROSO - PARTE IV- UM SAMBA CHEIO DE INOVAÇÕES<p> </p>
<div style="text-align: justify;">As múltiplas atividades que
desenvolvia para se sustentar não sufocaram o compositor Ary Barroso. Pelo
contrário: tornou-se um dos mais férteis criadores de nossa música, revelando a
cada ano novos sucessos. Em 1931, Silvio Caldas gravava <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">FACEIRA, BAHIA, UM SAMBA EM PIEDADE</b>. Nos anos seguintes, o mesmo
cantor lança <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">MARIA, SEGURA ESTA MULHER,
EU VOU PRO MARANHÃO, TU, POR CAUSA DESSA CABOCLA</b>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outras músicas surgiam na voz de Elisinha
Coelho, cuja interpretação de NO RANCHO FUNDO Ary considerava das melhores
feitas com suas composições, ao lado de<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">
CAMISA AMARELA</b>, por Aracy de Almeida. </div><div style="text-align: justify;">Em 1934, Ary foi à Bahia como pianista da Orquestra Napoleão Tavares e
ficou encantado com a “boa terra”. Baianas, comidas, ladeiras seriam revividas
mais tarde em algumas de suas músicas mais conhecidas: <b>NO TABULEIRO DA BAIANA, QUANDO EU PENSO NA BAHIA, NA BAIXA DO
SAPATEIRO, OS QUINDINS DE IAIÁ. </b>Exceção
desta última, gravada por Ciro Monteiro, as outras foram interpretadas por
Carmen Miranda, a “baianinha” que dividia com Francisco Alves a preferência do
público da época. <b>BONECA DE PIXE</b> (letra
de Luís Iglesias) e <b>COMO “VAES” VOCÊ</b> também foram gravadas por Carmen Miranda, que
se tornara uma grande amiga de Ary. </div><div style="text-align: justify;">Numa noite chuvosa de 1939, Ary conversava com a esposa e um casal de
cunhados quando se dirigiu para o piano, dizendo: “ Vou fazer um samba cheio de
inovações...” Começou imitando no teclado a batida de um tamborim e meia hora
depois música e letra estavam prontas. O cunhado não gostou da letra: <b>“ COQUEIRO QUE DÁ COCO” QUE QUERIA QUE ELE DESSE?”</b> Ary não se importou com a
crítica. Estava satisfeito com a letra que exaltava o bom e o belo do Brasil,
contrapondo-se às tradicionais estórias de malandragem, bebida, dinheiro,
amores fracassados que dominavam o samba. Levou a nova composição para uma peça
de Edmundo Lys. Cantada por Aracy Cortes, passou despercebida. Pouco depois
Aracy de Almeida desistia de gravá-la
porque exigia grande orquestra em vez de regional. A música voltou ao
teatro em Joujoux e Balangandãs, de Henrique Pongetti, interpretada por
Cândido Botelho. Desta vez foi muito bem recebida pelo público e logo levada a
disco por Francisco Alves, ocupando os dois lados de um 78 rotações. Era outubro
de 1939. Desde então <b>AQUARELA
DO BRASIL </b>tornou-se sucesso, tendo
mais de cem gravações no Brasil, sem falar nas do exterior, dos Estados Unidos
à França, do México às Filipinas, da Alemanha à Nova Zelândia.</div><div style="text-align: justify;">- Naturalmente em princípio eu sofria influência do Sinhô. Seguida
pela fase que eu chamo de Eduardo Souto. Foram estes dois que me acompanharam
musicalmente no começo da minha carreira.
Depois eu consegui me libertar e criei um estio todo pessoal, cujo início
poderá ser marcado com <b>FACEIRA</b> (...) . Nessa fase eu era mais ingênuo, mais
puro, mais autêntico. Depois vim a criar um estilo que chamaram de
“exaltação”. Por que, não sei. É a fase
em que falo do Brasil grandioso, nas suas várias facetas, de beleza, de
riquezas. Não tem nada de exaltação. Começa naturalmente com <i><b>Aquarela do Brasil.</b></i></div><div style="text-align: justify;"><b>NA BAIXA DO SAPATEIRO</b><i>, </i>gravado antes, já prenunciava o estilo grandiloquente
das novas composições de Ary, como <b>Brasil Moreno<i> </i></b><i> e </i><b>Terra Seca</b><i>, </i>samba que considerava sua
obra-prima. </div><div style="text-align: justify;"><div>Mas, foi <i><b>Aquarela do Brasil</b> </i> que lhe deu fama e... dólares. Uma história que começa em Belém do Pará quando um grupo de americanos quis ouvir música brasileira e fez o pedido para o péssimo quarteto que tocava no restaurante do hotel. Saiu uma Aquarela meio deformada, mas o suficiente para que o americano mais importante do grupo saísse assobiando trechos da melodia e não a esquecesse até chegar ao Rio de Janeiro.</div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-jZk24Rvlmhw/YRLjLe4ONYI/AAAAAAAASew/ju_tNComNbkILipeKGUlPg9ZEiBaa9O7QCLcBGAsYHQ/s748/Donald%2Be%2Bpapagaio.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="557" data-original-width="748" height="238" src="https://1.bp.blogspot.com/-jZk24Rvlmhw/YRLjLe4ONYI/AAAAAAAASew/ju_tNComNbkILipeKGUlPg9ZEiBaa9O7QCLcBGAsYHQ/s320/Donald%2Be%2Bpapagaio.jpg" width="320" /></a></div><br /><div><br /></div><div><br /></div><div>O americano era Walt Disney, que vinha fazer um desenho num país
tropical. E, para fundo musical das aventuras de Zé Carioca em Alô, Amigos,
escolheu a composição que ouvira primeiro em Belém e depois no Rio. Entusiasmado com as músicas de Ary, mais tarde, incluiu <b>NO
TABULEIRO DA BAIANA </b>e<b> OS QUINDINS DE IAIÁ </b>no desenho<b> </b><i>VOCÊ JÁ FOI À BAHIA</i><i style="font-weight: bold;">?. </i></div><div>Foi o suficiente para que Ary ganhasse notoriedade internacional e
fosse chamado a Hollywood para fazer a música de outros filmes. Em princípios
de 1944 ia pela primeira vez aos Estados Unidos, compondo <b>RIO DE JANEIRO</b> para o
filme <i>BRASIL, </i> música que chegou a ser indicada para o Oscar.
No fim do mesmo ano voltou à América do Norte, onde permaneceu oito meses
ganhando mil dólares por semana. Desta vez compôs a canção-tema do filme
<i>TRÊS GAROTAS DE AZUL.</i></div><div>E jamais esqueceu um telefone de
Los Angeles CR-52354. Através dele ouviu a voz inconfundível da velha amiga
Carmen Miranda, que se instalara nos Estados Unidos havia cinco anos. Ary
voltaria ainda uma vez, em 1948, para musicar <i>O TRONO DAS AMAZONAS, </i>filme que não chegou a ser completado.</div><div><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;"><o:p> </o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-OekLN2aCp5M/YRLjjAkm0wI/AAAAAAAASe4/5vW3sLk6a9kIKmu3EqDY7Mp2HqktecMJACLcBGAsYHQ/s510/z%25C3%25A9%2Bcarioca%2B-%2BDonald%2B-%2B%2BCacha%25C3%25A7a.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="420" data-original-width="510" height="264" src="https://1.bp.blogspot.com/-OekLN2aCp5M/YRLjjAkm0wI/AAAAAAAASe4/5vW3sLk6a9kIKmu3EqDY7Mp2HqktecMJACLcBGAsYHQ/s320/z%25C3%25A9%2Bcarioca%2B-%2BDonald%2B-%2B%2BCacha%25C3%25A7a.png" width="320" /></a></div><br /><p></p><p></p></div><div style="text-align: justify;"> <br />
<div style="margin-bottom: 0.0001pt;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA </div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;">Abril Cultural- 2ª edição - 1977</div><div style="margin-bottom: 0.0001pt;">Fotos: GOOGLE</div></div><div style="text-align: justify;"><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"></i></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-23644780823426455882021-08-14T12:55:00.001-07:002021-08-14T12:55:43.357-07:00ARY BARROSO - PARTE V - ARY - HOMEM PÚBLICO - EM HOLLYWOOD COMPOSITOR, VEREADOR NO RIO.<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Hfbt8DWwt2c/YRger52O17I/AAAAAAAASfo/LZ7SmfBjurQKAtyBEZvvdc4vjyVyTTjiQCLcBGAsYHQ/s620/ary-barroso-ganhou-estatua-no-rio-de-janeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="464" data-original-width="620" height="239" src="https://1.bp.blogspot.com/-Hfbt8DWwt2c/YRger52O17I/AAAAAAAASfo/LZ7SmfBjurQKAtyBEZvvdc4vjyVyTTjiQCLcBGAsYHQ/s320/ary-barroso-ganhou-estatua-no-rio-de-janeiro.jpg" width="320" /></a></div><br /> <p></p><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Carlos Lacerda foi o candidato
a vereador mais votado no Rio de Janeiro em 1946. Logo depois dele, Ary
Barroso, que entrara para a UDN<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>convidado por Heitor Beltrão e Mário Martins. Levava para a Câmara seu
talento de polemista e, para a política, a mesma paixão com que irradiava os
jogos de futebol. </div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">A grande batalha que venceu foi
a da construção do Estádio do Maracanã. Lacerda queria que ele fosse construído
na Restinga de Jacarepaguá , obstruindo outras iniciativas. Mas Ary conseguiu
que o local aprovado fosse o do terreno do Derby Club (onde hoje está o “maior
do mundo”). As verbas eram poucas, mas
Lacerda era contra a venda de cadeiras cativas.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Ary mobilizou todas as armas
para vencer a batalha. Para obter o apoio na bancada majoritária (Partido
Comunista, dezoito vereadores) pediu, com João Lyra Filho, uma pesquisa de
IBOPE. Resultado: 88 % da população apoiava a construção do estádio. E o
Maracanã foi construído. A tempo de ver
o Brasil perder a Copa de 1950...</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Ary sempre foi um batalhador,
defendendo apaixonadamente as coisas que julgava certas. Esteve sempre na linha
de frente da defesa do direito autoral.
Era conselheiro da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais),
quando sentiu, com outros compositores, a necessidade de criar uma entidade que
cuidasse especificamente dos autores de música. Fundaram (1942) a União
Brasileira de Compositores, da qual Ary foi o primei presidente.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Em 1946 surgia a SBACEM (Sociedade Brasileira
de Autores, Compositores e Editores de Música), à qual Ary logo aderiu, sendo praticamente seu
primeiro presidente. Pelo trabalho que realizou em defesa do direito autoral,
foi aclamado Presidente de Honra e Conselheiro Perpétuo dessa entidade.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">O resultado dessa luta foi
benéfico para todos os autores de música no Brasil. O próprio Ary, pela
popularidade e pelo imenso número de gravações de suas músicas, aparecia no no
anuário da SBACEM de1957 como o segundo
compositor que mais recebera direitos autorais( o primeiro: Haroldo Lobo).</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Ao lado da luta pelos
compositores, Ary esteve sempre em campo para defender a própria música
brasileira. Prestigiava os calouros que cantavam nossa música, tinha horror aos
“acordes americanos em samba”, nas
várias vezes em que foi ao exterior preocupou-se em levar o samba autêntico.
Quando fez<b> RISQUE</b>, em 1952, música
que representava uma volta aos sambas menos pretensiosos, teve que brigar para
que não fosse gravado em ritmo de bolero.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">No início da década de 60 Ary
era um homem descontente e amargurado com os ritmos da nossa música e do gosto
popular. “Nunca o samba esteve tão por baixo. Chegamos à era do bolero, do
rock, chá-chá-chá, twist e outras torceduras”.
A princípio não gostava da bossa-nova e, diante das considerações do
amigo Davi Nasser, explicando que eles estavam velhos e superados, gritava: “
Sei disso. Sei disso. Mas por que não tocam a minha música? Não é boa também?”
O que não o impediu de colocar <i>A
FELICIDADE</i>, de Tom e Vinicius, entre
as melhores músicas populares de todos os tempos.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Ary era assim: impulsivo,
orgulhoso, sempre pronto a criticar violentamente as coisas que julgava
erradas. Um dia, num bar do Leme, levantou-se de repente da mesa e telefonou
para casa. Eram 2 da madrugada e ele disse para Flávio Rubens, o filho
sonolento que atendeu: “ Dê um pulo aqui”. Flávio chegou correndo, imaginando
tragédias. Ary, copo de uísque na mão, ar melancólico, disse:</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">-Você sabe que Mariúza está
namorando o Isaac Zuckemann?</p><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">- que tem isso, papai?</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">-Minha filha namorando um
bêbado!</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">Mas o senhor também bebe,
papai.</div><div style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">- Mas eu não vou me casar com a
Mariúza!</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">E
Isaac, Ary fazia questão de citar, era um de seus melhores amigos... Outra vez
num bar da Avenida Atlântica, uma moça modesta resolveu prestar-lhe uma homenagem
cantando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Risque</i>... Quando terminou,
Ary, com a franqueza de sempre, disse: “A senhora acaba de assassinar minha
música.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se quiser me prestar uma
homenagem, por favor, nunca mais cante Risque”. Pouco depois, aconselhado pelos
amigos e dando-se conta da grosseria que cometera, Ary pediu desculpas à moça.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Seu encontro com o compositor
Heitor Villa-Lobos, também famoso pelo gênio difícil, só poderia dar no que
deu: briga. Num concurso de música, Vila não deu para Ary o primeir lugar que
todos achavam que ele merecia. E os dois temperamentais romperam relações. David Nasser, que recebera o prêmio do
concurso, tentou reaproximar os dois. “ Voltar a ouvir aquele pilantra?” protestava Vila –Lobos. “ Não quero nada com
esse maluco”, reagiu Ary. E foi assim até o dia 7 de setembro de 1955, quando
Ary e Vila-Lobos se encontraram no Palácio do Catete. Estavam lá com a mesma
finalidade: receber a Ordem do Mérito que o Presidente Café Filho lhes
concedera, Ary no grau de Oficial, Vila-Lobos no de Comendador. Diante da
expectativa geral, os dois permaneciam de cara amarrada, cada um no seu canto.
Até que David Nasser disse para
Ary: “ O Vila me deu o prêmio porque eu
precisava de dinheiro para operar meu irmão”.
“ Você jura?” inquiriu o autor da Aquarela. Nasser confirmou. Foi o
suficiente para quebrar o gelo. Ary Abraçou Vila-Lobos, que desabafou, diante
de Nasser: “ Sua letra Davi, era uma
porcaria”.<o:p></o:p></p><div style="text-align: justify;">Não componho mais para o carnaval e todo mundo sabe por quê. Não sou
homem de andar por aí pedindo para tocarem as minhas músicas. Nem vou dar
dinheiro para ninguém botar meu disco na vitrola. </div><div style="text-align: justify;">Autor de tanto sucessos, Ary Barroso recusava entrar no jogo desonesto
da promoção de músicas carnavalescas. Vencedor
de concurso julgado livremente pelo povo, afastava-se da indústria do
carnaval.</div><div style="text-align: justify;">Não era apenas esse o motivo de sua ausência no carnaval de 1964.
Desde 1961 estava doente (cirrose hepática) e vivia afastado do Rio, em seu
sítio de Araras (RJ). Chegou a retomar seu programa na TV –
Encontro com Ary - , ainda enfrentou mais uma briga quando a Ordem dos Músicos
ameaçou proibir a execução e irradiação
de suas composições, mas a doença não o deixava.</div><div style="text-align: justify;">Em fevereiro de 1964 seu estado de saúde piora e ele é recolhido ao
hospital. Telefona para David Nasser anunciando que vai morrer.</div><div style="text-align: justify;">-Como é que você sabe, Ary?</div><div style="text-align: justify;">- Estão tocando as minhas músicas.</div><div style="text-align: justify;">José Maria Scassa, companheiro de Ary
no rádio durante vinte anos, vai visitá-lo e o encontra cantando:</div><div style="text-align: justify;">- Estou cantando Scassa, porque o silêncio da morte é fogo.</div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Domingo, 9 de fevereiro de 1964, 21.50 horas: Ary Barroso morreu. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A notícia espalha-se de norte a
sul, paralisa bailes, silencia foliões, abala o país. Por um momento os tamborins se calam, a
multidão se entreolha. A Escola de Samba Império Serrano hesita em entrar na
avenida.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas o carnaval não deve parar. Os
bailes prosseguem, o povo dança e na avenida a Escola desfila a sua AQUARELA
BRASILEIRA.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;">
</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> É PRECISO CANTAR PARA VENCER O
SILÊNCIO DA MORTE.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA</div><div style="text-align: justify;">Abril Cultural – 2ª Edição – 1977</div><div style="text-align: justify;">Fotos: GOOGLE</div><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: center 212.6pt left 309.75pt; text-align: justify;"><br /></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-23244647635348801702021-08-14T12:47:00.000-07:002021-08-14T12:47:42.404-07:00ARY BARROSO - PARTE VI -ABRAM ALAS PARA AQUARELA BRASILEIRA<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center; text-indent: 47.2px;"><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify; text-indent: 47.2px;">A avenida está colorida de luzes e fantasias. A batida dos tamborins
abafa o vozerio da multidão. O suor escorre no rosto sorridente dos sambistas. </span></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"> É CARNAVAL. É DOMINGO, 9<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>DE FEVEREIRO DE
1964.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Os diretores da Escola de Samba Império Serrano correm de lá para cá
tentando reunir o pessoal. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Está quase na
hora de entrarem na avenida. Aproxima-se o momento decisivo do desfile diante
do público e da Comissão Julgadora.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>São
mais de 2 mil figurantes espalhados na multidão , que é preciso distribuir,
ordenar. O marquês come tranquilamente seu cachorro-quente. As damas da corte
não descobrem maneira de descansar sem estragar os imenso e rendados vestidos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As alas se misturam, alguns não
sabem seu lugar na sequência de quadros. E os diretores frenéticos, pra lá e
pra cá, que a hora se aproxima.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A turma
da “cozinha” cantarola a música do enredo:<o:p></o:p></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>“ Vejam esta maravilha de cenário<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>É um episódio relicário<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Que o artista, num sonho genial<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Escolheu para este carnaval.<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>E o asfalto, como passarela,<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><b>Será a tela<o:p></o:p></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b>Do Brasil em forma de
Aquarela...”</b><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b>AQUARELA DO BRASIL</b> chama-se o enredo. Como o famoso samba de Ary
Barroso, procura exaltar as belezas e grandezas do país. É um samba-
exaltação,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>como o de Ary Barroso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O desfile da Império Serrano não deixará de
ser uma homenagem ao compositor brasileiro mais conhecido no país e no
exterior.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Quase 11 horas. A escola
finalmente está pronta para desfilar.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Soam os primeiros surdos. Ensaiam-se os
primeiros passos. </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> <b> De repente, silêncio.</b></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"> Ficam todos atarantados, ninguém sabe o
que fazer: a notícia caiu como um raio;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span> ‘’ARY BARROSO MORREU”. </p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Abril Cultural – 2ª Edição – 1977</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">Fotos: GOOGLE</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br /></div><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;"></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Meu Brasil
brasileiro<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Meu mulato
inzoneiro<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Vou
cantar-te nos meus versos<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">O Brasil,
samba que dá<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Bamboleio
que faz gingar<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; tab-stops: 121.5pt; text-align: center;"> O Brasil, do meu amor<span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Terra de
Nosso Senhor<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil,
Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pra mim, pra
mim<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Ah, abre a
cortina do passado<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Tira a Mãe
Preta, do cerrado<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Bota o Rei
Congo, no congado<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil,
Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pra mim, pra
mim<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Deixa,
cantar de novo o trovador<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">A merencória
luz da lua<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Toda canção
do meu amor<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Quero ver
essa dona<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>caminhando<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pelos salões
arrastando<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">O seu vestido
rendado<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil,
Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pra mim, pra
mim<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Terra boa e
gostosa<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Da morena
sestrosa<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">De olhar
indiscreto<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Oh Brasil,
samba que dá<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Bamboleio,
que faz gingar<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Oh Brasil,
do meu amor<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Terra de
Nosso Senhor<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil,
Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pra mim, pra
mim<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Oh, esse
coqueiro que dá coco<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Onde eu
amarro a minha rede<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Nas noites
claras de luar<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Brasil,
Brasil<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Pra mim, pra
mim<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Ah, ouve
essas fontes murmurantes<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Onde eu mato
a minha sede<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">E onde a lua
vem brincar<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Ah, este
Brasil lindo e trigueiro<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">É o meu
Brasil, brasileiro<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">Terra de
samba e pandeiro<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: center;">Brasil, Brasil pra mim, pra mim.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: center;"><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"> </div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div style="text-align: center;"><br /></div><p></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-23494782119249513362020-12-02T11:28:00.001-08:002020-12-02T11:45:42.629-08:00BEETHOVEN - 250 ANOS - PARTE I<p> </p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Não
é fácil sondar todos os recantos da alma de um gênio, explicar seus motivos e
impulsos, justificar integralmente suas criações. Assim, para compreender a
personalidade de Beethoven e o significado da revolução que imprimiu na música
do século XIX, é necessário situá-lo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>num
conjunto de coordenadas sociais, psicológicas e culturais que marcaram sua
formação.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-L2MrNipSbAA/X48x72Zd9xI/AAAAAAAASO4/-TJwKztgqzQ9C79wcjPQje12gFCf8tC9QCLcBGAsYHQ/s962/1910601_1746117648956289_4432859668476628119_n%2B%2Banivers%25C3%25A1rio%2BEdison%2Be%2Birm%25C3%25A3s.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="962" data-original-width="800" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-L2MrNipSbAA/X48x72Zd9xI/AAAAAAAASO4/-TJwKztgqzQ9C79wcjPQje12gFCf8tC9QCLcBGAsYHQ/s320/1910601_1746117648956289_4432859668476628119_n%2B%2Banivers%25C3%25A1rio%2BEdison%2Be%2Birm%25C3%25A3s.jpg" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">LUDWIG
VAN BEETHOVEN<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>nasceu em 1770, em Bonn,
Alemanha, no seio de uma família<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da
baixa classe média, cujos membros estavam a serviço da aristocracia e dela
dependiam. Seu avô paterno, com que viveu até os três anos de idade, era
mestre-de-capela do Príncipe Eleitor de Colônia. Seu pai vivia dos proventos da
Corte, onde ocupava o cargo de tenor. Sua mãe trabalhava como camareira na
residência do Príncipe Eleitor de Trier, e o próprio Beethoven, já aos doze
anos, recebia proventos como músico da Corte de Bonn.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Os
Beethoven constituíam uma família infeliz, em virtude</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">do alcoolismo de que o pai era vítima. A avó
paterna, igualmente alcóolatra, acabou seus dias num asilo de alienados. A
família passou por incontáveis privações e a decadência do pai chegou a tal
ponto que, ao falecer a mulher, os filhos menores ficaram sob os cuidados do
jovem Ludwig, então com dezessete anos. Pouco depois, o pai foi expulso da
Corte por seus excessos alcoólicos.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os
antepassados de Beethoven<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>viveram na
Bélgica e eram de condição humilde. Seu avô era músico profissional e
dedicou-se ao comércio de vinhos, para melhorar o orçamento da família; outros
foram marceneiros, alfaiates, padeiros, etc. O gênio de Beethoven, no entanto,
permitiu-lhe, certa vez, afirmar ao Príncipe Lichnowsky:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“Senhor, vós sois príncipe de nascença;
príncipes sempre existiram e sempre existirão, mas Beethoven existe apenas um:
sou eu”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Outros
fatores que podem esclarecer a vida e a obra de Beethoven são as transformações
econômicas, sociais e culturais que marcaram a época. O artista viveu de 1770 a
1827 – meio século de tão radicais transformações no Ocidente que os
historiadores aí situam o fim da Idade Moderna e o início da Idade
Contemporânea.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt;">No
plano da economia, o período representou a transformação do capitalismo
comercial em capitalismo industrial, completando-se<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a derrocada do feudalismo medieval. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">No
terreno das relações sociais, a burguesia tornou-se a classe dominante,
destronando a antiga nobreza fundada na propriedade da terra; a servidão foi
abolida e substituída pelo trabalho livre, surgindo o proletariado industrial
como principal força de trabalho.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Do
ponto de vista político, o Estado deixou de ser privilégio da aristocracia, ou
do clero, e o poder passou para as mãos dos burgueses; a democracia liberal e a
republica substituíram as desgastadas monarquias absolutistas. Paralelamente,
no plano das ideias, a revelação e o argumento de autoridade foram mais
amplamente derrotados pelo poder da razão -</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">afirmação do indivíduo, do sujeito pensante e livre.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; margin: 12pt 0cm 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
França era o centro dessas transformações, mas toda a Europa sentiu seus
efeitos e foi por elas afetada. Bonn, onde Beethoven viveu até os 22 anos de
idade, passou a ser governada, em 1784, por Maximilian-Franz, um dos
representantes do despotismo esclarecido da época. Tolerante e aberto às novas
ideias, Maximilian-Franz transformou Bonn de simples capital de província em
centro de grande atividade cultural, limitando o poder de seu próprio clero
(era arcebispo católico), criando uma universidade e abrindo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>suas portas aos grandes nomes da literatura
alemã – Lessing, Klopstock, os jovens Goethe e Schiller -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que configuraram o chamado Pré-Romantismo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Beethoven
alimentou-se de novas ideias, na casa de uma família de liberais, os Breuning.
Mais importante ainda, nesse sentido, foi seu ingresso na Universidade de Bonn,
em 1789, onde a Revolução Francesa era saudada com entusiasmo e fermentavam
vivamente os ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Tudo
isso – a servidão aos nobres, a pobreza, a dramática constelação familiar, o
caráter revolucionário da época – contribuiu bastante para fazer de Beethoven
um homem atormentado, nervoso, irascível, apaixonado e, sobretudo amante da
liberdade e da dignidade individual.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Outros elementos
importantes para a compreensão da obra de Beethoven – os insucessos amorosos, a
surdez etc... são fatores que derivam dos que marcaram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seus anos de formação ou que se acrescentaram
a eles posteriormente. Neste último caso, destaca-se, sobretudo, a perda da
audição, cujos primeiros sinais apareceram quando o compositor se aproximava
dos trinta anos e que se agravou progressivamente, até levá-lo à surdez
absoluta e definitiva.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 21.4667px; text-align: left;">FONTE: MESTRES DA MÚSICA </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">ABRIL CULTURAL– 2ª EDIÇÃO – 1982 </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">IMAGENS: GOOGLE </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-3060418270601416452020-12-02T11:27:00.001-08:002020-12-02T11:45:28.935-08:00BEETHOVEN - 250 ANOS - PARTE II<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">UM
SEGUNDO MOZART NA CRIAÇÃO MUSICAL<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Beethoven
foi batizado a 17 de dezembro de 1770. A data exata do nascimento não foi
registrada, mas é quase certo que veio à luz um ou dois dias antes. Pelo lado
paterno, sua família era flamenga, proveniente de Mechelen (Malines, em
francês), cidade belga a poucos quilômetros de Bruxelas. O avô</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">que também se chamava Ludwig, foi o primeiro
músico da família, iniciando sua carreira como cantor do coro Sanctum
Sanctorum, em Louvain. Posteriormente, tornou-se músico</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">da Corte. Mudando para Bonn, em 1733,
ascendeu ao cargo de mestre-de-capela do Arcebispo Eleitor de Colônia,
Clemente-Augusto, o Faustoso. Estava próximo dos sessenta anos quando Beethoven
nasceu.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Embora não se tenha destacado
muito como compositor, era um dos poucos músicos cultos de seu tempo. Possuía a
cultura </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">e o espírito liberal da época,
cantava em italiano e francês e também falava essas duas línguas. O neto se
ligara tão fortemente ao avô que, muitos anos após sua morte, continuava a
falar dele com a maior ternura. E um retrato do avô, de autoria de Radoux,
pintor oficial da Corte, foi o único objeto que o compositor fez vir de Bonn,
quando fixou residência definitiva em Viena.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Johann
van Beethoven, o pai do compositor, nasceu em 1740, em Bonn, e também foi
músico, como o velho Ludwig. Mas não tinha as mesmas qualidades e deixou marcas
extremamente negativas no menino. Nos primeiros anos de seu casamento,
comportou-se relativamente bem, como chefe de família, garantindo o sustento da
casa. Mas, com a morte do velho Ludwig, em 1773, entregou-se à bebida. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
mãe de Beethoven, Maria-Magdalena Kewerich, era mulher de origem humilde. Filha
do cozinheiro do Príncipe Eleitor de Trier, servia na mesma casa como camareira
e casou-se com um dos lacaios do príncipe, aos dezesseis anos de idade. Dois
anos depois enviuvou e, um mês antes de completar 21 anos, casou-se com Johann
van Beethoven. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Testemunhas
da época descrevem-na como mulher bonita, delgada, rosto fino, olhos grandes e
vivos - </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">mas que jamais sorria. Quieta e
parcimoniosa sabia como equilibrar o orçamento doméstico e todos a estimavam e
respeitavam. Embora o sogro se opusesse ao casamento, soube conquistá-lo aos
poucos, com sua natureza bondosa, doce, delicada e melancólica.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Beethoven</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">amou-a profunda e ternamente. Quando a perdeu em 1781, escreveria a um
amigo: “Era tão boa para mim, tão meiga de amor, minha melhor amiga”.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os pais de Beethoven
tiveram sete filhos. O primogênito morreu horas depois do parto; o segundo foi
o compositor. A ele seguiram-se mais três meninos e duas meninas. Se Beethoven
não foi o filho que mais sofreu com os infortúnios da família, foi, certamente,
aquele em quem o sofrimento teve consequências mais profundas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Desde
o momento em que seu pai descobriu sua vocação, forçou-o, muitas vezes por meio
de castigos físicos, a estudar piano.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Queria fazer dele um menino prodígio como Mozart e resolver, assim, seus
problemas financeiros. Aos sete anos de idade, o pequeno Ldwig era apresentado
em concertos públicos como se tivesse apenas quatro. Beethoven, no entanto, não
era um prodígio pianístico e o plano do pai fracassou.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nem
tudo, entretanto foi negativo nesses primeiros anos. Muitas vezes, um amigo do
pai – beberrão como ele mas boa alma – dava ao menino lições de composição.
Chamava-se Tobias Pfeiffer. Muitos anos depois, Beethoven lhe enviaria dinheiro
de Viena, demonstrando, assim sua gratidão pelos conhecimentos que recebera.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Importantes também
foram as lições de Egidius van Eeden, organista da Corte. No órgão do claustro
franciscano da cidade, tomou contato com a música de Bach e Haendel e, em pouco
tempo, adquiriu a habilidade necessária para encarregar-se, sozinho, da missa
matinal. No teatro, ouvia Gluck e Mozart. Esses estudos, no entanto, foram
muito desordenados. Somente na adolescência Beethoven conseguiria orientação
sistemática e poderia canalizar seu enorme talento criativo para a composição.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><span> <span> ANOS DE TRANQUILIDADE AFETIVA</span></span></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-hWGYemmCnVQ/X480gifYfiI/AAAAAAAASPM/AlQelQNQgfwGm_SoxzkyF24F8ImX878kACLcBGAsYHQ/s299/download.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="299" height="244" src="https://1.bp.blogspot.com/-hWGYemmCnVQ/X480gifYfiI/AAAAAAAASPM/AlQelQNQgfwGm_SoxzkyF24F8ImX878kACLcBGAsYHQ/w403-h244/download.jpg" width="403" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
ano de 1782, quando o compositor contava doze anos de idade, foi
particularmente importante em sua vida:
tornou-se músico da Corte, encontrou um verdadeiro mestre e ganhou a afeição de uma família amiga, que lhe
proporcionaria tranquilidade por muitos anos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Desfeito o sonho de
ganhar fortuna com o suposto prodígio do filho, um dia o pai levou-o para fazer um teste na orquestra da Corte.
Por acaso, o príncipe ali se encontrava e ouviu o menino tocar uma fuga de sua
própria autoria. Impressionado com seu talento, deu ordem ao organista-chefe
para que “ fizesse da educação desse menino uma questão de importância
especial”. Alguns meses depois, leu num relatório oficial: “ Um filho de
Beethoven (...) não recebe salário, mas tomou conta do órgão durante a ausência
do organista, é muito capaz, ainda jovem, de bom comportamento e é pobre”. O
príncipe não teve dúvidas: ordenou que se pagasse ao menino cem táleres por ano
– a metade do que recebia o pai depois de tanto tempo de serviço. Nesse mesmo ano, o príncipe contratou novo
organista para a Corte, Christian Gottlob Neefe, conhecido como grande mestre
do lied e do singspiel. Homem de grande sensibilidade, conhecedor do
Iluminismo, Neefe imediatamente reconheceu o talento e o gênio de Beethoven,
prognosticando que o menino estava mesmo destinado a ser um segundo Mozart, não
como menino prodígio, como queria o pai, mas como compositor.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Com as sonatas de Carl
Philipp Emanuel Bach, Neefe iniciou-o na música “expressiva” – aquela que
exprime sentimentos e estados psicológicos; ao mesmo tempo, fê-lo estudar o <i>Cravo Bem Temperado</i> de Johann Sebastian
Bach, desenvolvendo em Beethoven o gosto pela polifonia, que, depois de longa
maturação, brilharia intensamente em suas últimas composições. Fazendo-o seu
auxiliar na direção da orquestra do teatro, introduziu-o nos segredos da instrumentação
e levou-o a apreciar a música ligada à literatura. O próprio Neefe musicara
poemas de Klopstock, autor que Beethoven lia cotidianamente, assim como
Shakespeare e Schiller, dramaturgos frequentemente encenados no teatro de Bonn. Grétry, Cimarosa, Paisiello e sobretudo
Mozart eram os compositores que Beethoven executava sob a competente direção de
Neefe. Foi também Neefe o responsável pela primeira publicação de uma obra sua,
as NOVE VARIAÇÕES PARA CRAVO, EM DÓ MENOR, sobre uma Marcha de Dressier (1783).</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 21.4667px; text-align: left;">FONTE: MESTRES DA MÚSICA </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">ABRIL CULTURAL– 2ª EDIÇÃO – 1982 </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">IMAGENS: GOOGLE </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: medium;"> </span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> </span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-65611741236441915142020-12-02T11:26:00.001-08:002020-12-02T11:45:09.828-08:00BEETHOVEN - 250 ANOS - PARTE III<p> <span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: center;"> </span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
terceiro fato importante ocorrido em 1782 foi o início das relações com a
família Breuning, por iniciativa de um dos maiores amigos de sua vida, o jovem
Franz Gerhard Wegeler, então com dezessete anos de idade. A senhora Breuning,
mulher doce e afetuosa, era viúva de um conselheiro da Corte e dedicava-se a
educar com muito carinhos seus três filhos (Christoph, Stephan e Lenz e uma
filha Eleonore). Era uma família alegre e cultivada; todos liam os poetas da
época, principalmente Klopstock, e faziam seus próprios ensaios poéticos.
Beethoven dava lições de cravo para Eleonore e Lenz, fazia improvisos musicais
e era tratado como se fosse da família.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
maior parte do dia, e frequentemente da noite, Beethoven passava na casa dos Breuning.
Esse convívio estendeu-se por todos os anos de sua adolescência, até a partida
definitiva para Viena, em 1792.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao
contrário da infância, foram anos de relativa tranquilidade afetiva e de
desenvolvimento musical. Fez tão grandes progressos como músico da Corte que o
Príncipe Eleitor resolveu enviá-lo a Viena, a fim de estudar com Mozart, o
maior nome da música da época. Esse contato, no entanto, duraria pouco, pois
logo após chegar a Viena, em 1787, sua mãe faleceu e ele teve que retornar a
Bonn. Mesmo assim, o contato foi suficiente para Mozart declarar a alguns
amigos: “ Este jovem vai dar o que falar”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Voltando
a Bonn, chocado pela morte da mãe, Beethoven teve de se encarregar, sozinho, da
subsistência e da educação de dois irmãos mais jovens, Karl e Johann, enquanto
o pai consumia-se na bebida. Apesar disso, ou por isso mesmo, Beethoven não
cessava de dar aulas e compor. Suas duas primeiras obras importantes são desses
anos: CANTATA PELA MORTE DE JOSÉ II, imperador da Áustria, e outra para celebrar
a ascensão de Leopoldo II ao trono austríaco. Haydn, em rápida passagem por
Bonn, leu a partitura de uma dessas obras e elogiou-a, colocando-se à
disposição do jovem para lhe dar aulas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
14 de maio de 1789, antes mesmo de compor a primeira dessas duas cantatas,
Beethoven ingressou na Universidade de Bonn, onde assistiu às aulas de
Literatura Alemã, dadas por Euloge Schneider, e procurou pôr alguma ordem em
sua formação intelectual. Na universidade, as ideias revolucionárias
fervilhavam, sobretudo entre os estudantes, e Beethoven, provavelmente,
participou com entusiasmo da comemoração da queda da Bastilha. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Outra relação
importante desses anos de adolescência foi a que manteve com o Conde Ferdinand
von Waldstein, grande amante da música. Waldstein conheceu o compositor na casa
da família Breuning, no ano de 1788, e logo tornou-se seu grande admirador. </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Foi ele que sugeriu a
Beethoven que compusesse as cantatas em homenagem a José II e Leopoldo II.
Quando o compositor, em 1792, deixou a cidade natal para fixar-se
definitivamente em Viena, Waldstein escreveu em seu álbum de recordações: “
[...] receba o espírito de Mozart das mãos de Haydn”. O conselho era, ao mesmo
tempo, uma profecia.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-vVkzfXBwo14/X4812rhRUhI/AAAAAAAASPY/ut8TqD9SGAY9GDijsSB9n627ODDsqlO8gCLcBGAsYHQ/s1048/800px-Beethoven18045JosephM%25C3%25A4hler.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1048" data-original-width="800" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-vVkzfXBwo14/X4812rhRUhI/AAAAAAAASPY/ut8TqD9SGAY9GDijsSB9n627ODDsqlO8gCLcBGAsYHQ/s320/800px-Beethoven18045JosephM%25C3%25A4hler.jpg" /></a></div><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
EXPLOSÃO DE UM ESPÍRITO RENOVADOR<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
partir do ano em que Beethoven se instalou em Viena (1792), os biógrafos
costumam distinguir três períodos em sua vida. O primeiro estende-se até os
dois primeiros anos do século XIX, época em que chegou à conclusão de que sua
surdez era incurável, escreveu o famoso “ TESTAMENTO<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>DE HEILIGENSTADT” e concluiu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a SEGUNDA SINFONIA (1802).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O limite final do segundo pode ser situado em
1812, quando, provavelmente, redigiu outro documento famoso – a<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“ CARTA À BEM-AMADA IMORTAL”-, concluiu<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a SÉTIMA SINFONIA<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e encontrou-se com Goethe. O terceiro
corresponde a seus últimos anos – de 1812 a 1827. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao
se iniciar o primeiro período, Francisco II ascende ao trono, no qual permanece
até o fim da vida do compositor. Durante seu reinado, a Áustria tronou-se
obscurantista e policial; a Igreja Católica era todo-poderosa; os jornais,
raros; os livros, proibidos. Tentava-se impedir, desse modo, a livre circulação
das ideias revolucionárias que agitavam o resto da Europa. O prazer, no entanto
era tolerado – e a rainha das artes era a música.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em Viena, todos – de uma forma ou de outra –
dedicavam-se a ela: na Corte, nos palácios, no teatro de ópera, nas reuniões
familiares. Beethoven detestava a falta de liberdade política e intelectual
imperante na cidade, mas seu modo de expressão era a música, e lugar algum do
mundo proporcionava tão boas condições para os intérpretes e compositores
quanto a capital austríaca. Nesse quadro favorável, do ponto de vista
estritamente profissional, Beethoven aprofundou seus estudos de composição, fez
carreira como intérprete e criou grande número de obras. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Ao contrário do que
programara ao sair de Bonn, os estudos não foram feitos apenas com Haydn. Bem
cedo percebeu que o famoso compositor não era o mestre ideal para ele. Suas
relações continuaram cordiais, mas, secretamente, Beethoven procurou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>orientação de Johann Georg Albrechtsberger,
organista da Catedral de Santo Estêvão, compositor e um dos maiores
conhecedores, na época, da técnica do contraponto. Ao mesmo tempo, estudava
composição vocal com Antonio Salieri, compositor e diretor da Ópera de Viena.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Como
intérprete, Beethoven obteve grande sucesso em sua primeira apresentação na
capital austríaca (1795), tocando seu CONCERTO PARA PIANO E ORQUESTRA Nº
2,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>OPUS 19.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A esse recital, seguiram-se vários outros, inclusive
em Berlim e Praga, sempre apresentando, ao lado das obras de compositores como
Mozart e Haydn, as de sua autoria. Estas, com exceção das duas primeiras
sinfonias e dos dois primeiros concertos para piano, são todas composições de
câmara. a maior parte baseada em seu próprio instrumento, o piano.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em geral, são obras ainda ligadas ao
classicismo musical da segunda metade do século XVIII, com marcada influência
de Haydn e Mozart. A esse período (1792 a 1802) pertencem, entre as mais
importantes, os três TRIOS PARA VIOLONCELO, VIOLINO E PIANO, OPUS I, o TRIO DE
CORDAS, OPUS 3, os três TRIOS DE CORDAS, OPUS 9, a SONATA OPUS 13 (“PATÉTICA”),
os SEIS QUARTETOS DE CORDAS, OPUS 18, o SEPTETO, OPUS 20, e a PRIMEIRA E
SEGUNDA SINFONIAS.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;">Nos
primeiros anos desse período, a vida pessoal de Beethoven transcorreu sem
maiores problemas. Até 1794, recebia anualmente um subsídio do Príncipe Eleitor
de Bonn, que, juntamente com o que conseguia ganhar dando aulas, permitia-lhe
viver com relativa tranquilidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Naquele
mesmo ano, devido à queda de Bonn diante das tropas francesas, o subsídio foi
suspenso, mas o Príncipe Lichnowsky garantiu-lhe casa e comida. Beethoven,
durante toda a vida, recebeu subsídios de nobres da época – Príncipes Lobkowitz
e Kinsky, Arquiduque Rodolfo e outros -,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>o que poderia parecer em contradição com seus ideais. Na verdade,
Beethoven jamais se submeteu a esses protetores;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>eles simplesmente admiravam o gênio do
compositor - quase <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>todos era músicos
amadores -, e este nunca foi obrigado a lhes dar algo em troca dos benefícios
concedidos. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 13pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 12.0pt;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; line-height: 21.4667px; text-align: left;">FONTE: MESTRES DA MÚSICA </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">ABRIL CULTURAL– 2ª EDIÇÃO – 1982 </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;">IMAGENS: GOOGLE </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif;"> </span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-21943179104111388152020-12-02T11:10:00.001-08:002020-12-02T11:44:50.581-08:00BEETHOVEN - 250 ANOS - PARTE IV<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-Fam88APjUGM/X8fmeQtNpYI/AAAAAAAASS4/VXohjF6PxcElUao4PUSjSyFUhgW-qeL5ACLcBGAsYHQ/s260/Beethoven_Schwarzspanierhau%2BESTUDIO%2BEM%2B1827.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="260" data-original-width="239" src="https://1.bp.blogspot.com/-Fam88APjUGM/X8fmeQtNpYI/AAAAAAAASS4/VXohjF6PxcElUao4PUSjSyFUhgW-qeL5ACLcBGAsYHQ/s0/Beethoven_Schwarzspanierhau%2BESTUDIO%2BEM%2B1827.jpg" /></a></div><br /><p><br /></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
DESESPERO ANTE UM MAL INCURÁVEL</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Nos
últimos anos do século, Beethoven foi abalado pelos primeiros sintomas da
surdez. Em carta de 29 de junho de 1801, lamenta-se ao amigo Wegeler: “[ ...]
Há três anos que meu ouvido vem enfraquecendo cada vez mais<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>[...] evito toda sociedade, porque não posso
dizer aos outros: estou surdo!”. Pouco mais de um ano depois, a consciência de
que o mal era irremediável leva-o a escrever o “</span><span class="Ttulo1Char"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: text1;">Testamento
de Heiligenstadt”,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>carta dirigida a seus
dois irmãos, mas jamais remetida. Descoberta após sua morte, revela<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>seu desespero e a ideia de suicídio: “[...]
que humilhação, quando alguém a meu lado ouvia o som de uma flauta ao longe ou
o canto do pastor e eu não percebia nada. Experiências como essa quase me
levaram ao desespero. E pouco me faltou para pôr termo à vida”. Isso só não
aconteceu graças à música. “ Foi a Arte, ela só, que me reteve”.
Encerrou-se,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>assim,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o período provavelmente mais feliz de sua
vida. O que se iniciava foi, sem dúvida, o mais fecundo, embora profundamente
atormentado. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: text1;"><span>A vida amorosa de Beethoven não é bem conhecida, mas sabe-se que de suas diversas ligações afetivas, nenhuma teve desfecho feliz; seus vários projetos de casamento ou foram recusados ou não se concretizaram. O documento mais famoso sobre esse aspecto da vida do grande compositor é a "CARTA À BEM-AMADA IMORTAL", encontrada após a sua morte, sem destinatária e jamais remetida. Terá sido Josephine von Brunswick ou sua irmã Marie-Therese, Bettina von Arnim ou Giulietta Guicciardi, Amalie Sebald ou Teresa Malfatti?</span><br /></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="color: black; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 115%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: text1;">O período da vida de Beethoven
que se estende de 1802, ano em que redigiu o Testamento de Heilingenstadt”, até
1812, quando concluiu a SÉTIMA SINFONIA,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>foi marcado pelo progresso contínuo e inexorável da surdez, que se
tornaria absoluta em 1819. Se isso não bastasse, ao infortúnio físico vieram
juntar-se os males do coração: o desfecho infeliz de suas paixões amorosas. A
primeira, ao que tudo indica, foi uma condessa de origem italiana, Giulietta
Guicciardi, a aluna de piano a quem Beethoven dedicou a SONATA OPUS 27, Nº 2
(“AO LUAR”),<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>composta em 1801.
Giulietta, no entanto, casou-se, em 1803, com o conde Gallemberg e mudou-se
para Nápoles. A segunda paixão é uma incógnita. Para alguns biógrafos, trata-se
de Josephine von Brunswick; para outros Marie-Therese von Brunswick, irmã de
Josephine. Segundo André<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Maurois, o
compositor não só amou Josephine, como teve um filho com ela. Aluna de piano do
mestre de Bonn,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>juntamente com sua irmã
e sua prima, Giulietta Guicciardi, Josephine enviuvou do Conde Von Deym, ainda
jovem, em 1804. Beethoven propôs-lhe então casamento – que não se consumou,
provavelmente por oposição da família Von Brunswick. Mais tarde ela se casaria
com o Conde Stackelberg – mas as relações com o compositor permaneceram e eles
teriam tido uma filha, chamada Minona, nascida em abril de 1813.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outros autores, porém, afirmam que o caso
amoroso de Beethoven no seio da família Von Brunswick foi com Marie-Therese, a
quem dedicou a SONATA OPUS 78,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conhecida
como Sonata “ a Teresa”, e em quem se teria inspirado para compor a QUARTA e a
SEXTA SINFONIAS, bem como a SONATA OPUS 57 (“APASSIONATA”). O casamento dos
dois teria sido impedido </span></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">pela família Von Brunswick, que
desejava para a moça um marido da mesma classe social. Seja como for,
Marie-Therese jamais se casou, o que fez crescer a lenda sobre a existência do
romance entre ela e o compositor.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Outras mulheres marcaram a vida de Beethoven nesses anos, embora, ao que tudo indica, sem a mesma profundidade. A Teresa Malfatti ele teria proposto casamento, em maio de 1810, mais uma vez sendo recusado; em Marie von Erdödy, encontrou uma substituta da figura da mãe, a partir de 1802; outra foi Bettina von Brentano (ou Bettina von Arnim), mulher muito admirada por seus vários talentos e uma das principais figuras do Romantismo alemão, juntamente com Achim von Arnim, com quem se casou ainda em 1810.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;">A lista das mulheres que passaram pela vida de Beethoven poderia ser acrescida de outros nomes. Mas as fontes sobre sua vida amorosa são insuficientes, o que tem dado margem a suposições frequentemente infundadas. Parece certo, porém, que suas relações com as mulheres foram marcadas pela decepção e pelo desgosto. Seja como for, o insucesso amoroso não lhe abateu o ânimo de artista e, sobretudo, não lhe diminuiu a capacidade criativa. Pelo contrário, esses anos de primeira década do século XIX constituíram a fase mais produtiva de toda sua vida. Neles, Beethoven explodiu como um gênio inteiramente original, compondo obras que constituem um marco na história da música. A grande maioria das composições que o público, hoje, imediatamente reconhece como sendo de Beethoven são desses anos de infortúnios amorosos e de progressiva surdez: a QUINTA SINFONIA, a SONATA ‘AO LUAR’, A SEXTA SINFONIA (“PASTORAL”), a SONATA “à KREUTZER”, a “APPASIONATA”, entre muitas outras.<o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;">Da mesma forma, sua vida social não foi muito afetada. Sabendo esconder a surdez, frequentemente era visto discutindo assuntos políticos, religiosos, filosóficos e, sobretudo, Shakespeare, uma de suas maiores paixões. Brigava muito, seja pelos ideais republicanos e igualitários, seja para defender sua posição e a do artista criador, o que às vezes se confundia numa coisa só. Em 1808, por exemplo, ameaçou deixar Viena de uma vez por todas. Imediatamente, o Arquiduque Rodolfo, o Príncipe Lobkowitz e o Príncipe Kinsky prontificaram-se a lhe conceder uma pensão anual de 4000 florins, com a condição de permanecer na cidade e continuar compondo como e quando quisesse. Beethoven conheceu, então, o prestígio e a glória. Mas tempos de depressão e sofrimento o aguardavam.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Ttulo1Char"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 21.4667px; text-align: left;">FONTE: MESTRES DA MÚSICA </span><span style="font-size: 14pt; text-align: left;">ABRIL CULTURAL– 2ª EDIÇÃO – 1982 </span><span style="font-size: 14pt; text-align: left;">IMAGENS: GOOGLE </span><span style="font-size: 14pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; font-size: medium;"> </span></span></span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-18912563043978243272020-12-02T11:07:00.001-08:002020-12-02T11:44:25.392-08:00BEETHOVEN - 250 ANOS - PARTE V<p> </p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">NA
COMPLETA SURDEZ,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ABATIMENTO E DESILUSÃO</span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-kusQbV4-ubw/X49G1pvKmmI/AAAAAAAASP8/SymCBktXXZ0yAMHMLtuUuY_aRcGUoNpgQCLcBGAsYHQ/s912/Beethoven_Hornemann.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="912" data-original-width="800" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-kusQbV4-ubw/X49G1pvKmmI/AAAAAAAASP8/SymCBktXXZ0yAMHMLtuUuY_aRcGUoNpgQCLcBGAsYHQ/s320/Beethoven_Hornemann.jpg" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Nos
primeiros anos da segunda década do século XIX , Beethoven entra em profundo
abatimento e desilusão. Testemunhas da época retratam-no</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">como um homem desanimado, enfermo, obcecado
pela morte e com ideias suicidas.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Problemas materiais o assaltam, em virtude da desvalorização do florim,
o que afeta consideravelmente a pensão anual recebida de seus patronos. Embora
eles se proponham a valorizá-la, isso não se concretiza, pois o príncipe</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Lobkowitz está arruinado financeiramente e o
príncipe Kinsky morre em um acidente de cavalo.</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">
</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Além disso, a “Carta à Bem-Amada Imortal”, escrita provavelmente em
1812, exprime seu desencanto com o sonho da realização amorosa. No mesmo ano,
em Teplitz, conhece Goethe, a quem devotava grande admiração. Mas o encontro,
promovido por Bettina von Arnim,</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">é
decepcionante. Conta-se que os dois, passeando em Teplitz, encontram a família
real. O poeta ter-se-ia inclinado respeitosamente, sendo, por isso, recriminado
por Beethoven. Mais tarde, o compositor escreveria: “ Goethe aprecia a
atmosfera da Corte mais do que convém a um poeta.”</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Pouco
depois, toda a Europa entra em fase de contra-revolução; o congresso de Viena
(1814) restaura as monarquias derrotadas por Napoleão e ocasiona a volta dos
antigos privilégios feudais. Beethoven se desiludira com Napoleão, mas seus
ideais de liberdade, igualdade e fraternidade continuam vivos. A Europa da
Santa Aliança, dominada pelo conservadorismo político e religioso, não é aquela
que seu republicanismo convicto esperava ver realizada.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Sobre esse sombrio pano
de fundo, delineiam-se novos infortúnios familiares. O irmão Karl falece em
1815 e lhe deixa recomendações para que se torne tutor do filho, então com nove
nãos de idade. Segue-se uma longa e desgastante disputa judicial<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com a mãe do menino, que Beethoven só
consegue vencer em 1820. Afeiçoa-se profundamente ao sobrinho e transfere para
ele seus sentimentos paternais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em
troca, só desgostos. O jovem Karl passa a explorar a disputa entre a mãe e o
tio, cria problemas e expressa publicamente a falta de afeto em relação ao
compositor. Deixando tudo mais triste, a surdez torna-se absoluta ao findar a
segunda década do século. Beethoven não escuta mais nada. No lugar da música, o
silêncio. E vê-se obrigado a usar pequenos cadernos de conversação, onde os
amigos fazem perguntas e observações, que ele lê para depois responder
oralmente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Envelhecido e doente, nem o
êxito retumbante de suas composições em toda a Europa serve para lhe despertar
qualquer emoção de júbilo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">Nem
o alegra a medalha de ouro que o rei da França manda cunhar para homenageá-lo
pela profunda beleza da MISSA SOLENE EM RÉ MAIOR, composta entre 1818 e 1822.
Sua produtividade, do ponto de vista quantitativo, cai consideravelmente, mas a
qualidade cresce na mesma proporção. As obras desse período são extremamente
interiorizadas, abstratas e de extraordinária densidade musical, como as quatro
últimas SONATAS PARA PIANO (OPUS106, 109, 110 E 111), OS QUARTETOS DEDICADOS AO
PRÍNCIPE GALITZINE, as VARIAÇÕESSOBRE UMA VALSA DE DIABELLI, OPUS 120, e</span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">a NONVA SINFONIA (“CORAL”), verdadeiro
testamento sinfônico.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">O
fim se aproxima. Os problemas com o sobrinho chegam ao auge no verão de 1826.
Karl tenta o suicídio e põe a culpa no compositor:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“tornei-me pior porque meu tio queria me
tornar melhor”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os amigos de Beethoven o
aconselham a se desfazer da tutela do sobrinho – e ele concorda, com profunda tristeza.
Em dezembro, do mesmo ano, contrai a pneumonia dupla, que não mais o deixará,
complicando-se com cirrose hepática e hidropisia. Em março do ano seguinte, seu
estado torna-se desesperador. No dia 23, diz a Stephan Breuning, velho amigo
desde os tempos da adolescência em Bonn: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span lang="IT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;">“Plaudite amici, comoedia finita est” - </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">“Aplaudi, amigos, a
comédia terminou).<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A 26, expira. Três
dias depois, seu funeral é acompanhado por uma multidão de vinte mil pessoas.
Franz Grillparzer, o maior dramaturgo austríaco da época, faz a oração fúnebre.
E Schubert carrega uma tocha.</span><span lang="IT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: IT;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-HNtl0b4sE68/X4878MC13eI/AAAAAAAASPs/EB9X7crhYTIK98trUY5-z5Z-YtW6ZDKBwCLcBGAsYHQ/s260/Beethoven_Schwarzspanierhau%2BESTUDIO%2BEM%2B1827.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="260" data-original-width="239" src="https://1.bp.blogspot.com/-HNtl0b4sE68/X4878MC13eI/AAAAAAAASPs/EB9X7crhYTIK98trUY5-z5Z-YtW6ZDKBwCLcBGAsYHQ/s0/Beethoven_Schwarzspanierhau%2BESTUDIO%2BEM%2B1827.jpg" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman";">A<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Natureza esteve sempre presente na vida de
Beethoven, até seus últimos anos. Com frequência, o compositor se refugiava nos
arredores de Viena, onde encontrava paisagens campestres que lhe reconfortavam
o espírito. Por isso mesmo, a natureza lhe inspirou algumas de suas
composições, entre as quais o exemplo mais conhecido é a Sinfonia “Pastoral”.
Beethoven, porém, fazia questão de frisar que não pretendia pintar a natureza,
mas expressar os sentimentos despertados por ela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;">“ O
fim último da verdadeira música é a expressão da essência das coisas. Penetrar
profundamente a essência íntima das coisas, até extrair-lhe um raio de luz,
isto é, penetrar, em seu íntimo significado, as paixões do coração humano e as
maravilhas da natureza – esse foi o objetivo do nosso grande Beethoven e sua
obra.” – RICHARD WAGNER.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Cambria","serif"; font-size: 14pt; line-height: 115%; mso-ascii-theme-font: major-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-hansi-theme-font: major-latin;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">FONTE: MESTRES DA MÚSICA </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;">ABRIL
CULTURAL– 2ª EDIÇÃO – 1982 </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;">IMAGENS: GOOGLE </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 14pt;"> </span><span style="font-family: Times New Roman, serif; text-align: justify;"> </span></p>Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-11742958347948947822020-06-28T13:39:00.002-07:002020-06-28T13:39:53.680-07:00MORAES MOREIRA E OS NOVOS BAIANOS - I<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-3zTJ_9RuaZo/XvJbsVKhm8I/AAAAAAAAR_8/P8Ve-REHvWUT6_JbHKGF5fdTUdjmqO7jACLcBGAsYHQ/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="190" data-original-width="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-3zTJ_9RuaZo/XvJbsVKhm8I/AAAAAAAAR_8/P8Ve-REHvWUT6_JbHKGF5fdTUdjmqO7jACLcBGAsYHQ/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Era
o caos. Superboy cruzava o Teatro Vila Velha, traçando vôos rasantes sobre a
plateia, suspenso num trapézio. Duas meninas tinham seu corpo pintado de
branco, em padrões “absurdistas”, para que brilhassem quando fosse acionada a
luz negra, enquanto guitarras apunhalavam junto ao coro rosnado de “É BARRA
LÚCIFER!”. No dia seguinte, um crítico baiano afirmaria: “Se isso for arte, eu
me suicido”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Nome
do espetáculo: DESEMBARQUE DOS BICHOS DEPOIS DO DILÚVIO.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
ousados<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>participantes: Luiz Dias Galvão,
engenheiro agrônomo formado e praticante, poeta, aficionado de música, cinema e
teatro, 32 anos; Antônio Carlos de Morais Pires (Moraes Moreira), 21 anos de
audição do alto-falante (porta-voz de políticos, Ãngela Maria, Roberto Carlos e
Beatles), da cidade de Ituaçu, no interior da Bahia; Paulo Roberto de
Figueiredo, 23 anos,egresso da cidade de Santa Inês e ex-crooner da Orquestra Avanço, presença obrigatória nos bailes da região de Salvador, </span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> apelidado “La Bouche” ou “Paulinho Boca-de-Cantor”; </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">a niteroiense Bernadete Dinorah
de Carvalho Cidade, recém-chegada a Salvador, onde comemoraria seus dezessete
anos morando debaixo da ponte; Jorginho, Carlinhos, Lico e Pedro Aníbal de
Oliveira Gomes, o “Pepeu”, que integravam a banda de apoio, os Leif”s. À exceção
de Bernadete, todos baianos e todos ilustres desconhecidos, estranhos,
radicais, acintosos e novos.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Era o
início dos NOVOS BAIANOS,</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">em pleno caos
de 1969.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-KBuYb5IrkN8/XvJbbStZrzI/AAAAAAAAR_0/xvK0apHwluEBsxwgT_O3WAVe8XzifKmKQCLcBGAsYHQ/s1600/original.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="808" height="142" src="https://1.bp.blogspot.com/-KBuYb5IrkN8/XvJbbStZrzI/AAAAAAAAR_0/xvK0apHwluEBsxwgT_O3WAVe8XzifKmKQCLcBGAsYHQ/s320/original.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Caetano
e Gil levavam malas, violões e dores para Londres, rumo a um exílio que duraria
quase três anos, deixando os remanescentes escombros do tropicalismo para
músicos, poetas, sábios e pirados a granel, que não sabiam o que fazer dos<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dois anos de repressão e censura que praticamente
não permitiam qualquer acontecimento artístico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
meio do torvelino de indecisões e indefinições, os “ripis” de Salvador, Galvão,
Moraes Moreira, Paulinho Boca-de-Cantor, Baby Consuelo e Pepeu, nada tinham a
perder, tratando de seguir à risca as palavras do mestre Caetano: “ Por que
não? Por que não?”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Baby,
menina-problema de Niterói, costumava estudar no telhado de sua casa de vila e,
à noite, ficava admirando em seu quarto um pôster de Brigite Bardot, remoendo
silenciosa um desejo de ter iniciais tão marcantes: BB. Sonhava, como tantas de
sua idade, ser artista, cantora, merecer pôster com suas iniciais. O nome não
ajudava e o ginásio atrapalhava ainda mais. Num rasgo de libertação, vai com
uma amiga, Ediane, passar as férias em Salvador, onde conhece Galvão e Moraes,
“no bar mais quente de lá, o Brasa”.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Galvão e Moraes haviam sido apresentados pelo cantor e compositor Tom
Zé, amigo de Galvão desde que este lhe fez um projeto para o jardim de sua
casa. Moraes, saído de um curso de percussão no Seminário de Música da Bahia
(não havia vaga no de violão, seu instrumento), também conhecia Tom Zé, com
quem fazia um show no Teatro Vila Velha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Paulinho
La Bouche, interiorano sedento de chances novas na música, também conhece a
tríade baiana e junta-se a eles na pensão de Dona Maritó. E de todos que
formariam mais tarde os Novos Baianos, Pepeu era indiscutivelmente o músico,
mestre da guitarra, dono de um estilo desde então inconfundível, genuinamente
brasileiro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E era ainda, o único
veterano no sentido estrito da palavra, pois já passara por três grupos: aos
onze anos, formou Os Gatos, ou melhor, The Cat’s (“A maior esculhambação: eu
cantava em inglês sem saber falar”); aos doze mudou o nome e a formação,
criando Os Minos, patrocinados pelo dono de uma loja de roupas do mesmo nome
que trocava o dinheiro e a vestimenta pela promoção de seus produtos. O grupo
durou quatro anos e Pepeu, que até essa época tocava contrabaixo – momento raro
registrado em compacto pela Copacabana em 1966<i style="mso-bidi-font-style: normal;">: Febre de Minos e Fingindo me amar</i> --, saca pela primeira vez da
guitarra. Junto com seu irmão Jorginho e os amigos Lico e Carlinhos, funda Os
Leif’s.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pepeu
já sentira o gosto sedutor do sucesso com Os Minos, apresentando-se em São
Paulo, nos programas de TV de Eduardo Araújo e do infante Ed Carlos.
Entretanto, tudo não passava de pão, circo e energia, ao som de muito Renato e
seus Blue Caps e Hermann Hermits – até aparecerem Gilberto Gil e o
Tropicalismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
“Foi Gil quem me lançou realmente como guitarrista, me chamando para tocar com
ele e Caetano no show de despedida no Teatro Casto Alves,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o Barra 69. Ele me viu em um programa da TV
Salvador acompanhando Moraes Moreira em <i>São Paulo,</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Meu Amor</i>, de Tom Zé. Ligou para a estação, achou meu endereço e foi
me buscar em casa”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E em pleno caos de
1969, em meio à ruínas das bananas e da antropofagia<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>renascentista<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>do tropicalismo, que surgem os malandros, loucos, imprevisíveis<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>NOVOS BAIANOS. Novos porque pós-Gil e
Caetano; baianos porque sim. Ou, como conta Pepeu, porque o grupo ia se
apresentar na Record e ainda não tinha nome; então, na hora de eles<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>entrarem em cena, um funcionário da emissora
gritou: <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">--<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>CHAMA AÍ ESSES NOVOS BAIANOS!<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">ABRIL CULTURAL - 1978</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">Fotos: GOOGLE</span></div>
<br />
<br />
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-82257783899908229022020-06-28T13:39:00.001-07:002020-06-28T13:39:12.638-07:00MORAES MOREIRA E OS NOVOS BAIANOS - II<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-F5qis6dHTHU/XvJcR3MMyjI/AAAAAAAASAI/oNqKiTKTOKgiNPqTAljva3QVGskCH5Y-wCLcBGAsYHQ/s1600/novosbaianosferronabonecavinil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="588" data-original-width="587" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-F5qis6dHTHU/XvJcR3MMyjI/AAAAAAAASAI/oNqKiTKTOKgiNPqTAljva3QVGskCH5Y-wCLcBGAsYHQ/s320/novosbaianosferronabonecavinil.jpg" width="319" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No início, apenas um quarteto – Moraes, Galvão, Paulinho e Baby (cujo
novo e celebrado nome nasceu de uma personagem de filme) – que era acompanhado
pelos Leif’s. Galvão, o poeta e mentor era obrigado a fazer mímica no palco,
porque na época os empresários não admitiam trios de cabeludos e só
Moraes,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o parceiro de Galvão, a voz
agridoce, o violão sutil. Paulinho era o malandro, o Lúcifer, o mandingueiro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pepeu era o músico. Baby, a menina.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Depois do reboliço do DILÚVIO em Salvador, os Novos Baianos vão para
São Paulo, onde se apresentam em inúmeros programas de TV, sempre ultrapassando
o número previsto de músicas e encerrando expedientes absurdos, como fizeram ao
terminar seu showzinho no programa<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de
Hebe Camargo, dançando tango com a animadora. Começa aí uma extensa lista de
empresários, gravadoras,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>úlceras e dores
de cabeça para quem quer que ousasse contratar os Novos Baianos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O primeiro empresário foi o poderoso marcos Lázaro e a primeira contratação
foi pela RGE, através de João Araujo. Lançam, em 1970, um compacto (De vera:
“De Vera estou falando de vera/, de vera, da primavera/ da prima Vera, deveras”,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">e<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Colégio de Aplicação</i>) e em seguida um LP cáustico, sardônico,
ameaçador (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">É ferro na boneca</i>: “Não
olhe, ande, olhe./ O produssumo queima a bagagem./ Necas de olhar pra trás./ O
quente, o veneno./ É pluft, pluft, pluft, pluft, pluft./ É ferro na boneca./É o
gogó, neném »), que incluía as faixas do compacto e uma cornucópia de
estilos e títulos: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Outro</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mambo, outro mundo; </i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">A casca
de banana que eu pisei</i>; <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Dona Nita e
Dona Helena</i> (homenagem às mães de Moraes e Galvão).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Como o sucesso em São Paulo não fosse dos mais estimulantes, como
ficou comprovado na desclassificação de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">De
Vera</i> durante o Festival da Record de 69,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>os Baianos buscam público no Rio de Janeiro, levando consigo o<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> Dilúvio </i>e Pepeu, com seu novíssimo
grupo de Ribeirão Pires, interior de São Paulo,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Os Enigmas, de onde saiu também Odair<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Cabeça-de-Poeta, que muitos insistem em confundir<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>com um ex-Novo Baiano, mas que, segundo
negativa veemente de Pepeu, nunca fez parte do grupo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A <i style="mso-bidi-font-style: normal;">mise-en-scéne<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></i>foi a mesma do Teatro Vila Velha, só que,
dessa vez, no Teatro Casa Grande. Como precisavam de um baixista (o efetivo dos
Enigmas ficara em São Paulo), eles buscam um substituto nas ruas de Ipanema e
acabam achando Dadi, roqueiro de 18 anos, cuja única experiência<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>verdadeira como músico vinha de tardes e
noites aprendendo a última dos Rolling Stones com seus amigos. Pepeu se dispõe
a “criar” Dadi e lhe dá a vaga. Novas mudanças no grupo: Pepeu se desliga
definitivamente dos Enigmas, chama seu irmão Jorginho para ser baterista,
convida dois amigos percussionistas de São Paulo, Bola e Baixinho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A farra estava formada. O LP pela RGE não vendera grande coisa,
servindo apenas de hóstia àqueles que, pouco a pouco, iam transformando os
Novos Baianos em banda cultuada, com um número determinado de adoradores
profanos que os seguiam onde quer que estivessem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Y6REGbgM9pM/XvJYGFjTozI/AAAAAAAAR_M/HHwwzPE5bSsOZhVy8kwYm_EmrZvWW7hqACLcBGAsYHQ/s1600/lp-novos-baianos-novos-baianos-vinil-e-capa-em-bom-estado-D_NQ_NP_689510-MLB25717178435_062017-F.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="900" data-original-width="1200" height="240" src="https://1.bp.blogspot.com/-Y6REGbgM9pM/XvJYGFjTozI/AAAAAAAAR_M/HHwwzPE5bSsOZhVy8kwYm_EmrZvWW7hqACLcBGAsYHQ/s320/lp-novos-baianos-novos-baianos-vinil-e-capa-em-bom-estado-D_NQ_NP_689510-MLB25717178435_062017-F.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Um dos grandes atrativos dos Novos Baianos era seu estilo até então
inusitado de vida: todos moravam juntos, em comunidade, em Botafogo: quatro
cômodos divididos entre doze pessoas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
- Morar junto era ótimo para todos nós, porque aumentava o nível de
relacionamento pessoal e, também, o de relacionamento musical<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>-- explica Pepeu.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>– Assim, nos conhecíamos cada vez melhor e,
consequentemente, sabíamos tocar melhor um com o outro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
A grande interação, além de provocar um perfeito entrosamento entre os
músicos, gera subgrupos dentro dos Novos Baianos, como o trio Dadi (baixo),
Pepeu (guitarra) e Jorginho (bateria), que passa a se chamar <b>A Cor do Som </b>e a
apresentar um repertório elétrico-eclético que deixava entrever a destacada
direção musical de Pepeu, guitarrando feroz, misturando Trio Elétrico e Jimi
Hendrix num fraseado só.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
Em 1971, a segunda gravadora e o segundo compacto <i style="mso-bidi-font-style: normal;">( Dê um rolé,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Risque, Você me dá
um</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">disco e Caminho de Pedro</i>), <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>produzido<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>por Nélson Motta e lançado pela Philipps. Segundo Moraes, um disco ruim,
mal gravado, aquém do esperado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
No mesmo ano, a quebra total. João Gilberto vem ao Brasil e vai se
confraternizar com os Novos Baianos em Botafogo. –Foi aí que tudo mudou –
Moraes recorda – João nos fez ver com outros olhos a música brasileira. Pela
primeira vez pegamos num cavaquinho, num pandeiro, para tocar samba. Foi<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>João quem disse para gente que <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Brasil pandeiro</i>, de Assis Valente, era a
nossa cara.<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
O ritmo de composição da dupla Galvão-Moraes sobe muito. Da
efervescência saem sons cada vez mais brasileiros: <o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRETA PRETINHA<o:p></o:p></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
“ Enquanto eu corria,<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Assim eu ia lhe chamar,<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Enquanto corria a barca,<br />
Lhe chamar<br />
Por minha cabeça não passava,</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Só, somente só, assim vou lhe chamar<o:p></o:p></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
Assim você vai ser,”<o:p></o:p><br />
Preta, preta, pretinha<br />
Abre a porta e a janela<br />
E vem ver o sol nascer<br />
Eu sou um pássaro<br />
Que vivo avoando<br />
Vivo avoando<br />
Sem nunca mais parar<br />
Ai-ai, ai-ai, saudade<br />
Não venha me matar<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/LauHS5QNQe4/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/LauHS5QNQe4?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Acabou chorare </i> (“<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ficou tudo lindo/ de manhã cedinho/ Tudo
cá,cá,cá/ Na fé, fé, fé/ No bu-bu li-li/ No bu-bu-li-lindo/ No bu-bu bolinho”),<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Swing
de Campo Grande</i>. Os papéis<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dos
músicos ficam cada vez mais multifacetados, e surge dentro do próprio grupo, um
regional.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Com todas as
inovações, os Novos Baianos fazem um temporada na boate Carioca Number One, que
deveria ter durado um mês, mas que acabou se estendendo por dois mais por
exigência do dono da casa, estimulado pela boa lotação que o grupo trazia com
sua nova direção musical. O público de
meia-idade que frequentava o Number One não podia deixar de se surpreender com
“um bando de cabeludos” fazendo um puro e sonoro samba. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Em sua
terceira gravadora, os NB,
recém-saídos desse vigoroso banho
de brasilidade, gravam seu mais consistente álbum, <i>ACABOU CHORARE, </i>lançado em
1972 pela Sigla. O álbum mostrava todas
as nuanças do novo trabalho baiano: o grupo todo, o regional e o power-trio da
COR DO SOM. Exaustivamente tocado nas
rádios, celebrado pela crítica e pelo público – que, de início, se assustou com
uma presumida bande de rock, esquentando seus pandeiros, mostrando que o Tio
Sam é quem queria conhecer a batucada brasileira. <o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-V5_2-suoMqc/XvJco50vw8I/AAAAAAAASAU/looRNd_GysEK-11gi6WdkW7aoWj9_aXBwCLcBGAsYHQ/s1600/os-novos-baianos-quando-decidiram-cantar-juntos-novamente-moraes-moreira-pepeu-gomes-paulinho-boca-de-cantor-e-baby-do-brasil-1586803626961_v2_1280x848.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="848" data-original-width="1280" height="212" src="https://1.bp.blogspot.com/-V5_2-suoMqc/XvJco50vw8I/AAAAAAAASAU/looRNd_GysEK-11gi6WdkW7aoWj9_aXBwCLcBGAsYHQ/s320/os-novos-baianos-quando-decidiram-cantar-juntos-novamente-moraes-moreira-pepeu-gomes-paulinho-boca-de-cantor-e-baby-do-brasil-1586803626961_v2_1280x848.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA<br />
ABRIL CULTURAL - 1978<br />
Fotos: GOOGLE<br />
Vídeo: YOUTUBE<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-63669288822280597932020-06-28T13:30:00.003-07:002020-06-28T13:30:54.789-07:00MORAES MOREIRA E OS NOVOS BAIANOS - III<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"> </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-C6JIVlS8cdE/XvJZX-jf5AI/AAAAAAAAR_Y/5_-yRXssOxg61Hh4JFyKYCbvikK2QZzNQCLcBGAsYHQ/s1600/NOVOS%2BBAIANOS%2B-%2BENCONTRAM.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="500" data-original-width="500" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-C6JIVlS8cdE/XvJZX-jf5AI/AAAAAAAAR_Y/5_-yRXssOxg61Hh4JFyKYCbvikK2QZzNQCLcBGAsYHQ/s320/NOVOS%2BBAIANOS%2B-%2BENCONTRAM.jpg" width="320" /></a></span></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
Novos Baianos alugam um sítio na Estrada dos Bandeirantes, na zona industrial
de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que foi apelidado de “Cantinho da Vivó” e
viu-se tomado por fanzocas exaltados, amigos de longa data, curiosos e, algumas
inesperadas vezes, policiais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Começa
um roteiro extensivo de excursões pelo país, a reboque da imensa repercussão de
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Acabou Chorare.</i> Como era de se
esperar, os Novos Baianos mudam, mais uma vez, de gravadora. Numa espécie de
consagração de seu alter ego favorito, gravam na Som Livre N.B. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Futebol Club</i>, um disco intimista,
pessoal, como se refletiria no show seguinte, com o palco enfeitado de
bandeirolas de São João e repleto de filhos dos membros do grupo e de seus
acólitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
essa altura o sítio de Jacarepaguá já havia sido tomado por pessoas
completamente estranhas ao grupo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
convite de um executivo da Continental, os Novos Baianos vão morar em uma
fazenda em São Paulo, onde gravam seu terceiro álbum, ALUNTI. Joãozinho
Trepidação (ex-Galvão) explica o título: - é tudo que não tem explicação, que
está pra lá de alucinação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Talvez
pela capa feia, de cores berrantes, talvez pela má divulgação da Continental, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alunti</i> não chega a vender tanto quanto
seus predecessores. O grupo se desentende com a gravadora, seguindo a tradição de
contratos a curto prazo e estrepolias com seus contratantes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Uma vez – conta Pepeu -, a gravadora não nos
tinha pago e estávamos no estúdio para gravar. Nossa reação foi deitar no chão
do estúdio<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e dizer que iríamos dormir
lá, porque nosso aluguel já tinha vencido e a grana não tinha pintado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
vem a crise. Na procura de seus caminhos próprios e inconformado com a
despropositada estagnação musical do grupo, Moraes Moreira sai dos Novos
Baianos para fazer carreira solo. Desfalcados de um compositor, os Baianos
encarregam Pepeu de compor, dando-lhe carta branca para redirecionar o grupo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Praticamente
no mesmo período, Dadi deixa os Novos Baianos, aparentemente sem planos de
trabalho individual. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">–
Dai saiu no dia de um show na Bahia, e tive que chamar meu irmão Didi para
substituir Dadi. Não foi uma grande mudança: só trocamos o A pelo I. O pobre do
Didi teve que aprender quinze músicas em menos de 24 horas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
público está curioso. A crítica desorientada. Seria esse o final dos Novos
Baianos? Muitos viam em Moraes a figura do líder, do leme da bainave. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sublime
surpresa quando em 1975, Moraes lança seu primeiro disco, com um estilo
completamente diverso do padrão NB de brasilidade, apoiado por um trio que
seria o embrião do hoje próspero COR DO SOM: Dadi no baixo, Gustavo na bateria
e Armandinho nas guitarras, no bandolim e no cavaquinho. Inicia-se um profundo
envolvimento<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de Moraes com o Trio
Elétrico de Dodô e Osmar, a começar pelo uso de Armandinho e Aroldo, filhos de
Osmar, em gravações e espetáculos e, mais tarde, iniciando uma série de LPs com
o Trio Elétrico, como produtor, compositor, cantor e músico: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Jubileu de prata do trio elétrico</i>, em
75,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">É a massa</i>, no começo de 77, justamente durante o carnaval.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
os Novos Baianos, por onde andavam? Por dedução, poderia ser o ocaso, o fim.
Mas como todo malandro joga bem com seu melhor elemento, a surpresa, os NB
lançam, no fim de 76, novo LP em nova gravadora, a Tapecar, com a qual
assinaram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o maior contrato de suas
vidas: dois anos. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Caia na Estrada e
perigas ver </i>traz o grupo revitalizado e totalmente nas mãos vulcânicas e
irrequietas de Pepeu. Músicas desenfreadas no ritmo, de um pique de locomotiva.
Os NB-safra 76 estão mais energizados do que nunca, adrenalina pura. Pepeu
roncando feroz sua guitarra, Jorginho e Didi indo atrás e o grupo faiscando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-79JQk6BNjOs/XvJZmLTnwQI/AAAAAAAAR_c/Qw5pqf90FxMlb44M5u7H4t5_hJSD22kdQCLcBGAsYHQ/s1600/NOVOS%2BBAIANOS.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="365" data-original-width="475" height="245" src="https://1.bp.blogspot.com/-79JQk6BNjOs/XvJZmLTnwQI/AAAAAAAAR_c/Qw5pqf90FxMlb44M5u7H4t5_hJSD22kdQCLcBGAsYHQ/s320/NOVOS%2BBAIANOS.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
1977 duas novidades, postas no mercado quase simultaneamente: os LPs <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Praga de Baiano</i>, dos NB, e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Cara e Coração</i>, de Moraes Moreira. Cada
vez mais os NB eram de Pepeu. Quase todo instrumental, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Praga de Baiano</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>traz a
primeira gravação do Trio Elétrico dos Novos Baianos, que ocupa 85% do disco,
dando pouco espaço às vozes de Baby e Paulinho. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cara e Coração</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
mostra um Moraes Moreira amadurecido, uma integrada Cor do Som.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">(Pepeu
já havia cedido o nome ao grupo, que ganhara Mu, irmão de Dadi nos teclados e
Ari na percussão). Moraes começa a se apresentar com o Trio Elétrico, mostrando
seu pouco conhecido lado de “freveiro”. Os Novos Baianos reduzem o número de
seus espetáculos, ficando praticamente incomunicáveis com o público, que passa
a se indagar sobre a dissolução do grupo. A ausência é justificada por Pepeu: -
Os Novos Baianos nunca acabaram. O que houve é que cada um começou a tratar de
seu projeto individual, coisa pouco feita aqui no Brasil e que, por isso, gera
boatos de fim do grupo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
primeiro passo desses projetos é do próprio Pepeu, que gravou um álbum <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Geração de Som </i>PELA CBS, “de nível”,
como desejava, com os músicos que escolheu – Márcio Montarroyos, Ed Maciel,
Jorginho, seu irmão – e, usando recursos de estúdio que não conseguia com os
Novos Baianos, como o Aphex Aural Exciter, uma maravilha eletrônica que consegue
recriar no disco o “ambiente musical, a atmosfera” que se perde nas paredes
estéreis do estúdio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Baby
também prepara um disco seu, pela WEA, e Paulinho Boca-de-Cantor faz uma
triagem para escolher sua etiqueta. Galvão reúne material para um livro. Moraes
segue sua carreira, gravando novo disco, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Alto-Falante</i>,
que recria a parceria Moraes-Galvão em uma faixa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
1979, os NB preparam – pela CBS – um álbum comemorativo de seus dez anos, e a
presença de Moraes está confirmada. Um disco de camaradagem, checando velhos
pontos. Os rumores são falsos – os NB não acabaram, e provam que “quem nasceu para Barra Lúcifer/ Não foge/Nunca some” (Barra Lúcifer).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-NqGVnUgtHQI/XvJaEL8YQNI/AAAAAAAAR_o/I6byMLg_N6wc3NGUjGY6dqjdijQfiGPXwCLcBGAsYHQ/s1600/os-novos-baianos-quando-decidiram-cantar-juntos-novamente-moraes-moreira-pepeu-gomes-paulinho-boca-de-cantor-e-baby-do-brasil-1586803626961_v2_1280x848.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="848" data-original-width="1280" height="212" src="https://1.bp.blogspot.com/-NqGVnUgtHQI/XvJaEL8YQNI/AAAAAAAAR_o/I6byMLg_N6wc3NGUjGY6dqjdijQfiGPXwCLcBGAsYHQ/s320/os-novos-baianos-quando-decidiram-cantar-juntos-novamente-moraes-moreira-pepeu-gomes-paulinho-boca-de-cantor-e-baby-do-brasil-1586803626961_v2_1280x848.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> ABRIL CULTURAL - 1978</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fotos: GOOGLE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vídeos: YOUTUBE<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">MORAES
MOREIRA E O PÚBLICO INFANTIL<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
1975, Moreira saiu do grupo para se lançar em carreira solo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em
1980, no LP Bazar Brasileiro em parceria com Jorge Mautner lança a“LENDA DO
PÉGASO”, fábula mitológica: Um passarinho feio que vivia a sonhar em ser o que
não era e virou Pégaso, o cavalo voador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
projeto de Vinicius de Moraes em
parceria com Toquinho, Moreira participou do musical “A Arca de Noé” incluindo a gravação dos dois LPs. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> No álbum “ Casa de Brinquedos” (1983) de
Toquinho, interpretou A Bola. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><b>13 DE ABRIL 2020 –
MORRE NO RIO DE JANEIRO , AOS 72 ANOS DE IDADE, MORAES MOREIRA.</b><o:p></o:p></span></div>
</div>
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/GC2_jlFwVnQ/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/GC2_jlFwVnQ?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
LENDA DO PÉGASO</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Era uma vez,
vejam vocês, um passarinho feio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Que não
sabia o que era, nem de onde veio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Então vivia,
vivia a sonhar em ser o que não era<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Voando, voando com as asas, asas da quimera <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Sonhava ser
uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E naquela de
pretensão queria ser um gavião<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E quando
estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada
cegonha<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E com a
vontade esparsa sonhava ser uma linda garça<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E num
instante de desengano queria apenas ser um tucano<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E foi
aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Sonhava com
a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficava triste<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Tão triste
assim como tu, querendo ser o sinistro urubu<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E quando
queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E até hoje
ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E quando já
estava querendo aquela paz dos sabiás<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Cansado de
viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E ao sentir
a falta de um grande carinho então cantava feito um canarinho<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
E assim o
passarinho feio quis ser até pombo-correio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<o:p> </o:p>Aí então
Deus chegou e disse: </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Pegue as
mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
Deus disse
ainda: é tudo azul, e o passarinho feio<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-78909824523271507032020-04-18T12:55:00.001-07:002020-04-18T12:55:51.901-07:00CANDIDO DAS NEVES - ÍNDIO - I<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CÂNDIDO
DAS NEVES<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-bTnxF5wyCCA/XpoO2mO7cAI/AAAAAAAAR3w/spdgBLCCeNEjO8Gxpz6AYpWaKpJ2qAKegCLcBGAsYHQ/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="141" data-original-width="150" src="https://1.bp.blogspot.com/-bTnxF5wyCCA/XpoO2mO7cAI/AAAAAAAAR3w/spdgBLCCeNEjO8Gxpz6AYpWaKpJ2qAKegCLcBGAsYHQ/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ÍNDIO:
UM NOME OBRIGATÓRIO NAS ROMÂNTICAS SERESTAS DOS VELHOS TEMPOS<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando Cândido das Neves começou a aparecer
com suas canções<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>românticas, em breve
ele passaria<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a disputar com o poeta de
Luar do Sertão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a honra de maior do
gênero, segundo o crítico da época, Francisco Guimarães – O Vagalume -,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que tanto contribuiu para a fixação das
origens do samba, mas não vacilava em colocá-lo em plano superior. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vagalume
tinha razão: nos recitais, Cândido das Neves era obrigado a se apresentar sempre
por último, porque quando cantava o público não queria deixá-lo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ir embora, fazia-o voltar à cena repetidas
vezes, para cantar mais e mais. E não era apenas por seus versos apaixonados,
por sua voz, mas também por seu violão. Ele tirava efeitos tais<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do instrumento que parecia operar uma mágica,
transformando o violão em piano. Desde cinco anos ele tocava, e não era de
ouvido; escrevia e lia música, era professor. Fazia milagres com os alunos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Cândido era um professor enérgico – conta sua viúva, Dona Débora Pinto das
Neves.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Puxava pelo aluno, às vezes
dava, em vez de uma hora, como o combinado, mais meia hora. Eu ficava boba de
ver o progresso de seus alunos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele não era índio, e
sim negro, filho de negro. E puxava ao pai em muita coisa: no amor à música, no
poder de emocionar o povo, até mesmo na forma brutal de morrer. Quando Cândido
nasceu, a 24 de julho de 1899, o pai já tinha fama: Eduardo das Neves, o grande
palhaço negro, arrebatava multidões com suas músicas, em que celebrava fatos da
época. Uma noite, no Teatro Maison Moderne, o palco ficou juncado de chapéus e
flores, Eduardo das Neves foi carregado pelo público. Ele chegara do Norte e
cantava uma exaltação a Santos Dumont, que contornara a Torre Eiffel com seu
balão Demoiselle. O povo delirou quando Eduardo das Neves atacou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a canção que muitas gerações entoariam: <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“ A Europa curvou-se ante o Brasil<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E clamou parabéns<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Em meigo tom,<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Brilhou lá no céu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mais uma estrela:<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Apareceu
Santos Dumont...”<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-JkMc5re_vBc/XpoPf25RacI/AAAAAAAAR34/qmxC4LOR8OEOy59EUgpm-Ry9rTVvYwYEACLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves%2B2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="259" data-original-width="195" src="https://1.bp.blogspot.com/-JkMc5re_vBc/XpoPf25RacI/AAAAAAAAR34/qmxC4LOR8OEOy59EUgpm-Ry9rTVvYwYEACLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves%2B2.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Palhaço,
cantor, compositor, Eduardo das Neves (1874-1919) haveria de encaminhar o filho
também pelo caminho da arte, que lhe dera tanta glória.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A resolução foi tomada no dia em que viu o
pequeno Índio, como o chamava, a brincar com o violão, instrumento então considerado
sem nobreza.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ele afastou-o do violão,
mas resolveu dar-lhe educação musical.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E
não apenas isso: fez questão de que o filho estudasse, concluísse o ginásio,
procurasse aprender muito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
formatura no ginásio abalou muito o jovem Cândido. O pai viera de Minas, onde
vivia, para assistir à diplomação. No Rio, como era natural, convidaram-no para
dar ao menos um show num teatro da Praça Tiradentes. Pouco antes da meia-noite,
quando voltava<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do teatro e chegava à
pensão onde se hospedara, Eduardo das Neves começou a passar mal. Cândido saiu
para chamar uma ambulância; inútil: o pai morreu antes de receber qualquer
socorro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-3m_AziIM6eE/XpoPvM7JoAI/AAAAAAAAR38/91eZtYliXqMCPIpiN1oX4-5SrjU-MaqYACLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves%2B-%2Baviso%2Bde%2Bfalecimento.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="188" data-original-width="268" src="https://1.bp.blogspot.com/-3m_AziIM6eE/XpoPvM7JoAI/AAAAAAAAR38/91eZtYliXqMCPIpiN1oX4-5SrjU-MaqYACLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves%2B-%2Baviso%2Bde%2Bfalecimento.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O episódio definiu o
rumo da vida de Cândido – não seguiria a carreira circense. Começaria como o
pai, sim, mas na Estrada de Ferro Central do Brasil, como praticante de agente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E lá na Central, onde o pai fora
guarda-freios, ele acabaria por levar mais longe a tradição musical da família.
Primeiro, como mestre-de-harmonia do rancho <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Prazer das Morenas</i>, da Saúde.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Depois, compondo para carnaval, mas sem muito sucesso. Em sua importante
obra<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Carnaval Carioca através da Música, </i>Edigar de Alencar registra apenas uma
vez o nome de Cândido das Neves, como autor<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>de uma marcha “bastante divulgada nesse abundantíssimo carnaval de boas
marchas e belos sambas (o de 1934):<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">A MAIOR DESCOBERTA</b>, gravada por
Almirante e Castro Barbosa. Cândido explorava um grande filão carnavalesco – a
mulata.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Abril cultural – 1978<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fotos:
Google<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-14594165750445869452020-04-18T12:55:00.000-07:002020-04-18T12:55:24.106-07:00CÂNDIDO DAS NEVES -ÍNDIO - II<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas
não é esse o caminho de Cândido “Índio” das Neves. Ele vai concentrar-se em
valsas e serestas, ou mesmo em tangos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É
sob a forma de tango que primeiramente aparece uma de suas obras-primas: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">NOITE CHEIA DE ESTRELAS.</b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-VTo61LSrM5E/XpoREMzmpgI/AAAAAAAAR4M/vgWiUAxC8Pw-iyHzm8Vh0n11LnPN2x0qQCLcBGAsYHQ/s1600/download%2B%25282%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="226" data-original-width="223" src="https://1.bp.blogspot.com/-VTo61LSrM5E/XpoREMzmpgI/AAAAAAAAR4M/vgWiUAxC8Pw-iyHzm8Vh0n11LnPN2x0qQCLcBGAsYHQ/s1600/download%2B%25282%2529.jpg" /></a></b></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A princípio ele coloca
letra no tango MADRE; depois, por causa dos direitos autorais sacrifica um
pouco os versos e muda a melodia. Vicente Celestino grava então o que seria um
dos seus maiores sucessos: <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Noite alta, céu risonho<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">a quietude é quase um sonho<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">o luar cai sobre a mata<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">qual uma chuva de prata<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">de raríssimo esplendor<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">só tu dormes, não escutas<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">o teu cantor<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">revelando à lua airosa<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">a história dolorosa desse amor.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lua...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Manda a tua luz prateada <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Despertar a minha amada<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quero matar meus desejos<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sufocá-la com os meus beijos<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Canto<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E a mulher que eu amo tanto<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não me escuta, está dormindo<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Canto e por fim<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nem a lua tem pena de mim<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pois ao ver que quem te chama sou eu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre a neblina se escondeu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lá no alto a lua esquiva<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Está no céu tão pensativa<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As estrelas tão serenas<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Qual<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>dilúvio
de falenas<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Andam tontas ao luar<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Todo o astral ficou silente<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para escutar<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O teu nome entre as endechas<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">As dolorosas queixas<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao
luar<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Já é NOITE CHEIA DE ESTRELAS em sua versão
definitiva.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Corpo
de atleta, embora não muito alto, dentadura bonita, cuidadoso no vestir,
Cândido das Neves fará do violão o elemento de identificação com outros
empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, de pendores artísticos,
principalmente Henrique de Melo Moraes (tio do poeta Vinicius de Moraes), que
será padrinho de seu filho Eduardo e Uriel Lourival, que vai morrer cedo e
deixar pouca coisa, mas de valor como CÉU MORENO<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e o clássico, MIMI (“ dentro d’alma
dolorida,/ Teu sorriso é um lindo albor,/ Uma existência, um céu/...”). Com
eles Cândido vai fazer muitas serenatas pelos subúrbios e também conhecer muita
gente do meio artístico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre uma seresta e outra, vão surgindo as
composições. Algumas estão fadadas a se tornar antológicas no gênero ,como <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ÚLTIMA ESTROFE</b>:<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A noite estava assim enluarada<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">quando a voz já bem cansada<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">eu ouvi de um trovador.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos versos que vibravam de harmonia<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ele em lágrimas dizia;<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da saudade de
um amor.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Falava de um beijo apaixonado<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De um amor desesperado<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que tão cedo teve fim<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E desses gritos de tormento<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu guardei no pensamento<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Uma estrofe que era assim:<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lua...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vinha perto a madrugada<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando em ânsia minha amada<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos meus braços desmaiou<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E o beijo do pecado<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O teu véu estrelejado<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A luzir glorificou<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lua...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hoje eu vivo sem carinho<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao relento tão sozinho<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na esperança mais atroz<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De que cantando em noite linda<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa ingrata volte ainda<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Escutando a minha voz<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A estrofe derradeira, merencória<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Revelava toda a historia<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De um amor que se perdeu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E a lua que rondava a natureza<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Solidária com a tristeza<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre as nuvens se escondeu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Cantor, que assim falas à lua<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Minha história é igual à tua<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Meu amor também fugiu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Disse eu em ais convulsos<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E ele então, entre soluços<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Toda a estrofe repetiu<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ou <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">RASGUEI<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O TEU RETRATO, </b>que Vicente Celestino
levou a todos os cantos do Brasil: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Tu disseste em juramento,<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Entre o véu do esquecimento,<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O teu nome é uma ilusão.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tu tiveste a impiedade<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De sorrir desta saudade<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Que
me mata o coração...”<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-KoIZ0znDHWI/XpoSB_3NLxI/AAAAAAAAR4Y/pfHmhNuEER0D4ujU9G0H1HG_WrpYrL5mgCLcBGAsYHQ/s1600/Candido%2Bdas%2BNeves%2B-%2Bl%25C3%25A1grimas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="259" data-original-width="194" src="https://1.bp.blogspot.com/-KoIZ0znDHWI/XpoSB_3NLxI/AAAAAAAAR4Y/pfHmhNuEER0D4ujU9G0H1HG_WrpYrL5mgCLcBGAsYHQ/s1600/Candido%2Bdas%2BNeves%2B-%2Bl%25C3%25A1grimas.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> Ou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">LÁGRIMAS</b>, criação imortal do
inigualável Orlando Silva: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Ai, deixa-me chorar<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para suavizar<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O que eu não sei dizer<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas sei sentir.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não prantear o amor que se perdeu<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É a nossa alma enganar<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
ao próprio coração querer mentir...”<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
produção de Cândido das Neves não vai ser numerosa, mas terá um traço muito
pessoal, inconfundível: a sua marca. Ela está presente em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">ÚLTIMA
ESTROFE</b> e em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">LÁGRIMAS</b>, em <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">APOTEOSE<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>DO AMOR<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></b>e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">RANCHO ABANDONADO</b>, <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PÁGINA DE DOR</b> e <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">NÊNIAS</b>
(“murcharam no jardim os crisântemos/ e as magnólias se despetalaram”: assim
ele chorou com um amigo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a morte da
mulher).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E em tudo mais: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">PRIMAVERA ,DILETA, ENTRE LÁGRIMAS,... E
NADA MAIS!, CASTELOS DE AREIA, NOITE DE SÃO PEDRO, EM DELÍRIO, NOITE CHEIA DE
ESTRELAS, CINZAS, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>CABOCLA SERRANA,
RASGUEI O TEU RETRATO, ABISMO DE AMOR, RENÚNCIA EM PRANTOS, NAS ASAS BRANCAS DA
SAUDADE, TUDO ACABADO, LUAR DE MINHA TERRA, CINZAS DE AMOR, ÍNTIMA LÁGRIMA,
PARA SEMPRE ADEUS,JURA DE CABOCLO</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fotos: Google<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vídeos: Youtube<o:p></o:p></span></div>
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-33701400352062401352020-04-18T12:52:00.002-07:002020-04-18T12:52:58.553-07:00CÂNDIDO DAS NEVES - ÍNDIO - III<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> <a href="https://1.bp.blogspot.com/-wfm77aS0oGM/XpoWqYGKeoI/AAAAAAAAR4k/WgOBmJY-JikuqRPzhZ4CuKIRCiLCGxXzgCLcBGAsYHQ/s1600/download%2B%25281%2529.jpg" imageanchor="1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="217" data-original-width="232" src="https://1.bp.blogspot.com/-wfm77aS0oGM/XpoWqYGKeoI/AAAAAAAAR4k/WgOBmJY-JikuqRPzhZ4CuKIRCiLCGxXzgCLcBGAsYHQ/s1600/download%2B%25281%2529.jpg" /></a><br /> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
romantismo dos poemas de Cândido logo chamou a atenção dos grandes cantores da
época. Em sua casa da Rua Torres de Oliveira, na Piedade (subúrbio onde também
morou Catulo),ele recebia Orlando silva, Silvio Caldas, Almirante, Vicente
Celestino, o cronista Vagalume. Muitos compositores iam lá saber sua opinião
sobre uma música, outros queriam que ele corrigisse uma peça. Nessas reuniões,
Índio fazia muito versos e, generoso, dava-os aos amigos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele
era atração não apenas nas audições dos teatros do Rio, mas também nas serestas
das cidades perdidas pelo interior. Conta Henrique de Melo Moraes que, uma vez,
ele e Cândido das Neves fizeram uma grande serenata na festa religiosa de
Congonhas do Campo, Minas, para a qual afluíam então milhares de pessoas das
cidades vizinhas. Eles foram<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a pé da
estação de Lafaiete até Congonhas, cantando sempre, cercados pelo carinho do
povo que os acompanhava.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nessa
época, Cândido era agente da Central do Brasil na estação de Coronel Cardoso,
Minas. A estada na cidade foi fatal: naquele frio, ele pegou logo um resfriado
que lhe afetou a garganta, deixando-o quase mudo. Desde que se casara pela
segunda vez, em 1932, havia mudado muito: raramente<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ia a serestas ou festivais, que eram
realizados em homenagem<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a um ou outro
artista, por um pretexto qualquer. Ao voltar de Minas, onde passou um ano, ele
foi morar na Casa 6 da Vila da Rua Dr. Bulhões, 117, no Engenho de Dentro,
subúrbio onde Catulo terminou seus dias. Nem Melo Moraes, advogado, seu
compadre, percebeu o que havia com Índio. No dia do batizado do pequeno
Eduardo, Cândido não apareceu. Melo Moraes ficou aborrecido, quis saber a
razão. Dona Débora explicou: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
ele está encabulado, com uma rouquidão tremenda.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nem pode falar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Melo
Moraes percebeu que não era coisa simples. A 13 de novembro de 1934, Cândido
morreu. Matou-o uma tuberculose galopante na laringe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Além
da família, pouca gente foi ao enterro: o Dr Melo Moraes, o criminalista Hugo
Baldessarini, o compositor Bororó, autor de Da Cor do Pecado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Alguns
meses depois começava a imortalidade de Cândido das Neves: Orlando Silva
gravava em 1935 LÁGRIMAS<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e ÚLTIMA
ESTROFE no disco<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Victor 33975, que
durante muito tempo foi disputado a peso de ouro, como uma preciosidade, nos
sebos de discos. ÚLTIMA ESTROFE teve gravações também<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de Castro Barbosa (a primeira), Vicente
Celestino, Nelson Gonçalves e Silvio Caldas.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/lNs03NaVgFo/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/lNs03NaVgFo?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;">ORLANDO SILVA - ÚLTIMA ESTROFE</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Índio
não suspeitaria que muitos anos depois, em 1971, um cantor moderno, Tito Madi,
pudesse cantar diariamente na Bierklause, casa noturna do Rio, uma canção de
sua autoria.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A posteridade teria
dado razão a Orestes Barbosa? Este grande da seresta costuma dizer que só houve
três cancioneiros fortes na nossa música popular Índio das Neves, Hermes Fontes
e Catulo da Paixão Cearense. E ao primeiro fazia este elogio:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- ÍNDIO DAS NEVES É UM GÊNIO.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-HJ-0T6tsK30/XpoXdFlmaZI/AAAAAAAAR4s/dCvx89MSK7g7u2Ey35UssqJZVcVRutulgCLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="281" data-original-width="179" src="https://1.bp.blogspot.com/-HJ-0T6tsK30/XpoXdFlmaZI/AAAAAAAAR4s/dCvx89MSK7g7u2Ey35UssqJZVcVRutulgCLcBGAsYHQ/s1600/Eduardo%2Bdas%2BNeves.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
EDUARDO DAS NEVES</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eduardo
das Neves deixou uma modinha dedicada a seu filho ÍNDIO DAS NEVES, autor de “
Noite Alta, Céu Risonho”,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>na qual há
estrofes assim: <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“Não
nego, pois faço alarde<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
tenho pressentimento<o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">De
que ele será mais tarde <o:p></o:p></span></i></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Brasileiro
de talento”.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não
se enganou. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Índio das Neves é um
cultor do gênero que sagrou o grande carioca que Eduardo foi.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">ORESTES BARBOSA, em seu
livro SAMBA (1933).<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/p5qwUXydebQ/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/p5qwUXydebQ?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
NOITE CHEIA DE ESTRELAS - VICENTE CELESTINO</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira<br />
Abril Cultural - 1978<br />
Fotos: Google<br />
Vídeos: Youtube</div>
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-80881712000500906862020-01-21T13:05:00.001-08:002020-01-21T13:05:10.760-08:00CATULO DA PAIXÃO CEARENSE - I<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-iLH0ZN4ZDis/XiX7v_W9Q7I/AAAAAAAARoY/vv1Khj_MEQA-FrhSot7GkpZ7cliBS2TcgCLcBGAsYHQ/s1600/9a0051f86d9f6698a61c4c2379d56952.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="545" data-original-width="1600" height="108" src="https://1.bp.blogspot.com/-iLH0ZN4ZDis/XiX7v_W9Q7I/AAAAAAAARoY/vv1Khj_MEQA-FrhSot7GkpZ7cliBS2TcgCLcBGAsYHQ/s320/9a0051f86d9f6698a61c4c2379d56952.jpg" width="320" /></a></span></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Esse
homem adorado pelo povo tinha muitos inimigos E foram eles por certo que
difundiram uma série de adjetivos, e de histórias que os justificavam, para
procurar desmerecê-lo. Apontavam-no como cabotino, mulherengo, exibicionista,
vaidoso, e contavam histórias como esta: a de que Catulo encontrou um amigo na
rua e narrou seu encontro com Rui Barbosa, então no apogeu da fama:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Acabo de sair da casa do Ministro Rui Barbosa; recitei o meu HINO ÀS AVES e o
baiano chorou. Só hoje é que vim ter certeza de que ele é realmente um gênio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
amigos mais chegados, como o barítono Frederico Rocha, um dos intérpretes
favoritos de Catulo, ainda hoje falam em sua defesa:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Catulo podia ter milhões de defeitos, até mesmo todos os que lhe eram
atribuídos. Colocados ao lado de suas qualidades de artista, porém, eles se
tornavam insignificantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Frederico
Rocha conheceu Catulo lá pelo começo do século XX, na casa do Dr. Silva Araújo, um
sobrado na Rua Sete de Setembro. O poeta ainda usava vastos bigodes negros, e
fora à casa do médico para fazer aquilo que durante muito tempo foi a sua
especialidade: dar um recital. A partir daí, Frederico passaria a frequentar a
roda de amigos de Catulo e os mesmos bares da cidade: Brahma, Nacional, Nice, Confeitaria
Colombo,<span style="mso-spacerun: yes;"> e</span> fazer serenatas com os amigos
comuns: o poeta Jaime Ovalle, Rogério Guimarães, Nozinho e Sinhô, João
Pernambuco e Bastos Tigre, Emílio de Menezes e Sátiro Bilhar, um exímio
violonista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nas
audições, Catulo recitava e tocava violão. Frederico Rocha cantava. A mais
famosa delas foi realizada a 7 de janeiro de 1917, quando veio ao Brasil o
escrete uruguaio de futebol. Depois do jogo houve um churrasco, seguido de uma
récita. A atração era Catulo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Nesse dia – conta
Frederico Rocha – Catulo cantou seu sucesso da época <b>CABOCA DI CAXANGÁ</b>. Todo
mundo cantou o estribilho famoso, inclusive os uruguaios: ‘Caboca di Caxangá,
minha caboca vem cá...”. Essa canção<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>chegara a ser sucesso no carnaval de 1913, mesmo contra a vontade do
autor, pois o povo a cantava deturpando a letra.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">CABOCA
DI CAXANGÁ<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span lang="IT" style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Laurindo Punga, Chico Dunga, Zé Vicente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Essa
gente tão valente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Do
sertão de Jatobá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
o danado do afamado Zeca Lima<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tudo
chora numa prima<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
tudo quer te traquejá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Caboca
de caxangá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Minha
Caboca, vem cá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Queria
ver se essa gente, também sente<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Tano
amor como eu senti<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Atravessava
um regato no Patau<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
escutava lá no mato<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
canto triste do urutau<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Caboca,
demônio mau<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Sou
triste como o urutau<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Há
muito tempo lás nas moita da taquara<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Junto
ao monte das coivara<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu
não te vejo tu passa<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Todos
os dias inté a boca da noite<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu
te canto uma toada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Lá
debaixo do indaiá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vem
cá, caboca, vem cá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Rainha
de Caxangá<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Na
noite santa do Natal na encruzilhada<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Eu
te esperei e descantei<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Inté
o romper da manhã<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Quando
eu saía do arraiá o sol nascia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E
lá na grota já se ouvia<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Pipiando
a acauã<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Caboca,
toda a manhã<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Som triste de acauã.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">
</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nota: Originalmente, a composição possui dez
estrofes; aqui apresenta-se apenas as quatro estrofes iniciais e os quatro
estribilhos.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dias
depois, um churrasco no sítio de Paulo Rudge terminou de forma imprevista por
culpa de Catulo. Ele chegou atrasado, os convidados já estavam comendo.
Recebido com palmas, dirigiu-se para o centro do terreno gramado, a fim de
iniciar a parte artística do programa. Deu então de cara com a cabeça do boi,
ainda ensanguentada e com os olhos esbugalhados. Ficou uma fera: atirou fora o
violão e abandonou o local protestando:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Festim de bárbaros, irracionais!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Depois
ele se desculparia aos amigos Carlos Maul, jornalista e escritor, e Guimarães
Martins, advogado<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">- Sei que estraguei a
festa. Mas que hei de fazer! Eu sou assim mesmo. Comer churrasco eu comeria,
mas sem um espetáculo daqueles. A minha alma de poeta não suportou a tristeza
daquele olhar do boi morto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Catulo
tinha esses rompantes de prima-dona. Virar as costas e ir embora era quase um
hábito dele. Exigia silêncio absoluto quando ele ou qualquer outro artista
cantava. Frederico Rocha foi testemunha de muitas grosserias de Catulo. Em
Casa, quando cantava ou recitava, ou quando um amigo tocava violão, não raro
ele se dirigia assim a algum visitante: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Por favor, retire-se. Só volte quando meu amigo acabar de cantar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A
gloria só fez aumentar a vaidade de Catulo. Querido pelo povo, era também
admirado e estimado pelas figuras famosas da época: Coelho Neto, Humberto de
Campos, Edmundo Bittencourt, Irineu Marinho, Assis Chateaubriand, Monteiro
Lobato,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Rui Barbosa, Pedro Lessa, Rocha
Pombo, José do Patrocínio (pai e filho), José Oiticica, João Ribeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">No
final da vida, ele próprio cobrava homenagens à sua grandeza. Quando se fez a
campanha <i style="mso-bidi-font-style: normal;">“O Tostão do Povo”,</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para construção da sua herma,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Catulo angariou adesões. Em Memórias do café Nice, Nestor de Holanda
conta como foi apresentado ao poeta. Catulo não disse o protocolar<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“prazer em conhecê-lo”. Foi direto ao único
assunto que o interessava: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
O Senhor contribuiu para a minha herma?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-dQtEZyCU02w/XiX73bOaj8I/AAAAAAAARoc/K9zt3x2yZrAqjKfJJHFT3_EmosU6zAc_wCLcBGAsYHQ/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="190" data-original-width="266" src="https://1.bp.blogspot.com/-dQtEZyCU02w/XiX73bOaj8I/AAAAAAAARoc/K9zt3x2yZrAqjKfJJHFT3_EmosU6zAc_wCLcBGAsYHQ/s1600/download.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fonte:
NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ABRIL CULTURAL -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1978<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fotos:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>GOOGLE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vídeos:YOUTUBE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8850892613937188364.post-52425641063162977862020-01-21T13:05:00.000-08:002020-01-21T13:05:00.362-08:00CATULO DA PAIXÃO CEARENSE - II<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-iuL9kIQ8I2M/XiX_x1unRLI/AAAAAAAARos/MZyCOHGa1aE0CB2n25DeKKpZ2sXnyvOtwCLcBGAsYHQ/s1600/catulo-da-paixao-cearense-3561.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="909" data-original-width="600" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-iuL9kIQ8I2M/XiX_x1unRLI/AAAAAAAARos/MZyCOHGa1aE0CB2n25DeKKpZ2sXnyvOtwCLcBGAsYHQ/s320/catulo-da-paixao-cearense-3561.jpg" width="211" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Catulo
da Paixão Cearense era maranhense de São Luís, onde nasceu a 8 de outubro de
1863, no sobrado de número 66 da antiga rua Grande, hoje Rua Osvaldo Cruz.
Alguns de seus biógrafos inclusive Ary Vasconcelos, em Panorama da Música
Popular Brasileira, dão seu nascimento a 31 de janeiro de 1866, mas por
equívoco; essa data foi arranjada para uma nomeação no serviço público, pois
ele precisava remoçar três anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ainda
menino, com dez anos, Catulo mudou-se com o pai, o ourives Amâncio José da
Paixão Cearense, a mãe, Maria Celestina Braga da Paixão, e os irmãos Gil e
Gerson para o sertão do Ceará, que deixaria marcas profundas em seu espírito e
seria o tema de sua principal peça, </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 16px;"><b>LUAR DO SERTÃ</b></span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><b>O</b>,</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">durante muitos anos considerada pelo povo
como uma espécie de segundo hino nacional.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Aos dezessete anos, a família seguiu para o Rio de Janeiro , onde foi
morar na Rua São Clemente, 37, numa casa quase igual à de São Luís, com fachada
forrada de azulejos, três portas no térreo e três janelas em cima, com sacadas.
Ali mesmo funcionava a relojoaria e ourivesaria do Sr. Amâncio.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Logo
que chegou, Catulo passou a frequentar uma república de estudantes na Rua
Barroso, em Copacabana. Seus companheiros eram os flautistas Calado e Viriato,
o estudante de música Anacleto de Medeiros, o violonista Quincas Laranjeiras, o
cantor Cadete e um estudante de medicina que ensinaria Catulo a tocar violão:
até então, sua paixão era a flauta. Uma noite, numa seresta em que Catulo
apresentava pela primeira vez sua primeira modinha <b>AO LUAR</b>, o velho Amâncio
quebrou-lhe o violão na cabeça: seguira-o e resolvera castigá-lo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-Te_Mk7jKTJQ/XiYHAffeL9I/AAAAAAAARpM/MUjB-UGxp_Ue4ZdnYeeJoQfdQEJqbitVACEwYBhgL/s1600/maxresdefault.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="1280" height="180" src="https://1.bp.blogspot.com/-Te_Mk7jKTJQ/XiYHAffeL9I/AAAAAAAARpM/MUjB-UGxp_Ue4ZdnYeeJoQfdQEJqbitVACEwYBhgL/s320/maxresdefault.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Catulo
era autodidata. Aprendeu português e matemática, depois se aperfeiçoou em
francês, língua que conhecia profundamente, a ponto de fazer boas traduções de
poetas famosos (Lamartine, por exemplo), em moda no fim do século XIX e começo
do século XX. Mas o gosto pela literatura francesa não lhe deu maneirismos e
hábitos importados, como era comum nos poetas da época. Catulo guardava a
influência do contato com os cantadores do nordeste, com quem passara boa parte
da juventude, e ele próprio chegou a fazer literatura de cordel. Ao contrário
do que então se cantava, fez modinhas bem brasileiras, muitas delas compostas
no linguajar caboclo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Os
primeiros anos de Rio de Janeiro não foram apenas de alegrias, serestas,
descoberta de novas amizades.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Logo
depois que chegaram, morreu-lhe a mãe. Ele ficou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tão traumatizado, que chegou a pensar em se
suicidar.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Três anos depois,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>morria o velho Amâncio. De repente, a vida
sofria uma mudança brutal: Catulo tinha que trabalhar, e só arranjou vaga no
cais do porto, como estivador, pegando no pesado. Passou a levar uma<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>vida dividida: de dia, tamancos nos pés,
marmita e os livros que nunca abandonava: de noite, fraque forrado de seda,
calça listrada – para as serestas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Numa dessas noitadas, a
vida de Catulo mudou. Convidado para uma festa na casa do Senador Gaspar da
Silveira Martins, conselheiro do Império, ele foi centro da festa, os
convidados aplaudiram-no de pé. A mulher do conselheiro interessou-se muito por
ele, quis saber como poderia ajudá-lo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
poeta arriscou um pedido de emprego; em resposta, recebeu convite para ser
explicador dos filhos de Silveira Martins. Catulo não vacilou: aceitou o
emprego e mudou-se para a chácara do conselheiro, na Gávea.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enfim, uma vida digna de ser vivida: de dia
aulas; de noite, serestas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas não durou muito
tempo: uma madrugada, ao voltar para o quarto, teve a surpresa de encontrar em
sua cama uma jovem semi-vestida; Ela começou a gritar por socorro, dizendo-se
violentada pelo poeta; os outros empregados acudiram, Catulo viu-se cercado,
acabou na delegacia e depois na igreja, onde foi obrigada a se casar com a
moça. Anos depois, viu que tudo passara de uma farsa: na certidão de casamento
e nos assentamentos da igreja paroquial não havia assinaturas dele e da noiva.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ele
era mesmo mulherengo. O crítico literário Agripino Grieco, seu amigo, diz que
Catulo era um “navio negreiro”: tinha “um coração carregado de cativas negras”.
Esta imagem foi deturpada a tal ponto que ele teve de renunciar ao único amor
de sua vida, a “Coleira”, cujo nome se perdeu nos anos. Dela ficou apenas o
retrato traçado por Catulo: moça linda, de olhos angelicais e que usava no
pescoço uma fita de veludo de onde pendia um camafeu. Filha do Senador
Hermenegildo de Morais, de Goiás, o poeta conheceu-a numa festa patrocinada
pelo pai. Para ela Catulo escreveu vários sonetos e canções, entre os quais <b>AVE
MARIA HUMANA</b> e <b>IMORTALIDADE.</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Outras
mulheres passaram pela vida de Catulo. Para uma delas fez uma de suas canções
mais famosas, <b>TALENTO E FORMOSURA</b>. Era uma moça enciumada com as atenções que
ele dava à “Coleira” e que um dia lhe disse: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Fique com ela, que não tem olhos senão para ver a sua feiura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">-
Sei que sou feio, não precisava dizer. Uma dia responderei à sua beleza vaidosa
o que ela merece ouvir – retrucou Catulo, que algumas semanas mais tarde se
vingou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">“tu
podes bem guardar os dons da formosura, que o tempo um dia há de, implacável,
trucidar...”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
a atriz Apolônia Pinto, sua conterrânea, ele escreveu <b>OS OLHOS DELA</b>, que acabou
por dedicar a outra mulher, Maria Augusta, esposa de um amigo que numa noite
chegou em casa em hora além da conta. Catulo acompanhou-o e, para aplacar a ira
da mulher, cantou a canção OS OLHOS DELA. Seu gesto valeu como habeas corpus
para o amigo: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Fiz esta música especialmente para a
senhora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ao ver que a “Coleira”
lhe era negada, ele tomou a decisão<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de
se afastar. Isolou-se na Piedade, subúrbio do Rio, onde passou a lecionar, num
colégio que fundou. Dava aulas de manhã, de tarde e de noite, procurando criar
métodos que tornassem o ensino mais agradável. Para alfabetizar meninos e
adultos, adotou um sistema visual: escrevia letras coloridas em rodelas de
cartolina e as jogava para os alunos, para que cada um encontrasse a inicial do
seu nome. Assim, brincando, mostrava as letras do alfabeto. Para as classes
mais adiantadas lecionava português, matemática e francês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fonte:
NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ABRIL CULTURAL -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>1978<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Fotos:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>GOOGLE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Vídeos:YOUTUBE<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Yara Virginiahttp://www.blogger.com/profile/08584818884740279415noreply@blogger.com0