fonte: Vídeo Youtube
terça-feira, 20 de novembro de 2012
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
HISTORIA DO TANGO - DICCIONARIO DEL LUNFARDO
DICCIONARIO DEL
LUNFARDO
Lunfardo – repertorio de términos que el pueblo de
Buenos Aires tomó de entre los que, a fines del siglo XIX y comienzos del siglo XX, trajo la
inmigración, e incorporó a su proprio lenguaje, con intensión festiva,
cambiándoles a veces la forma y el significado.
ACAMALA –
mantener, proveer a alguno de alimento
AFANA – robar,
tomar para sí lo ajeno de cualquier forma ilegal.
BACÁN – concubinario.
Hombre que mantiene a una mujer. Individuo adinerado o que aparenta serlo. Muy
rico, lujoso. El femenino Bacana
tiene las mismas acepciones al masculino ( Inc. la del “concubina”).
BAILONGO – baile
CAFISHIOS – rufián
que sólo explota a una mujer
CALEFÓN – aparato
accionado por electricidad o por gas que utiliza para calentar el agua.
CAMBALACHES – prendería
CANA –
cárcel, prisión
CANYENGUE – cierto modo
arrabalero de interpretar el tango o de bailarlo.
CARADURA –
descarado, desfachatado
CARANCANFUNFA – en el
lenguaje de los compadritos, el baile del tango con corte y quien lo danza
diestramente.
CHORROS –
ladrones
CINCHAR – tirar,
hacer fuerza para llevar tras sí.
COMPADRITO – majo
CONVENTILLO –casa de vecindad, de aspecto pobre y con muchas habitaciones, en cada
una de las cuales viven un o varios individuos o una familia.
DERECHO – justo,
recto.
DUBLÉ – objeto
de metal vil que imita una joya
ENGRUPIR – engañar
FAROLITO – caja
transparente dentro de la cual se pone luz.
FAYANDO – faltar
a la palabra empeñada, al compromiso contraído o a la expectativa creada.
Frustarse alguna cosa.
FIERA – en la
expresión “ser una fiera” para algo: ser excelente.
GAVIÓN –
burlador, libertino que seduce a las mujeres
GIL – tonto
GRELA – mujer
HORNO – (
argentinismo) – infierno
JUGARSE –
comprometerse, ponerse a riesgo en una acción.
LABURAR –
trabajar
LADRAR – (
argentinismo) – cantar, expresarse
LARGUE - dejar
MAMA – voz de
origen campesino, que asimila la acción de mamar.
MANGO – peso (
unidad monetaria)
MANYÉS –
comprender. Acto y efecto de calar, de conocer las cualidades e intenciones de
alguien.
MARCHANTA – acción de lanzar
MATE – cabeza
MAULA – cobarde
MERENGUE –
embrollo, enredo
MILONGA – lugar
donde se baila. Fiesta en que se reúnen varias personas y se baila. Embrollo,
enredo. Palabrerío vano.
MINA – mujer
MISHIADURA – pobreza
MORFAR – comer
MORLACOS – peso (
unidad monetaria)
OTARIO –
cándido, tonto
PAICAS –
muchachas
PARADAS –
ostentación vana. Exhibición, fanfarronería, petulancia, vanidad.
PEBETA –
muchacha
PERCANTA – mujer
PERNÓ – ajenjo,
licor compuesto con esencia de ajenjo y otras hierbas
RECHIFLAO – trastocarse, mudar el ser o el estado
REMANYE – acto y
efecto de calar, de conocer las cualidades e intensiones de alguien.
REO –
vabagundo, individuo sin ocupación, amigo de juergas y renuente al trabajo.
Humilde, pobre.
SUSHETA –
petimetre, persona que cuida excesivamente de su compostura y de seguir las
modas. Persona que acusa en secreto y cautelosamente
TAMANGOS – botín o
zapato en general
TAPERA – casa
abandonada y en ruinas
VÍA – en el
desamparo, en la pobreza
VIHUELA –
guitarra
VITROLA –
gramófono
YIRA –
callejear, andar vagando de calle en calle.
HISTORIA DO TANGO - ASTOR PIAZZOLLA
A década de 1950
conta com a atuação revolucionária de Astor Piazzolla. Piazzolla rompe com
o tradicional trazendo para complementar os recursos clássicos do tango
influências de Bach e Stravinsky por um lado, e por outro lado do Cool Jazz.
Nessa época o
tango passa a ser executado com alto grau de profissionalismo musical, mas no
universo popular a década de 1950 vê a invasão do Rock'Roll americano e as
danças de salão passam a ser prática apenas de grupos de amantes.
Nos anos 60, uma
lei de proteção à música nacional Argentina já está revogada, e o tango que era
ouvido diariamente nas rádios vai sendo substituídos por outros ritmos
estrangeiros, enquanto as gravadoras já não se interessam mais pelo tango. A
juventude não só para de praticar o tango no lazer cotidiano como passa a
ridicularizá-lo como coisa fora de moda. Com o desinteresse comercial das
gravadoras, poucos grandes tangos foram compostos. Tem sido mais comun, as
releituras de antigos sucessos e reinterpretações modernizadas dos maiores
sucessos dos primeiros tempos.
Apesar de tantos talentos
desaparecidos, o tango constitui, ainda hoje a mais clara identificação anímica
e cultura de Buenos Aires. Até meados da década de 50, o espírito das grandes massas girou em torno da expressão
de sua letra; resultando num fato eminentemente nacional, porque desde seu
início representou as inquietudes e vivências do portenho, habitante desta
capital gigante, dessa colossal cabeça de Golias, sobre a qual convergem todas
as atenções do país. O tango canalizava seus sentimentos, revivia a paisagem
guardada em inumeráveis lembranças, a primeira namorada, os amores distantes, o
bairro e as ruas dos jogos infantis, a cordialidade e profunda comunicação dos
cortiços e pensões. Os amigos do peito, o ritual, sempre sagrado, de dançar o
tango circunspecto, com gravidade, revestido da seriedade e tristeza que
envolve (ou envolviam) o argentino em todos os seus atos.
Mas hoje já não existem as expressões múltiplas do tango. Já não temos
nos fins de semana milhares de bailes, nem centenas de orquestras, nem dezenas
de novos tangos, para que as massas vibrem e se comovam ante a sua liturgia. A
juventude de hoje não pensa mais em termos de tango e não se identifica mais
com sua antiga temática, nem se vê retratar por ele. As novas “letras”
continuam nos remetendo ao passado e se prendem a temas antiquados, com exceção
da poesia de Horacio Ferrer (Balada para mi muerte, María de Buenos Aires),
não aparecem mais criações com o alto nível das surgidas nos anos 40.
Os jovens de hoje não respiram aquela antiga melancolia e desorientação
que obrigavam ao portenho refugiar-se em permanente devaneio, à busca do
mistério e do milagre. E além do mais,
tudo mudou tanto, que talvez até se tenha vergonha do tango – que era fraternal
e inseparável de nossa simples
vizinhança de bairro e pensão, mas que significaria declínio, desolação e
decadência nestes ásperos tempos de insaciável busca de status e de poder
econômico.
Hoje a crítica
Argentina detecta um retorno do tango, cada vez mais frequente em peças
teatrais e cinematográficas. Em 1983 se apresentou em Paris uma inovação
relativa aos espetáculos planejados para o exterior: os casais de
profissionais que integravam o elenco provinham da "milonga porteña".
Era quebrada a imagem de bailarino acrobático.
No entanto, isto é apenas uma
digressão. Tudo o que foi aqui exposto fala de um fenômeno artistico e social,
de um fato cultural de enorme valor, magnitude e ressonância, cujo brilho fez
com que os olhos do planeta convergissem para a Argentina. E isto basta.
“... A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino”
Manuel Bandeira, “Pneumotórax”. In “Libertinagem”
(1930)
O Tango foi considerado um
Patrimonio Cultural da Humanidade da Unesco em 30 de setembro de
2009, em Dubai
FONTE: TEXTO: JORGE MONTES-
jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
Fonte: tangobh.br.tripod.com
HISTORIA DO TANGO - TEMA: A MULHER / OS ANOS DOURADOS DO TANGO
A MULHER - TEMA INVARIÁVEL
Desde o surgimento da letra para o tango em “Mi Noche triste”, ele tornou-se
essencialmente uma canção de amor. Ela, a mulher, se constitui em tema
invariável; assume o papel de protagonista de todas as mágoas dos poetas
tangueiros. No tango, ela resulta em toda a panaceia universal, mitigando a
angústia, a solidão e a tristeza que o homem deve passar na terra. A teoria tem
sua melhor prova em centenas de letras dos mais brilhantes autores:
ALFREDO LE PERA – “ Arrabal Amargo” – con ella a mi
lado, no vi tus tristezas, tu barro y miséria.
“ Cuesta abajo” – era para mi la vida
entera, como un sol de primavera, mi esperanza y mi pasión…
“ El Dia que me quieras” - como ríe la vida, si tus ojos negros, me
quieren mirar…
JOSÉ MARÍA CONTURSI – “Gricel” – no debi pensar jamás, en
lograr tu corazón, y sin embargo te busqué…
CATULO CASTILLO: “Una
canción” - la dura desventura de los
dos, nos lleva al mismo rumbo sempre igual.
F. GARCIA JIMENEZ – “Alma en pena” – Ella sí que me
olvidó, y hoy frente a su puerta….
ENRIQUE SANTOS DISCÉPOLO – “UNO” pero Dios te trajo a mis destino, sin sabe
que ya es muy tarde.
CELEDONIO FLORES: “Mano a Mano” – tu presencia de
bacana, puso calor en nido, fuiste buena, consecuente….
E tantos outros….
O tango
passou por muitos outros temas com maior ou menor qualidade, mas sempre
vinculados aos problemas metafísicos, sentimentais ou econômicos dos que,
necessitados ou não compunham o setor baixo da população.
AS FASES DE OURO DO TANGO
Os pesquisadores do gênero identificam duas fases de ouro do tango,a
primeira nos anos 20 , quando várias figuras do ambiente artístico de Buenos
Aires e Montevidéu , inclusive muitos literatos como José Gonzalez Castillo e Fernán Silva Valdez canalizassem seus
esforços no fomento da música popular Rio-Platense,e em especial do tango.
Nos anos 20, cantores como Carlos Gardel, Ignacio Corsini e Agustín Magaldi, e cantoras como Rosita
Quiroga e Azucena Maizani, venderam muitos discos na
florescente indústria discográfica argentina e difundiram o tango para fora da
Argentina.
O fim da década de 30 incorpora uma camada de talentosos músicos,
compositores, e instrumentistas, quase todos diretores de orquestras, alguns
dos quais procedem dos conjuntos mais famosos dos anos 20: Elvino Vardaro ( violino)
do grupo de Piazzolla e dos “ Astros del tango”, do qual também fazem parte
Enrico
Mario Francini, Simón Bayur ( violinos), Julio
Ahumada (bandoneón), Jaime Gosis ( piano), José
Bragato (violoncelo), Mario Lelli (viola) e Rafael del Bagno ou
Tito Colom, (contrabaixo) com direção e arranjos orquestrais de Argentino
Galván.
Do famoso sexteto de Vardaro,
do qual não restou nenhum registro em disco, participava Anibal Troilo (
bandoneón) e mais tarde: Orlando Goñi, José Basso e
Osvaldo Berlingieri (pianos), Hugo
Baralis ( violino) e Astor Piazzola ( bandoneón). E
tantos outros como Leopoldo Frederico, Juan D’Arienzo, Roberto Firpo, Domingo Federico, Alfredo Gobbi
( filho do célebre Gobbi, que em
1906 levou o tango a Paris, com Angel
Villoldo).
Graças à obra desses notáveis
músicos, o tango alcança, na década de 40, uma de suas etapas mais produtivas e
felizes. Não só pela qualidade dos criadores, mas também porque o panorama se
completa com outros extraordinários compositores: Troilo, Mariano Mores (ex-pianista de Francisco Canaro), Sebastián Piana, que junto com Maffia,
Laurenz, Marcucci e Ciriaco Ortiz, compõem o popular quintento Los
Ases de Pebeco.
Os anos 40 são também
definitivos para o florescimento dos mais destacados letristas do tango: José
González Castilho, Alberto Vacarezza, Roberto Cayol, Samuel Lining, Enrique
Dizeo, e muitos outros....
O tango também iniciou uma
crítica social, especialmente com Discépolo e Celedonio Flores, em
títulos como “Pan”, “Sentencia”, “ Cambalache”, “ Al
pie de la San Cruz”.
Dentro dessa extensa produção
poética, marcada pelo tema e essência da alma sentimental do Rio da Prata,
destacamos os versos que Discépolo escreveu em 1940 para a
música “ EL CHOCLO” de Villoldo, porque eles
constituem uma síntese histórica do
tango, e um canto de amor à sua mensagem de comunicação e identificação cultura
com o homem argentino:
Con este tango que es burlón y compadrito
Se ató dos alas la ambición
de mi suburbio
Con este tango nació el
tango, y como un grito
Salió del sórdido barrial buscando el cielo
Conjuro extraño de un amor
hecho cadencia
Que abrió caminos sin más
ley que la esperanza
Mezcla de rabia, de dolor,
de fe, de ausencia,
Llorando en la inocencia de
un ritmo juguetón.
Por tu milagro de notas
agoreras
Nacieron sin pensarlo las
paicas y las grelas,
Luna de charcos, canyengue
en las caderas,
Y una ansia fiera en la
manera de querer…
Al evocarte, tango querido…
Siento que tiemblan las
baldosas de un bailongo
Y oigo el rezongo de mi
pasado.
Hoy que no tengo más a mi
madre,
Siento que llega en punta
de pie para besarme
Cuando tu canto nace al son
de un bandoneón…
Carancanfunfa se hizo al
mar con tu bandera
Y en un pernod mezcló Paris
con Puente Alsina.
Fuiste compadre del gavión
y de la mina,
Y hasta comadre del bacán y
la pebeta
Por vos susheta, cana, reo
y mishiadura,
Se hicieron voces al nacer
con tu destino,
Misa de faldas, kerosén,
tajo e cuchillo,
Que ardió en los conventillos
y ardió en mi corazón.
Dois nomes ainda
se destacam pela extraordinária influência que exerceram sobre a história do
tango, pela segurança e garra de sua melodia estritamente milongueira: ANÍBAL “PICHUCO” TROILO e CARLOS DI SARLI.
Horacio Ferrer, eminente
estudioso e ensaísta do tango, diz: “Troilo
é a cara de seu povo”. Portenho, nascido em Abasto, crescido na esquina de
Soler com Gallo, erguia seu solo como um cálice no domínio de suas mãos. Único,
sim, com esse bandoneón que aprendeu a tocar à força de puro instinto, Com um
som de primeira e uma garra daquelas, tirando das botoneiras um estilo onde se
confundem inesperadamente as frases
viscerais de Ciriaco Ortiz, a
densidade introvertida, característica de Pedro Maffia, a bronca
arrabalera que define o fraseio de Pedro Laurenz, e afastando-se de todas
as influências, este estilo inteligente do gordo Troilo rechaça toda relação de parentesco, e nasce para fundador de
dinastias”.
Em relação a Di
Sarli, Ferrer assim o
descreve:”teve na sua natureza de instrumentista genuinamente criador, o milonguero por excelência, em tudo quanto
de domínio criollo e de valores
intrínsecos do tango este conceito encerra. Foi um artista de poderosa força
interpretativa. Concentrava-se ao piano sob o manto da pesada solidão que o
envolvia, pondo-o às vezes dentro de uma redoma de aparente tristeza e
introversão. A fecunda criatividade de sua mão esquerda foi reconhecida pelo
domínio, sensível e raro, com que criou uma forma de dizer, de acentuar, de modular,
de rellenar e bordonear sua música”.
Os anos 40 marcam a segunda
época de ouro do tango , quando novos valores do tango como Aníbal Troilo , Astor Piazzolla,
Armando Pontier se juntam a nomes consagrados como Francisco Canaro e Carlos di Sarli, isso sem contar o fenômeno
de popularidade que foi a típica de Juan D'Arienzo.
Os profissionais
que haviam começado nas orquestras dos cabarés de luxo da década de 1920
estavam no auge de seu potencial. Nessa época as letras do tango passaram a ser
mais líricas e sentimentais. A antiga temática dos bordéis e cabarés, de
violência e obscenidades, era uma mera reminiscência. A fórmula ultra-romântica
passa a caracterizar as letras: a chuva, a garoa, o céu, a tristeza do grande
amor perdido. Muitos letristas eram poetas de renome e com sólida formação
cultural.
HISTORIA DO TANGO- NASCE O TANGO TRISTE E CARLOS GARDEL
NASCE O TANGO TRISTE
Assim,
chegamos a uma data-chave no desenvolvimento do tango: 1917. Surge uma nova
geração de jovens e talentosos músicos e compositores que darão um relevo
diferente ao tango, fazendo com que sua qualidade seja ampliada: Julio de Caro (19 anos), seu
irmão Francisco ( 20 anos), Pedro Maffia (17 anos) e Pedro Laurenz (15 anos)- criaram um estilo que revolucionou
esteticamente o tango. Maffia-Laurenz
inventaram todas as possibilidades de estilística do bandoneón no tango.
Juntaram-se a eles Enrico Delfino
(22 anos), Juan Carlos Cobián
( 21 anos), Fresedo ( 20
anos), Anselmo Aieta (21
anos) e Sebastián Piana, Osvaldo Pugliese e Edgardo Donato, autor do grande sucesso “ A media Luz”. Mas o fato mais importante do ano, e que
viria a se confirmar mais tarde, constituiu-se no sucesso dos versos de um
jovem de 28 anos, cantor e violonista Pascual
Conturci, feitos para uma música chamada “Lita”, um tango de Castriota. Com isso, Contursi compõe “ Mi noche
triste”, a música que segundo afirma Enrico
Santos Discépolo “leva o tango dos pés à boca”.
A
criação do “tango-canção”, diverso de tudo o que havia sido feito, causa uma
enorme mudança no panorama vivido até então. O tango deixa o tom alegre e
satírico de sua origem marginal, para transformar-se, com sua melancólica
temática, no testemunho da vida popular. Buenos Aires, a cidade gigantesca e
múltipla, encontra a sua canção, e com ela expressará a seguir seus sentimentos
e críticas ante o amor, a dor e a alegria. Mas também, como foi estabelecido
por “ Mi noche triste”, os tangos cantados falam em sua maioria, da nostalgia,
do perdido e irrecuperável, da rebelião contra o ausente e amargura criada por
essa orfandade econômica que leva à miséria o homem do povo.
O
tom de interpretação desse novo tango é proporcionado por Carlos Gardel (27 anos), que era, até então, um intérprete de
canções rurais, especialmente do sul. Como homem da cidade, encontra no tango o
retrato de sua própria vida de portenho. Coloca seu sotaque malevo, aprendido
no bairro de Abasto, que é o microcosmo da vida popular de Buenos Aires,
caracterizada por excesso de italianos, espanhóis e judeus, que
constituíam a meta- de seus habitantes.
Em luta com os nativos (“criollos” marginalizados pela onda de imigrante
estrangeiros), a necessidade os força a aceitar tarefas que consideravam
indignas do homem (por distantes das
tarefas masculinas do campo, que acabavam de deixar”). Enfim, graças a elas, se
ergueu esta grande metrópole que é Buenos Aires.
Por
acaso, desta mistura de idiomas do imigrante resulta o lunfardo, um idioma lumpen,
mitologia da rua, povoada por vozes estrangeiras-autênticas ou
transformadas pelo uso, que entram pela força de possuir uma linguagem própria
e ser diferente do idioma de seus ancestrais imigrantes ou de seu passado
rural. Esta será a língua falada do portenho, a definir sua personalidade, sua
busca a um país que lhe pertença por inteiro, a ascensão a uma identidade
diversa. A mulher passa a ser: la percanta, la mina, la grela, la
naifa,etc...; a casa: el bulín, el cotorro, el nido, la zapie; a
cama: la catrera; o trabalho: el yugo, el laburo, el jotrabo… e
continua a sucessão de palavras e sinónimos agregados a cada termo legal ou
autorizado, até completar um idioma de quase seis mil palavras. Estas trazem ao
tango um idioma único, necessitando de tradução em qualquer lugar que não seja
Buenos Aires. A cadência dessa nova forma de falar se torna uma das “pinturas”
mais marcadas do tango.
CARLOS
GARDEL
Gardel nasceu em 11 de Dezembro de 1890 em Toulouse, França
e foi registrado sob o nome de Charles
Romuald Gardès, filho da lavadeira Berthe
Gardès e de pai desconhecido.. No início de 1893, mãe e filho
embarcaram no navio SS Don Pedro, para Buenos Aires, chegando em 11 de março de
1893. Berthe Gardès teve seu
passaporte registrado, ela disse às autoridades de imigração que era
viúva. O menino de dois anos de idade, foi registrado como Charles Gardès. Gardel Morou grande parte de sua vida no bairro portenho
do Abasto; teve uma infância pobre e desde cedo viveu de pequenos bicos. Chamavam-no
de Carlos ou Carlitos.
Começou a cantar aos 17 anos e em 1911
formou uma dupla com o cantor uruguaio José Razzano, quem o transformou no
fenômeno musical da década. O reconhecimento veio em 1914 quando passou a se
apresentar regularmente no cabaré Armenonville, em Buenos Aires. Após a separação da dupla, começam as primeiras viagens ao exterior. No
ano de 1925, Gardel já era popular em toda a América espanhola; 1927 foi o ano
da sua consagração na Europa, alcançando grande sucesso em Paris. Em seguida os
Estados Unidos e o cinema. Nos estúdios da Paramount, em Nova York, atuou em
vários filmes que fizeram grande sucesso e estenderam ainda mais a sua lenda.
No dia 24 de Junho de 1935, Gardel
morreu num desastre aéreo, no auge da carreira e da fama, em Medellín, Colômbia.O
mito de Gardel atravessou vigorosamente todo o século. Hoje representa um
verdadeiro ícone do tango e continua sendo uma das personalidades mais queridas
de toda a Argentina.
LA CUMPARSITA - CARLOS GARDEL
FONTE: TEXTO: JORGE MONTES-
jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
HISTORIA DO TANGO - O TANGO EM PARIS
Outro caminho para a aceitação do tango pelas
classes mais altas veio de Paris. No início do século XX, a fragata “Sarmiento”
levara muitas partituras do LA MOROCHA, que inundaram a “ Cidade Luz”. Paris se
apaixonou pelo tango, uma dança exótica e sensual para os parisienses, que
levou muitos artistas argentinos e uruguaios a viajar e até se radicar na
capital francesa, entre eles Gobbi e
Angel Villoldo com a
missão de gravar discos. Entre os bailarinos, Casimiro Aín, o famoso Vasco Aín teve a honra de
servir de exemplo para que S.Santidade , o Papa Pio X, julgasse suas
“firulas” e absolvesse o tango de sua antiga mancha de música de lenocínio.
O
tango, tanto em sua interpretação cantada, como dançada, cativou aos franceses.
O público, a crítica, a nobreza e a intelectualidade lhe deram sua total
aprovação. Dele tomaram conhecimento o Czar Nicolau II e Rodolfo Valentino,
que depois imporia seu famoso tango fantasia “ a la Valentino”.
O tango virou uma febre em
Paris e, como Paris era o carro chefe
cultural de todo o mundo civilizado, logo o tango se espalhou pelo resto
do mundo. As parcelas moralistas da sociedade condenavam o tango, assim como já
haviam se colocado contra a valsa antes, por o considerarem uma dança imoral. A
própria alta sociedade Argentina desprezava o tango, que só passou a ser aceito
nos salões de alta classe pela influência indireta de Paris.
A
elite argentina em turismo pela França se assombra com tamanho sucesso e com o
insólito relevo intelectual que o tango adquire, e essa mesma elite começa a se
orgulhar de ser parte desse produto do “arrabal portenho”, que antes
desprezava por sua origem marginal.
Enrique Garcia Velloso,
escritor de comédia escreve a peça -
“
El Tango em Paris”, comédia encenada em 1913,interpretada por Florencio
Parravicini, contando a aventura vivida pelos músicos argentinos que levam
o tango a Paris. Muitos anos depois, o mesmo ator, desta vez com argumento de Manuel
Romero, volta com a mesma temática no filme “ Tres anclados em Paris”, onde
de forma satírica evoca a fascinação que essa cidade provoca nos argentinos de
ontem e de sempre.
Na
mesma época, o Barão de Marchi organiza uma reunião no “Palais de Glace”, em Buenos Aires, para apresentar
o tango à alta sociedade portenha. Dos
passos simples aos passos trabalhados, os bailarinos bordaram suas melhores
linhas coreográficas para que a exibição tivesse a máxima autenticidade. A “gente fina” local experimentou, então, um
assombro e um entusiasmo semelhantes aos dos franceses. Os mais inteligentes
haviam finalmente compreendido que o vilipendiado tango arrabalero era,
no sentido antropológico, a única “cultura” que poderiam mostrar ao mundo como
coisa própria.
As
portas de muitos lugares importantes foram abertas e o tango passou a ser a atração
principal desses lugares: o Royal Pigall, na Calle Corrientes. A sua filial, nos
bosques de Palermo, a casa batizada com o gálico nome de Armenonville, foi inaugurada por Vicente Greco. Nessa Casa atuaram também Roberto Firpo e Francisco Canaro. Estes
dois foram os cabeças na época do abandono da “velha guarda”, os que lutaram
pelo tango, fazendo com que sua presença se estendesse ao cinema, ao teatro e
às festas da alta-sociedade. Canaro,
um trabalhador infatigável, lutou de forma incansável até o último minuto de
sua vida, na procura de novos caminhos. No Armenonville também se consagrou a
dupla Gardel-Razzano, sendo Carlos Gardel ( que morreu em 1935),
até os dias de hoje, o arquétipo do cantor de tangos e da policromática
personalidade do portenho.
FONTE: TEXTO: JORGE MONTES-
jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
HISTORIA DO TANGO - A VELHA GUARDA DO TANGO
A
fase do tango alegre alcançou sua maior intensidade no bairro da “Boca” que –
segundo José Sebastián – entre 1916 e 1918 era o centro noturno do tango
típico. Na “Boca” o tango era uma coisa de machos, assim com uma dose dupla de absinto ou uma punhalada. Entretanto
outro ensaísta famoso Daniel Vidart, reconhecendo e aceitando a infância
cansada do tango, explica: “mas o tango também
foi dançado pelos carregadores,
feirantes, lixeiros, peões, e foi a música de lavadeiras, passadeiras e
costureiras dos cortiços, e foi cantado nos prostíbulos, sim, mas foi também o
vento jovem das praças, a alegria das esquinas, a música das pianolas e a
campainha dos bondes dos operários”.
No
bairro da “Boca” havia muitos bares que eram servidos por garçonetes. Nos
pequenos e estreitos palcos que serviam de cenário surgiu a fama de alguns dos
nomes mais significativos da “velha guarda” do tango: Agustín Bardi (pianista), Francisco Canaro (violino), Roberto Firpo (piano), Vicente
Greco (bandoneón), Samuel
Castriota (piano), Eduardo
Arolas (bandoneón) e Angel villoldo (cantor), entre outros. Aqueles alegres e duvidosos salões de “entretenimento” chamados La Marina,
La turca, La Taquera, La Popular, El Griego, Las Flores, El Argentino, El Royal,
constituíram um centro de reunião da vida marginal de Buenos Aires, que tinha
como eixo a legendária esquina formada pelo cruzamento das Ruas Suárez e
Necochea. Ali nasceram as imortais composições: Don Juan, El Esquinazo, 9 de
Julio, El llorón, Sábado Inglés, El amanhecer, etc...
Se
os Corrales Viejos e La Batería ofereceram suas pistas aos criadores do tango
dançado, foi nos cantos do bairro de Juan
de Dios Filiberto
onde seu ritmo e melodia começaram a conquistar auditórios. Filiberto
também percorria as mesmas ruas daquele tempo, apesar de sua obra possuir um
tom romântico, totalmente alheio ao mundo do pecado por ele descrito. É que a obra musical, ao contrário das outras
artes, jamais poderá ser taxada de imoral. Por isso, no fundo, não era grave
que lhe servisse de terra de cultivo o ambiente de prostíbulo. Suas notas
vinham caminhando ao som do clamor popular e começavam a ganhar chão à procura
da conquista do centro da cidade. Das casas mal afamadas do bairro da Boca e
outros salões da periferia, o tango passa às casas mal-afamadas que circundam o
centro da cidade onde reinam: a Morocha Laura, Maria la Vasca, Mamita, Madame
Blanche e a China Joaquina. São lugares privados que filtram a frequência com
ingressos caros, que se tornam proibitivos para os mais pobres. Alguns desses
bailes são animados por ases da “velha guarda” : Rozendo Mendizábal, José
Luiz Roncallo e Ernesto Ponzio.
Também
o bairro de Palermo concentra sua atenção no tango através de Hansen, El
Tambito e El Velódromo onde atuam Luis
Teisseire, Enrique Saborido,
José Luis Padula, Paulos, Ponzio, Berto e Bazán.
No
auge em que vai entrando o tango, as pequenas orquestras da “velha
guarda” começam a ocupar os cafés da periferia, preparando-se para o grande
salto ao centro. Manuel Aróstegui
anima as noites do Maratón, Canning e Costa Rica. Domingos de Santa Cruz exibe suas habilidades “bandoneonísticas”
no Café Atenas de Canning e Santa Fé; Castriota
no El Protegido de San Juan y Pasco; os
irmãos Greco no El
Estribo de Entre Rios e Independencia; Bardi
no TVO de Montes de Oca e California; Pacho
é o maior sucesso no Garibotto de Pueyrredon e San Luis. Outros músicos de
igual sucesso atuam em La Fatinola, La Fazenda, El Caburé, e no famoso salão
Rodriguez Peña.
Com
tais baluartes nos bairros, os líderes do tango iniciam sua marcha ao centro. Pacho se apresenta no Bar
Corrientes, no 1400 da rua do Tango; Eduardo
Arolas ocupa o Botafogo e Roberto
Firpo acompanhado por Bachicha
(J.b. Deambroggio) tentam ocupar
a hispânica Avenida de Mayo, transformando El Centenario em café de Tango, no
1200 desta avenida.
Nesses
cafés cumpria-se um ritual, uma mística exclusiva para homens solitários, e que
com os anos desembocaria nas famosas “catedrais do tango” dos anos 30 e 40,
chamadas: cafés El Nacional, Marzotto e Germinal, todos desaparecidos nos
primeiros anos da década de 50.
Em
1910, num café-concerto do bairro da Boca, atuava Angel Villoldo
(El Choclo e El Esquinazo), que foi, sem dúvida, o mais criativo de seu tempo. É dele o mérito de ampliar o espectro do
tango, levando-o a um nível mais familiar e de maior dignidade humana. Depois de compor obras com
versos que aludem ao bordel (La Morocha, de Saborido), Villoldo leva essas
composições às pianolas de Rinaldi-Roncallo,
a fim de que fossem incluídas em seu repertório. Montados nesses instrumentos
ambulantes, que substituem a eficácia do rádio na tarefa de divulgar e promover
a música popular, os compassos do tango se espalham pela cidade, penetram nas
varandas das casas de família e acabam por se instalar nas mesmas estantes onde
antes estavam as partituras de “Pour Elise” ou da “Valsa das Ondas”, que eram
romanticamente interpretadas pelas donzelas da casa. Assim, o tango deixa para trás o turvo passado, desligando-se do eco
dos prostíbulos do seu nascimento no bas-fond e do escândalo de ter
servido de marco para os turbulentos encontros entre os taitas e as percantas
da periferia.
FONTE: TEXTO: JORGE MONTES-
jornalista (Produção Bandeirantes
Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
HISTÓRIA DO TANGO - AS ORIGENS
“ O tango é a única expressão autêntica de
Buenos Aires, que é por sua vez a síntese e expressão de toda a Argentina. É
puro instinto, assim como os argentinos, que sempre viveram uma vida intuitiva,
de pouco pensamento e intelecto. Por pertencer ao mundo da sensação e do
sub-consciente, o tango é anti-intelectual, como a essência argentina. Mais
ainda, por pertencer ao mundo da criação instintiva e dos sentimentos, o tango
é contra tudo que possa ser considerado mecânico ou coletivo. No tango,
encontram-se muitas de nossas características essenciais. Por isso, é a
expressão de nossa passividade, de nossa tristeza fundamental , de nosso
sensualismo lânguido, da nossa negligência, de nossa desolação.”
MANUEL GALVEZ, “ Hombre en Soledad”, 1938
“ O tango é a dança popular mais
profunda do mundo”.
Waldo Frank, “ América Latina”.
O tango não tem uma origem muito clara; vem da periferia, dos arrabaldes
da cidade de Buenos Aires, que se confundia com o pampa. O tango nasceu órfão e
à margem da elite, e é impossível determinar com certeza a data em que viu a
luz pela primeira vez, nem quem possa ter sido o seu pai, porque o tango é o
resultado da mistura de diversos condimentos e sabores: o canto e a dança dos
crioulos da Buenos Aires colonial; a “Habanera”, chamada de tango americano
pelos europeus; o “tanguillo”, andaluz;
as formas musicais dos imigrantes espanhóis e italianos. O tango nasceu como
expressão folclórica das populações pobres, oriundas de todas essas origens,
que se misturavam na crescente Buenos Aires.
Os negros tinham um tipo de batuque chamado de “candombe” e o som da pele
do tambor deu-lhe o nome: tan-gó. O eminente musicólogo Ortiz
Oderigo opta pela corrente africana ao afirmar que o nome tango
constitui-se numa corruptela do nome Xangô, deus do trovão e das tempestades na
mitologia dos Yorubás da Nigéria, onde Xangô também era o nome do tambor usado
nos rituais.
Jorge
Luiz Borges, escritor argentino, afirma: “ O tango é negro na raíz”, e só poderia
ter nascido em Buenos Aires ou Montevidéu.
“
Esa ráfada, el tango, esa diablura
Los
atareados años desafia;
Hecho
de polvo y tempo, el hombre dura
Menos
que la liviana melodía”.
JORGE LUIZ BORGES
Esse tom escuro resulta na mais evidente cor racial do tango, porque, em
1865, o ator canadense German McKay,
residente em Buenos Aires, parodiava os gestos e a linguagem da gente de raça
africana, personificando comicamente o NEGRO SCHICOBA, na intepretação do canto
e dança chamados tango. O ritmo da canção entoada por McKay, cuja partitura ainda existe, viria a fazer do velho candombe
a dança oficial dos negros; “O Negro Schicoba”, escrita em 2/4, mostrava, em
seus compassos de “habanera”, certos traços do que viria a constituir-se o som
e a estrutura musical do tango.
Nas duas últimas décadas do século XIX, o tango era interpretado nos prostíbulos de Buenos Aires
e Montevidéu com violino, flauta e violão. Nessa época era dançado por dois
homens, daí o fato dos rostos virados, sem se fitar.
homens dançando tango, Rosário 1913
Naqueles tempos era considerada
obscena a dança entre homens e mulheres abraçados, sendo este um dos
aspectos do tango que o manteve circunscrito aos bordéis, onde os homens usavam
os passos que praticavam e criavam entre si nas horas de lazer mais familiar.
Mais tarde, se tornou uma dança tipicamente praticada nos bordéis e nessa fase
as letras tinham temática voltada para esses ambientes. O “bandoneón” que
atualmente caracteriza o tango chegou a região do Rio da Prata por volta de 1900 nas maletas dos imigrantes alemães.
Numa fase inicial, o tango era puramente dançante. O povo se encarregava
de improvisar letras picantes e bem humoradas para as músicas mais conhecidas.
No final do século XIX eram populares várias espécies de tango: o “tango andaluz” (1855-1880), o “tango
cubano”, e outras variedades. Os conhecidos como “tangos africanos” eram
interpretados pelos artistas das companhias espanholas que atuavam na cidade e
entravam em cena caracterizados de negros, tal como fazia McKay e outros atores americanos. Várias décadas depois, em 1927, Al Johnson continuava essa moda, fixando
nas telas essa caracterização ao interpretar “O Cantor de Jazz”, filme que
inaugurou a era do cinema falado.
Existiu também o tango
brasileiro muito em voga no início do
século vinte no Rio de Janeiro. Muitos dizem que ele nada mais era que
uma denominação do maxixe, devido ao fato de este ter sido proibido. Daí
editarem as canções com o gênero descrito por "tango brasileiro".
Outros contestam essa história dizendo que há diferença entre o tango
brasileiro e o maxixe e esta se daria pela presença de uma pausa na primeira
semicolcheia do primeiro tempo, que o tango não possuiria.
O
tango começou a brilhar suas filigranas milongueiras nos bailes do submundo, periferia e arrabaldes de Buenos
Aires: Corrales Viejos (hoje Parque
Patricio), Bateria (hoje, Retiro), Santa Lucia, em Barracas al Sur (hoje
Avellaneda) e em Recoleta, onde hoje existe o parque com o mesmo nome.
A proximidade
com o pampa de Buenos Aires frutificou nos muitos títulos de tango com termos campestres: La
Tablada, El Cencerro,
El Buey Solo, La trilla, Bataraz, El Baqueano,
La Huella, e outros... Os vaqueiros e carreteiros que vinham do pampa trazendo gado, ao
chegarem à periferia da capital, trocavam seus trajes de “gaúcho” por outra
roupa mais urbana, em lugares feitos especialmente para esse fim, e logo
entravam na cidade com as roupas pitorescas dos malandros do subúrbio. Este
elemento “lumpen” era o senhor dos arrabaldes, compostos de compadres,
malandros e arruaceiros. Esses personagens se moviam no cenário feito de casas
de danças e bordéis baratos. É aí onde começa a trajetória do tango que o
levará a alcançar a primeira etapa de sua identidade musical, quando sua
orquestra típica “criolla” é criada.
Do contato infame com os bordéis, aparece uma série de títulos com duplo
sentido: “El Choclo”, “La Flauta de Bartolo”,
“La Cara de la Luna”, “La Budinera”, “Aqui se Vacuna”, “Che”, entre outros.
Esse
ambiente fez com o tango fosse uma música proibida, tanto pelos personagens e lugares, quanto pela
maneira dos pares dançarem tão agarrados, dando-lhe um caráter erótico.
Carlos Vega,
profundo estudioso da dança universal, expressava, num artigo publicado pelo
jornal “La Prensa”, em l954, referindo-se à sua coreografia solene: “dançar
(tango) é algo grave e profundo; os interesses da espécie se acendem em seu
vigor e inspecionam sua eficácia. Quando se dança não se ri.” E continuando: “Era necessário voltar à dança. Em algum
lugar do mundo, num ambiente afastado, haveria de ser realizado este baile
salvador. E isto aconteceu. Homens de todas as classes sociais e anônimas
mulheres de bordel promoviam seu nascimento: entre ligas à mostra e facas escondidas, a cidade de Buenos Aires paria
a grande dança do século XX.” Surgia o “ tango argentino”.
LOS HERMANOS MACANA
ENRIQUE Y GUILLERMO DE FAZIO
A posição da mão é que determina quem conduz
quem , já que ambos são homens.
No início do século XX, o Tango era dançado entre homens, como é o
Sirtaki, dança tradicional grega.
Levou mais de 20 anos até que o TANGO fosse dançado com uma mulher.
Este vídeo é uma obra de arte.
O estilo é uma pequena jóia ...
FONTES:
TEXTO: JORGE MONTES- jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
TEXTO: JORGE MONTES- jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
Vídeo: Youtube
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