domingo, 15 de janeiro de 2012

NATAL - SIMBOLOS E TRADIÇÕES - PARTE III - O PRESÉPIO

O presépio é uma referência cristã que remete para o nascimento de Jesus na gruta de Belém, na companhia de José e Maria. Conta a Bíblia que, depois de muito tempo à procura de um lugar para albergar o casal, que se encontrava em viagem por motivo de recenseamento de toda a Galileia, José e Maria tiveram que pernoitar numa gruta ou cabana nas imediações de Belém. De acordo com a mesma fonte, Jesus nasceu numa manjedoura destinada a animais (no presépio, uma vaca e um burro) e foi reconhecido, no momento do nascimento, por pastores da região, avisados por um anjo, e, uns dois anos mais tarde, não na manjedoura, mas na casa de Jesus, por magos (ou reis ou astrólogos, a bíblia não diz se eram três) vindos do oriente, guiados por uma estrela, que teriam oferecido ouro, incenso e mirra à criança.
Segundo a história, estes acontecimentos ocorreram no tempo do rei Herodes, que teria mandado matar todas as crianças por medo de perder o seu trono para o futuro rei dos judeus.
                                        SÃO FRANCISCO CRIOU O PRESÉPIO
Em 1223, nos bosques de Groccio, na Italia, São francisco teve a idéia de montar o primeiro presépio. Usou para isso um estábulo e um grupo de animais. Não utilizou pessoas ou mesmo figuras de gente. Seu objetivo  era difundir o culto ao Menino-Deus, evocando  o seu nascimento, segundo a descrição dos Evangelhos.
Daí, começaram as representações religiosas do Natal e estas motivaram presepios feitos por leigos, dos séculos XIII ao XVI. Criaram-se cenas e figuras adicionais. Incluiram-se tipos populares e grupos que nada tinham a ver com o tema religioso. Aos poucos, as representaçãos, por influência do teatro barroco, tomaram um caráter dramático de verdadeiro teatro, sempre em função do motivo religioso. Foram os jesuitas que fizeram o primeiro presépio desse tipo, em uma igreja de Praga, em 1562. E eles mesmos difundiram a idéia de representar o nascimento de Jesus com figuras vivas. De 1601 a 1607, vários foram levados a efeito nas igrejas da Baviera. Mas, o presépio feito ao vivo, ou com figuras, não ficou adstrito ao ambito da Igreja ou das Ordens Religiosas.
Já em 1567, a Duquesa de Amalfi, na Itália, possuia um presépio de cento e sessenta e sete figuras, com pastores e Reis Magos. Anos depois, a Grã-Duquesa Maria de Steiermark mandou comprar em Munique um presépio, que não se limitava a apresentar acontecimentos relacionados ao Natal. Tinha centenas de figuras e nele reconstituia-se cenas do tempo e do milagre de Pentecostes. Em 1580, surgiram presépios cujas figuras eram esculpidas em madeira, articuladas com arame e apresentnado lindíssimas indumentárias.
Na Renascença, os presépios possuiam uma paisagem grandiloquente e antingiram, no período Barroco, uma cenografia  de extraordinária beleza artística. Para construí-lo, gastaram-se verdadeiras fortunas. Além das figuras serem confeccionadas pelos melhores artistas da época, elas se apresentavam com fazendas e ouro e os enfeitos se faziam com pedras preciosas.
No século XVIII, toda a Eudorpa católica fazia presépios. Três regiões, no entanto, logo se destacaram pelos seus presepeiros: a Itália, a Alemanha e os países dos Alpes. No início do século, porém, a Itália ainda recebia presépios do Norte. Em 1614, a corte de Mantua é presenteada com um belo e artístico presépio, construído em Innsbruck, no Tirol.
Foi a irmandade do Ourives em São Paulo da Itália que, em 1661, construiu o primeiro presépio italiano.
Mas, os presepeiros de Nápoles é que confeccionaram o primeiro conjunto de renome mundial, o que se deve a uma sugestão de Carlos III.
Convencido do valor artístico e religioso do presépio, determinou que o confeccionassem os escultores e modeladores da manufatura de porcelana, que ele mesmo fundara em 1740. E, dessa maneira, o mundo ganhou uma obra de arte, que ainda agora é admirada por tantos quantos tiveram a oportunidade de apreciá-la. Para se ter uma idéia deste presépio  de Carlos III, basta recordar que ele possui cento e cinquenta anjos e uma reprodução completa da vida popular de Nápoles. Suas figuras foram vestidas com fazendas em miniaturas criadas especialmente para elas. Conta-se que a própria rainha da Itália e suas damas passaram longos meses a elaborar as indumentárias das figuras.
Consequência da fama que grangeou este presépio foi a fundação da " Escola dos Figurinistas", chefiada por Giuseppe Sammartino, que estruturou o presépio italiano, consolidando a técnica de feitura das figuras, modeladas em terracota. Utensilios domésticos, animais, aves e outras coisas de uso diário foram reproduzidos com maravilhosa perfeição. Ao mesmo tempo, a arte dos presepeiros  desenvolveu-se na Sicilia, que não demorou a se tornar, ao lado de Nápoles, o grande centro desta arte.  Os presépios sicilianos, entretanto, são diferentes  dos napolitanos, não apenas pelo tamanho menor mas também por destacarem um motivo, muito ao gosto dos seus autores: a cena do massacre dos inocentes, em Belém.
Finalmente, os presépios alemães, mais simples, mas nem por isso menos bonitos, circunscrevem-se à reprodução da Sagrada Família. Os próprios tipos populares e os Reis Magos vivem em função do tema especificamente religioso. Os conjuntos do Tirol são verdadeiras obras primas de arte popular e caracterizam-se pela doce simplicidade e profunda religiosidade. Os de Munique destacam-se pela recordação das cenas das Bodas de Caná ou da fuga para o Egito.

                                                                    Presépio Angolano




                                                      Presépio Napolitano



Fonte: Jornal A Gazeta de São Paulo - 21/12/1961
           Enciclopédia Wikipédia
Imagens: Google

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