OBRAS DE ERNESTO NAZARETH
As composições de Nazareth incluem inúmeras valsas, tangos, tangos-brasileiros, polcas, fox-trot, polcas-lundu, maxixe, chorinhos carioca, marchas carnavalescas, hinos, shottisch, quadrilha, marcha-fúnebre, marcha-heroica, mazurca, noturno.
Análises de algumas das mais conhecidas:
APANHEI-TE
CAVAQUINHO – composta e publicada em
1915. Em 10 de setembro de 1930 foi
gravado o 78 rpm Odeon.
Originalmente
uma polca que mais tarde seria adaptada para chorinho. Nazareth a dedicou ao
maior tocador de cavaquinho da época, seu grande amigo Mário Cavaquinho.
Uma
composição de natureza tranquila que ganhou uma letra de Darcy de Oliveira para
uma gravação de Ademilde Fonseca em 1943.
FAMOSO
– composta e publicada em 1917 com a indicação
“ tango para piano”. Considerada uma autêntica obra-prima, não se inclui
entre as composições mais executadas de Ernesto Nazareth: permaneceu no
anonimato durante uns trinta anos.
Anibal Augusto Sardinha (1915-1954), o célebre Garoto, transcreveu-a para
bandolim – instrumento cuja agilidade, todavia, não adulterou o espírito
original da composição – gravando-a como choro.
AMENO
RESEDÁ – Composta e publicada em 1912, essa polca de Nazareth tem passado,
desde aquela época, por inúmeras versões, no sentido de marcações de ritmo mais
complexas. E, como resultado disso, passou de polca a choro e integra o
repertório dos grandes chorões do país.
Melodicamente, é uma das mais expressivas composições de Ernesto
Nazareth, com elaboração requintada, indisfarçavelmente chopiniana, sobretudo
na segunda parte. Jacob Bittencourt, o conhecido Jacob do Bandolim, foi um de
seus mais expressivos intérpretes, e utiliza o delineamento original, fazendo
do som e da agilidade do bandolim os substitutos ideais do instrumento para o
qual a polca foi escrita, ou seja, o piano.
ODEON
– De concepção musical refinada – à maneira de Chopin, segundo alguns – essa
famosa composição de Ernesto Nazareth inclui-se entre os tangos brasileiros
feitos para piano, embora muitos a considerem um choro: naquela época, estes
eram compostos sempre de três partes, e Odeon tem apenas duas. Merecedor de dezenas de gravações, foi
desligado de sua origem apenas instrumental pelo poeta Vinicius de Moraes, que
lhe adaptou extensa letra e a entregou a
Nara Leão para gravar. Na capa do LP em que a música aparece, a cantora faz o
seguinte comentário: “ Em 1908, Ernesto Nazareth foi contratado para animar a
sala de espera do cinema Odeon. Muita gente comprava ingresso para o filme, mas
passava a tarde ouvindo o seu piano. Como Rui Barbosa, Paula Barros, Tomás
Teran e Rubistein. Em 1968, a meu pedido Vinicius de Moraes fez a letra do
chorinho que Nazareth chamou de Odeon”.
O meu chorinho
Tanto tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorar
Ai nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon
Terçando flauta e cavaquinho
Meu chorinho se desata
Tira da canção do violão
Esse bordão
Que me dá vida
Que me mata
É só carinho
O meu chorinho
Quando pega e chega
Assim devagarzinho
Meia-luz, meia-voz, meio tom
Meu chorinho chamada Odeon
Ah, vem depressa
Chorinho querido, vem
Mostrar a graça
Que o choro sentido tem
Quanto tempo passou
Quanta coisa mudou
Já ninguém chora mais por ninguém
Ah, quem diria que um dia
Chorinho meu, você viria
Com a graça que o amor lhe deu
Pra dizer “ não faz mal
Tanto faz, tanto fez
Eu voltei para chorar com vocês”
Chora bastante meu chorinho
Teu chorinho de saudade
Diz ao bandolim para não tocar
Tão lindo assim
Porque parece até maldade
Ai, meu chorinho
Eu só queria
Transformar em realidade
A poesia
Ai que lindo ai, que triste, ai que bom
De um chorinho chamado Odeon
Chorinho antigo, chorinho amigo
Eu até hoje ainda percebo essa ilusão
Essa saudade que vai comigo
E até parece aquela prece
Que sai só do coração.
Se eu pudesse recordar
E ser criança
Se eu pudesse renovar
Minha esperança
Se eu pudesse
me lembrar
Como se dança
Esse chorinho
Que hoje em dia
Ninguém sabe mais.
* Cavaquinho (Solo): Jonas do Cavaquinho;
* Violão 7 Cordas: Horondino Silva (Dino 7 Cordas);
* Violão 6 Cordas: Benedito César Faria;
* Violão 6 Cordas: Damásio.
* Bandolim: Déo Cesário Botelho (Déo Rian);
* Apresentação de Paulinho da Viola e participação especial de Elton Medeiros
Fonte: História da Música Popular Brasileira
Abril Cultural -1977
Fotos: Google
vídeo: Youtube
Nenhum comentário:
Postar um comentário