JOÃO
PACÍFICO
João
Baptista da Silva nasceu em Cordeirópolis, no dia 5 de agosto de 1909 e faleceu
em Guararema, São Paulo, em 30 de Dezembro de 1998.
Para
alguns autores, João Pacífico é tido como o “criador da toada sertaneja”. Desde
criança demonstrava seu talento artítisco; era comum vê-lo declamar poesias timidamente e cantar para colegas e professores.
Mudou-se para Campinas em 1919, quando sua
mãe, foi trabalhar na casa de Ana Gomes, irmã do maestro Carlos Gomes, e ai passou a ter mais contato com os
músicos da cidade grande. Aos onze anos trabalhava como ajudante
de lava-pratos de um vagão-restaurante. Um passageiro ouviu algumas composições
do garoto e aconselhou-o a procurar “um certo” Paraguaçu (Roque Ricciardi,
1894-1976), em São Paulo. João ficou
dois anos matutando e criando coragem.
Em 1923 o jovem baterista entrou
para a Orquestra Sinfônica de Campinas chegando a tocar a abertura de “O Guarani” de Carlos Gomes, no Teatro Dom
Bosco. Em homenagem a Campinas, escreveu o poema “Cidade de Campinas”, musicado
mais tarde por Raul Torres.
Em 1924, aos 15 anos, foi para São Paulo onde chegou no meio de uma revolução. Foi
trabalhar como estafeta em uma fábrica de tecidos. Em 1929, voltou para
Campinas indo trabalhar como copeiro na casa do bispo da cidade, Dom Francisco
de Barros Barreto.
O amigo Bimbim, filho do
dono da Rádio Educadora de Campinas, levou-o um dia para cantar e declamar
naquela rádio onde acabou sendo contratado e tornou-se presença constante na
emissora ao lado dos violinistas João Nogueira e José Figueiredo. Logo depois
voltou a trabalhar no trem e num belo dia o cozinheiro lhe disse para fazer um
verso que ele entregaria ao escritor e poeta modernista Guilherme de almeida,
que estava a bordo, em viagem ao interior. O poeta leu e gostou, em seguida
mandou entregar um cartão de visitas ao jovem João e o mandou procurá-lo na Radio Cruzeiro do Sul, em São Paulo, onde era diretor.
João
Pacífico só conseguiu achar Paraguaçu alguns anos depois. Contou que tinha
feito uma embolada: Paraguaçu ouviu e gostou tanto que resolveu levar o rapaz à
presença do “rei da embolada” Raul Torres, que também gostou muito, a ponto de
gravá-la na Odeon em 1933, em dupla com Aurora Miranda. O título: Seo João Nogueira. No mesmo ano compõe Chico Mulato, hoje um “clássico” da
toada sertaneja.
A
seguir, na esteira do sucesso, vem Cabocla
Tereza, e Mourão de
Porteira.
Em 1937, Raul Torres foi para a RCA Vicotr e levou com ele o cantor Serrinha que fazia
a segunda voz na dupla e nesse mesmo ano gravaram Chico Mulato, música que consagraria João Pacifico como um dos
mais importantes compositores de sua época. Em seguida veio o grande clássico
que atravessaria décadas: a história de amor Cabocla Tereza, gravada por Torres e Serrinha em 1940.
Anos depois, em 1982, o enredo de
Cabocla Tereza acabou virando filme com o mesmo nome, dirigido e estrelado por Sebastião Pereira,
com Zélia Martins papel de
Tereza e a participação especial de Jofre Soares.
Por
ocasião da grande seca nordestina de 1944, João Pacífico compôs Pingo d’água, imediatamente gravado em
dupla com Torres. Uma semana após o lançamento do disco choveu no Nordeste.
Logo começaram a surgir estórias associando a música ao “milagre”. Foi a consagração
de João Pacífico, calmo e respeitável caipira que acumula cerca de 650
gravações. Chico Mulato, Cabocla Tereza e Pingo D’água tiveram,
respectivamente, trinta, quarenta e sessenta gravações diferentes. Por
conseguir sempre manter a calma caipira nos momentos de maior tensão e bagunça
no estúdio, recebeu o apelido com o qual ficaria famoso.
Em 1954, ano de comemoração do IV Centenário de São Paulo,
ao compor a marcha-hino Treze Listas, baseado no poema Nossa
Bandeira de Guilherme de Almeida, João Pacífico quis prestar uma homenagem
a cidade que lhe acolheu e ao mesmo tempo agradecer ao poeta por seu apoio e
amizade. Gravada pelo cantor Nelson Gonçalves a música fez enorme sucesso e João Pacífico teve a honra
de receber das mãos de Guilherme de Almeida, presidente da comissão do IV
Centenário de São Paulo a medalha Anchieta.
O casal Federico Mogentale
(Freddy) e Maria Antonia, de Guararema SP, conviveu com João Pacífico durante os últimos
anos de sua vida e foram os responsáveis pela sua volta ao interior, em 1995.
Apaixonados pela música, Freddy e Maria Antonia conheceram João Pacífico em
1981. “Ele era uma mito para mim”, conta Freddy, então um alto executivo de uma
multinacional.
Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira
Abril
Cultural – 1978
Google:
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vídeo: youtube- CHICO MULATO - Inesita Barroso - João Pacífico - Adauto Santos - Nono Basilio - Moraes Sarmento
vídeo: youtube- CHICO MULATO - Inesita Barroso - João Pacífico - Adauto Santos - Nono Basilio - Moraes Sarmento
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