TONICO
E TINOCO
João
Salvador Perez, o TONICO, nasceu em São Manoel, São Paulo, em 2 de março de
1917 e faleceu em 13 de agosto de 1994.
Seu
irmão José Salvador Perez, o TINOCO, em Pratânia, São Paulo, em 19 de novembro
de 1920, e faleceu em São Paulo em 4 de maio de 2012.
Talvez
a mais ativa dupla caipira tradicional, rivalizando apenas com Alvarenga e
Ranchinho. Tem acumuladas mais de setecentas gravações e um trabalho praticamente
ininterrupto desde 1938 (profissionalizado
a partir de 1943).
Naquele
decisivo ano para a música caipira – 1930 – Tonico morava com a família em
Botucatu. Frequentava a escola rural e após as aulas passava lição aos colonos
mais velhos, recebendo como pagamento frutas, verduras e às vezes até dinheiro.
Em cinco anos juntou o suficiente para comprar uma violinha feita a canivete,
começando a cantar em dupla com o irmão: animavam arrasta-pés e faziam
serenatas.
Em
1938 a família deixou Botucatu e foi morar em Sorocaba, depois em São Manoel,
onde a dupla teve a sua primeira oportunidade: uma apresentação na Rádio Clube
local, e foram convidados para cantar todos os domingos – de graça. Ficaram por
lá se exercitando até que em 1943 resolveram tentar a sorte em São Paulo,
acompanhados do primo Miguel Perez. Inscreveram-se no programa de calouros de Chico Carretel (Durvalino Peluzzo) na
Rádio Emissora de Piratininga, não alcançando, porém, o destaque que esperavam.
A grande oportunidade veio quando o Capitão Furtado abriu concurso para duplas
caipiras em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora.
No
começo apresentaram-se com o primo, adotando o nome de Trio da Roça.
Classificaram-se para as finais e acabaram subindo ao primeiro lugar.
Entretanto, mesmo o rápido êxito, num concurso bastante disputado, não lhes
abriu de imediato as portas das gravadoras. Só no ano seguinte, conseguem a
primeira gravação, substituindo no lado B de um 78 rpm da dupla Palmeira e
Piraci, uma música que havia sido proibida pela censura. A Continental
aproveitou então uma prova de EM VEZ DE
ME AGRADECER (Capitão Furtado e Jaime Martins Aimoré):
Cabocla pra lhe agradá
Já cumpri o meu deve
Fiz o que pude, inté mais
Do que divia fazê
Só prá vê se eu conseguia
Ser amado por vancê
A
rápida vendagem do disco facilitou a gravação de mais duas faces de 78rpm. De
um lado a moda de viola SERTÃO DE LARANJINHA, motivo popular adaptado por Tonico,
Tinoco e o Capitão Furtado, e PERCORRENDO O BRASIL, de Tonico, Tinoco e João
Merlini. Com esse disco, Tonico e Tinoco começam a aparecer como uma das mais
importantes duplas caipiras. Em 1947 participam do histórico primeiro 33 rpm de
música caipira, o LP ARRAIAL DA CURVA TORTA, no qual assinam e cantam a faixa TUDO TEM NO SERTÃO, cateretê que
evoca a alegria e os bichos do sertão. Daí por diante seriam as intermináveis
excursões, apresentações em circos, feiras, quermesses, teatros paroquiais,
festas juninas, etc. Tudo isso entremeado de constantes gravações e
regravações, participação em numerosos filmes como Lá no Sertão (1961),
Obrigado a Matar (1965), e A Marca da Ferradura(1970).
Em
1964, Tonico adoeceu e foi temporariamente substituído por Chiquinho (Francisco
Perez), irmão mais novo que ainda hoje acompanha esporadicamente a dupla.
Tonico se restabeleceu e voltou a cantar. Em 1968, lançaram o LP VINTE-E-SEIS ANOS DE GLÓRIA, e
m 1969, VINTE-E-SETE ANOS DE TONICO E TINOCO, com reedições de velhos sucessos
como MARINGÁ, LUAR DO SERTÃO e o antológico TRISTEZAS DO JECA.
Em
1970 Tonico e Tinoco prestaram tributo a Raul Torres, gravando vários sucessos
daquele autor: MODA DA MULA PRETA, SEGREDO SE GUARDA, PINGO D’ÁGUA, CHICO
MULATO (as duas últimas em parceria com João Pacífico).
Em
1974 a dupla lança 4 LPs, com destaque para a composição SALVE, CAMPOS DO
JORDÃO, de Tonico e Mamarama ( pseudônimo de Mario Mauro Ramos Matoso). No ano
seguinte, mais 4 LPs cujas faixas que mais agradaram foram MOTORISTA DO
PROGRESSO ( Texeirinha) e TRINTA-E-TRÊS, poema de Mamarama narrando a vida
artística da dupla:
“deixando a roça deserta
Num triste dia nublado
A dupla foi descoberta
Num brado vivo de alerta
Pelo Capitão Furtado”
Tonico
e Tinoco já mantiveram um programa exclusivo na TV Bandeirantes, além de já
terem feito apresentações avulsas em todos os canais de televisão de São Paulo
e na Radio Bandeirantes o programa Na bera da tuia.
Em 1979, precisamente no dia 6 de junho, Tonico & Tinoco
fazem o que nenhum caipira havia sonhado: apresentam-se no Teatro Municipal de São Paulo, num show de três
horas que reúne um público recorde de 2.500 pessoas. Da beira da tuia, celeiros
centenários onde cantavam no passado, os irmãos Perez chegavam a um dos mais
famosos teatros do mundo, que até então só abria suas portas para óperas, balés
e concertos eruditos. Permaneceram na Continental até 1982, emplacando vários sucessos. Nesse ano resolvem ir para
a gravadora Copacabana onde mudam seu repertório, passam a gravar canções mais
alegres, arrasta-pés divertidos e Nadir Perez, esposa de Tinoco passa a assinar
várias músicas com a dupla. No ano de 1983
estreiam o programa “Na Beira
da Tuia” na TV Bandeirantes e lançam o filme “O Menino Jornaleiro”,
só que dessa vez como co-produtores.
Em 1989 voltam
para a Copacabana e gravam “Mãe Natureza” (Tinoco/José Carlos). Nesse disco
Tonico já se encontrava bastante debilitado mas continuava sua carreira.
No ano de 1994 na Polygram com
a produção de José Homero e Chitãozinho
gravam seu último trabalho, onde destaca-se “Coração do Brasil” (Joel
Marques/Maracaí) com participação especial de Chitãozinho e Xororó e Sandy e Jr., e “Chora minha
viola” (Nilsen Ribeiro/Geraldo Meirelles).
Apresentaram o Programa Na Beira da Tuia nas seguintes emissoras - Bandeirantes (1983),e SBT
(1988), Cultura (Viola, Minha Viola). Realizaram grandes eventos, como:
A Grande Noite da Viola, no Maracanãzinho/Rio de Janeiro(1981), Teatro Municipal de São Paulo (1979), Semana Cultural Tonico e Tinoco no Centro Cultural de São Paulo (1988)
e o Troféu Tonico e Tinoco (1992). No mesmo ano, realizaram um show em conjunto
com Chitãozinho Xororó na cidade de São Bernardo do Campo (SP), onde foram prestigiados por mais 100.000 espectadores.
Entre as inúmeras premiações destacamos: 04 Roquetes Pinto, Medalha Anchieta
(Comenda da Cidade de São Paulo), Ordem do Trabalho (Ministro do Trabalho Almir
Pazzianoto), Ordem do Mato Grosso (Comendador), Troféu Imprensa, 02 Prêmios
Sharp de Música e o Prêmio Di Giorgio. O slogan "A Dupla Coração do
Brasil", surgiu em 1951, quando o humorista Saracura resolveu batizá-los
assim, pela interpretação de todos os ritmos regionais.
A dupla passou por todas as mudanças na música sertaneja, mas jamais mudou
seu estilo, copiadíssimo durante as décadas de 1950 e 1960.
O último show da Dupla Tonico & Tinoco foi na cidade mato-grossense de Juína, no dia 7 de agosto de 1994. só
que dessa vez como co-produtores.
Tinoco encontrou forças no apoio que recebeu dos fãs, e na saudade do
companheiro que faleceu. Realizou mais de trinta apresentações contratadas
anteriormente a morte do irmão. Em 2010 no
Especial Emoções Sertanejas Tinoco recebeu uma
homenagem do cantor Roberto Carlos que é um amigo e fã da dupla. Em 2012,
Tinoco tornou-se o artista sertanejo há mais tempo na ativa. Em 4 de maio de 2012, Tinoco morreu aos 91 anos devido a insuficiência
respiratória e a duas paradas cardícas.
Fonte:
Nova História da Música Popular Brasileira
Abril
Cultural – 1978
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Vídeo: CANA VERDE - Tonico e Tinoco
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