Fonte: Youtube- SILVIO CALDAS-O DESTINO DESFOLHOU - (GASTÃO LAMOUNIER E
MARIO ROSSI)
Valsista inveterado, um dos
expoentes do gênero em seus anos dourados,
foi Gastão Lamounier, nascido em São Paulo, SP, a 22 de abril de 1893.
De sua obra quase quatrocentas peças musicais, aproximadamente 170 se encaixam
nos encantos e no ritmo da valsa. Formado em Direito no Rio de Janeiro, em 1929
ingressa na Rádio Educadora, da qual foi diretor durante dezessete anos.
Os estudos musicais de Gastão
Lamounier se iniciaram com o professor Pizzarrone, e incluíram uma estada na
Suiça, onde além da amizade de Franz Lehar (1870-1948) adquiriu simpatia pelo
jogo das sonoridades europeias.
Seu primeiro registro em disco deu-se em 1929, num selo da Parlophon, que
ostentava o tango Renúncia e a valsa Arrependimento, composta em parceria com
Olegário Mariano.
Albenzio Perrone, seu amigo e
cantor de renome, incluiu em seu repertório grande parte das valsas que Gastão
compôs. Destas, destacam-se Há um Segredo em teus cabelos, (parceria
com Osvaldo Santiago), e Só Nós dois,
(com Anuar Jorge), ambas gravadas em 1935 por Silvio Caldas, na Odeon;
antológica também é E o Destino Desfolhou,
(feita em parceria com Mário Rossi), registrada pela voz de Carlos Galhardo em
1937.
Nas teclas de um piano ou nas
chaves de um clarinete, responsável pela animação de muitos bailes de antigamente e pelo
sucesso de grandes cantores do rádio, a sintaxe da valsa prosseguiu,
continuamente corrigida e inovada pela festa e pelo prazer de cada compositor,
desde Belnácio Pousa Godinho (autor da melodia sestrosa de Esperança de um Coração), até Osvaldo Santiago (1902-1976), Newton
Teixeira (1916 -1990), Roberto Martins
(1909-1992), Mário Rossi (1911-1981), Cristóvão de Alencar (1910-1983), Alberto
Marino ( 1902-1967), e outros.
O poeta e letrista recifense
Osvaldo Santiago (1902-1976) tem sido apontado como um dos renovadores dos
moldes e suspiros românticos de seus dias. Em 1929, ele, seu parceiro Nélson
Ferreira e a cantora Alda Verona fizeram sua estreia em disco, com a canção Melodia de Amor, tema do filme do mesmo
nome. No ano seguinte, Chico Viola fez grande sucesso no Nordeste com o Hino a João Pessoa, de Osvaldo e Eduardo
Souto.
A partir de 1938, os textos
de Osvaldo Santiago sobre notas de Paulo Barbosa projetaram Carlos Galhardo à
condição de um dos melhores intérpretes da valsa-canção. De seu repertório destacam-se Cortina de Veludo, Italiana
(em parceria com José Maria de Abreu), Madame
Pompadour, Lenda Árabe, Torre de Marfim e Tapete Persa. Osvaldo também
criou versos para outros compositores, tais como Carolina Cardoso de Almeida (Tudo cabe num beijo) e Roberto Martins (Catarina).
Seresteiro dos bons, Newton
Teixeira, além de compositor, era grande virtuose do violão, acompanhando
cantores como Silvio Caldas, Francisco Alves, João Petra de Barros e o então
principiante Orlando Silva. Aos vinte anos, Newton compôs sua primeira música, Tudo me fala do teu Olhar, gravada em
1936 por Silvio Caldas. Nesse ano, Chico Viola grava Ela disse Adeus, outra canção de Newton; no ano seguinte, estreia
como cantor, gravando Quando eu for bem
velhinho, de sua própria inspiração, sendo acompanhado- numa curiosa
inversão de papéis – pelos violões de Orlando Silva e Silvio Caldas.
Conhecido também como autor
de marchas e sambas de carnaval, Newton Teixeira compôs a melodia Deusa da minha Rua, que recebeu versos
de Jorge Faraj e tornou-se uma das canções mais famosas da música popular
brasileira, gravada por Silvio Caldas em 1939. São de Newton, também, Deusa
do Cassino, em parceria com Torres
Homem, e Não, junto com Cristóvão de
Alencar. Com o crepúsculo de suas
atividades de cantor, Newton tornou-se compositor de produção esporádica, só
retornando ao sucesso, em 1969, com o samba Avenida
Iluminada, cantado por Zé Kéti.
Embora seu nome apareça,
quase sempre, ligado às marchinhas carnavalescas, Roberto Martins (1909-1992),
autor de Cai-Cai e Cordão dos puxa-saco, esta em companhia de Frazão, e do samba Pedreiro Waldemar, com Wilson
Batista, foi também um dos praticantes
assíduos da valsa. Regenerado e Segredo, cantadas por Leonel Faria,
inauguraram , em 1933, sua produção em discos. De excelente safra, talhadas com
engenho e precisão, são suas valsas como Dolores,
em parceria com Ari Monteiro, Dorme que eu velo por ti, e Valsa dos Noivos, ambas criadas com o
auxílio textual de Mário Rossi.
Em 1937, Mário Rossi se aliou
a Gastão Lamounier (1893-1984), numa parceria que marcou época e estilo, produzindo E
o Destino Desfolhou.
Cristóvão de Alencar (na
verdade Armando de Lima Reis) teve participação em inúmeras valsas famosas,
tais como Algum dia te direi e A vida
continua, ambas com Felisberto Martins, e Quando a Saudade Chegar, em parceira com Paulo Barbosa.
A valsa cativou a todos.
Assim, não é motivo de espanto quando um compositor como Francisco Mignone, de
filiação erudita, envereda pelos compassos da música de dança (aos quinze anos,
ele já tinha composto Manon, sua
primeira página no gênero).
Mignone nasceu em São Paulo,
a 3 de setembro de 1897, e faleceu no Rio de Janeiro em 19 de fevereiro de
1986) e se ocultava em suas composições
populares sob o pseudônimo de Chico Bororó; após um intervalo de
exclusiva dedicação à música erudita, retornou à MPB, tentando fixar as
melodias das valsas tradicionais brasileiras. Como parte dessas preocupações,
compôs inúmeras valsas, das quais
torna-se indispensável registrar a série de Valsas
de Esquina (números 1 a 12) e a de Valsas-choros ( também de 1 a 12), além
de Valsa Elegante,Valsa em sol maior, Valsinha e Doze valsas (para violão).
Fonte Youtube- FRANCISCO MIGNONE - VALSA DE ESQUINA NR. 3 (1945-1948) - INTERPRETADA POR ARNALDO ESTRELA. por
Fonte Youtube- FRANCISCO MIGNONE - VALSA DE ESQUINA NR. 3 (1945-1948) - INTERPRETADA POR ARNALDO ESTRELA. por
Outros concorridos
intérpretes da valsa, dos fraques, pincenês e varandas, até o disco e o rádio,
foram Francisco Alves, Orlando Silva, Silvio Caldas, Carlos Galhardo e Gastão
Formenti.
A valsa se encontrava e
encantava na voz de Carlos Galhardo, aquele que maior sucesso obteve cantando a
música de dança. Seu nome verdadeiro Cattelo Carlos Guagliardi, nasceu em Buenos
Aires, a 23 de abril de 1913 e faleceu no Rio de Janeiro em 25 de Julho de
19850. Tinha vinte anos quando foi contratado pela Rádio Educadora do Rio de
Janeiro. Na mesma época gravou seu primeiro disco, com as canções Você não gosta de mim (irmãos Valença) e
Que é que há? (Nelson Ferreira), de
grande aceitação no Nordeste, dada a origem pernambucana dos compositores.
Cortina de Veludo foi a canção de estreia de Carlos Galhardo, em 1935, como cantor
romântico, e como tal se tornaria definitivo. A partir dessa data começou a
colecionar sucessos – Italiana (1935),
Apenas tu (Roberto Martins e Jorge
Faraj) e Sonhos Azuis (João de Barro e Alberto
Ribeiro), em 1936; Linda Borboleta e Mares da China (ambas da dupla de João
de Barro e Alberto Ribeiro), em
1938; Perfume de Mulher ( Georges Moran e Osvaldo Santiago), em 1939. Em
1940, Carlos Galhardo lança um grande suplemento de valsas – Roleta da Vida (Osvaldo Santiago e
Muraro); Carmen (Paulo Barbosa e
Cristóvão de Alencar); Colar de Pérolas
e Devolve (Mário Lago); Arco-Íris(Torres Homem e Newton
Teixeira); Beija-flor (Roberto
Martins e Mário Rossi).
Já Alberto Marino, filho de imigrantes italianos, nasceu no Brás em 23 de março de 1902, e faleceu em 11 de fevereiro de 1967 em São Paulo. Ficou famoso por sua histórica peça Rapaziada do Brás, composta quando tinha quinze anos. A valsa mais tarde recebeu letra de seu filho Alberto Marino Júnior, sendo então gravada por Carlos Galhardo. Alberto Marino ainda compôs as valsas Luar de São Paulo, Senhoritas do Brás, Meigo Olhar, Amarga Serenata (com Jorge Amaral) e Tudo passa (com versos de Marcino Marcelo).
Fonte: Youtube - CARLOS GALHARDO - RAPAZIADA DO BRÁS - ( Música Alberto Marino - letra Alberto Marino filho).
Já Alberto Marino, filho de imigrantes italianos, nasceu no Brás em 23 de março de 1902, e faleceu em 11 de fevereiro de 1967 em São Paulo. Ficou famoso por sua histórica peça Rapaziada do Brás, composta quando tinha quinze anos. A valsa mais tarde recebeu letra de seu filho Alberto Marino Júnior, sendo então gravada por Carlos Galhardo. Alberto Marino ainda compôs as valsas Luar de São Paulo, Senhoritas do Brás, Meigo Olhar, Amarga Serenata (com Jorge Amaral) e Tudo passa (com versos de Marcino Marcelo).
Fonte: Youtube - CARLOS GALHARDO - RAPAZIADA DO BRÁS - ( Música Alberto Marino - letra Alberto Marino filho).
Parte significativa dos quase
seiscentos discos que gravou o mais popular cantor brasileiro de todos os
tempos, Francisco Alves, está reservada à valsa, gênero que contribuiu
decisivamente para seu estrondoso sucesso. Chico Viola nasceu no Rio de Janeiro
em 19 de agosto de 1898, falecendo a 27
de setembro de 1952, na Rodovia Presidente Dutra, vítima de um desastre
automobilístico. Em 1919, gravou seu
primeiro disco , na gravadora Popular, a convite de João Gonzaga, filho de
Chiquinha Gonzaga. Registrou duas
canções de Sinhô, com o acompanhamento do próprio compositor: Pé de Anjo e Fala, meu Loro, grandes sucessos do carnaval de 1920.
Com a invasão das valsas
trazidas pelos melosos filmes da indústria cultural americana, Chico Alves
gravou várias versões de êxitos espetaculares, como Dançando com lágrimas nos olhos; Valsa da Despedida (versão de João de Barro e Alberto Ribeiro para
Farewell Waltz, de Robert Burns); As
Cartas não mentem jamais (versão de Alza, Manolita, realizada por Eduardo
das Neves). Da antologia de sucessos de Chico Alves vale sublinhar A mulher que ficou na taça (do próprio
Chico e Orestes Barbosa); Só nós dois no
salão...e esta valsa ( Lamartine Babo); Napolitana
e Eu sonhei que tu estavas tão linda (Lamartine
Babo e Francisco Matoso).
Orlando Silva, o “Cantor das
Multidões”, nascido no Rio de Janeiro a 3 de Outubro de 1915, falecido em 7 de
agosto de 1978), o também carioca Silvio Caldas, nascido a 23 de maio de 1908,
falecido em Atibaia- SP a 3 de fevereiro de 1998), e Gastão Formenti, nascido
em Guaratinguetá, SP, nascido em 24 de Junho de 1894 e falecido No Rio de
Janeiro a 28 de maio de 1974, são outros intérpretes que fizeram de sua voz, em
determinadas ocasiões, um exercício da valsa.
Das valsas cantadas por
Orlando silva destacam-se Lábios que beijei (J. Cascata e Leonel Azevedo), Horas iguais, Ciúme sem razão (João de
Barro e Alberto Ribeiro), Capricho do
Destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz), Página de Dor (Cândido das Neves e Pixinguinha).
Silvio Caldas gravou, com
versos de Orestes Barbosa, a série de valsas do flautista Patapio Silva – Torturante
Ironia, Santa dos Meus amores, Serenata, Arranha-céu, além de Maria (J. Cascata e Leonel Azevedo), Deusa da minha rua, Velho Realejo e O Pião
( as duas últimas da dupla Custódio Mesquita e Sadi Cabral) e Não.
Na voz de Gastão Formenti
ficaram conhecidas principalmente as valsas Hula
(Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), Se ela perguntar (Silvan Castelo
Neto), Arrependimento (Gastão Lamounier e Olegário Mariano), Não sei pra que viver, e Adoração, (Saint-Clair
Senna).
A partir dos anos 50, a
valsa-canção entrou em crise, conservando-se quase exclusivamente na memória e
nos bailes do interior. As composições mais recentes são esparsas – Chico
Buarque( 1944) compôs duas valsas: Valsinha (1971) com Vinicius de Morais
(1913-1980) e João e Maria ( 1977) com Sivuca (1930-2006), envolvidas por uma
nota nostálgica, cheirando a guardado.
VALSINHA
Chico Buarque/Vinicius de Moraes
Um dia ele chegou tão diferente
Do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente
Do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto
Quanto era se jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto
P’ra seu grande espanto
Convidou-a para rodar...
Então ela se fez bonita
Como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado, cheirando a guardado
De tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços
Como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para praça
E começaram a se abraçar...
E ali dançaram tanta dança
Que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz.
Não devemos esquecer
Francisco Petrônio, nascido em São Paulo a 8 de Novembro de 1923 e falecido a
19 de janeiro de 2007), taxista de profissão, costumava cantar enquanto dirigia.
Um passageiro, o cantor Nerino Silva, convidou-o para fazer um teste na TV Tupi
e o diretor artístico Cassiano Gabus Mendes gostando de sua voz, o contratou.
Seu gênero: a valsa e a seresta. Em 46 anos de carreira gravou cerca de 750
músicas e entre elas O Baile da Saudade que marcou sua
carreira e acabou criando o
programa Baile da Saudade. Entre
os seus sucessos estão O Tempo da
Seresta, Valsa dos Namorados, Branca e
Aurora (Zequinha de Abreu), Valsa da Despedida (versão de João de
Barro e Alberto Ribeiro).
Fonte: Youtube - FRANCISCO PETRONIO - O BAILE DA SAUDADE
Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira - Abril cultural - 1978
Google; Wikipédia (datas de falecimento de cantores, após 1978).
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