terça-feira, 3 de setembro de 2019

JACOB DO BANDOLIM E O CHORO - V




SOZINHOS OU EM BANDO,
ELES ESTÃO SEMPRE CHORANDO: 
LAMENTOS
SÃO RISOS EM SEUS INSTRUMENTOS
                           PIANO E VOZ


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CHIQUINHA GONZAGA


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ERNESTO NAZARETH

                                                                                                                                                                       TIA  AMELIA                                                                                                   AMELIA BRANDÃO NERY




A partir da segunda metade da década de 70 o chorinho vem sendo executado por uma grande variedade de instrumentos, que vai da guitarra elétrica à cítara de Avena de Castro.
Quando passou para as salas de espera dos  cinemas de antigamente, o choro adaptou-se ao piano, com Ernesto Nazareth, que se inspirava em “pianeiros” populares, chorões inveterados do Rio da virada do século, tais como os citados por Alexandre Gonçalves Pinto: Aurélio Cavalcanti, Chirol, Azeredo Pinto, Lobinho, Maneco Leal, Bulhões, Freitas (um dos primeiros pianistas de jazz-band do Rio), Benedito de Oliveira, Costinha e outros. Depois, o piano se revelaria o instrumento de choro preferido pelas intérpretes femininas, num fio condutor que se inaugura com Chiquinha Gonzaga e se estende por Tia Amélia (Amélia Brandão Nery, pernambucana de Jaboatão, uma das resistentes do chorinho, e que, na década de 50, possuía um programa na TV-Rio, Velhas Estampas, que reunia chorões antigos);  por Lina Pesce (paulista, autora do chorinho Bem-te-vi Atrevido; por Carolina Cardoso de Menezes; por Eudóxia de Barros. No setor masculino, não se pode esquecer um daqueles que melhor choraram ao piano, Zequinha de Abreu, autor do famoso chorinho Tico-Tico no Farelo (posteriormente , no Fubá); nem do tio de Ciro Monteiro, o Nonô (Romualdo  Peixoto),  pianista oficial de Silvio Caldas, ou ainda Gade (Oswaldo  Chaves Ribeiro) , parceiro de Walfrido Silva em inúmeras composições  “malandras”. Lembre-se, ainda, do pianista de extração Artur Moreira Lima, impecável em sua interpretação de Nazareth, compositor mais recentemente “relido” por um duo pianístico erudito, Francisco Mignone e sua mulher Maria Josefina. Observe-se que, dado seus recursos técnicos e sonoros, o piano, na execução de um choro, dispensa a utilização de outros instrumentos fazendo, sozinho, melodia, harmonia e ritmo.


ZEQUINHA DE ABREU                                        NONÔ (ROMUALDO PEIXOTO)

                                                          
E foi justamente o Tico-Tico no fubá,  de Zequinha de Abreu, a música responsável pelo aparecimento em 1942, daquela que seria consagrada como a “Rainha do Chorinho”, Ademilde Fonseca. Ademilde criou um novo tipo na música popular brasileira, o de cantor de chorinhos. Os ouvintes, entre boquiabertos e seduzidos, escutaram a voz de Ademilde Fonseca cantando Tico-Tico, cuja letra, até então desconhecida, é atribuída ao paulista Eurico Barreiros. Mais tarde, por volta de 1950, a cantora reeditaria seu sucesso, desta vez com o Brasileirinho, de Waldir Azevedo, com letra de Pereira da Costa. Nos anos 60, Nara Leão também incursionou pelo chorinho cantado, interpretando Odeon e Apanhei-te, Cavaquinho, ambos de Ernesto Nazareth. A vocalização do choro pede a utilização da voz como um instrumento, além de uma grande agilidade vocal, somada a uma dicção perfeita.

“VOLTEI PRA CHORAR COM VOCÊS”




   PICHINGUINHA   
ODEON
MÚSICA DE ERNESTO NAZARETH

Tocado ou cantado, na flauta ou num bandolim, com ou sem acordeom, no fundo do quintal ou em alguma mesa de bar, o sentimento do chorinho (calcado na espontaneidade, na rebeldia improvisativa, na liberdade inovadora) vai se preservando, ora no jeito de se segurar um instrumento, ora na “queda” de algum violão, ou no saracoteado de um cavaquinho. Chorinho: ingênuo, brejeiro, carinhoso. Como disse o poeta Vinicius de Moraes nos versos que botou em Odeon, de Nazareth, o choro voltou “ Pra dizer  ‘ Não faz mal,/ tanto faz, tanto fez/ Eu volte pra chorar com vocês’ “.

MAS, PRA CHORAR DE VERDADE,

ACEITE O AVISO:
CHORO TEM IMPROVISO,

CHORO É A MÚSICA EM LIBERDADE.

Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira
Abril Cultural - 1978
Imagens: Google
Vídeos: Youtube

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