SOZINHOS OU EM
BANDO,
ELES ESTÃO SEMPRE
CHORANDO:
LAMENTOS
SÃO RISOS EM SEUS
INSTRUMENTOS
PIANO E VOZ
CHIQUINHA GONZAGA
ERNESTO NAZARETH
TIA AMELIA AMELIA BRANDÃO NERY
Quando
passou para as salas de espera dos cinemas de antigamente, o choro adaptou-se
ao piano, com Ernesto Nazareth, que se inspirava em “pianeiros” populares,
chorões inveterados do Rio da virada do século, tais como os citados por
Alexandre Gonçalves Pinto: Aurélio Cavalcanti, Chirol, Azeredo Pinto, Lobinho, Maneco
Leal, Bulhões, Freitas (um dos primeiros pianistas de jazz-band do Rio),
Benedito de Oliveira, Costinha e outros. Depois, o piano se revelaria o instrumento
de choro preferido pelas intérpretes femininas, num fio condutor que se
inaugura com Chiquinha Gonzaga e se estende por Tia Amélia (Amélia Brandão
Nery, pernambucana de Jaboatão, uma das resistentes do chorinho, e que, na
década de 50, possuía um programa na TV-Rio, Velhas Estampas, que reunia
chorões antigos); por Lina Pesce
(paulista, autora do chorinho Bem-te-vi
Atrevido; por Carolina Cardoso de Menezes; por Eudóxia de Barros. No setor
masculino, não se pode esquecer um daqueles que melhor choraram ao piano,
Zequinha de Abreu, autor do famoso chorinho Tico-Tico no Farelo (posteriormente , no Fubá); nem do tio de Ciro
Monteiro, o Nonô (Romualdo
Peixoto), pianista oficial de
Silvio Caldas, ou ainda Gade (Oswaldo
Chaves Ribeiro) , parceiro de Walfrido Silva em inúmeras
composições “malandras”. Lembre-se,
ainda, do pianista de extração Artur Moreira Lima, impecável em sua
interpretação de Nazareth, compositor mais recentemente “relido” por um duo
pianístico erudito, Francisco Mignone e sua mulher Maria Josefina. Observe-se
que, dado seus recursos técnicos e sonoros, o piano, na execução de um choro,
dispensa a utilização de outros instrumentos fazendo, sozinho, melodia,
harmonia e ritmo.
ZEQUINHA DE ABREU NONÔ (ROMUALDO PEIXOTO)
“VOLTEI
PRA CHORAR COM VOCÊS”
PICHINGUINHA
ODEON
MÚSICA DE ERNESTO NAZARETH
ODEON
MÚSICA DE ERNESTO NAZARETH
Tocado ou cantado, na
flauta ou num bandolim, com ou sem acordeom, no fundo do quintal ou em alguma
mesa de bar, o sentimento do chorinho (calcado na espontaneidade, na rebeldia
improvisativa, na liberdade inovadora) vai se preservando, ora no jeito de se
segurar um instrumento, ora na “queda” de algum violão, ou no saracoteado de um
cavaquinho. Chorinho: ingênuo, brejeiro, carinhoso. Como disse o poeta Vinicius
de Moraes nos versos que botou em Odeon,
de Nazareth, o choro voltou “ Pra dizer
‘ Não faz mal,/ tanto faz, tanto fez/ Eu volte pra chorar com vocês’ “.
MAS, PRA CHORAR DE VERDADE,
ACEITE O AVISO:
CHORO TEM IMPROVISO,
CHORO
É A MÚSICA EM LIBERDADE.
Fonte: Nova História da Música Popular BrasileiraAbril Cultural - 1978
Imagens: Google
Vídeos: Youtube
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