sábado, 14 de agosto de 2021

ARY BARROSO - PARTE VI -ABRAM ALAS PARA AQUARELA BRASILEIRA

 A avenida está colorida de luzes e fantasias. A batida dos tamborins abafa o vozerio da multidão. O suor escorre no rosto sorridente dos sambistas. 

                             É CARNAVAL. É DOMINGO, 9  DE FEVEREIRO DE 1964.

Os diretores da Escola de Samba Império Serrano correm de lá para cá tentando reunir o pessoal.  Está quase na hora de entrarem na avenida. Aproxima-se o momento decisivo do desfile diante do público e da Comissão Julgadora.  São mais de 2 mil figurantes espalhados na multidão , que é preciso distribuir, ordenar. O marquês come tranquilamente seu cachorro-quente. As damas da corte não descobrem maneira de descansar sem estragar os imenso e rendados vestidos.

As alas se misturam, alguns não sabem seu lugar na sequência de quadros. E os diretores frenéticos, pra lá e pra cá, que a hora se aproxima.  A turma da “cozinha” cantarola a música do enredo:

“ Vejam esta maravilha de cenário

É um episódio relicário

Que o artista, num sonho genial

Escolheu para este carnaval.

E o asfalto, como passarela,

Será a tela

Do Brasil em forma de Aquarela...”

AQUARELA DO BRASIL chama-se o enredo. Como o famoso samba de Ary Barroso, procura exaltar as belezas e grandezas do país. É um samba- exaltação,  como o de Ary Barroso.  O desfile da Império Serrano não deixará de ser uma homenagem ao compositor brasileiro mais conhecido no país e no exterior.

                           Quase 11 horas. A escola finalmente está pronta  para desfilar.

 Soam os primeiros surdos. Ensaiam-se os primeiros passos. 

                                                            De repente, silêncio.

 Ficam todos atarantados, ninguém sabe o que fazer: a notícia caiu como um raio; 

                                                   ‘’ARY BARROSO MORREU”.  


Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
Abril Cultural – 2ª Edição – 1977
Fotos:  GOOGLE

Brasil

Meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos

O Brasil, samba que dá

Bamboleio que faz gingar

       O Brasil, do meu amor        

Terra de Nosso Senhor

Brasil, Brasil

Pra mim, pra mim

Ah, abre a cortina do passado

Tira a Mãe Preta, do cerrado

Bota o Rei Congo, no congado

Brasil, Brasil

Pra mim, pra mim

Deixa, cantar de novo o trovador

A merencória luz da lua

Toda canção do meu amor

Quero ver essa dona  caminhando

Pelos salões arrastando

O seu vestido rendado

Brasil, Brasil

Pra mim, pra mim

Brasil

Terra boa e gostosa

Da morena sestrosa

De olhar indiscreto

Oh Brasil, samba que dá

Bamboleio, que faz gingar

Oh Brasil, do meu amor

Terra de Nosso Senhor

Brasil, Brasil

Pra mim, pra mim

Oh, esse coqueiro que dá coco

Onde eu amarro a minha rede

Nas noites claras de luar

Brasil, Brasil

Pra mim, pra mim

Ah, ouve essas fontes murmurantes

Onde eu mato a minha sede

E onde a lua vem brincar

Ah, este Brasil lindo e trigueiro

É o meu Brasil, brasileiro

Terra de samba e pandeiro

Brasil, Brasil pra mim, pra mim.



 






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