O grande cartaz da
época era Francisco Alves. Com Ismael Silva e Nilton Bastos, formou os “Bambas
do Estácio”, responsáveis, entre
outros, pelo famoso SE VOCÊ JURAR. Nilton faleceu em setembro de
1931, e o conjunto terminou. Em março de 1932, Chico Alves formava com Mário
Reis e Lamartine Babo, os “Ases do Samba”. O sucesso conseguido em São Paulo
levou-os a programar uma excursão ao Rio Grande do Sul. Mas surgiram problemas
na escolha dos acompanhantes. Finalmente no dia 29 de abril, apresentaram-se em
Porto Alegre, no Cine-Teatro Imperial: Chico Alves, Mário Reis, Noel Rosa, o pianista
Nonô (Romualdo Peixoto) e o bandolinista Peri Cunha. A temporada estendeu-se
por várias cidades do interior gaúcho, Florianópolis e Curitiba. Só voltaram ao
Rio em Junho, momento em que Chico Alves resolveu criar novo trio de
compositores, com Ismael Silva e Noel Rosa. ADEUS, GOSTO MAS... NÃO É MUITO, ASSIM, SIM e PARA ME
LIVRAR DO MAL foram as primeiras composições dos novos parceiros.
A relação entre
Noel e Francisco Alves não eram apenas musicais. Noel comprou de Chico um
Chevrolet usado, e, para pagar, fez o seguinte trato: Chico controlaria seus
rendimentos com shows e direitos autorais das gravadoras, separando 50% para
pagamento da dívida. Além disso, algumas
composições do trio eram apenas de Noel
e Ismael, entrando Chico Alves apenas com o nome e a fama. Alguns versos de Noel revelam o clima da
parceria:
“antes da vitória/ não se deve cantar glória./
Você criou fama,/ deitou-se na cama./ Eu que não estou dormindo/vou subindo.../
vou subindo.../ enquanto você vai decaindo (VITÓRIA, de Noel e Nonô). Ou estes versos inéditos “ e no fim da
irradiação/ Vem a voz do violão/ que é mais antiga que o Casé/ Dona da minha vontade/
saiba Vossa Majestade/ que cantarei o que quiser”. “A VOZ DO VIOLÃO “ é
referência a Chico Alves.
Cantaria o que
quisesse e com que quisesse, tanto que, em março de 1934, integrava, com
Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros, o grupo “Gente do Morro”,
numa excursão a Campos, Muquie Vitória.
A viagem fracassou, Noel Rosa ficou algum tempo na capital do Espírito Santo e
só voltou quando acabou o pouco dinheiro
que ganhara na excursão (pois sua mãe suspendera definitivamente as
remessas).
AS PASTORINHAS
“Noel era o tipo
de sujeito que se dava com todo mundo”, afirma seu amigo e caricaturista
Antônio Nássara. Além disso, sua facilidade para fazer versos e rimas atraía
sempre novos parceiros. Obras-primas surgiram de seu único trabalho com Heitor dos Prazeres ( PIERRÔ APAIXONADO),
com Orestes Barbosa (POSITIVISMO), com
André Filho (FILOSOFIA), e Rubens Soares (É BOM PARAR). Hervê Cordovil,
Lamartine Babo e João de Barro (PASTORINHAS) foram constantes parceiros em
músicas de carnaval. Mesmo com Kid Pepe, boxeador famoso por ameaçar locutores
de rádio, Noel fez O ORVALHO VEM CAINDO
e TENHO RAIVA DE
QUEM SABE, esta última , ao ser gravada,
foi apresentada como sendo de Pepe e Zé Pretinho. Por ter reclamado, Almirante conta que “Noel acabou levando um bofetão
de Pretinho”. A resposta não demorou:
Noel fez o samba SÉCULO DO PROGRESSO, onde “o revólver teve ingresso pra acabar
com a valentia”.
PIERRÔ APAIXONADO
FONTE: Nova
História da Música Popular Brasileira –
Abril Cultural – 1976
FOTOS: Google
VÍDEOS: Youtube
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