quinta-feira, 21 de março de 2019

HECKEL TAVARES - DAS REVISTAS MUSICAIS ÀS CANÇÕES FOLCLÓRICAS


Com MEXERICOS, Luiz Peixoto aproximou-se de Hekel Tavares e, além de acompanhá-lo em suas viagens pelo Brasil, foi seu mais assíduo parceiro musical. Juntos fizeram em 1927: FELICIDADE, TENHO RAIVA DE VOCÊ e SUSSUARANA (toada sertaneja que logo se transformou no primeiro grande sucesso  popular da dupla).  Nesse mesmo ano SUSSUARANA  teve duas gravações: uma com Stefana Macedo e outra com Gastão Formenti, que ainda gravou SABIÁ, FELICIDADE e PAPAIZINHO (esta em parceria com Joracy Camargo), acompanhado ao piano pelo próprio Heckel. 


  
SUSSUARANA - MARIA BETÂNIA
Produzido por Maria Bethânia, com direção musical de Jaime Alem, Brasileirinho tem as participações especiais dos poetas Ferreira Gullar e Denise Stoklos, do grupo instrumental mineiro Uakti, do grupo de choro Tira Poeira e das cantoras Miúcha e Nana Caymmi.

Francisco Aves, por sua vez, gravou  o foxtrote MOLEQUE NAMORADOR (letra de Joracy). É também de 1927 o arranjo de Hekel  para a música folclórica  SAPO CURURU.
Esse ritmo intenso de trabalho caracterizou praticamente toda a carreira musical de Hekel Tavares. Em 1928 compôs NOSSO TEMPO DE COLÉGIO, ERA AQUILO SÓ, CASA DE CABOCLO (estas com Luiz Peixoto) e O BOIADEIRO.  CASA DE CABOCLO tornou-se um clássico de nosso cancioneiro popular e, assim como SAPO CURURU  e O BOIADEIRO, foi originalmente gravada na Parlophon por Gastão Formenti, com acompanhamento do próprio Hekel ao piano. No ano seguinte ele compôs CHOVE CHUVA (com Ascenso Ferreira ) e preparou um arranjo para a melodia folclórica ENGENHO NOVO. Em dupla com Luiz Peixoto fez NA MINHA TERRA e AZULÃO (gravada pela primeira vez por Paraguassu).  NO PEJI DE OXÓSSI e PRA SINHAZINHA DRUMI são de 1930.
No início da nova década Hekel Tavares já era um compositor famoso. Esse sucesso  resultou em parte de seu interesse em aproximar-se das manifestações populares mais puras, simples, ingênuas até. Suas canções conservaram sempre o despojamento próprio das toadas sertanejas que as inspiravam.
Em 1930 ele participava pela última vez de uma revista musical: CIRANDA, CIRANDINHA, de Joracy Camargo, onde foi responsável  pela fantasia musical NA CONFUSÃO DOS SONS;  dessa fantasia, Gastão Formenti  gravou MARIA ROSA pela Brunswick. Ainda com Joracy, Hekel compôs FAVELA, LEILÃO e GUACYRA, pela Victor naquele mesmo ano. Jorge Fernandes registrou  LEILÃO,  O QUE EU QUERIA DIZER AO TEU OUVIDO (letra de Mendonça Júnior) e BANZO (letra de Murillo Araújo). Em 1952  FAVELA  reviveria o antigo sucesso na voz de Silvio Caldas.




GUACYRA
MAZZAROPI
UM CAIPIRA EM BARILOCHE

Em 1934, a cantora Elisa Coelho gravou três canções de Hekel Tavares:  COCO DE MINHA TERRA(também conhecida como BIÁ-TÁ-TÁ) com letra de Jorge D’Altavilla; HUMAYTÁ  e DANÇA NEGRA, com letra de Sodré Vianna. Luiz Peixoto continuou fornecendo temas como NO MOGI-MIRIM (1937), DEDO MINDINHO  e CANTIGA DE NOSSA SENHORA (1939), ME DEU VONTADE CHORAR (1940)  e CABOCLO BOM (letra de Raul Pederneiras, 1940).




A obra popular de Hekel Tavares compreende mais de cem composições. É a canção da terra, sempre revivida. Começou com Gastão Formenti, o principal intérprete de sua primeira fase, quando a música de Hekel saía dos teatros para o rádio e ecoava pelos terraços, nos serões; depois, ela percorreu as décadas de 50 e 60  na voz possante de Inesita Barroso, para chegar, carregada de história aos anos 70 e mais uma vez renascer, com a mesma cor, com a mesma força; em 1973 o Grupo Raízes gravava Leilão e, em 1976, Casa de Caboclo.






CASA DE CABOCLO - GRAVAÇÃO GASTÃO FORMENTI

HEKEL TAVARES - CHIQUINHA GONZAGA - LUIZ PEIXOTO - 

Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira
           Abril Cultural - 1979
Fotos: Google
Músicas: Youtube

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