quinta-feira, 13 de setembro de 2012

VELHOS E NOVOS DA MÚSICA CAIPIRA- CAPITÃO FURTADO


CAPITÃO FURTADO (ARIOWALDO PIRES)

"Passei a infância ouvindo a primeira geração da Música Sertaneja: Cornélio Pires, Capitão Furtado, entre outros. Eles são o facão, a enxada e a foice que abriu a picada" (comentário de Lourival dos Santos - excelente Compositor da nossa Música Caipira Raiz). 
Sobrinho de Cornélio Pires, Ariowaldo Pires, CAPITÃO FURTADO, nasceu em Tietê, São Paulo no dia 31 de Agosto de 1907 e faleceu em São Paulo – SP no dia 10 de Novembro de 1979.
Tietê foi, na verdade, uma cidade do interior paulista que contribuiu bastante para a boa Música Brasileira de um modo geral porque, além de  Ariowaldo Pires, e seu tio Cornélio, também em 1907 nasceu na mesma cidade o compositor erudito Mozart Camargo Guarnieri (além de trilhar pelos caminhos de composição de uma “Música Erudita verdadeiramente brasileira”, como já tinha sido feito por Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri pai do ator e teatrólogo Gianfrancesco Guarnieri. Tietê também nos deu o compositor Fernando Lobo, que ficou conhecido pelo pseudônimo de Marcelo Tupinambá (1880-1953); Fernando Lobo também já havia adotado os pseudônimos de Samuel de Maio e Pedro Gil, entre outros.  
Enquanto Ariowaldo estudava, o tio Cornélio já residia na “ Terra da Garoa” e já estava se tornando conhecido pelos livros que escrevia e também pelas suas atividades como “ militante caipira”. Ainda na adolescência, Ariowaldo captava o som das ruas em Botucatu, São Paulo, onde os violeiros, tropeiros e seresteiros misturavam os sons rurais com os batuques e congadas dos escravos que tinham acabado de conquistar a liberdade.
Ariowaldo também conviveu com a estreia da famosa toada "Tristezas do Jeca" de Angelino de Oliveira,  já que seu pai era zelador do Clube 24 de Maio no centro de Botucatu. Foi lá que, em 1918, quando o sobrinho de Cornélio Pires contava com seus 11 anos, o próprio Angelino de Oliveira apresentou a toada ao público pela primeira vez, a qual recebeu calorosos aplausos, e foi “bisada” umas seis vezes.
Em 1926, com 19 anos, um novo rumo: a Paulicéia Desvairada! A capital paulista, onde Ariowaldo passou a morar, trouxe novas oportunidades, algumas das quais inesperadas: o curso de inglês        (pois Ariowaldo visava melhores cargos no departamento de vendas da empresa onde trabalhava), que fez com o que tio Cornélio o convidasse para acompanhá-lo à gravadora Colúmbia. Apenas três meses do curso de inglês serviram para a intermediação das negociações com Wallace Downey, supervisor artístico da Colúmbia em São Paulo, onde foram feitas as gravações dos primeiros discos de música caipira em 1929. Downey convidou Ariowaldo para secretariá-lo e, como cinema fazia parte dos projetos da Colúmbia, em 1931, Ariowaldo foi assistente de produção do filme “ Coisas Nossas” que contou com a participação de JARARACA E RATINHO, a famosa dupla que vivia no Rio de Janeiro ( vale lembrar que  “Saxofone, por que Choras?” é composição de Ratinho.
Ariowaldo tinha algumas ligeiras noções de Violão, mas mesmo assim compôs um total superior a 1000 letras de músicas, segundo seu próprio depoimento, sendo que umas 350 foram gravadas. Espera-se que “inéditas de Ariowaldo Pires” ainda possam ser gravadas e lançadas no mercado fonográfico, para que possamos conhecer melhor  a riqueza musical por ele deixada. Também foi coordenador do primeiro programa de calouros de que se tem notícia (o qual era apresentado na Rádio Cruzeiro do Sul em São Paulo-SP e também no Rio de Janeiro-RJ), programa esse que, dentre outros, nos revelou o famosíssimo "Poeta do Bexiga" João  Rubinato, o Adoniram Barbosa.   Em 1934, Cornélio Pires já estava na Rádio São Paulo, na Capital Paulista, com seus comentários bem humorados sobre fatos do cotidiano. Ariowaldo também já tinha adotado o pseudônimo de Capitão Prudêncio Pombo Furtado, ou simplesmente Capitão Furtado nome com o qual passou a assinar suas composições. Além de querer evitar as inevitáveis comparações com o tio Cornélio que tinha o mesmo sobrenome, Ariowaldo dizia que não poderia jamais menosprezar sua gente, escolhendo um “nome ridículo” por isso, o nome “ Capitão”. Por outro lado, ele também escolheu “Furtado”, de propósito, pois havia sido lesado quando da mudança de uma emissora de rádio para outra. Além disso, o próprio Capitão Furtado mencionou nos anos 70 que, quanto ao recebimento do pagamento dos Direitos Autorais, ele “não era furtado, mas furtadíssimo...”
Capitão Furtado também foi parceiro de  Alvarenga e  Ranchinho, dupla na época famosa pelos seus shows que alternavam piadas com música, a exemplo de Jararaca e Ratinho. "Itália e Abissínia", "Horóscopo" e "Liga dos Bichos" são alguns exemplos de excelentes composições da famosa parceria. Também foram parceiros de Ariowaldo Pires, dentre outros, os compositores Marcelo Tupinambá (também Tieteense como Ariowaldo), João Pacífico, Raul Torres, Laureano, Nhô Pai, Palmeira, Piraci, Moreno, Roberto Stanganelli, Tonico e Tinoco e muitos outros.
E não foi só na Música Caipira que Ariowaldo deixou sua maravilhosa Herança Musical: em parceria com Henrique Simonetti compôs a marcha "Brasília, Capital da Esperança" considerada como o Hino da   
Capital Federal.
Em 1939, o Capitão Furtado já estava na Rádio Difusora de são Paulo com seu programa “Arraial da Curva Torta”, nas tardes de Domingo, que permaneceu no ar durante 12 anos, e nesse período revelou-nos diversos talentos, dentre os quais as irmãs Rosalinda e Florisbela ( a famosíssima apresentadora Hebe Camargo e sua irmã Estela), além do acordeonista “italiano naturalizado caipira” Mario Zan, e o sambista Blecaute, que ganhou esse apelido do Capitão Furtado, “criticando” os racionamentos de energia que eram comuns no Brasil durante a segunda guerra mundial.


AVE MARIA DO SERTANEJO - TRIO SUL A NORTE E CAPITÃO FURTADO


Fonte: Google – site: www.boamusicaricardinho.com – site que se preocupa com a preservação da Memória Musical Brasileira com ênfase especial à nossa Música Caipira Raiz!  
Vídeo: youtube

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