quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SÍMBOLOS NATAL III - OS TRÊS REIS MAGOS - O SONHO DE HERODES

OS TRÊS REIS MAGOS

BALTAZAR 

Seu reino era um país muito distante de Jerusalém, do lado onde nasce o Sol. Há muito morrera o último sacerdote do templo que jazia em ruínas. Baltazar gostava de fitar o céu quando as noites eram particularmente claras, para passar horas fitando as constelações, à espera de um sinal que ele, em sonhos, sabia que viria. No sonho de Baltazar, uma criança lhe disse: “quando me vires na estrela, a Hora estará próxima!”
Uma noite, Baltazar sentou-se sobre uma pedra e de repente uma grande luz iluminou aquele local e um perfume de incenso começou a se desprender dos campos. Baltazar ouviu a voz da criança, que vinha de uma imensa estrela no céu, dizendo: “aproxima-se a hora! Eis-me aqui!”
Baltazar preparou o camelo e pensou no presente que poderia levar para aquela criança encantada. Resolveu levar um dos últimos incensos preciosos que lhe restara. A lua descia por trás do morro do templo e no oriente a aurora começava a tingir o céu.

MELCHIOR

No sul do Oriente reinava Melchior, em um país destroçado pela guerra. Sem saber como resolver a situação, Melchior resolveu convocar os nobres  de todas as regiões para discutir  o que poderia ser feito para restituir a paz e a tranquilidade ao país. Sentado sozinho  no salão onde deveria acontecer a reunião, Melchior adormeceu e teve um sonho: todas as figuras dos brasões e os animais que adornavam os espaldares das cadeiras tomavam vida e devoravam um banquete. De repente, uma estrela saída de um brasão circulava por  toda a sala fazendo com que tudo voltasse ao normal.
No momento da reunião, Melchior teve uma visão:  o fundo de uma taça se abriu, mostrando uma pequena caverna. Nesta, estava uma criancinha, que tinha uma estrela por cima da cabeça. Ela saudava Melchior: “segue esta estrela, Melchior, pois ela trará à Terra a verdadeira paz.”
Achando que o rei estava dormindo, os cavaleiros abandonaram a sala. Melchior acordou, foi até a janela e lá estava a estrela que brilhara no fundo da taça, agora brilhando no céu. Acreditando que a criança deveria nascer filha de um rei, Melchior pegou a taça de ouro e pensou: “aqui está o meu presente real.” E partiu cavalgando pela noite afora.


GASPAR

Vivia na África um rei negro chamado Gaspar. O sol queimava sua terra e muitas vezes passavam-se meses sem uma única gota de chuva. Nas regiões áridas não era possível nenhum tipo de vida, mas havia um rio que foi dividido em canais e que alimentava o povo e as colheitas. O rio nascia nas montanhas e passava bem no centro do país de Gaspar. O povo negro que se instalara nas margens do rio aproveitava suas águas para irrigar as plantações: frutas suculentas, pasto para o gado. Desde os tempos antigos, tinham o costume de, na época da lua cheia, abençoar a água do rio, e dar graças ao deus do rio pelas dádivas que cresciam do solo úmido.
Mas as secas começaram a piorar ano após ano e um único lugar ainda tinha água: o chafariz do rei Gaspar, que abriu os portões para o povo, deixando que aliviassem sua sede no poço especialmente profundo. Mas a água do poço também terminou. Naquela noite, Gaspar não conseguiu dormir; de madrugada, cansado, adormeceu e teve um sonho: ele caia dentro do poço. Na queda, ele se agarrava ao único pé de mirra que havia em todo o reino, que nascia exatamente dentro do poço, devido a umidade. Ao agarrar-se viu a água brotar do poço e uma estrela  com uma criança, adormecida. Naquele dia, levou seu povo ao pé da montanha e orou com muita força. Nuvens se formaram e sobreveio uma grande chuva.  Em meio à chuva, era visível uma imensa estrela, no topo da montanha, semelhante à que Gaspar vira no sonho.
No dia seguinte, Gaspar pegou um lindo bauzinho e foi até o pé de mirra, último arbusto vivo, dentro do poço e arrancou alguns galhos da resina aromática. Preparou seu melhor camelo e seguiu a estrela, sem saber para onde ela o conduziria.



OS TRÊS REIS SE ENCONTRAM

Os três chegaram perto da cidade de Jerusalém, governada pelo rei Herodes. Estavam cada vez mais perto uns dos outros, sem se dar por isso.  Ao se aproximarem do Monte Gólgota, uma neblina misteriosa tomou conta de tudo, tão densa que impedia a visão do caminho e a luz da estrela. Eles apearam de seus camelos e esperaram, sentindo uma estranha tristeza. Anos mais tarde, uma crucificação aconteceria ali...
Ao amanhecer a neblina se foi e lá estavam eles, um na frente do outro. Três viajantes! Cumprimentaram-se, cada um falou de si e entenderam admirados, que estavam seguindo o mesmo sinal, a mesma estrela, procurando a mesma criança. Abraçaram-se felizes.
Mas... eis que não viam mais estrela nenhuma. Preocupados, pensaram que talvez estivessem bem perto do seu destino, e se dirigiram para o castelo do rei da cidade próxima, Jerusalém.


O SONHO DE HERODES

Enquanto isso Herodes se debatia na cama, tendo um terrível pesadelo.  Ele sonhava que um poderoso rei estrangeiro invadia seu país e seu exército era derrotado fragorosamente. Só que não se viam armas na mão do exército inimigo, e sim luzes poderosas, que aniquilavam qualquer resistência, qualquer vontade de lutar. Ele queria erguer-se e fugir, mas as forças o abandonavam. Um rei desconhecido vinha em sua direção irradiando muita luz. Acordou em pânico, suando frio, quando seu servo anunciou que três reis de países distantes estavam no palácio, querendo falar com ele.
Herodes desceu, desconfiado.


HERODES E OS TRÊS REIS

Os três reis reverenciaram Herodes e perguntaram se algum novo rei havia nascido ali.
“Nós vimos sua estrela, e ela nos conduziu até aqui”, disseram. Herodes mandou chamar os sábios do reino, mas nenhum sabia nada sobre a chegada de uma criança como os reis procuravam. Um deles, porém,  lembrou-se que os livros antigos falavam da vinda de um Messias, que nasceria em Belém.
Herodes então declarou aos três reis: “ide e procurai diligentes pelo Menino; quando o tiverdes encontrado, voltai ao meu palácio e informai-me onde posso encontrá-lo, pois quero ir também venerá-lo”. O seu coração, porém estava em fúria, prometendo destruir a criança assim que a encontrasse.
Assim que saíram do palácio, a estrela apareceu novamente, orientando o caminho, conduzindo-os a Belém.








OS REIS ENCONTRAM A CRIANÇA

A estrela parou sobre um estábulo, num campo diante de uma gruta. Seu brilho aumentou. Os reis perceberam a pobreza do local, mas apearam de seus camelos, entrando no estábulo. Uma luz divina iluminava o ambiente. Viram a criança e a mãe, envoltas em luz. A alegria foi tão grande que caíram de joelhos, beijando o chão. Melchior pegou a taça de ouro e disse:

“ATÉ HOJE SOMENTE REIS BEBERAM NESTA TAÇA. AGORA ELA SERA ILUMINADA PELA TUA LUZ. ACEITA O OURO!”

Baltazar em seguida entregou o incenso dizendo:

“CRIANÇA DIVINA! TRAGO-TE O INCENSO, DO MESMO QUE ERA QUEIMADO NOS RITUAIS SAGRADOS DO VELHO TEMPLO DA MONTANHA. ABRE-NOS UMA NOVA ERA!”

O rei Negro, Gaspar, ofereceu a mirra dizendo:

“MENINO DA ESTRELA! ACEITA A MIRRA QUE NASCEU NO POÇO QUE CONTINHA A ÚLTIMA ÁGUA. SOB TUA LUZ, A FONTE DA VIDA VIA RECOMEÇAR A FLUIR!”

Os três reis então tiveram uma visão sobre tudo o que aconteceria daí por diante. Suas almas elevadas assistiram a sermões, a vida de Cristo, sua crucificação,  morte e a ressurreição no terceiro dia. Quando se levantaram, eram homens diferentes. Despediram-se e sentiram que agora a luz da estrela estava nos seus corações. Retornando a Jerusalém pararam para descansar antes de falar com Herodes, mas um anjo apareceu aos três, em sonho, e lhes disse que não voltassem ao palácio de Herodes, pois ele tencionava fazer mal à criança. Afastaram-se então e levaram a boa nova aos seus países, partindo depois para um retiro espiritual no alto das montanhas, vivendo ali em fraternidade.

Fonte: Os Três reis e o Quarto rei – Jacob Streit – edições Waldorf.
Imagens: Google



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