OS TRÊS REIS MAGOS
BALTAZAR
Seu reino era um país muito
distante de Jerusalém, do lado onde nasce o Sol. Há muito morrera o último
sacerdote do templo que jazia em ruínas. Baltazar gostava de fitar o céu quando
as noites eram particularmente claras, para passar horas fitando as
constelações, à espera de um sinal que ele, em sonhos, sabia que viria. No
sonho de Baltazar, uma criança lhe disse: “quando me vires na estrela, a Hora
estará próxima!”
Uma noite, Baltazar sentou-se
sobre uma pedra e de repente uma grande luz iluminou aquele local e um perfume
de incenso começou a se desprender dos campos. Baltazar ouviu a voz da criança,
que vinha de uma imensa estrela no céu, dizendo: “aproxima-se a hora! Eis-me
aqui!”
Baltazar preparou o camelo e
pensou no presente que poderia levar para aquela criança encantada. Resolveu
levar um dos últimos incensos preciosos que lhe restara. A lua descia por trás
do morro do templo e no oriente a aurora começava a tingir o céu.
MELCHIOR
No sul do Oriente reinava
Melchior, em um país destroçado pela guerra. Sem saber como resolver a
situação, Melchior resolveu convocar os nobres
de todas as regiões para discutir
o que poderia ser feito para restituir a paz e a tranquilidade ao país.
Sentado sozinho no salão onde deveria
acontecer a reunião, Melchior adormeceu e teve um sonho: todas as figuras dos
brasões e os animais que adornavam os espaldares das cadeiras tomavam vida e
devoravam um banquete. De repente, uma estrela saída de um brasão circulava por toda a sala fazendo com que tudo voltasse ao
normal.
No momento da reunião,
Melchior teve uma visão: o fundo de uma
taça se abriu, mostrando uma pequena caverna. Nesta, estava uma criancinha, que
tinha uma estrela por cima da cabeça. Ela saudava Melchior: “segue esta estrela,
Melchior, pois ela trará à Terra a verdadeira paz.”
Achando que o rei estava
dormindo, os cavaleiros abandonaram a sala. Melchior acordou, foi até a janela
e lá estava a estrela que brilhara no fundo da taça, agora brilhando no céu.
Acreditando que a criança deveria nascer filha de um rei, Melchior pegou a taça
de ouro e pensou: “aqui está o meu presente real.” E partiu cavalgando pela
noite afora.
GASPAR
Vivia na África um rei negro
chamado Gaspar. O sol queimava sua terra e muitas vezes passavam-se meses sem
uma única gota de chuva. Nas regiões áridas não era possível nenhum tipo de
vida, mas havia um rio que foi dividido em canais e que alimentava o povo e as
colheitas. O rio nascia nas montanhas e passava bem no centro do país de
Gaspar. O povo negro que se instalara nas margens do rio aproveitava suas águas
para irrigar as plantações: frutas suculentas, pasto para o gado. Desde os
tempos antigos, tinham o costume de, na época da lua cheia, abençoar a água do
rio, e dar graças ao deus do rio pelas dádivas que cresciam do solo úmido.
Mas as secas começaram a
piorar ano após ano e um único lugar ainda tinha água: o chafariz do rei
Gaspar, que abriu os portões para o povo, deixando que aliviassem sua sede no
poço especialmente profundo. Mas a água do poço também terminou. Naquela noite,
Gaspar não conseguiu dormir; de madrugada, cansado, adormeceu e teve um sonho:
ele caia dentro do poço. Na queda, ele se agarrava ao único pé de mirra que
havia em todo o reino, que nascia exatamente dentro do poço, devido a umidade.
Ao agarrar-se viu a água brotar do poço e uma estrela com uma criança, adormecida. Naquele dia,
levou seu povo ao pé da montanha e orou com muita força. Nuvens se formaram e
sobreveio uma grande chuva. Em meio à
chuva, era visível uma imensa estrela, no topo da montanha, semelhante à que
Gaspar vira no sonho.
No dia seguinte, Gaspar pegou
um lindo bauzinho e foi até o pé de mirra, último arbusto vivo, dentro do poço
e arrancou alguns galhos da resina aromática. Preparou seu melhor camelo e seguiu
a estrela, sem saber para onde ela o conduziria.
OS TRÊS REIS SE ENCONTRAM
Os três chegaram perto da
cidade de Jerusalém, governada pelo rei Herodes. Estavam cada vez mais perto
uns dos outros, sem se dar por isso. Ao
se aproximarem do Monte Gólgota, uma neblina misteriosa tomou conta de tudo,
tão densa que impedia a visão do caminho e a luz da estrela. Eles apearam de
seus camelos e esperaram, sentindo uma estranha tristeza. Anos mais tarde, uma
crucificação aconteceria ali...
Ao amanhecer a neblina se foi
e lá estavam eles, um na frente do outro. Três viajantes! Cumprimentaram-se,
cada um falou de si e entenderam admirados, que estavam seguindo o mesmo sinal,
a mesma estrela, procurando a mesma criança. Abraçaram-se felizes.
Mas... eis que não viam mais
estrela nenhuma. Preocupados, pensaram que talvez estivessem bem perto do seu
destino, e se dirigiram para o castelo do rei da cidade próxima, Jerusalém.
O SONHO DE HERODES
Enquanto isso Herodes se
debatia na cama, tendo um terrível pesadelo.
Ele sonhava que um poderoso rei estrangeiro invadia seu país e seu
exército era derrotado fragorosamente. Só que não se viam armas na mão do
exército inimigo, e sim luzes poderosas, que aniquilavam qualquer resistência,
qualquer vontade de lutar. Ele queria erguer-se e fugir, mas as forças o
abandonavam. Um rei desconhecido vinha em sua direção irradiando muita luz.
Acordou em pânico, suando frio, quando seu servo anunciou que três reis de
países distantes estavam no palácio, querendo falar com ele.
Herodes desceu, desconfiado.
HERODES E OS TRÊS REIS
Os três reis reverenciaram
Herodes e perguntaram se algum novo rei havia nascido ali.
“Nós vimos sua estrela, e ela
nos conduziu até aqui”, disseram. Herodes mandou chamar os sábios do reino, mas
nenhum sabia nada sobre a chegada de uma criança como os reis procuravam. Um
deles, porém, lembrou-se que os livros
antigos falavam da vinda de um Messias, que nasceria em Belém.
Herodes então declarou aos
três reis: “ide e procurai diligentes pelo Menino; quando o tiverdes
encontrado, voltai ao meu palácio e informai-me onde posso encontrá-lo, pois
quero ir também venerá-lo”. O seu coração, porém estava em fúria, prometendo
destruir a criança assim que a encontrasse.
Assim que saíram do palácio,
a estrela apareceu novamente, orientando o caminho, conduzindo-os a Belém.
A estrela parou sobre um
estábulo, num campo diante de uma gruta. Seu brilho aumentou. Os reis
perceberam a pobreza do local, mas apearam de seus camelos, entrando no estábulo.
Uma luz divina iluminava o ambiente. Viram a criança e a mãe, envoltas em luz.
A alegria foi tão grande que caíram de joelhos, beijando o chão. Melchior pegou a taça de ouro e disse:
“ATÉ HOJE SOMENTE REIS BEBERAM NESTA TAÇA. AGORA ELA
SERA ILUMINADA PELA TUA LUZ. ACEITA O OURO!”
Baltazar em
seguida entregou o incenso dizendo:
“CRIANÇA DIVINA! TRAGO-TE O INCENSO, DO MESMO QUE ERA
QUEIMADO NOS RITUAIS SAGRADOS DO VELHO TEMPLO DA MONTANHA. ABRE-NOS UMA NOVA
ERA!”
O rei Negro, Gaspar, ofereceu a mirra dizendo:
“MENINO DA ESTRELA! ACEITA A MIRRA QUE NASCEU NO POÇO
QUE CONTINHA A ÚLTIMA ÁGUA. SOB TUA LUZ, A FONTE DA VIDA VIA RECOMEÇAR A
FLUIR!”
Os três reis então tiveram
uma visão sobre tudo o que aconteceria daí por diante. Suas almas elevadas assistiram
a sermões, a vida de Cristo, sua crucificação,
morte e a ressurreição no terceiro dia. Quando se levantaram, eram
homens diferentes. Despediram-se e sentiram que agora a luz da estrela estava
nos seus corações. Retornando a Jerusalém pararam para descansar antes de falar
com Herodes, mas um anjo apareceu aos três, em sonho, e lhes disse que não
voltassem ao palácio de Herodes, pois ele tencionava fazer mal à criança.
Afastaram-se então e levaram a boa nova aos seus países, partindo depois para um
retiro espiritual no alto das montanhas, vivendo ali em fraternidade.
Fonte: Os Três reis e o
Quarto rei – Jacob Streit – edições Waldorf.
Imagens: Google
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