Houve um tempo em que as
pessoas acreditavam que as árvores possuíam alma. Quando chegava o outono e as
árvores perdiam as suas folhas, eles achavam que o espírito-árvore as havia
abandonado, e se nada fosse feito, a alma da árvores não retornaria na
primavera e as árvores não produziriam nem flores nem frutos.
Para encorajar os espíritos a
voltarem para as árvores, essas eram enfeitadas com pedrinhas pintadas e
tecidos coloridos, no inverno. Isso funcionava e as árvores explodiam de vida a
cada primavera.
Foram os alemães que
iniciaram o costume de cortar uma pequena árvore e trazê-la para dentro de casa
e aí a decoração se tornou mais sofisticada. Isso se espalhou pela Europa e no
final da época vitoriana a tradição das árvores de Natal se disseminara por
todo o mundo ocidental.
No começo eram usadas
sempre-vivas, plantas consideradas especiais, que como o nome diz, estão sempre
verdinhas, mesmo no inverno: o alecrim,
o visgo, o azevinho, o pinheiro.
O tradicional pinheiro alemão
ficou como o símbolo das árvores de Natal. Acredita-se que a primeira pessoa
que decorou uma árvore de Natal na Alemanha foi Martinho Lutero (1483-1546), o
responsável pela reforma da Igreja.
Caminhava ele por uma floresta de
pinheiros na noite de Natal, quando divisou milhares de estrelas brilhando
através dos galhos cobertos de neve. A
beleza daquele quadro o deixou embevecido. Cortou um galho de pinheiro, levou
para casa e o enfeitou com velas acesas para que seus filhos compartilhassem do
espetáculo que se desenrolava do lado de fora da casa. A árvore de Natal
tornou-se então um símbolo de esperança, paz e alegria. Foi trazida para a
América por imigrantes alemães na época colonial.
Desde então o pinheirinho de
Natal está presente em todas as casas, mesmo as mais pobres, às vezes,
simbolizado por um galho seco decorado com isopor. E assim a alma da árvore
sempre estará presente, trazendo esperança e reverenciando o nascimento do
Menino Jesus.
A ÁRVORE DE NATAL
IZILDA VIRGINIA - 1989
Na rua em que eu passei,
tinha uma vitrina
na loja da esquina, e uma
Árvore de Natal.
A Árvore de Natal era bem
grande, espessa,
como se fosse um pinheiro
natural.
Mas era branca, de papel
crepom
e de uma neve artificial.
Carregada de bolas coloridas.
Parei e olhei para a árvore
branca, tão bonita.
E pensei que nada foi mais
importante na infância
do que a Árvore de Natal.
Ela chegava muito tempo
antes
do Papai Noel,
e ficava ali quietinha, à
distância,
com bolinha de vidro que
corta,
com enfeite de papel que
amassa
e ninguém podia tocar-lhe.
Mas como tocava a gente...
Cada hora que passava,
e a hora não passava nada,
A criançada ficava
diante da
árvore enfeitada,
esperando o grande dia.
Quanta alegria! Quanta
cumplicidade!
E quando alguém nos dizia que
Papai Noel não trazia
Nem brinquedo, nem presente,
se fosse desobediente,
A gente sabia... Não era
verdade!
Quando chegava à noite, o mistério acontecia...
Lá do fundo do seu tronco,
Correndo de galho em galho
De baixo pra cima, de cima
pra baixo,
Tanta luz aparecia.
Com o olhar desconfiado,
apesar de muito medo,
A gente chegava perto, a
gente tocava o dedo,
E começava a partilha:
- aquele duende tem dono. O
carneirinho era seu.
A bola pequenininha passava a
ser minha filha.
E saía a discussão, não se
chegava a um acordo:
- aquela bolinha eu não
gosto, está velha e descascada.
- esta verde é mais bonita,
todinha com brilho novo,
Aproxime-se e veja a sua cara
de ovo,
bem disforme e engraçada!
- Bote a língua de fora,
assim: Hã!
- parece fina e enrolada!!!
O sino que não tinha som tocava em nossos ouvidos:
Din-don – toda manhã.
A bota de um lado só, a neve
no dia quente,,
Tinha até um esquimó com seu
iglu transparente.
O coração de cetim bordado
com renda preta
Tinha gravado em carmim,
tão
difícil para mim, compreender suas letras:
MERRY CHRISTMAS.
No topo ficava o pino, que ninguém nunca
alcançava,
Debaixo dele o Menino de
Nazaré balançava,
No colo da Mãe Maria.
Anjinhos com asas vazadas.
Caixinhas, dentro, vazias.
Guirlandas, renas, trenó,
Velas multicoloridas,
tingidas com giz de cera,
E uma bengala listrada, que
eu nunca entendi por quê?!!
( Papai Noel não era
manco!!!).
Quanto encanto!
Na raiz, o presépio
pobrezinho
com seu telhado rachado,
E o Menino Jesus, num manto
branquinho,
enrolado, sorria...
A vaquinha, o burrinho, a
galinha, o galinho,
O patinho, carneirinho,
cabritinho, cavalinho,
A vaquinha, o burrinho, ih! –
a gente até se perdia...
A alegria era tanta no rosto
dos três Reis Magos,
Baltazar, Melchior, Gaspar,
ficavam sempre de lado,
Com as mãos cheínhas de ouro,
com o olhar buscando lá em cima
O caminho de Belém, na
estrela de purpurina.
Na rua em que eu passei tinha
uma vitrina
na loja da esquina... E uma
Árvore de Natal.
A árvore era branca, como a
paz que imaginamos...
E parecia um pinheiro
natural, qual a felicidade que buscamos...
Mas era feita de papel crepom, onde embrulhamos tantos
desenganos...
Carregada de bolas coloridas,
frágeis como nossas vidas.
Fonte: A Gazeta – 21/12/1961
Natal – Biba Arruda – Mirna Grzich
Fotos Yara Virginia
Fotos Yara Virginia
Poema: Izilda Virginia
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