“(...) um dos maiores compositores do século XX, porque
soube exprimir, por meio de sua música, a imensa diversidade de seu país natal,
o Brasil. Além disso, sua música é compreendida pelos povos de todos os países
porque é universal. O mundo Musical enriqueceu-se com sua obra “ L. STOKOWSKI.
Desde a época colonial, fez-se muita
música “erudita” no Brasil e um dos traços marcantes dessa produção foi a
obediência aos modelos europeus. A partir de meados do século XIX, no entanto,
muitos compositores, como Alexandre Levy e Alberto Nepomuceno tentaram criar
uma arte musical especificamente brasileira. Mas, somente no século XX o
nacionalismo conseguiu se impor como uma verdadeira escola musical e VILLA-LOBOS foi sua figura de maior projeção.
.Em 1759, na Bahia, um compositor
anônimo escrevia RECITATIVO E ÁRIA, laudatória
para canto, violinos e baixo contínuo, que demonstra que o Brasil já possuía,
nessa época, compositores dotados de cultura erudita, capaz de frutificar
através de obras bem acabadas. E, a partir da segunda metade do século XVIII,
as principais cidades brasileiras viram surgir não apenas teatros de óperas,
como também corporações e confrarias religiosas que passaram a produzir
importante soma de partituras mais ou menos calcadas em modelos do Barroco e do
Classicismo europeus.
Nas cidades mineiras enriquecidas pelo ciclo do ouro
fazia-se muita música e ali notabilizaram-se compositores como José Joaquim
Emerico Lobo de Mesquita, Marcos coelho Neto, Francisco Gomes da Rocha e Inácio
Parreiras Neves.
Em São Paulo, por sua vez, surgiu André da Silva
Gomes, cujas partituras foram descobertas pelo musicólogo Régis Dupprat. Mas,
entre todos esses músicos do período colonial, sobressai a figura do Padre José
Maurício Nunes Garcia (1767-1830), natural do Rio de Janeiro, autor de extensa
produção - quase toda dedicada ao gênero sacro – que revela influências do
classicismo vienense, sobretudo o de Haydn.
Dos autores do século XIX, o primeiro a se
notabilizar foi Francisco Manuel da Silva (1795-1865) autor do HINO NACIONAL,
de música dramática, religiosa e modinhas de grande aceitação popular; sua
importância foi considerável, sobretudo como pedagogo e animador da vida
musical na corte. Depois dele surgiu a grande figura de Carlos Gomes (1836-1896), sem dúvida o primeiro a ganhar destaque fora
do país. Seguiram-se vários outros músicos de valor, como João Gomes de Araújo
(1846-1943), autor da ópera Maria
Petrovna; Leopoldo Miguez (1850-1902 criador de sinfonias, poemas sinfônicos e uma
ópera – Os Saldunes – com libreto de
Coelho Neto; Henrique Oswald ( 1852-1931), autor de excelentes peças para piano,
além da música de câmara e uma ópera; e Glauco Velásquez (1884-1914), falecido
muito jovem, mas que deixou obras de indiscutível valor. O traço dominante em
todos esses compositores é a obediência em maior ou menor grau, aos modelos
europeus.
Aos poucos uma consciência nacionalista procurou dar
feição própria à música brasileira, buscando inspiração nas fontes populares,
escolhendo temas da história pátria e criando libretos em língua
portuguesa. Na obra do Padre José
Mauricio, por exemplo, já existem elementos das modinhas brasileiras e, em
Carlos Gomes, encontra-se uma primeira tentativa consciente de criar uma arte
brasileira: suas primeiras óperas A Noite do Castelo e Joana de Flandres têm
libretos em português, e a temática de algumas de suas principais obras O
Guarani, O Escravo, embora com texto em italiano, é a do romantismo
nacionalista.
Nos meados do século XIX, Brasílio Itiberê (
1846-1913) desponta como um verdadeiro precursor, com a rapsódia para piano A Sertaneja, escrita entre 1863 e 1869.
Alexandre Levy (1864-1892) é outro nome importante na formação do nacionalismo
e grande parte da sua obra emprega melodias populares brasileiras e o
sentimento que anima interiormente suas composições é profundamente nacional. A
maior figura dessa época parece ter sido Alberto Nepomuceno (1864-1920),
considerado por Mário de Andrade “O mais intimamente nacional” de todos os
compositores que tentaram criar uma arte musical especificamente brasileira,
tendo conseguido introduzir nas salas de concerto a canção de câmara em língua
portuguesa.
No século XX, sobretudo depois da Semana de Arte
Moderna, realizada em 1922 em São Paulo, o nacionalismo musical firmou-se como
uma verdadeira escola estética nas obras de Luciano Gallet (1893-1931), Lorenzo
Fernández (1897-1948), Camargo Guarnieri (1907-1993 ), Francisco Mignone (1897-
1986) e outros. Mas, entre todos,
salientou-se HEITOR VILLA-LOBOS, artista que elevou o nacionalismo musical
brasileiro ao seu mais alto nível criativo, alcançando ampla repercussão
internacional.