sexta-feira, 17 de março de 2017

HEITOR VILLA-LOBOS - I






“(...) um dos maiores compositores do século XX, porque soube exprimir, por meio de sua música, a imensa diversidade de seu país natal, o Brasil. Além disso, sua música é compreendida pelos povos de todos os países porque é universal. O mundo Musical enriqueceu-se com sua obra “    L. STOKOWSKI.  




Desde a época colonial, fez-se muita música “erudita” no Brasil e um dos traços marcantes dessa produção foi a obediência aos modelos europeus. A partir de meados do século XIX, no entanto, muitos compositores, como Alexandre Levy e Alberto Nepomuceno tentaram criar uma arte musical especificamente brasileira. Mas, somente no século XX o nacionalismo conseguiu se impor como uma verdadeira escola musical e VILLA-LOBOS  foi sua figura de maior projeção.
.Em 1759, na Bahia, um compositor anônimo escrevia RECITATIVO E ÁRIA, laudatória para canto, violinos e baixo contínuo, que demonstra que o Brasil já possuía, nessa época, compositores dotados de cultura erudita, capaz de frutificar através de obras bem acabadas. E, a partir da segunda metade do século XVIII, as principais cidades brasileiras viram surgir não apenas teatros de óperas, como também corporações e confrarias religiosas que passaram a produzir importante soma de partituras mais ou menos calcadas em modelos do Barroco e do Classicismo europeus.
Nas cidades mineiras enriquecidas pelo ciclo do ouro fazia-se muita música e ali notabilizaram-se compositores como José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos coelho Neto, Francisco Gomes da Rocha e Inácio Parreiras Neves.
Em São Paulo, por sua vez, surgiu André da Silva Gomes, cujas partituras foram descobertas pelo musicólogo Régis Dupprat. Mas, entre todos esses músicos do período colonial, sobressai a figura do Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), natural do Rio de Janeiro, autor de extensa produção - quase toda dedicada ao gênero sacro – que revela influências do classicismo vienense, sobretudo o de  Haydn.
Dos autores do século XIX, o primeiro a se notabilizar foi Francisco Manuel da Silva (1795-1865) autor do HINO NACIONAL, de música dramática, religiosa e modinhas de grande aceitação popular; sua importância foi considerável, sobretudo como pedagogo e animador da vida musical na corte. Depois dele surgiu a grande figura de Carlos Gomes (1836-1896),  sem dúvida o primeiro a ganhar destaque fora do país. Seguiram-se vários outros músicos de valor, como João Gomes de Araújo (1846-1943), autor da ópera Maria Petrovna; Leopoldo Miguez (1850-1902  criador de sinfonias, poemas sinfônicos e uma ópera – Os Saldunes – com libreto de Coelho Neto; Henrique Oswald ( 1852-1931), autor de excelentes peças para piano, além da música de câmara e uma ópera; e Glauco Velásquez (1884-1914), falecido muito jovem, mas que deixou obras de indiscutível valor. O traço dominante em todos esses compositores é a obediência em maior ou menor grau, aos modelos europeus.
Aos poucos uma consciência nacionalista procurou dar feição própria à música brasileira, buscando inspiração nas fontes populares, escolhendo temas da história pátria e criando libretos em língua portuguesa.  Na obra do Padre José Mauricio, por exemplo, já existem elementos das modinhas brasileiras e, em Carlos Gomes, encontra-se uma primeira tentativa consciente de criar uma arte brasileira: suas primeiras óperas  A Noite do Castelo e Joana de Flandres têm libretos em português, e a temática de algumas de suas principais obras  O Guarani, O Escravo, embora com texto em italiano, é a do romantismo nacionalista.
Nos meados do século XIX, Brasílio Itiberê ( 1846-1913) desponta como um verdadeiro precursor, com a rapsódia para piano A Sertaneja, escrita entre 1863 e 1869. Alexandre Levy (1864-1892) é outro nome importante na formação do nacionalismo e grande parte da sua obra emprega melodias populares brasileiras e o sentimento que anima interiormente suas composições é profundamente nacional. A maior figura dessa época parece ter sido Alberto Nepomuceno (1864-1920), considerado por Mário de Andrade “O mais intimamente nacional” de todos os compositores que tentaram criar uma arte musical especificamente brasileira, tendo conseguido introduzir nas salas de concerto a canção de câmara em língua portuguesa.

No século XX, sobretudo depois da Semana de Arte Moderna, realizada em 1922 em São Paulo, o nacionalismo musical firmou-se como uma verdadeira escola estética nas obras de Luciano Gallet (1893-1931), Lorenzo Fernández (1897-1948), Camargo Guarnieri (1907-1993 ), Francisco Mignone (1897- 1986)  e outros. Mas, entre todos, salientou-se HEITOR VILLA-LOBOS, artista que elevou o nacionalismo musical brasileiro ao seu mais alto nível criativo, alcançando ampla repercussão internacional.

                                                                           



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