terça-feira, 10 de janeiro de 2012

NATAL - SÍMBOLOS E TRADIÇÕES - PARTE II - OS TRÊS REIS MAGOS

COMO OS TRÊS REIS MAGOS RECEBERAM O CHAMADO DA ESTRELA DE JESUS

Baltazar, Melquior, Gaspar, três homens que não se conheciam e que viram a estrela, entendendo a sua mensagem. Três homens que viram, através de sonho, o Rei-Menino, pleno de sol e majestade.

Baltazar e a decadência espiritual de seu povo

O reino de Baltazar era num país muito distante de Jerúsalém, do lado onde nasce o Sol.  Há muito morrera o último sacerdote do templo, que jazia em ruínas. Baltazar sempre pedia para o vigia da torre do castelo avisar quando as noites eram particularmente claras, com as constelações bem nítidas - ele então ficava horas a fitar o céu, à espera de um sinal que ele, em sonhos, sabia que viria. Mas nada nunca se revelava.
Seu povo estava triste, em decadência espiritual.
Um dia, ele contou sua visão ao jovem vigia da torre, visão essa de que o último sacerdote havia lhe falado:
"Não esqueças o que te digo agora: uma nova era vai se iniciar na Terra. A era dos antigos templos terminará. Em noites escuras há de nascer uma nova luz. São desconhecidos a hora e o local desse evento." E continuava  o rei: " há pouco tempo, tive um sonho, onde vi uma criança, que parecia envolta em ouro e brilhante como o sol. Ela me disse ' Quando me vires na estrela, a Hora estará próxima!' Desde então busco todas as noites algum sinal no céu", concluiu o rei ao vigia.
Uma noite Baltazar resolveu ir sozinho até o templo abandonado. De repente sentiu uma grande luz e um maravilhoso perfume de incenso que se desprendia dos campos, e ele ouviu a voz da criança, que vinha de uma imensa estrela no céu, dizendo: " aproxima-se a Hora! Eis-me aqui!"
Ordenou aos criados que preparassem o mais veloz dos camelos  e partiu seguindo aquela estrela.  Como presente, levava um dos últimos incensos preciosos que lhe restara, da época do templo. Logo o vigia viu seu rei e o camelo desaparecendo no horizonte. A lua descia por trás do morro do templo e no oriente a aurora começava a tingir o céu.

MELQUIOR E SEU PAÍS DESTROÇADO PELA GUERRA

No sul do Oriente reinava Melquior.Há muito as querelas e litígios intranquilizavam o país; ao norte, guerreiros estranhos invadiram as terras; as regiões férteis orientais estavam totalmente destruídas; ao ocidente, guerras fratricidas haviam irrompido, molhando de sangue a terra; tribos selvagens nômades roubavam ao sul tudo que conseguiam agarrar. Ninguém mais estava seguro.
Melchior não sabia como resolver a situação e convocou todos os nobres da região para uma reunião.
Naquela noite, Melquior teve um sonho: sentado sozinho no salão, ele esperava pelos nobres que não apareciam. As figuras dos brasões  que ornavam os espaldares das cadeiras do salão tomavam vida e devoravam um banquete. Urso, leão, águia, falcão atacavam a comida.  Uma cadeira tinha um brasão com o relâmpago e outra com uma estrela cadente.  De repente, a estrela saiu do brasão e circulando por toda a sala fez com que tudo voltasse ao normal.
No dia seguinte, enquanto os criados preparavam o salão , um imenso lustre de cristal em forma de coroa, acidentalmente partiu-se espatifando-se no chão e matando um criado. O rei interpretou isso como um segundo sinal. Os servos, para iluminar a sala, cortaram uma árvore e a encheram de velas. O rei interpretou essa criatividade como uma imagem da árvore da vida.
Chegou o momento da grande reunião. Os nobres estavam cheios de ira e queriam mais e mais violência, leis mais duras, mais armamentos, mais soldados e espadas. As vozes pareciam como no sonho que tivera, cada vez mais altas e ferozes. Mas Melchior estava longe, tendo uma visão: olhando para a sua taça de ouro, viu que o fundo da taça se abria formando uma pequena caverna. Nesta, estava uma criancinha, que tinha uma estrela por cima de sua cabeça.  Ela saudava Melchior: " segue esta estrela, Melchior, pois ela trará à Terra à verdadeira paz."
Os nobres, pensando que Melchior tivesse adormecido, deixaram a sala achando que ele não tinha mais vigor para tomar uma decisão forte.  Melchior então levantou-se, foi até a janela e lá estava a estrela que brilhara no fundo da taça, agora brilhando no céu. Melchior tomou o vinho da taça e sentindo-se revigorado, decidiu empreender uma longa viagem, em busca dessa criança. Pensando tratar-se da filha de um rei, pegou a taça de ouro para levar como presente. Partiu ainda de noite, deixando um recado para os nobres que voltassem para a suas regiões, pois havia recebido uma mensagem de que em breve haveira paz na  Terra.
Quando os nobres souberam do acontecido, voltaram contrariados, mas tiveram a surpresa de constatar que o povo, sozinho, havia se organizado, reconstruido as aldeias queimadas e cultivado o solo.Todas as lutas pareciam esquecidas.

GASPAR E A SECA NO SEU PAÍS


Vivia na África um rei negro chamado Gaspar. O Sol queimava sua terra e muitas vezes passavam-se meses sem que uma única gota de chuva caísse do céu.  Nas regiões áridas não era possível nenhum tipo de vida, mas havia um rio que foi dividio em canais e que alimentava o povo e as colheitas.  Ali cresciam frutas saborosas: tâmaras, bananas, laranjas, figos. O rio nascia nas montanhas e passava bem no centro do país.
Na época da lua cheia, era costume do povo negro abençoar a água do rio, e dar graças ao deus do rio pelas dádivas que cresciam do solo úmido.  Em tempos de seca, Gaspar ia com o povo para as margens do rio, orar e pedir água. Quando tornava a chover, agradeciam aos céus dançando e cantando.
Então, veio a pior seca: os animais morriam, as árvores ressecaram,e doenças e febres matavam milhares de pessoas. Um único lugar ainda tinha água: o chafariz do rei Gaspar, que abriu seus portões para o povo, deixando que aliviassem sua sede no poço especialmente profundo. A seca continuava, e a água do poço estava chegando ao fim.
Naquela noite, Gaspar teve um sonho: ele ia ao poço, ver a situação da água, e se debruçava perigosamente, caindo lá dentro. Na queda, ele se agarrava ao único pé de mirra que havia em todo reino, que nascia exatamente dentro do poço, devido à umidade. Ao agarrar-se, via água brotar do poço, e uma estrela com uma criança adormecida.
No dia seguinte, Gaspar levou seu povo ao pé da montanha, e orou com muita força. Nuvens se formaram, e sobreveio uma grande chuva. Em meio à chuva, era visível uma imensa estrela , no topo da montanha, semelhante à que Gaspar vira no seu sonho.
Gaspar pegou entre seus tesouros um lindo bauzinho e foi até o pé de mirra, último arbusto vivo, dentro do poço, e arrancou alguns galhos da resina aromática. Avisou seus ministros que ficaria um tempo afastado, empreendendo uma longa viagem. E assim, seguiu a estrela.

OS TRÊS REIS SE ENCONTRAM

Os três reis chegaram perto da cidade de Jersualém, governada pelo rei Herodes. Estavam cada vez mais perto uns dos outros, sem se dar por isso. Ao se aproximarem do monte Gólgota, uma neblina misteriosa
tomou conta de tudo, tão densa que impedia a visão do caminho e a luz da estrela. Eles apearam de seus camelos e esperaram, sentindo uma estranha tristeza. Anos mais tarde, uma crucificação aconteceria ali...
Ao amanhecer, a neblina se foi e lá estavam eles, um na frente do outro. Três reis viajantes! Cumprimentaram-se, cada um falou de si e entenderam, admirados, que estavam seguindo o mesmo sinal, a mesma estrela, procurando a mesma criança. Abraçaram-se, felizes.
Mas eis que não viam mais estrela nenhuma. Preocupados, pensaram que talvez estivessem bem perto do seu destino, e se dirigiram para o castelo do rei da cidade próxima, Jerusalém.

O SONHO DE HERODES

Enquanto isso, Herodes se debatia na cama, tendo um terrível pesadelo. Ele sonhava que um poderoso rei estrangeiro invadia seu  país e seu exército era derrotado fragorosamente. Só que não se viam armas na mão do exército inimigo, e sim luzes poderosas, que aniquilavam qualquer resistência, qualquer vontade de lutar.Ele queria erguer-se e fugir, mas as forças o abandonavam. Um rei desconhecido vinha em sua direção, irradiando muita luz. Todo seu exército estava destroçado. Em pânico, ele acordou, suando frio. "Que poderia significar esse sonho matinal tão terrível?" "Quem seria esse rei misterioso?"
Um servo anunciou que três reis de países distantes estavam no palácio, querendo falar com ele. Herodes desceu desconfiado.
Entrando nos aposentos, os três reis reverenciaram Herodes e perguntaram se algum novo rei havia nascido ali. " Nós vimos sua estrela, e ela nos conduziu até aqui", disseram. Ouvindo isso, o medo de Herodes se amplificou. Mandou chamar os letrados e sábios do reino, mas nenhum sabia nada sobre a chegada de uma criança como os reis procuravam. Um deles, porém, se lembrou que os livros antigos falavam da vinda de um Messias, que nasceria em Belém.
Nada denunciava as intenções de Herodes, quando aproximando-se dos reis, declarou:  "Ide e procurai, diligentes, pelo Menino; quando o tiverdes encontrado, voltai ao meu palácio e informai-me ondo posso encontrá-lo, pois quero ir também venerá-lo." O seu coração, porém, estava em fúria, prometendo destruir a criança assim que a encontrasse. Certamente essa criança tinha a ver com o seu sonho mau. Os três reis constataram que, assim que saíram das imediações do palácio, a estrela aparecia novamente, orientando o caminho, conduzindo-os a Belém.

OS TRÊS REIS ENCONTRAM A CRIANÇA

A estrela parou sobre um estábulo, num campo diante de uma gruta. Seu brilho aumentou. Os reis perceberam a pobreza do local, mas apearam de seus camelos, entrando no estábulo. Uma luz divina iluminava o ambiente. Viram a criança e a mãe, envoltas em luz. A alegria foi tão grande que caíram de joelhos, beijando o chão. Melquior pegou a taça de ouro e disse: "até hoje somente reis beberam nesta taça. Agora ela será iluminada pela tua luza. Aceita o ouro!"
Baltazar em seguida entregou o incenso dizendo: "criança divina! Trago-te o incenso, do mesmo que era queimado nos rituais sagrados do velho templo da montanha. Abre-nos uma nova era!"
O rei negro, Gaspar, ofereceu a mirra dizendo: " Menino da Estrela" aceita a mirra que nasceu no poço que continha a última água. Sob tua luz, a fonte da vida vai recomeçar a fluir!"
Os três reis então entraram em transe e viram tudo o que aconteceria daí por diante. Suas almas elevadas assistiram a sermões, a vida de Cristo, sua crucificação e morte, e a ressureição no terceiro dia. Quando se levantaram, eram homens diferentes. Despediram-se e sentiram que agora a luz da estrela estava nos seus corações. Retornando a Jerusalém, pararam para descansar antes de falar com Herodes, sobre o encontro da criança. Mas um anjo apareceu aos três, em sonho, e lhes disse que não voltassem ao palácio de Herodes, pois ele tencionava fazer mal à criança. Afastaram-se, então, e dizem os livros antigos que os reis levaram as boas novas aos seus países, partindo depois para um retiro espiritual no alto das montanhas, vivendo ali em fraternidade.




fonte:  Os Três Reis e o Quarto Rei - Jakobb Streit - edições Waldorf -
          Natal - Biba Arruda e Mirna Grizich - Editora Tres
Música:  Corre Caballito - Youtube

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