quinta-feira, 9 de agosto de 2012

VELHOS E NOVOS DA MÚSICA CAIPIRA - TONICO E TINOCO


TONICO E TINOCO

João Salvador Perez, o TONICO, nasceu em São Manoel, São Paulo, em 2 de março de 1917 e faleceu em 13 de agosto de 1994.
Seu irmão José Salvador Perez, o TINOCO, em Pratânia, São Paulo, em 19 de novembro de 1920, e faleceu em São Paulo em 4 de maio de 2012.
Talvez a mais ativa dupla caipira tradicional, rivalizando apenas com Alvarenga e Ranchinho. Tem acumuladas mais de setecentas gravações e um trabalho praticamente ininterrupto desde 1938    (profissionalizado a partir de 1943).
Naquele decisivo ano para a música caipira – 1930 – Tonico morava com a família em Botucatu. Frequentava a escola rural e após as aulas passava lição aos colonos mais velhos, recebendo como pagamento frutas, verduras e às vezes até dinheiro. Em cinco anos juntou o suficiente para comprar uma violinha feita a canivete, começando a cantar em dupla com o irmão: animavam arrasta-pés e faziam serenatas.
Em 1938 a família deixou Botucatu e foi morar em Sorocaba, depois em São Manoel, onde a dupla teve a sua primeira oportunidade: uma apresentação na Rádio Clube local, e foram convidados para cantar todos os domingos – de graça. Ficaram por lá se exercitando até que em 1943 resolveram tentar a sorte em São Paulo, acompanhados do primo Miguel Perez. Inscreveram-se no programa de calouros  de Chico Carretel (Durvalino Peluzzo) na Rádio Emissora de Piratininga, não alcançando, porém, o destaque que esperavam. A grande oportunidade veio quando o Capitão Furtado abriu concurso para duplas caipiras em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora.
No começo apresentaram-se com o primo, adotando o nome de Trio da Roça. Classificaram-se para as finais e acabaram subindo ao primeiro lugar. Entretanto, mesmo o rápido êxito, num concurso bastante disputado, não lhes abriu de imediato as portas das gravadoras. Só no ano seguinte, conseguem a primeira gravação, substituindo no lado B de um 78 rpm da dupla Palmeira e Piraci, uma música que havia sido proibida pela censura. A Continental aproveitou então uma prova de  EM VEZ DE ME AGRADECER (Capitão Furtado e Jaime Martins Aimoré):
Cabocla pra lhe agradá
Já cumpri o meu deve
Fiz o que pude, inté mais
Do que divia fazê
Só prá vê se eu conseguia
Ser amado por vancê

A rápida vendagem do disco facilitou a gravação de mais duas faces de 78rpm. De um lado a moda de viola SERTÃO DE LARANJINHA, motivo popular adaptado por Tonico, Tinoco e o Capitão Furtado, e PERCORRENDO O BRASIL, de Tonico, Tinoco e João Merlini. Com esse disco, Tonico e Tinoco começam a aparecer como uma das mais importantes duplas caipiras. Em 1947 participam do histórico primeiro 33 rpm de música caipira, o LP ARRAIAL DA CURVA TORTA, no qual assinam e cantam  a faixa TUDO TEM NO SERTÃO, cateretê que evoca a alegria e os bichos do sertão. Daí por diante seriam as intermináveis excursões, apresentações em circos, feiras, quermesses, teatros paroquiais, festas juninas, etc. Tudo isso entremeado de constantes gravações e regravações, participação em numerosos filmes como Lá no Sertão (1961), Obrigado a Matar (1965), e A Marca da Ferradura(1970).
Em 1964, Tonico adoeceu e foi temporariamente substituído por Chiquinho (Francisco Perez), irmão mais novo que ainda hoje acompanha esporadicamente a dupla. Tonico se restabeleceu e voltou a cantar. Em 1968,  lançaram o LP VINTE-E-SEIS ANOS DE GLÓRIA, e m 1969, VINTE-E-SETE ANOS DE TONICO E TINOCO, com reedições de velhos sucessos como MARINGÁ, LUAR DO SERTÃO e o antológico TRISTEZAS DO JECA.
Em 1970 Tonico e Tinoco prestaram tributo a Raul Torres, gravando vários sucessos daquele autor: MODA DA MULA PRETA, SEGREDO SE GUARDA, PINGO D’ÁGUA, CHICO MULATO (as duas últimas em parceria com João Pacífico).
Em 1974 a dupla lança 4 LPs, com destaque para a composição SALVE, CAMPOS DO JORDÃO, de Tonico e Mamarama ( pseudônimo de Mario Mauro Ramos Matoso). No ano seguinte, mais 4 LPs cujas faixas que mais agradaram foram MOTORISTA DO PROGRESSO ( Texeirinha) e TRINTA-E-TRÊS, poema de Mamarama narrando a vida artística da dupla:
“deixando a roça deserta
Num triste dia nublado
A dupla foi descoberta
Num brado vivo de alerta
Pelo Capitão Furtado”

Tonico e Tinoco já mantiveram um programa exclusivo na TV Bandeirantes, além de já terem feito apresentações avulsas em todos os canais de televisão de São Paulo e na Radio Bandeirantes o programa Na bera da tuia.
Em 1979, precisamente no dia 6 de junho, Tonico & Tinoco fazem o que nenhum caipira havia sonhado: apresentam-se no Teatro Municipal de São Paulo, num show de três horas que reúne um público recorde de 2.500 pessoas. Da beira da tuia, celeiros centenários onde cantavam no passado, os irmãos Perez chegavam a um dos mais famosos teatros do mundo, que até então só abria suas portas para óperas, balés e concertos eruditos. Permaneceram na Continental até 1982, emplacando vários sucessos. Nesse ano resolvem ir para a gravadora Copacabana onde mudam seu repertório, passam a gravar canções mais alegres, arrasta-pés divertidos e Nadir Perez, esposa de Tinoco passa a assinar várias músicas com a dupla. No ano de 1983 estreiam o programa “Na Beira  
da Tuia” na TV Bandeirantes e lançam o filme “O Menino Jornaleiro”,
só que dessa vez como co-produtores.
 Em 1989 voltam para a Copacabana e gravam “Mãe Natureza” (Tinoco/José Carlos). Nesse disco Tonico já se encontrava bastante debilitado mas continuava sua carreira.
No ano de 1994 na Polygram com a produção de José Homero e Chitãozinho gravam seu último trabalho, onde destaca-se “Coração do Brasil” (Joel Marques/Maracaí) com participação especial de Chitãozinho e Xororó e  Sandy e Jr., e “Chora minha viola” (Nilsen Ribeiro/Geraldo Meirelles).
Apresentaram o Programa Na Beira da Tuia nas seguintes emissoras - Bandeirantes (1983),e SBT (1988), Cultura (Viola, Minha Viola). Realizaram grandes eventos, como: A Grande Noite da Viola, no Maracanãzinho/Rio de Janeiro(1981), Teatro Municipal de São Paulo (1979), Semana Cultural Tonico e Tinoco no Centro Cultural de São Paulo (1988) e o Troféu Tonico e Tinoco (1992). No mesmo ano, realizaram um show em conjunto com Chitãozinho Xororó na cidade de São Bernardo do Campo (SP), onde foram prestigiados por mais 100.000 espectadores. Entre as inúmeras premiações destacamos: 04 Roquetes Pinto, Medalha Anchieta (Comenda da Cidade de São Paulo), Ordem do Trabalho (Ministro do Trabalho Almir Pazzianoto), Ordem do Mato Grosso (Comendador), Troféu Imprensa, 02 Prêmios Sharp de Música e o Prêmio Di Giorgio. O slogan "A Dupla Coração do Brasil", surgiu em 1951, quando o humorista Saracura resolveu batizá-los assim, pela interpretação de todos os ritmos regionais.
A dupla passou por todas as mudanças na música sertaneja, mas jamais mudou seu estilo, copiadíssimo durante as décadas de 1950 e 1960.
O último show da Dupla Tonico & Tinoco foi na cidade mato-grossense de Juína, no dia 7 de agosto de 1994. só que dessa vez como co-produtores.
Tinoco encontrou forças no apoio que recebeu dos fãs, e na saudade do companheiro que faleceu. Realizou mais de trinta apresentações contratadas anteriormente a morte do irmão. Em 2010 no Especial Emoções Sertanejas Tinoco recebeu uma homenagem do cantor Roberto Carlos que é um amigo e fã da dupla. Em 2012, Tinoco tornou-se o artista sertanejo há mais tempo na ativa. Em 4 de maio de 2012, Tinoco morreu aos 91 anos devido a insuficiência respiratória e a duas paradas cardícas. 




Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira
Abril Cultural – 1978
Google: Enciclopédia Wikipédia
Vídeo: CANA VERDE - Tonico e Tinoco

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