quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

SÍMBOLOS NATAL - IV - A ÁRVORE DE NATAL



A ÁRVORE DE NATAL



Houve um tempo em que as pessoas acreditavam que as árvores possuíam alma. Quando chegava o outono e as árvores perdiam as suas folhas, eles achavam que o espírito-árvore as havia abandonado, e se nada fosse feito, a alma da árvores não retornaria na primavera e as árvores não produziriam nem flores nem frutos.
Para encorajar os espíritos a voltarem para as árvores, essas eram enfeitadas com pedrinhas pintadas e tecidos coloridos, no inverno. Isso funcionava e as árvores explodiam de vida a cada primavera.
Foram os alemães que iniciaram o costume de cortar uma pequena árvore e trazê-la para dentro de casa e aí a decoração se tornou mais sofisticada. Isso se espalhou pela Europa e no final da época vitoriana a tradição das árvores de Natal se disseminara por todo o mundo ocidental.
No começo eram usadas sempre-vivas, plantas consideradas especiais, que como o nome diz, estão sempre verdinhas, mesmo no inverno:  o alecrim, o visgo, o azevinho, o pinheiro.
O tradicional pinheiro alemão ficou como o símbolo das árvores de Natal. Acredita-se que a primeira pessoa que decorou uma árvore de Natal na Alemanha foi Martinho Lutero (1483-1546), o responsável pela reforma da Igreja.  Caminhava ele  por uma floresta de pinheiros na noite de Natal, quando divisou milhares de estrelas brilhando através dos galhos cobertos de neve.  A beleza daquele quadro o deixou embevecido. Cortou um galho de pinheiro, levou para casa e o enfeitou com velas acesas para que seus filhos compartilhassem do espetáculo que se desenrolava do lado de fora da casa. A árvore de Natal tornou-se então um símbolo de esperança, paz e alegria. Foi trazida para a América por imigrantes alemães na época colonial.
Desde então o pinheirinho de Natal está presente em todas as casas, mesmo as mais pobres, às vezes, simbolizado por um galho seco decorado com isopor. E assim a alma da árvore sempre estará presente, trazendo esperança e reverenciando o nascimento do Menino Jesus.



     

 A ÁRVORE DE NATAL
                                                                                    IZILDA VIRGINIA - 1989

Na rua em que eu passei, tinha uma vitrina
na loja da esquina,  e uma Árvore de Natal.
A Árvore de Natal era bem grande, espessa,
como se fosse um pinheiro natural.
Mas era branca, de papel crepom 
e de uma neve artificial.
Carregada de bolas coloridas.
Parei e olhei para a árvore branca, tão bonita.
E pensei que nada foi mais importante na infância
do que a Árvore de Natal.
Ela chegava muito tempo
antes do Papai Noel,
e ficava ali quietinha, à distância,
com bolinha de vidro que corta,
com enfeite de papel que amassa
e ninguém podia tocar-lhe.
Mas como tocava a gente...
Cada hora que passava,
e a hora não passava nada,
A criançada ficava
diante da árvore enfeitada,
esperando o grande dia.
Quanta alegria! Quanta cumplicidade!
E quando alguém nos dizia que Papai Noel não trazia
Nem brinquedo,  nem presente, 
se fosse desobediente,
A gente sabia... Não era verdade!
Quando  chegava à noite, o mistério acontecia...
Lá do fundo do seu tronco,
Correndo de galho em galho
De baixo pra cima, de cima pra baixo,
Tanta luz aparecia.
Com o olhar desconfiado, apesar de muito medo,
A gente chegava perto, a gente tocava o dedo,
E começava a partilha:
- aquele duende tem dono. O carneirinho era seu.
A bola pequenininha passava a ser minha filha.
E saía a discussão, não se chegava a um acordo:
- aquela bolinha eu não gosto, está velha e descascada.
- esta verde é mais bonita, todinha com brilho novo,
Aproxime-se e veja a sua cara de ovo,
bem disforme e engraçada!
- Bote a língua de fora, assim: Hã!
- parece fina e enrolada!!!
O sino que não tinha som  tocava em nossos ouvidos:
Din-don – toda manhã.
A bota de um lado só, a neve no dia quente,,
Tinha até um esquimó com seu iglu transparente.
O coração de cetim bordado com renda preta
Tinha gravado em carmim, 
tão difícil para mim, compreender suas letras: 
MERRY CHRISTMAS.
No  topo ficava o pino, que ninguém nunca alcançava,
Debaixo dele o Menino de Nazaré balançava,
No colo da Mãe Maria.
Anjinhos com asas vazadas.
Caixinhas, dentro, vazias.
Guirlandas, renas, trenó,
Velas multicoloridas, tingidas com giz de cera,
E uma bengala listrada, que eu nunca entendi por quê?!!
( Papai Noel não era manco!!!).
Quanto encanto!
Na raiz, o presépio pobrezinho 
com seu telhado rachado,
E o Menino Jesus, num manto branquinho, 
enrolado, sorria...
A vaquinha, o burrinho, a galinha, o galinho,
O patinho, carneirinho, cabritinho, cavalinho,
A vaquinha, o burrinho, ih! – a gente até se perdia...
A alegria era tanta no rosto dos três Reis Magos,
Baltazar, Melchior, Gaspar, ficavam sempre de lado,
Com as mãos cheínhas de ouro, 
com o olhar buscando lá em cima
O caminho de Belém, na estrela de purpurina.

Na rua em que eu passei tinha uma vitrina
na loja da esquina... E uma Árvore de Natal.
A árvore era branca, como a paz que imaginamos...
E parecia um pinheiro natural, qual a felicidade que buscamos...
Mas era feita  de papel crepom, onde embrulhamos tantos desenganos...
Carregada de bolas coloridas, frágeis como nossas vidas.





                                                                                                     
                                                                     












Fonte: A Gazeta – 21/12/1961
            Natal – Biba Arruda – Mirna Grzich
Fotos Yara Virginia
Poema: Izilda Virginia

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