quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

WALDEMAR HENRIQUE - II - MINHA TERRA



Waldemar divulgou suas primeiras composições para canto e piano em 1923-24, salientando-se FELICIDADE e MINHA TERRA (“Este sol, este luar,/ Estes rios e cachoeiras,/ Estas flores, este mar,/ Este mundo de palmeiras...”), que até hoje é seu maior sucesso: tornou-se peça obrigatória de todo cantor popular, prefixo de emissoras de rádio, presente nos parques de diversões, em propagandas, etc...

MINHA TERRA
Esse Brasil tão grande, amado
É meu país idolatrado Terra de amor e promissão
Terra de amor e promissão
 
Toda verde, toda nossa
De carinho e coração
Na noite quente, enluarada
O sertanejo está sozinho
E vai cantar pra namorada
No lamento do seu pinho
E o sol que nasce atrás da serra
A tarde inteira rumoreja
Cantando a paz da minha terra
Na toada sertaneja.

Este sol, este luar
Estes rios e cachoeiras
Estas flores, este mar
Este mundo de palmeiras
Tudo isto é teu, ó meu Brasil
Deus foi quem te deu
Ele por certo é brasileiro
Brasileiro como eu.





ELY CAMARGO - CANTORA GOIANA
RESGATE MUSICAL - RARIDADE


Então o pai, em mais uma tentativa de desviar o filho do caminho da música, empregou-o num banco. Sem tempo, o jovem deixou de estudar; mas passou a se destacar na vida social de Belém por sua assiduidade em concertos, teatros, serenatas e pastorinhas (para as quais fazia música).  Era pianista solicitadíssimo nas festas em casa de amigos.
Finalmente, em 1929, não aguentou mais: deixou o emprego e matriculou-se no Conservatório Carlos Gomes, dirigido por seu grande incentivador, o maestro italiano Ettore Bosio. Nessa época, Waldemar já contava com bom número de composições, algumas das quais foxtrotes, denotando influência estrangeira.
Nos primeiros anos da década de 30, trabalhou em alguns escritórios que lhe deixavam tempo para a composição e o estudo de piano, violão, violino, canto, harmonia, composição, instrumentação, acústica, etc. Paralelamente, ocupava-se da direção artística da Rádio Clube do Pará, onde acompanhava cantores ao piano sem ganhar nada – aliás, pagando (sua taxa de sócio). Em 1931 compôs os 21 números da revista NA CASA DA VIÚVA COSTA, com textos de Fernando de Castro e Antônio Tavernard: cançonetas, bailados, overture orquestral. A peça foi levada à cena em outubro, com muito êxito.
Dois anos depois, Waldemar promoveu no antigo Palace Teatro a NOITE DA CANÇÃO PARAENSE. O concerto reuniu os cantores Aldemar   Guimarães, Waldomira Queirós, Liberdade Neri Costa, Rosita Serra e Mara (irmã do compositor), além da orquestra de Oliveira Paz. Foram interpretadas apenas obras de Waldemar Henrique (que também tocou piano), entre as quais a partitura orquestral MUIRAKITAN





Mara da Costa Pereira sempre foi uma de suas intérpretes favorita. Ambos excursionaram por vários Estados e representaram artisticamente seu país em tournées pela América Latina e pela Europa. Mostraram com muito sucesso, a música autenticamente brasileira de Waldemar Henrique, arraigada sobretudo no folclore amazônico.
Fernando Tasso, um dos críticos que se manifestaram na ocasião, saudou Waldemar como  “um vitorioso da música regional”, que transfundiu em quanto brota de sua arte (...) toda essa esplendente natureza que o cerca e que seus olhos, desde menino, se acostumaram a querer bem”.  Observou ainda, nas composições apresentadas, “ rugidos de onça brava no coração da selva bruta”.
Em fins de 1933, Waldemar mudou-se para o Rio de Janeiro, com o vago propósito de sobreviver como pianista e compositor. Durante seis meses trabalhou como escriturário; depois assinou um contrato com a Rádio Philips. 
Foi Gastão Formenti quem pela primeira vez levou aos ouvidos cariocas os ritmos ainda desconhecidos das lendas, da fascinação e do sortilégio amazônicos, num disco da Victor.
Jorge Fernandes também gravou, pela Odeon, composições de Waldemar Henrique. 
Alda Verona recebeu o prêmio Victor de 1934 por sua interpretação de EXALTAÇÃO, de Waldemar.
Ainda em 1934, Waldemar escreveu a partitura, os poemas e algumas melodias da fantasia infantil O SAPO DOURADO, de Hekel Tavares.  As canções MINHA TERRA  MEU ÚLTIMO LUAR bateram recordes de vendas e o compositor firmou contrato com os Irmãos Vitale e com Vicente Mangione para a edição de suas obras.
Em discos Victor, Gastão Formenti gravaria ainda, de Waldemar: MEU ÚLTIMO LUAR, TEM PENA DA NEGA, FOI BOTO SINHÁ! E CABOCLA MALVADA – esta com acompanhamento de dois violões (Pereira Filho e Artur Nascimento), e bandolim (Luperce Miranda).





GILBERTO ALVES -  MEU ÚLTIMO LUAR


A participação de Waldemar Henrique no planejado filme MARÉ BAIXA aponta-o como um dos primeiros compositores brasileiros a terem música encomendada pelo cinema:
- O louvadíssimo diretor de LIMITE, Mário Peixoto, depois dessa experiência que o tornou famoso, convidou-me a escrever a trilha sonora do que seria seu segundo filme. Levou-me a conhecer os locais onde desenrolaria a história:  Mangaratiba, Angra dos Reis, Ilha Grande, Itibuí,  o grande mar de Sepetiba, a restinga da Marambaia. Conheci os futuros personagens, pescadores locais, andei de barco para sentir com eles o cotidiano humilde, ante um dos mais admiráveis cenários naturais que se possa imaginar. Ví-os dançar o jongo nas praias, anotei seus labores de pescaria, tudo para compor os leitmotive que deveria apoiar as cenas do filme. Dediquei-me à tarefa de corpo e alma, mas foi em vão. O filme não saiu: Mário enfezou-se com os financiadores...
Ele faria nova incursão pela música de cinema no fim da década de 50, compondo o tema musical e o leitmotive do personagem principal do filme O PRIMO BASÍLIO, de Antonio Lopes Ribeiro.

Fonte: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
ABRIL CULTURAL -1979
Imagens: GOOGLE
Vídeos: YOUTUBE

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