PREFEITO
PEDRO ERNESTO E SUA IMPORTÂNCIA NO CARNAVAL CARIOCA
Menos
de quatro meses após a fundação de sua entidade representativa – a União Geral das Escolas de Samba
-, os grupos cariocas de sambistas obtinham nova grande conquista; estava
oficializada sua participação no carnaval. Por um decreto de 2 de fevereiro de 1935, do então Prefeito Pedro Ernesto (que se interessava muito pelas
manifestações populares), as escolas
igualaram-se, oficialmente, aos ranchos e às grandes sociedades carnavalescas.
Em
1958, em entrevista ao jornal “Última
Hora”, Eloy Antero Dias, o Mano Eloy – patrono da Império
Serrano e o primeiro “Cidadão-Samba”
-, chamava a atenção para a importância de Pedro
Ernesto na existência das escolas de samba. “Sua intervenção, atendendo
em apenas três dias o pedido do presidente da União das Escolas de Samba,
demonstrou que ele já tinha a ideia amadurecida. Inclusive já prestava ajuda
material a algumas escolas e sempre intervinha, favoravelmente, junto a outras
autoridades, para desembaraçar licença de funcionamento de samba”.
Juvenal
Lopes –
presidente de honra da Estação Primeira
de Mangueira - , com humor malandro, também atestou a
importância do ato de Pedro Ernesto: - depois do decreto, a polícia chegava aos
desfiles de samba, mas para proteger sua organização. Ficou bem melhor do que
correr dela.
Em
1934, portanto, realizou-se o último desfile de escolas de samba sem a
participação do Poder Público, sendo mais uma vez campeã a ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA. João
Cocada, que assistiu, menino ainda, seu pai (o velho Euclides) fundar a escola e também indicar Saturnino Gonçalves para presidente,
fala sobre aquele período:
-
Pobre tinha pouco onde ir, por aquela época. Então, o samba, geralmente uma
quadrinha de 10 metros por 10, era ponto de união da pobreza, para alegrar-se
um pouco. Fora disso, livre mesmo somente macumba, ladainha e procissão.
Portanto, não havia, como agora, temporada de samba. Era samba o ano todo. Para
se ir a um cinema na cidade, era preciso botar gravata. Quem é que tinha
gravata no morro? Uns três ou quatro. Daí a gente ensaiava, praticamente, o ano
todo. Chegava no desfile, estávamos afinadíssimos, notadamente na harmonia do
canto do samba.
Eusébia de Oliveira, a
Dona Zica da Mangueira, mulher de Cartola, explica como saía
a Estação Primeira por esse período:
-
os valentões, os grandes malandros, respeitados, como o Galo, o Cecilhão, o Júlio, o Nascimento ou o Marcelino(o primeiro
mestre-sala da Mangueira) saíam vestidos de baianas. Alguns, como o Cecilhão,
com um enorme coque no alto da cabeça. Usavam
muitos cordões no pescoço. Quanto mais, mais se julgavam importantes. As
pastoras se vestiam de homens, virando o paletó ao contrário, e era a única vez
do ano que botávamos calça comprida. Algumas outras pegavam esse macarrão
“padre-nosso” e pintavam para fazer colar, e vestiam baianas de papel crepom.
As que tinham mais um dinheirinho faziam baianas de chitão. Era tudo simples.
De resto, as fantasias eram idênticas às do carnaval de rua, com burrinhas,
chupetas, barriga grande, cara pintada, essas coisas.
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