segunda-feira, 7 de julho de 2014

OFICINA DA VOZ - VI - A VOZ QUE CANTA



A VOZ QUE CANTA

A  voz é o meio mais natural, artístico e espontâneo de se fazer música com o corpo humano. Por isso, o canto é a expressão mais universal dentre os tipos de música mundial. Cantar envolve fatores orgânicos, psicológicos e técnicos. É o resultado de uma interação harmoniosa e equilibrada entre fatores anatômicos, como o fluxo de ar que é expirado pelos pulmões e a posição das pregas vocais: com o uso das estruturas do aparelho fonador  e aparelho ressonador adequadas, conseguidas através da técnica vocal; e por fim a emoção de cantar que é fator extremamente lúdico e prazeroso.
Imagina-se a prática do canto tão antiga quanto o desenvolvimento da linguagem articulada. O homem primitivo já usava o canto para se alegrar, exprimir seu pesar, avisar os outros do perigo e para acalmar os poderes superiores. Cantar faz bem para o corpo e para a alma, e com razão o provérbio diz: “Quem canta seus males espanta”. A voz cantada usa as mesmas estruturas que a foz falada, embora com diferentes ajustes devido à necessidade do canto. De uma maneira mais simplificada, a respiração no canto passa a ser mais profunda e os ciclos respiratórios (inspiração e expiração) são programados de acordo com a música: as pregas vocais produzem ciclos vibratórios mais controlados, com uma série de harmônicos mais rica e uma extensão vocal mais ampla; a intensidade vocal sofre grandes variações de forma rápida; a projeção vocal é uma necessidade constante; a qualidade vocal do cantor é mais estável devido ao treino; a mensagem a ser transmitida está além das palavras privilegiando-se os aspectos musicais; a velocidade a o ritmo do canto dependem do tipo, melodia e andamento da música; e a postura corporal é mais estável procurando-se estar com o corpo ereto.
Já que o cantor tem como instrumento de trabalho sua própria voz, ele está mais sujeito a apresentar alterações na sua produção vocal. Inúmeros hábitos e acontecimentos podem ser nocivos para a voz do cantor, entre eles: pigarrear; gritar; falar um tempo exagerado; falar cochichando; realizar competição sonora; falar fora da frequência habitual; ingerir cafeína e álcool em excesso; fumar; estresse; permanência em lugar seco; descanso inadequado e mudanças constantes de professor de canto.
A voz falada é o resultado da vida emocional, enquanto que a voz cantada é, em grande parte, o resultado de treino. Por isso, algumas regras facilitam ao cantor  ter uma voz boa e estável. São elas:
- Não cantar quando não estiver em boas condições de saúde, porque cantar é um ato de esforço e gasto energético.
- Usar sempre roupas confortáveis que não prendam principalmente a garganta, peito e abdômen.
- Beber muita água, para que as pregas vocais estejam em ótima condição de vibração.
- Aquecer e desaquecer a voz antes e depois de cantar.
- Ensaiar apenas o tempo suficiente para ficar seguro. Nunca ensaie por mais de uma hora sem descanso.
- Monitorar sua voz, aprendendo a reconhecer suas sensações de esforço e tensão vocal.
- Evitar festas barulhentas e lugares enfumaçados antes e depois das apresentações.
- Manter uma dieta balanceada, pois o canto é uma função especial e requer grande aporte energético.
- Nunca se automedicar mesmo com remédios conhecidos ou chás, eles podem prejudicar suas pregas vocais. Procure sempre ajuda especializada.

Conhecer a própria voz e estar ciente dos principais cuidados a serem tomados, faz com que se desenvolvam melhores condições de ouvir, reconhecer e apreciar um bom canto; além de promover a descoberta de uma das funções mais fantásticas do corpo humano.

Fonte: Andrea Lux Wiltemburg - CRF-5818
Canto Livre – jul/ago/set 1998




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