terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

ESCOLAS DE SAMBA - RIO DE JANEIRO – ATÉ A DÉCADA DE 70





GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA
ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA

“Chega de demanda, chega./ com esse time, temos que ganhar./Somos a Estação Primeira./ Salve o Morro da Mangueira”.
Foi com esses versos singelos mas cheios de autoconfiança, cantados por um grupo de pastoras, ritmista e passistas, que a Estação Primeira de Mangueira saiu às rua pela primeira vez, no carnaval de 1929.
Não eram mais que sessenta pessoas, conta o autor do samba, Angenor de Oliveira, o CARTOLA. Mas provocaram admiração por onde passavam.
A escola havia sido criada a 28 de abril do ano anterior (ou, segundo Sergio Cabral, em seu livro As Escolas de Samba, em 30 de abril de 1929), resultado da fusão dos blocos de samba dos Arengueiros, de Tia Tomázia, de Mestre Candinho e da Tia Fé, adotando as cores verde e rosa por sugestão de Cartola.
Seus integrantes principais, além de Cartola são Nélson Cavaquinho (também compositor), Delegado e Neide (o mais famoso par de mestre-sala e porta-bandeira, campeões da avenida).
Em 1930, com pouco mais de sessenta componentes, a Mangueira desfilou pela primeira vez. Sagrou-se campeã e manteve o título até 1934, reconquistando-o em 1940 1949, 1950, 1954, 1960, 1961, 1967, 1968 e 1973. Uma das grandes vedetes do carnaval carioca, a Mangueira conta com mais de 2500 componentes (1979).


GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA PORTELA

Da fusão de vários blocos que saíam de Oswaldo Cruz, bairro da Zona Norte, surgiu em 1923 o Bloco Vai como Pode. Em 1935 venceu o primeiro desfile oficial do Rio de Janeiro, adotando então o nome de Portela e as cores azul e branco. Durante muito tempo a Portela foi uma das mais fortes concorrentes, vencendo dezessete desfiles, nos carnavais de 1939, 1941 a  1947, 1951, 1953, 1957 a 1960, 1962, 1964, 1966 e 1970.
Entre os elementos de maior destaque que passaram por ela  estão compositores como Paulinho da Viola, Zé Kéti e Candeia, além de de passistas famosos como Tijolo e Nega Pelé.
A Portela  inovou a bateria acrescentando-lhe caixa-surda e reco-reco.  E foi ainda por iniciativa de um dos seus fundadores Paulo da Portela, que se adotou o samba-enredo (em 1931) e se uniformizou a comissão de frente. No entanto, o maior orgulho da Portela é ter sido vencedora do desfile de 1953, com nota dez em todos os quesitos. Um feito ainda não repetido por nenhuma escola de samba.


       
GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA IMPÉRIO SERRANO

Fundada em 1947 por grupos dissidentes das escolas de samba Prazer da Serrinha e Portela, passou a rivalizar com elas sobretudo porque dividiam entre os moradores de Madureira. Seu primeiro desfile em 1948, foi patrocinado pela recém-criada Federação das Escolas de Samba – que surgiu de uma cisão na União Geral das Escolas de Samba e teve o beneplácito da prefeitura. Nesse Desfile, a Império Serrano sagrou-se campeã. Em 1950, dividiu o título com a Mangueira, que desfilou sob o patrocínio da União. Repetiu a dose em 1951. Em 1955, já reagrupada à União, a Império Serrano conseguiu romper o ciclo de vitórias até então exclusivo da Mangueira e da Portela, obtendo o primeiro lugar, que manteve em 1956. Em 1960 teve empate múltiplo com Portela, Mangueira e Salgueiro,  e foi novamente campeã em 1972. Até 1974 não se classificara abaixo do quarto lugar: no desfile de 1978, porém, seu contingente excessivo (5 mil pessoas)  resultou num aglomerado de difícil controle, provocando a sua queda para as escolas do II grupo. Em 1979 obteve o segundo lugar entre as escolas de sua nova categoria.


GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE SAMBA BEIJA-FLOR

Fundada em 1948, em Nilópolis, município do Estado do Rio, em 1954, já desfilava entre as escolas do II grupo. Em 1955 disputava o campeonato com as do I, sendo a primeira dentre as pequenas a competir com as escolas de porte de Mangueira, Salgueiro, Portela e Império Serrano. Após um terceiro lugar em 1962, a Beija-Flor voltou para o II grupo em 1963 e para o III no ano seguinte. Dez anos depois, recuperava a sua posição entre as escolas do II grupo e, em 1976,  vencia o desfile das grandes escolas do I grupo. Manteve esse título  por mais dois anos seguidos e classificou-se em segundo lugar  em 1979. Suas cores são azul e branco, as mesmas do Bloco Irineu Perna-de-Pau, que lhe deu origem.

ESCOLA DE SAMBA ACADÊMICOS DO SALGUEIRO

Em 1953 fundiram-se três escolas do Morro do Salgueiro, no bairro da Tijuca – Depois eu Digo, Azul e Branco, e Unidos do Salgueiro -, dando origem à Acadêmicos do Salgueiro.
Identificando-se pelas cores  vermelho e branco, com oitocentos figurantes, a nova escola arrebatou os maiores aplausos da avenida em seu primeiro desfile em 1954, sem, no entanto, chegar a uma classificação significativa. Em 1960 conquistou seu primeiro campeonato – divido com mais quatro escolas: Mangueira, Portela, Império Serrano e Unidos da Capela. Foi, depois, vencedora nos desfiles de 1963, 1965, 1969,1971,1974 e 1975. É a menor e mais nova das chamadas quatro grandes ( as outras são Mangueira, Portela e Império Serrano) que sistematicamente arrebatavam o título de campeã. Considerada uma escola inovadora, modificou a temática dos sambas-enredo acrescentando-lhes novos motivos, como semiesquecidos heróis negros ( Quilombo dos Palmares, em 1960) e valorizando personagens femininas da história do país ( com Chica da Silva, em 1963).

       
ESCOLA DE SAMBA MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL


Fundada em 1957, dois anos depois já se incluía entre as escolas de samba do grupo 1. Logo se destacou por sua bateria, na época com apenas 27 elementos, sob a direção de Mestre André. Chegando a trezentos integrantes, essa bateria recebeu nota dez em todos os desfiles, até 1975, quando cometeu o maior pecado: atravessou o samba. Mas, recuperou-se rapidamente. Em 1979, com um samba-enredo tradicional – Descobrimento do Brasil -, a escola conquistou o primeiro lugar.




GRÊMIO RECREATIVO DE ARTE NEGRA E ESCOLA DE SAMBA QUILOMBO

Foi fundada a 8 de dezembro de 1975 por Antônio Candeia Filho, que capitalizou o descontentamento de sambistas como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Élton Medeiros e outros e relação a suas respectivas escolas de samba. Cada vez mais distantes de seus objetivos iniciais, muitas escolas foram transformando seus desfiles em superespetáculos que visavam mais o gosto da plateia (pagante) que a manifestação lúdica dos participantes. Assim, a Quilombo optou pela cultura negra, pelo samba mais autêntico e pela defesa das manifestações que se fundiram em sua formação: jongo, capoeira, lundu, caxambu, e maracatu. Segundo seus integrantes, a competição foi uma das principais causas do desvirtuamento das escolas e assim, embora desfile desde 1977, a Quilombo não se inclui entre as concorrentes.

       
FONTE: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
ABRIL CULTURAL – 1979



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