quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CARNAVAL NO BRASIL - MOMO NOS ESTADOS BRASILEIROS -IV



DÉCADA DE 70

O carnaval em Salvador começa efetivamente no dia 8 de Dezembro, com a abertura dos festejos do Largo pela festa da Conceição da Praia. São celebrações que se remetem umas às outras, adquirindo sempre, ao final, um estatuto  carnavalesco. Oficialmente, porém o bloco Barroquinha Zero Hora, que sobe a Ladeira da Barroquinha à zero hora do sábado de carnaval, é que inaugura o carnaval baiano.
Na manhã  do sábado da folia, cerca de seiscentas pessoas vestidas de túnicas e turbantes brancos, levando alegorias hindus, dirigem-se à Igreja de Santa Luíza, na Cidade Baixa, onde homenageiam sua padroeira. Trata-se do afoxé Filhos de Ghandi, encarregado de afastar os maus espíritos do carnaval; eles caminham tocando atabaques, agogôs e caxixis e cantam músicas em nagô. (Originalmente os afoxés eram cortes de reis africanos; na Bahia, metamorfosearam-se em cordões de carnaval).
Atração também do carnaval da Bahia são os trios elétricos: músicos com som eletrificado, que percorrem as ruas em cima de um caminhão executando sucessos carnavalescos para o povo dançar; ao que tudo indica, essa espécie de caixa de música ambulante começou em 1950, com Osmar e Dodô.




Outro grande carnaval brasileiro é o de Pernambuco, notadamente os de Olinda e Recife.  É desse Estado que surgiu um dos ritmos mais alucinantes da festa momesca: o vigoroso, envolvente e contagiante frevo. Utilizando-se de seções de metais, ele aparece entoado por blocos de nomes pitorescos e formação original. Os passos mais usados são os do “parafuso”, do “saca-rolhas”, das “tesouras”, dos “corrupios”, de “siri”, além de inúmeras improvisações coreográficas e acrobáticas.


Paralelamente, existe o maracatu, cortejo processional de origem africana,quase soturno, mas altamente expressivo. Essa conformação carnavalesca, a exemplo da marcha-rancho no carnaval do Rio, serve como uma espécie de pausa na loucura exaustiva do frevo. O berço do maracatu foram as senzalas, quando os negros prestavam homenagem a seus antigos reis africanos. Mesmo com o fim da escravidão, os cortejos continuaram, passando pelas casas dos amigos. Daí, o maracatu ganhou as ruas, tornando-se uma das peças essenciais do carnaval pernambucano.
Cordões e agrupamentos carnavalescos, tais como o Clube das Vassourinhas ou o Bloco Pá de Carvão, inicialmente formados pelos negros recém-libertados da escravidão e que constituíram as primeiras associações profissionais, como a dos varredores de rua, a dos carvoeiros, etc.. foram os responsáveis pela difusão do frevo. 
Em São Paulo, o carnaval, que era uma festa restrita aos salões ( de luxo ou populares), começou a ser praticado nas ruas, atendendo às influências das escolas de samba do Rio de Janeiro. Sem a introdução de uma sonoridade própria que caracterizasse o carnaval paulista, ele segue repetindo o estilo das grandes escolas cariocas, enfatizando o luxo das fantasias e alegorias.
Nos outros estados, geralmente aparecem traços peculiares, maneiras diferentes de celebrar a folia momesca.
Mas a grande tendência registrada no Brasil inteiro é a do carnaval se homogeneizar segundo a fórmula carioca: de um lado , o carnaval de salão ( luxuoso ou não); do outro, o desfile das escolas de samba. Isso é sentido principalmente nas cidades que carecem de uma tradição carnavalesca própria. Assim, o carnaval vai se transformando, cada vez mais, num ritual padronizado, em prejuízo da folia e da espontaneidade.  Uma festa onde o sentido de solidariedade celebrativa, da neutralização dos conflitos e antagonismos, está desaparecendo ou até já desapareceu.


FONTE: NOVA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA
ABRIL CULTURAL - 1979
IMAGENS: GOOGLE




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