terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

BRASIL FOLCLÓRICO - IV - REGIÃO NORDESTE - MARANHÃO - PIAUÍ

PIAUÍ  



O Piauí é um dos Estados mais secos do Brasil. Nas áreas úmidas planta-se o babaçu e a carnaúba. Ele nasceu das fazendas de gado do interior, e sua maior riqueza ainda é a pecuária.  O vaqueiro do Piauí simboliza bem a civilização do couro. Seus trajes são semelhantes aos do vaqueiro nordestino.
O Bumba-meu-Boi faz parte da tradição folclórica do Piauí. É um tipo de dança que surgiu entre os escravos e senhores e fala da desigualdade social  que existia no século 18, entre os criadores de gado e a mão de obra escrava.




No Piauí, há vestígios da presença do homem que datam de há até 50000 anos. Estes estão presentes no Parque Nacional da Serra da Capivara, na  Serra das Confusões e em Sete Cidades. O Parque Nacional da Serra da Capivara é, sem dúvida, o mais importante. Lá, foram encontradas a cerâmica mais velha da América, um bloco de tinta de 10 000 anos, fósseis humanos e animais, pinturas rupestres e outros artefatos antigos. Os achados estão no  Museu do Homem Americano.
A Serra da Capivara foi descoberta por caçadores nas proximidades da cidade-sede: São Raimundo Nonato, os quais, sem saber de que se tratavam as pinturas rupestres, chamaram o prefeito que, surpreso, tirou fotos. Seis anos depois, em uma conferência em São Paulo, o mesmo prefeito, por coincidência, encontrou Niéde Guidon e mostrou as fotos à pesquisadora. Esta tanto se interessou que a levou a se mudar para a Serra, onde ainda reside, fazendo pesquisas.
O "homem de Pedra Furada" viveu há cerca de 40 mil atrás (paleoíndio) na região onde hoje é o Piauí, e lá caçava e acendia fogueiras   
As manifestações mais comuns no Piauí são:  Cavalo Piancó, Congada, Samba de Cumbucaoda de São Gonçalo, Reisado,  



AS CARETAS -  (RITOS)

Na noite de Sexta-feira da Paixão saem os grupos de mascarados: As Caretas. Eles aparecem tanto no Piauí como no Maranhão.
O grupo é composto exclusivamente por homens. Todos com disfarces horrendos, caretas assustadoras. Normalmente um não conhece o outro. Encontram-se no cemitério local. Alguns levam
chicotes para espantar os cachorros; outros levam enxadas e cavadeiras para cavocar o chão e plantam palmeiras e bananeiras. 
Mas por que plantar árvores na noite em que Judas se enforcou?
Eles plantam essas árvores porque em seus galhos é impossível alguém se enforcar. Na verdade as caretas realizam uma espécie de testamento de Judas. Eles deixam uma corda para a pessoa mais malquista da comunidade. Dessa maneira as caretas se vingam das pessoas que os oprimiram durante o ano


MARANHÃO



O Maranhão  está situado entre a Amazônia e o Nordeste, numa região onde não sofre enchentes ou secas. É a terra das palmeiras: buritis, carnaúbas e babaçus.  O Estado pode ser dividido em duas regiões: uma perto do Piauí, zona de cerrados e babaçuais. Outra, a Guiana Maranhense, parte da floresta amazônica.
Com o plantio do algodão muitos negros foram levados para o Maranhão e foram os primeiros a querer a liberdade, e em 1709 já existiam quilombos por lá. Também foi um maranhense quem primeiro se preocupou com o estudo da medicina legal: Raimundo Nina Rodrigues, considerado como o pai da antropologia e medicina legal brasileiras.
Os franceses chegaram na região e se instalaram: Daniel de La Touche, senhor de La Ravardière fundou a cidade de São Luis. Mais tarde vieram os holandeses, que foram expulsos em 1644.
São Luis do Maranhão, a “cidade dos azulejos” que foram cantados pelos poetas maranhenses. Um deles foi Carlos Cunha, em

“ CANÇÃO SEM RIMA PARA UMA ILHA”.

“ sou velha e moça ao mesmo tempo,
Pois nasci ontem e continuo hoje
Tão bela qual uma estrela.
Fui descoberta por portugueses.
Franceses dominaram-me o coração
E hoje pertenço integralmente
Aos brasileiros.
Canhões antigos cantam hinos e glórias
Nas minhas praias mescladas
De cinza e azul.
As minhas igrejas contam hosanas seculares
E dos seus musgos escorrem aleluias de um passado
Que será perpétuo e que será perene.
Ainda há, em minhas ruas, a musicalidade
Dos bondes arrastados por burricos
Solenes e tardos
Nas minhas noites de lua cheia
Passeiam lendas pelas minhas calçadas,
Subindo e descendo as minhas ladeiras!
Eu sou o passado em harmonia com o presente,
Eu sou a tradição em luta com os costumes modernos.
Eu sou o país dos azulejos, a catedral dos vitrais,
A cidade dos sonhos, o reino da poesia.
Eu me chamo  SÃO LUÍS”.


O BUMBA-MEU-BOI

Nasceu provavelmente no Maranhão. É um pequeno drama: o dono do boi, um homem branco vê um homem negro roubar o animal, porque sua mulher, grávida, está com vontade de comer língua de boi. Matam o boi, mas depois é preciso ressuscitá-lo e essa é a tarefa do pajé.
O Bumba-meu-boi é dividido em três categorias: o Boi-de-matraca, o Boi-de-ilha e o Boi-de-orquestra.
O mais expressivo é o Boi-de-matraca, onde todos os acompanhantes participam, batendo pares de tabuinhas, e de longe pode-se ouvir o barulho. A matraca, os grandes pandeiros, os chocalhos e a cantoria.






SOTAQUE DE MATRACA NO SÃO JOÃO DO MARANHÃO

O Boi-de-ilha é o de Zabumba, acompanhado por atabaques e tantans. É mais lento e de acentuado sabor africano.



O Boi-de-orquestra apresenta influências modernas, não é tão puro.



O Bumba-meu-boi do Maranhão é o mais rico de todo o Brasil. Os brincantes passam o ano todo preparando as vestes para os festejos, que acontece no mês de Junho.. No traje típico do “vaqueiro do boi maranhense” nota-se a influência de três etnias: as calças brancas mostram a influência do branco, a roupa dos antigos fazendeiros. O saiote ou bata e o chocalho metálico mostram a influência do escravo. O índio aparece nas penas e na seta tupi.
O Bumba-meu-boi é um auto popular com muitos personagens. Os nomes variam de região para região;  Calu, Pai Francisco, Boi, Cavalinho, Cavalo-Marinho, Birico, Burrinha, Doutor, Mateus, Ema, Cazumba, Urubu, Garça.

Os cantadores improvisam, auxiliados pelos assistentes. Os vaqueiros não saem de cena até que a festa tenha terminado.

                                          
                            SOTAQUE DE MATRACA NO SÃO JOÃO DO MARANHÃO

 FONTE: Histórias, Costumes e Lendas 
               Editora Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube 

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