A década de 1950
conta com a atuação revolucionária de Astor Piazzolla. Piazzolla rompe com
o tradicional trazendo para complementar os recursos clássicos do tango
influências de Bach e Stravinsky por um lado, e por outro lado do Cool Jazz.
Nessa época o
tango passa a ser executado com alto grau de profissionalismo musical, mas no
universo popular a década de 1950 vê a invasão do Rock'Roll americano e as
danças de salão passam a ser prática apenas de grupos de amantes.
Nos anos 60, uma
lei de proteção à música nacional Argentina já está revogada, e o tango que era
ouvido diariamente nas rádios vai sendo substituídos por outros ritmos
estrangeiros, enquanto as gravadoras já não se interessam mais pelo tango. A
juventude não só para de praticar o tango no lazer cotidiano como passa a
ridicularizá-lo como coisa fora de moda. Com o desinteresse comercial das
gravadoras, poucos grandes tangos foram compostos. Tem sido mais comun, as
releituras de antigos sucessos e reinterpretações modernizadas dos maiores
sucessos dos primeiros tempos.
Apesar de tantos talentos
desaparecidos, o tango constitui, ainda hoje a mais clara identificação anímica
e cultura de Buenos Aires. Até meados da década de 50, o espírito das grandes massas girou em torno da expressão
de sua letra; resultando num fato eminentemente nacional, porque desde seu
início representou as inquietudes e vivências do portenho, habitante desta
capital gigante, dessa colossal cabeça de Golias, sobre a qual convergem todas
as atenções do país. O tango canalizava seus sentimentos, revivia a paisagem
guardada em inumeráveis lembranças, a primeira namorada, os amores distantes, o
bairro e as ruas dos jogos infantis, a cordialidade e profunda comunicação dos
cortiços e pensões. Os amigos do peito, o ritual, sempre sagrado, de dançar o
tango circunspecto, com gravidade, revestido da seriedade e tristeza que
envolve (ou envolviam) o argentino em todos os seus atos.
Mas hoje já não existem as expressões múltiplas do tango. Já não temos
nos fins de semana milhares de bailes, nem centenas de orquestras, nem dezenas
de novos tangos, para que as massas vibrem e se comovam ante a sua liturgia. A
juventude de hoje não pensa mais em termos de tango e não se identifica mais
com sua antiga temática, nem se vê retratar por ele. As novas “letras”
continuam nos remetendo ao passado e se prendem a temas antiquados, com exceção
da poesia de Horacio Ferrer (Balada para mi muerte, María de Buenos Aires),
não aparecem mais criações com o alto nível das surgidas nos anos 40.
Os jovens de hoje não respiram aquela antiga melancolia e desorientação
que obrigavam ao portenho refugiar-se em permanente devaneio, à busca do
mistério e do milagre. E além do mais,
tudo mudou tanto, que talvez até se tenha vergonha do tango – que era fraternal
e inseparável de nossa simples
vizinhança de bairro e pensão, mas que significaria declínio, desolação e
decadência nestes ásperos tempos de insaciável busca de status e de poder
econômico.
Hoje a crítica
Argentina detecta um retorno do tango, cada vez mais frequente em peças
teatrais e cinematográficas. Em 1983 se apresentou em Paris uma inovação
relativa aos espetáculos planejados para o exterior: os casais de
profissionais que integravam o elenco provinham da "milonga porteña".
Era quebrada a imagem de bailarino acrobático.
No entanto, isto é apenas uma
digressão. Tudo o que foi aqui exposto fala de um fenômeno artistico e social,
de um fato cultural de enorme valor, magnitude e ressonância, cujo brilho fez
com que os olhos do planeta convergissem para a Argentina. E isto basta.
“... A única coisa a fazer é tocar um tango
argentino”
Manuel Bandeira, “Pneumotórax”. In “Libertinagem”
(1930)
O Tango foi considerado um
Patrimonio Cultural da Humanidade da Unesco em 30 de setembro de
2009, em Dubai
FONTE: TEXTO: JORGE MONTES-
jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA
Fonte: tangobh.br.tripod.com
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