sexta-feira, 9 de novembro de 2012

HISTORIA DO TANGO - O TANGO EM PARIS


Outro  caminho para a aceitação do tango pelas classes mais altas veio de Paris. No início do século XX, a fragata “Sarmiento” levara muitas partituras do LA MOROCHA, que inundaram a “ Cidade Luz”. Paris se apaixonou pelo tango, uma dança exótica e sensual para os parisienses, que levou muitos artistas argentinos e uruguaios a viajar e até se radicar na capital francesa, entre eles Gobbi e Angel Villoldo com a missão de gravar discos. Entre os bailarinos, Casimiro Aín, o famoso Vasco Aín teve a honra de servir de exemplo para que S.Santidade , o Papa Pio X, julgasse suas “firulas” e absolvesse o tango de sua antiga mancha de música de lenocínio.
O tango, tanto em sua interpretação cantada, como dançada, cativou aos franceses. O público, a crítica, a nobreza e a intelectualidade lhe deram sua total aprovação. Dele tomaram conhecimento o Czar Nicolau II e Rodolfo Valentino, que depois imporia seu famoso tango fantasia “ a la Valentino”.
O tango virou uma febre em Paris e, como Paris era o carro chefe    cultural de todo o mundo civilizado, logo o tango se espalhou pelo resto do mundo. As parcelas moralistas da sociedade condenavam o tango, assim como já haviam se colocado contra a valsa antes, por o considerarem uma dança imoral. A própria alta sociedade Argentina desprezava o tango, que só passou a ser aceito nos salões de alta classe pela influência indireta de Paris.
A elite argentina em turismo pela França se assombra com tamanho sucesso e com o insólito relevo intelectual que o tango adquire, e essa mesma elite começa a se orgulhar de ser parte desse produto do “arrabal portenho”, que antes desprezava por sua origem marginal.
Enrique Garcia Velloso, escritor de comédia escreve a peça  -
“ El Tango em Paris”, comédia encenada em 1913,interpretada por Florencio Parravicini, contando a aventura vivida pelos músicos argentinos que levam o tango a Paris. Muitos anos depois, o mesmo ator, desta vez com argumento de Manuel Romero, volta com a mesma temática no filme “ Tres anclados em Paris”, onde de forma satírica evoca a fascinação que essa cidade provoca nos argentinos de ontem e de sempre.
Na mesma época, o Barão de Marchi organiza uma reunião no  “Palais de Glace”, em Buenos Aires, para apresentar o tango à alta sociedade portenha.  Dos passos simples aos passos trabalhados, os bailarinos bordaram suas melhores linhas coreográficas para que a exibição tivesse a máxima autenticidade.  A “gente fina” local experimentou, então, um assombro e um entusiasmo semelhantes aos dos franceses. Os mais inteligentes haviam finalmente compreendido que o vilipendiado tango arrabalero era, no sentido antropológico, a única “cultura” que poderiam mostrar ao mundo como coisa própria.
As portas de muitos lugares importantes foram abertas e o tango passou a ser a atração principal desses lugares: o Royal Pigall, na Calle Corrientes. A sua filial, nos bosques de Palermo, a casa batizada com o gálico nome de Armenonville, foi  inaugurada por Vicente Greco. Nessa Casa atuaram também Roberto Firpo e Francisco Canaro. Estes dois foram os cabeças na época do abandono da “velha guarda”, os que lutaram pelo tango, fazendo com que sua presença se estendesse ao cinema, ao teatro e às festas da alta-sociedade. Canaro, um trabalhador infatigável, lutou de forma incansável até o último minuto de sua vida, na procura de novos caminhos. No Armenonville também se consagrou a dupla Gardel-Razzano, sendo Carlos Gardel ( que morreu em 1935), até os dias de hoje, o arquétipo do cantor de tangos e da policromática personalidade do portenho.


FONTE: TEXTO: JORGE MONTES- jornalista (Produção Bandeirantes Discos) –
Enciclopédia WIKIPÉDIA



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