No litoral buscavam o pau-brasil (ibirapitanga) que despertou a cobiça dos franceses e de outros povos. No interior buscavam as minas, os tesouros.
Em 1560, Braz cubas e Luiz Martins começaram a penetrar em Minas Gerais, pelo rio Paraíba, transpondo a Mantiqueira.
Em 1576, Vasco Fernandes Coutinho parte de Vitória, percorre o rio Manhuaçu até o rio Doce, e Antonio Dias Adorno teria alcançado a lendária lagoa do Vapabuçu e a serra das Esmeraldas.
De São Paulo partem as bandeiras à procura de metais e pedras preciosas. Fernão Dias Paes estabelece o primeiro arraial em Ibituruna: “ o mais antigo lar da mineira”. Os bandeirantes por onde passavam deixavam roças e arraiais que se transformaram, mais tarde, em cidades.
Em 1675 estabeleceram os primeiros povoados em Minas Gerais. Este povoamento é diferente do povoamento pastoril. Os mineradores de ouro e diamantes vão para os lugares mais distantes, havendo entre um povoado e outro um grande espaço vazio. Com a descoberta do ouro em abundância, os arraiais se tornaram mais estáveis e transformaram-se em cidades, geralmente em torno de uma capela. Nos pousos dos tropeiros que tangiam a tropa arriada pelo interior, surgiram também novas cidades.
A luta entre brasileiros e portugueses pelo controle do país e do ouro, atingiram o seu ponto máximo com a Inconfidência Mineira. Lutando pela liberdade, igualdade e fraternidade, morreu Tiradentes a 21 de abril de 1792.
A luta entre brasileiros e portugueses pelo controle do país e do ouro, atingiram o seu ponto máximo com a Inconfidência Mineira. Lutando pela liberdade, igualdade e fraternidade, morreu Tiradentes a 21 de abril de 1792.
AS ARTES E OS ARTISTAS
Em Minas Gerais surgiram grandes artistas, poetas da Inconfidência, da Escola Mineira; Claudio Manoel da Costa, Tomaz Antonio Gonzaga.
Músicos barrocos como: José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita, Marcos Coelho Neto, Inácio Parreira Neves, Francisco Gomes da Rocha.
Antonio Francisco Lisboa, o famoso Aleijadinha, fixou em esculturas na pedra-sabão e na madeira, figuras do mundo bíblico. Este extraordinário escultor e arquiteto criou obras barrocas de fama internacional.
BAILADO
Caiapó é um bailado de influência indígena. Aparece em diversos estados brasileiros, com variações nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O índio caiapó pertence à família linguística JÊ. Em São Paulo viveram os Caiapó do Sul, que foram duramente combatidos pelos bandeirantes, e se deslocaram para o interior do país.
O bailado se desenvolve em torno do fato de ter sido o Curumim (menino índio) atacado por um homem branco. Todos os companheiros ficam em torno dele. Morre o curumim. Em desespero a tribo suplica ao pajé, para ressuscitá-lo com as suas artes mágicas. O ritual se processa por meio de baforadas de fumo e exuberante mímica. Uma vez ressuscitado a dança continua, agora em outra praça. O mesmo drama é repetido. Um drama sem palavras, sem música, apenas com o ritmo para acompanhar os passos.
Participam do bailado do Caiapó dez ou doze elementos: curumim, cacique ou pajé e os demais dançadores – Em algumas cidades apresenta-se também o porta-bandeira ou estandarte.
Usam roupas imitando índios; sobre o saiote de penas, usam cocar de penas coloridas, busto nu ou pintado. Alguns amarram penas nas pernas, como uma jarreteira. Pintam o rosto ou usam máscaras com grandes penachos pintados de cores estranhas.
CURUMIM
AS SERENATAS DE OURO PRETO
Os povos históricos fizeram serenatas- cantavam o seu amor à porta das suas amadas. A flauta é um instrumento obrigatório nas serenatas desde a Grecia. Os romanos eram seresteiros.
A serenata chegou até nós graças aos portugueses. Contam que Tiradentes gostava de um violão e no tempo de Marília já se faziam serenatas em Ouro Preto.
A modinha é uma forma de poesia musical, romântica, e se tornava mais romântica por ser cantada à noite.
Mandei fazer um buquê
Pra minha amada
Todo ele de boninas disfarçadas
O brilho da estrela matutina
Adeus menina, linda flor da madrugada.
E atravessavam a noite os menestréis, seresteiros, molhados pelo sereno ao som do violão, da flauta, do bandolim ou do cavaquinho.
A voz do seresteiro repassada de carinho e paixão, sob a janela da amada, é uma cascata de ternura que a envolve no leito de sonhos, despertando-a para abrir a janela, para o seu cantor apaixonado:
Hei de te amar, amar
Hei de te querer, querer
Hei de te levar de casa
Sem o seu pai ou sua mãe saber.
E quando o luar se derrama pelas ladeiras de Ouro Preto, mais convidativa se torna a serenata. Daqui do presente se abre a porta do passado e a gente canta, caminhando dentro da História. É uma volta no tempo, um reencontro com a simplicidade, com o sereno da madrugada, com o orvalho que vem caindo... com as flores dos campos, agora mais belas porque estão úmidas... e no fim da serenata, muitas vezes, nossos olhos também estão úmidos de saudade. Uma saudade que tem a idade do amor...
Saudades, infindas saudades!
Saudades dos lábios teus,
Saudades das noites de luar,
Em que os confundia aos meus.
Agora nos acordes deste triste violão
Deixo expirar estas mágoas,
Saudades de tantas saudades
Vindas do meu coração.
Saudades da luz da lua
Que lá dos céus nos via,
Quando meu beijo se desprendia
Para ir dormir na boquinha tua.
A CAVALHADA
Na Idade Média a aristocracia exibia em combates individuais (a justa) e em combates coletivos (o torneio) a sua perícia, destreza e valentia.
Essas atividades desportivas dos nobres a cavalo, reviviam os combates dos gladiadores nos circos romanos, e tinham uma finalidade – a preparação para a cavalaria.
Segundo a tradição, a cavalaria é uma instituição lendária criada pelo Rei Artur da Bretanha, fundador da Távola Redonda, com os seus cavaleiros. Ou, quem sabe a cavalaria surgiu com Carlos Magno e os legendários Doze Pares de França? Estes personagens célebres estão presentes na Cavalhada Brasileira: Mouros e Cristãos lutam. O rei Carlos Magno e os mouros reaparecem na linguagem simples e poética do nosso
povo.
No passado, a Cavalhada constituía uma grande festa da qual participavam os grandes senhores de terra, os fazendeiros que podiam apresentar os animais ricamente “vestidos”. Era uma festa de sedas e veludos. Poucas cidades brasileiras conservam a Cavalhada com o mesmo esplendor de antigamente, entre elas Montes Claros ( Minas Gerais).
Na nossa Cavalhada, introduzidas no tempo do Brasil-colônia, a figura central é Carlos Magno, o rei cristão.
A cavalhada é um tema religioso – teatro de rua, de praça pública, cuja finalidade é transmitir uma lição cristã, o Bem vence o Mal. Há dois partidos: cristãos e mouros. Os cristãos vestem-se de azul, representando o Bem, o Céu. Os mouros vestem-se de vermelho, representando o Mal, o inferno. É a mesma luta encontrada nas congadas.
Na Cavalhada praticada no Brasil existem a parte religiosa e a “brincadeira”. Na brincadeira estão os jogos atléticos, onde demonstram a perícia dos cavaleiros. O jogo da Argolinha é muito apreciado. O cavaleiro deverá, numa grande corrida, tirar com uma lança a argolinha de ouro que está presa numa trave, por um fio. A argolinha é a prenda que se oferece à namorada, noiva ou esposa. O participante é sempre bom cavaleiro e cavalheiro.
A parte religiosa ou dramática, cheia de ostentação, representa uma luta entre cristãos e mouros, sendo estes infiéis batizados pelo rei Cristão Carlos Magno, mais uma vez celebrado como cristianizador.
Imperador Carlos Magno
Previna o seu batalhão
O general está disposto
A tomar conta desta nação.
Dá licença general
Aqui vim lhe conhecer
O rei do congo manda esta carta
Faz favor de receber
O imperador Carlos Magno
É um homem de estudo e de grande pensar
Vocês adoram o vosso rei
E nós temos o nosso pra adorar
E volte atrás secretário
Com essa vossa valentia
Não venha com atrevimento
Atrapalhar as minhas cantorias.
RITOS
A PROCISSÃO DE CORPUS CHRISTI
A devoção vem para as ruas com toda a sua pompa, para participar da procissão do “Senhor Morto”.
Funde-se o passado e o presente. Das sacadas das velhas janelas coloniais, caem as colchas coloridas de damasco, veludos, toalhas de labirinto. Cada cor tem um significado: azul e branco - cores do céu e da pureza; verde - esperança e penitência; vermelho – amor e caridade; roxo – paixão; negro – luto, contrição.
É o Brasil do passado que passa. A procissão passa... pelas ruas atapetadas de flores, e os hinos revivem os compositores mineiros, como Lobo de Mesquita. Canta a alma dos fiéis...É a procissão do Corpo de Deus que passa...
VIDEO - RENATO TEIXEIRA - PEIXE VIVO
FONTE: Histórias, Costumes e Lendas
Editora
Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube
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