terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

BRASIL FOLCLÓRICO V - REGIÃO NORTE - AMAZONAS - RORAIMA - ACRE -

AMAZONAS


O Estado do Amazonas é a mais extensa das unidades brasileiras, com pequena elevação, uma vasta planície, cujos rios abundantes podem ser preguiçosos. As águas não têm pressa de chegar ao mar, formando lagos marginais, lagoas, áreas pantanosas, várzeas, periodicamente inundadas, igapós (matas cheias de águas), tesos de terra firme onde as águas não alcançam.  Poucas áreas de campos, o resto é floresta e água. Aí estão presentes os igarapés (canais naturais) e furos (comunicação natural entre dois rios).
O soldado espanhol Francisco Orellana ao descer o rio em 1541 à procura de especiarias, principalmente canela, revelou ao mundo a existência do rio das Amazonas. Entretanto a conquista territorial foi feita paulatinamente pelos missionários portugueses, jesuítas, franciscanos, carmelitas, mercedários, que procuraram estabelecer aldeamentos indígenas para catequese e aproveitamento do trabalho.
Foi com os índios cambeba, excelentes canoeiros que os portugueses aprenderam a utilizar o leite da seringueira, quando estavam em busca de drogas do sertão, plantas medicinais e especiarias. Também descobriram o uso do guaraná com os índios maué. É uma história de suor, lágrimas e sangue com a extinção de muitas tribos de índios. Ainda estão presentes os filhos da selva nesta região: índios caxinaua, vai-vai, tucano, vitoto e outros.
O atual Estado do Amazonas fazia parte da Província do Grão-Pará onde se destacou em 1850. Neste Estado a presença do português é pequena e a do negro mínima. Os caboclos (filhos de índios com brancos) predominam.
No fim do século passado a extração da borracha trouxe grandes grupos de cearenses fugidos da seca de 1877. Criou-se um novo tipo humano nas selvas amazônicas - " o cearense da Amazônia", que se distngue do caboclo do Amazonas. 
                                         A LENDA DO BOTO - PROJETO FOLCLORE -
                                  CONTAÇÃO DA RUA- NARRAÇÃO DANY DANIELLE

RORAIMA



A posse do Território Federal de Roraima foi disputada por brasileiros, holandeses, espanhóis e ingleses.  Pertencia ao estado do Amazonas. Em 1943 passou a ser Território Federal do Rio Branco e, em 1962,  recebeu o nome de Território Federal de Roraima.
Antigamente era chamado de território do Rio Branco, rio que é um afluente do rio Negro e corta o território de Norte a sul. Está localizado no planalto das Guianas. Confronta-se com a Venezuela e Guiana, antiga Guiana Inglesa. 
Etimologicamente a palavra Roraima vem da contração de roro (verde) e imã (serra ou monte), e foi batizado por indígenas pemons da Venezuela.
 folclore roraimense é hoje o encontro das tradições trazidas pelos colonizadores nordestinos e de todas as partes do Brasil, com a força das lendas e vivências dos índios, que têm no seu ambiente natural uma perfeita harmonia entre homem e natureza. É festejado tanto os santos da Igreja católica como também as tradições indígenas, que exercem forte influência no estado, na área de curandeirismo e pajelança. No mês de junho, assim como em outros estados do Brasil, acontece as festas juninas nos diversos municípios.
Os índios da tribo vai-vai e vapidiana vivem no em Roraima, nas vizinhanças da Guiana.  Os índios da tribo tucano moram no alto rio Negro, principalmente no Uaupés.



ACRE



Somente em  1877 teve início no Acre — que naquela época pertencia à Bolívia — a chegada da quase totalidade dos migrantes que, oriundos do Nordeste do Brasil, mais precisamente do Ceará, colonizaram a região para buscar a borracha que se encontrava na Floresta Amazônica.   Nas últimas décadas do século 19, moravam cinquenta mil brasileiros na região. 
Os colonos brasileiros entram em terras da Bolívia- surgem os conflitos;  primeiro deles é com os “poetas”, grupos armados de sonhadores de Manaus e Belém, que são derrotados. Mas o gaúcho Plácido de Castro, antigo aluno da Escola militar de Porto Alegre, chefia em 1902 um grupo de seringueiros e inicia as operações militares em Vila Xapuri, no Alto-Acre, e estabelece o governo independente do Acre.  A resistência que Plácido ofereceu não foi tanto contra a Bolívia, mas principalmente contra o sindicato inglês  do Charted Company (monopólio da borracha). O final dos conflitos se deu por vias diplomáticas. O  Brasil assumiria o controle do Acre. Em 1904 foi criado o Território Federal do Acre. Por força da lei federal nº 4.070, o presidente do Brasil João Goulart elevou o Território Federal do Acre à categoria de Estado em 12 de Junho de 1962.   
É o primeiro produtor nacional de borracha, e a produção de castanha-do-pará e a extração de madeiras são importantes.Parte do seu território constitui a Amazônia brasileira.
Em Rio Branco encontra-se uma comunidade religiosa chamada Alto Santo (Centro de Iluminação Cristã Universal) que pratica o Ritual do Santo Daime, típico do Acre, de origem indígena, que usa o Daime, um chá natural feito com folhas e cipó, usado pelos índios como forma de aproximação a Deus. Todos tomam o chá, inclusive as crianças e os idosos. Os integrantes usam fardas e cantam o hinário.


BOI-BUMBÁ





O boi desde as mais remotas eras da humanidade, tem constituído motivo para bailados, cerimônias, cultos.  No Egito, o boi Ápis era adorado. Os hebreus, contra as determinações de Moisés, fizeram um bezerro de ouro. Ainda hoje, na Índia, as vacas são sagradas.
O Boi-Bumbá amazonense é uma das variações do Bumba-meu-Boi, bailado largamente praticado nas nossas terras. É uma das mais antigas formas de distração popular, folguedo noturno, recreação sadia do povo.  Foi sem dúvida introduzido pelos colonizadores europeus, sendo a primeira expressão de teatro popular brasileiro.
Praticado em diversas partes do Brasil, toma nomes diferentes de acordo com a região:
Bumba-meu-boi, Boi-bumbá, Boi-calemba, Boi-de-reis, Boi-mamão, Boi, Boizinho, Boi-Jaraguá, Boi-pintadinho. É um bailado popular que atrai a atenção do povo. Sua época varia: no Nordeste sai nas festas natalinas e no Norte nas festas juninas.














O bailado é muito simples, o Branco é o dono do boi, o Negro, vai roubá-lo na fazenda de acordo com o capataz  (mulato) e o índio é o pajé que vai ressuscitar o boi. Nota-se a presença da tese da ressureisão ensinada pelos jesuítas.
O bumba-meu-boi brasileiro não tem boi  de verdade: é um boi-de jaca, Boi-de-armação
Feito de  taquaras    ou ripas de madeira, recoberto com pano ordinário. De real, tem apenas a cabeça que é uma de boi ou vaca com os respectivos chifres. Debaixo da armação que emita o corpo do boi, se intromete a “tripa”, o homem que se propõe a ser com a carcaça bovina sobre a sua .Este homem tem que ser bem forte para aguentar a brincadeira.
Existem muitos personagem neste teatro popular, variando de um local para outro.  Pai Francisco, Mãe Catarina também estão presentes. Mateus, o palhaço, é o condutor da história. A representação mais perfeita do bovino é sem dúvida a do Boi-corre-campo, do Boi-Bumbá paraense.


ALUMIAÇÃO – RITOS




Cada povo com o seu uso, cada roça com o seu fuso. Este provérbio popular é bem adequado.
O povoador português nos legou o culto dos mortos, os velórios, as missas de defuntos, a choradeira (a carpição), a visitação aos cemitérios, os enterros, o acender de velas, todas as devoções de Portugal.
Em muitas cidades, no dia dos mortos (2 de novembro) fazem a visitação aos túmulos, levam algumas flores, rezam apressadamente e deixam o morto em paz...
Antigamente no dia dos mortos, as pessoas se trajavam de preto para ir com toda a família ao cemitério para rezar e levar flores. Prática da religião católica romana. Todos respeitavam o silêncio: nas ruas e nas casas. As rádios só transmitiam músicas clássicas.
Em Manaus, a alumiação é um verdadeiro espetáculo de saudade. É pirolatria (culto do fogo), com o qual homenageiam seus mortos queridos no Dia de Finados. Os cemitérios são visitados por milhares de pessoas e, nos túmulos, acendem muitas velas propiciando naquela noite tropical um espetáculo inédito de luzes – A ALUMIAÇÃO.




FONTE: Histórias, Costumes e Lendas 
               Editora Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube

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