terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

BRASIL FOLCLÓRICO VI - REGIÃO CENTRAL - MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL

MATO GROSSO
  



Mato Grosso é um dos Estados menos povoados do país. A agricultura do arroz, café milho e feijão é muito desenvolvida. Produtos minerais: ouro, diamante, minério de manganês. Ao norte de Mato Grosso se encontra a parte meridional da floresta amazônica.  
Nesta região rica em campos, matas, cerrados, frutos, peixes e caças vivem várias tribos do Xingu que falam várias línguas: camaiurá e aueti – (língua tupi); meinaco, vaurá, iaualapiti – (língua aruaque); trumai – (língua isolada);  suiá – (língua gê). Além dos cuicuro, jalapalo e nahuquá - (língua caribe). Na tribo nahuquá do rio Coliseu, encontramos índios com olhos azuis.
O primeiro homem civilizado que penetrou nessa região foi o etnólogo Karl Von den Steinen, em 1884.  Escreveu um livro clássico da etnologia  brasileira “ O Brasil Central”. Aí localizou tribos de língua aruaque e viveu entre outras de língua caribe, gê e tupi.
O nome aruaque provêm de uma tribo que veio da Venezuela, os araguaco. A expansão desta tribo foi tão grande que alcançou as costas do Pacífico, ao sul até o Chaco e ao norte até as Antilhas e o sul da Flórida. Foram esses índios que entraram em contato com Cristóvão Colombo, em 1492, quando a América foi descoberta.
Pelo tratado de Tordesilhas a área que hoje compreende o Estado do Mato Grosso pertencia à Espanha.  Os bandeirantes foram os primeiros a chegar à região, por volta de 1632; depois algumas missões de jesuítas. As penetrações foram ficando cada vez mais ousadas pela procura de mão-de-obra indígena e pela descoberta do ouro.  Sertanistas que procuravam o metal precioso estabeleceram-se às margens do rio Cuiabá e formaram um povoado. Mais tarde esse núcleo se transformaria na vila de Cuiabá.  Depois dessas incursões foram assinados tratados (1750 e 1771) que reconheciam a área como sendo de Portugal. Mato Grosso desenvolveu-se como Estado agropastoril.

FESTA DO JAVARI




O Javari é uma recreação sadia praticada pelos índios do alto Xingu. Simulando um combate, descarrega a belicosidade, a rivalidade existente entre as tribos vizinhas. Propicia também o comércio, a troca de artesanato. Os índios camaiurá se declaram introdutores do “javari” entre as demais tribos xinguanas.
Julho é o mês da festa, antes da catança dos ovos de tracajá (tartaruga de água doce). Os índios camaiurá convidam os seus vizinhos e  se realiza a troca, o comércio.
A chegada dos participantes da outra tribo é recebida com muita alegria. As mulheres levam comidas e bebidas para o local onde ficarão hospedados os visitantes. Na madrugada ouvem-se cantos. Vai ser o dia do Javari em homenagem a um cacique morto. O jogo consiste no arremesso de dardo, que deve atingir o adversário da cintura até os pés. Quando acabam as disputas aproximam-se da panela de cauim (bebida feita de fruta, milho ou mandioca mastigada e fermentada). Os chefes de cada tribo quebram um dardo e o colocam na borda da panela, iniciando-se uma carpição, uma choradeira demorada pela morte do homenageado, o cacique.  Terminada a arenga, trocam presentes, e a seguir dançam. Assim acaba a festa.


 URUÁ – RITUAL DE PURIFICAÇÃO




Ligado às cerimônias, na época do jogo do Javari, está o ritual de purificação da aldeia, onde a música e a dança estão presente. É o rito do Uruá.  A música é monótona e a dança um simples bater de pés.  No final da festa do Javari, ao entardecer, antes que o sol se ponha, saem dois índios com flautas (uruá), feitas com duas taquaras compridas (2 metros) , uma mais grossa do que a outra, emitindo sons diferentes. Um som grave e outro agudo. 
Atrás de cada tocador vem uma jovem virgem. Coloca a mão direita sobre o ombro do tocador e a mão esquerda no ventre. Entram os quatro nas malocas, tocando e dançando. Circulam dentro de toda a maloca, depois entram na próxima até o sol se por. Agora os índios estão tranquilos porque convocaram os espíritos dos mortos para o centro da praça, onde estão fincados os Kuarupes (paus que representam os mortos), que serão lançados no rio depois do cerimonial. Assis os espíritos estão libertos e a aldeia está purificada
Kuarupe é   uma madeira que dá nome ao ritual, cujo significado para os índios é a despedida dos mortos e encerramento do período de luto.

            RITO DE MORTE DOS ÍNDIOS BORORO

Ao entardecer ouve-se o toque de uma flauta. Começam os ritos fúnebres. Todos os membros da tribo vão para a praça.  Da casa-dos-homens sai um índio todo paramentado com enfeites plumários e, em cada mão, um maracá.  Ele começa a tocar em redor de um couro de onça, colocado feito estandarte na praça. O couro, no lado esterno, está todo pintado .Quadrinhos e desenhos em vermelho, sobre fundo amarelo. Chegam mais homens e começa um canto lamentoso, sem fim. Dão algumas voltas ao redor do couro e voltam para casa.
Novamente ouve-se a flauta. Um jovem todo pintado  e com penas brancas coladas no corpo entra carregado. Senta-se sobre a pele da onça. Todos dançam em volta do matador da onça. O vingador. Agora é ele que toca a flauta, de pé. O chefe da cerimônia pega o couro e dança com ele, ao redor do representante do morto.  Termina o ritual. Na praça, muita comida e muita bebida é oferecida a todos os bororos presentes.



                                    ELY CAMARGO - MINHA TERRA (Waldemar Henrique)



FONTE: Histórias, Costumes e Lendas 
               Editora Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube

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