TOCANTINS
Tocantins é uma das 27 unidades federativas do Brasil, sendo o seu mais novo Estado. Está localizado a sudeste da Região Norte e tem como limites Goiás a sul, Mato Grosso a oeste e sudoeste, Pará a oeste e noroeste, Maranhão a norte, nordeste e leste, Piauí a leste e Bahia a leste e sudeste.
Na bandeira nacional e no selo nacional do Brasil, o Tocantins é representado pela estrela Adhara (ε Canis Majoris).
"Tocantins" é uma referência ao rio Tocantins. É um termo oriundo do tupi antigo: significa "bicos de tucanos", através da junção dos termos tukana ("tucanos") e tim ("bicos"). O nome do rio, por sua vez, é uma referência à tribo indígena que habitava a região na época da chegada dos primeiros colonizadores portugueses.
O estado de Goiás tinha uma região geográfica extensa e uma grande diferença no modo de vida dos habitantes das regiões ao norte e ao sul do estado. Sendo a capital Goiânia localizada mais a sul, e com a construção de Brasília, o sul de Goiás rapidamente se desenvolveu, se tornando uma região próspera e rica, com grande ênfase na indústria e no agronegócio, um estado promissor a novos investimentos, com grandes usinas hidrelétricas em construção e em projeto, como em Itumbiara, Cachoeira Dourada e Serra da Mesa. Assim, a região sul de Goiás se desenvolvia a todo vapor.
Devido à distância e terras com pouca cultura pela falta de tecnologia para cultivos agrícolas, o norte goiano sempre foi atrasado em relação ao resto do Estado. Assim, a população e autoridades dessa região, preocupadas com o desenvolvimento, decidiram não mais brigar para que o governo de Goiás olhasse para o norte, optaram por se libertar e constituíram um novo Estado brasileiro. Nasceu a ideia do que, futuramente, se tornou o Estado do Tocantins.
Em 1821, o Desembargador Dr. Joaquim Teotônio Segurado chegou a proclamar um governo autônomo, mas o movimento foi reprimido e a luta pela emancipação do norte goiano ficou estagnada, até que em 13 de maio de 1956, o Dr. Feliciano Machado Braga, Juiz de Direito de Porto Nacional — juntamente com o Prof. Fabrício César Freire, o Bioquímico Dr. Oswaldo Ayres da Silva, o Jornalista João Matos Quinaud, o Advogado Dr. Francisco Mascarenhas, o Escrivão Pethion Pereira Lima e o Odontólogo Dr. Severo Gomes, com a adesão das entidades: ATI – Associação Tocantinense de Imprensa, CENOG – Casa do Estudante do Norte Goiano e UAO – União Artística e Operária —, lançou o "Movimento Pró-Criação do Estado do Tocantins", como uma expressão do desejo emancipacionista do norte de Goiás. Formaram-se comissões para estudar as formas de implantação do novo estado, sendo criados, então uma bandeira e um hino.
Durante quatro anos, foram realizadas paradas cívicas no dia 13 de maio, alusivas à data de lançamento do movimento. Em sinal de sua dedicação à causa, o juiz Feliciano Machado Braga passou a despachar documentos oficiais como: "Porto Nacional, Estado do Tocantins". O juiz Feliciano Machado Braga foi transferido de Porto Nacional e assim, o movimento perdeu sua força e seu líder maior de então. A ocorrência de intensos conflitos agrários na região do Bico do Papagaio, na divisa entre o norte de Tocantins, o Pará e o Maranhão, a partir de 1960, alimentou a causa dos que defendiam a emancipação da região, ao longo das décadas seguintes.
Uma nova tentativa de emancipação foi durante a Assembleia Nacional Constituinte, que estabeleceu, no Artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as condições para a criação do novo estado no bojo de uma reforma que extinguiu os territórios federais existentes e concedeu plena autonomia política ao Distrito Federal
Em 5 de outubro de 1988, o norte de Goiás finalmente foi emancipado, passando a se chamar Tocantins, inserido na Região Norte. Em 1º de janeiro de 1989, o novo estado foi oficialmente
instalado. O girassol tornou-se a planta-símbolo do estado. Sua flor amarela, aberta em várias pétalas, simboliza o sol que nasce para todos. As cores oficiais do estado são o amarelo, o azul e o branco.
instalado. O girassol tornou-se a planta-símbolo do estado. Sua flor amarela, aberta em várias pétalas, simboliza o sol que nasce para todos. As cores oficiais do estado são o amarelo, o azul e o branco.
CONGO
OU CONGADA
De origem africana mas com
influência ibérica, o congo já era conhecido em Lisboa entre 1840 e 1850. É
popular no Nordeste e Norte do Brasil, durante o Natal e nas festividades de
Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.
A congada é a representação da
coroação do rei e da rainha eleitos pelos escravos e da chegada da embaixada,
que motiva a luta entre o partido do rei e do embaixador. Vence o rei,
perdoa-se o embaixador. Termina com o batizado dos infiéis. Os motivos
dramáticos da dança do congo baseiam-se na história da rainha Ginga Bandi, que
governou Angola no século XVII. Ela decidiu, certa vez, enviar uma
representação atrevida ao rei D. Henrique, de Portugal. Seu filho, o heroico príncipe Suena, é morto durante essa
investida. O quimboto (feiticeiro) o ressuscita....
Na dança do congo só os
homens participam, cantando músicas que lembram fatos da história de seu país.
A congada é composta por doze dançarinos. O vestuário usado pelos componentes
do grupo é bem colorido e cada cor tem o seu significado. Azul e branco são as cores
de Nossa Senhora do Rosário; o vermelho representa a força divina. Os adornos
na cabeça representam a coroa e o xale sobre os ombros representa o manto real.
Em
Monte do Carmo, o congo é acompanhado por mulheres, chamadas de taieiras. Essas
dançarinas usam trajes semelhantes aos usados pelas escravas que trabalhavam na
corte. Trajam blusas quadriculadas em tom de azul e saias brancas rodadas,
colares de várias cores e na cabeça turbante branco com uma rosa pendurada. Os
dois grupos se apresentam juntos, nas ruas, durante o cortejo do rei e da
rainha, na festa de Nossa Senhora do Rosário.
CAVALHADAS
Os combates entre mouros e cristãos pelo domínio da
Europa, na Idade Média, inspiraram uma das manifestações folclóricas mais belas
do Tocantins: as Cavalhadas, que acontecem no município de Taguatinga, no Sul
do Estado, desde 1937.
Nessa data, 24
cavaleiros se dividem entre dois grupos, para reproduzir o antigo combate. Os
homens de vermelho representam os mouros. Os de azul, os cristãos. Entre os
combatentes, existem as figuras do rei, do embaixador e dos guerreiros.
Todos os
combatentes estão devidamente vestidos com capa e cocar com penas coloridas. Os
cavalos usam selas cobertas por mantas bordadas e, sobre os olhos dos animais,
há uma máscara toda trabalhada em cor prata, enfeitada com penas. Sem dúvida,
um grande espetáculo.
FOLIA DE REIS
A Folia de Reis
comemora o nascimento de Jesus Cristo encenando a visita dos três Reis Magos à
gruta de Belém para adorar o Menino-Deus. Dados a respeito desta festa afirmam
que a sua origem é portuguesa e tinha um caráter de diversão, era a comemoração
do nascimento de Cristo.
No Brasil, a Folia
de Reis chega no século XVIII, com caráter mais religioso do que de diversão.
No Tocantins, os foliões têm o alferes como responsável pela condução da
bandeira, que sai pelo sertão 'tirando a folia', ou seja, cantando e colhendo
donativos para a reza de Santos Reis, realizada sempre no dia 6 de janeiro.
A Folia de Reis,
diferentemente do giro do Divino Espírito Santo, acontece em função de
pagamento de promessa pelos devotos e somente à noite. O compromisso pode ser para
realizar a folia apenas uma vez ou todos os anos. A folia visita as famílias de
amigos e parentes. Os foliões chegam à localidade e se apresentam tocando,
cantando e dançando. A família recebe a bandeira, o anfitrião percorre com ela
toda a casa, guardando-a em seguida, enquanto aos foliões são servidos bolos,
biscoitos e bebidas que os mantêm nas suas andanças pela noite.
Ao se retirarem, o
proprietário da casa devolve a bandeira e os foliões agradecem a acolhida,
repetindo o gesto da entrada. Quando o dia amanhece, os foliões retornam às
suas casas para descansar e, ao anoitecer, retomam as andanças. Quando termina
o roteiro da folia, realiza-se a festa de encerramento na residência da pessoa
que fez a promessa. Neste momento reza-se o terço, com a presença dos foliões e
dos convidados, em frente ao altar ornamentado com flores, toalhas bordadas e a
bandeira dos Santos Reis. Em seguida, é servido um jantar com uma mesa especial
para os foliões.
A tradição é muito
forte. Os mais velhos acreditam serem os Santos Reis os protetores contra a
peste, a praga na lavoura e, principalmente, os responsáveis pela prosperidade,
pela fartura e por muito dinheiro.
CARETAS DE LIZARDA
Com a intenção de
provocar medo nas pessoas e proteger um espaço onde guardam cana-de-açúcar, um
grupo de homens cobre o rosto com máscaras. Com isso, se caracterizam como os
Caretas de Lizarda. Quem se atrever tentar roubar seus mantimentos leva chicotada
dos Caretas, numa manifestação da cultura popular que se assemelha a um
espetáculo teatral.
Esta manifestação
acontece no município de Lizarda, na região do Jalapão, durante a Semana Santa,
na Sexta-Feira da Paixão, seguindo até a madrugada de Sábado da Aleluia. As
máscaras dos caretas são confeccionadas em couro, papel ou cabaça. Já seus
cipós (chicotes) são feitos de sola ou trançados de palha de buriti.
A proteção à
cana-de-açúcar pode ter relação com a crença da população de que, no calvário,
Jesus Cristo foi açoitado com pedaços de cana. Na encenação, os caretas
tentariam impedir esse sofrimento.
CATIRA
A Catira é dançada
em círculo. Aos pares, homens e mulheres bailam ao som do barulho produzido por
suas mãos e pés, num sapateado compassado. É comum a sússia ser dançada entre
os grupos que fazem parte de manifestações religiosas do Estado, como os giros das
folias de reis e do Divino Espírito Santo.
Os catireiros são
músicos repentistas, que cantam seus poemas ao som do pandeiro, da caixa e da
viola.
RODA DE SÃO GONÇALO
Conta a lenda que
São Gonçalo reunia em Amarante, Portugal, várias mulheres que durante uma
semana dançavam até a exaustão. O objetivo do santo era extenuar as mulheres
para que no Domingo, dia do Senhor, elas ficassem em repouso e isentas de
pecado. A lenda conta ainda que o santo tocava viola para as mulheres dançarem.
No Brasil, a
devoção a São Gonçalo vem desde a época do descobrimento. O seu culto deu
origem à dança de São Gonçalo, cuja referência mais antiga data de 1718, quando
na Bahia assistiu-se a um festejo com uma dança dentro da igreja. No final, os
bailarinos tomaram a imagem do santo e dançaram com ela, sucedendo-se os
devotos.
Essa dança foi
proibida logo em seguida pelo Conde de Sabugosa, por associa-lá às festas que
se costumavam fazer pelas ruas em dia de São Gonçalo, com homens brancos,
mulheres, meninos e negros com violas, pandeiros e adufes dando vivas a São
Gonçalo. São Gonçalo tem, para os seus devotos, a tradição de santo
casamenteiro. Inicialmente, a dança tinha um caráter erótico, que com o tempo
foi desaparecendo, permanecendo apenas o aspecto religioso.
Em Arraias, no sul
do Estado, a dança de São Gonçalo é chamada de roda, e sempre é dançada em
pagamento a uma promessa por mulheres em pares, vestidas de branco, com fitas
vermelhas colocadas do ombro direito até a cintura. Nas mãos carregam arcos de
madeira, enfeitados com flores de papel e iluminados com pavios feitos de cera
de abelha. Também participam do ritual dois homens vestidos de branco com fitas
vermelhas traspassadas. Os homens tocam viola e tem a função de acompanhar as
dançarinas para que estas não se percam nas evoluções da dança.
Os violeiros
entoam versos em louvor a São Gonçalo, que fica colocado num altar preparado
exclusivamente para a festa, em frente ao qual se faz as evoluções da roda.
Acompanha, ainda, a roda de São Gonçalo, um cruzeiro todo iluminado, colocado
próximo ao altar.
SÚSSIA E JIQUITAIA
Também conhecida como súcia ou suça, a sússia é dançada no folclore de cidades como Paranã, Santa Rosa do Tocantins, Monte do Carmo, Natividade, Conceição
O som agitado da
sússia, marcado pelo ritmo dos tambores e cuícas, conduz homens mulheres a uma
espécie de bailado, em que giram em círculos. São características que levam a
crer que esta dança folclórica tenha origem no período da escravidão.
A sússia está
presente em todas as regiões do Estado (nas cidades de Paranã, Santa Rosa do
Tocantins, Monte do Carmo, Natividade, Conceição do Tocantins, Peixe e
Tocantinópolis), predominando nas cidades do Sul e Sudeste, regiões onde a
influência negra é mais marcante. A Jiquitaia é um passo em que se dança a
Sússia.
CATIRA OU SÚCCIA
FONTE: Histórias, Costumes e Lendas
Editora
Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube
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