Os portugueses quando tomaram posse do Brasil em 1500, tinham acumulado uma larga experiência de vida nos trópicos, na África e na Índia. No Brasil provaram mais uma vez sua grande capacidade de adaptação às terras descobertas.
Em 1532, o Brasil foi dividido em capitanias hereditárias que foram entregues a doze donatários. A capitania de Pernambuco (da foz do São Francisco até o Iguaraçu) foi doada em 1534 a Duarte Coelho que veio para o Brasil com o desejo de construir uma “Nova Lusitânia”, nos trópicos. O donatário era chamado de governador ou capitão, tendo amplos poderes.
Pernambuco era o porto mais perto da Europa. As primeiras experiências com a cana-de-açúcar obtiveram resultados esplêndidos. Sol e solo – os melhores. O solo massapê pegajoso, dadivoso; o sol dourado do nordeste. A cana-de-açúcar cresceu nos imensos canaviais, que se transformavam em açúcar nos engenhos.
Já se percebia a impossibilidade de contar com a mão-de-obra do escravo vermelho (o índio), para o trabalho nos engenhos. Veio o escravo negro para o Brasil, para o engenho e povoou a senzala ao lado da Casa Grande.
O português realizou o milagre da miscigenação – o senhor do engenho dominou primeiro a cunhã (indiazinha) e com ela teve os seus primeiros filhos – os mamelucos. Mais tarde uniu-se à negrinha, que deixou entre nós a palavra afetiva “ neguinha”... e desta união surgiu o mulato. E juntos lutaram na revolução republicana de 1817. Assim é o nordestino, forte, sincero, livre, rebelde, profundamente brasileiro
DANÇAS
O FREVO
O frevo é filho legítimo da Capoeira. O capoeirista sai no carnaval dançando o frevo à frente dos cordões, das bandas de música, executando passos e meneios iguais aos da capoeira.
O frevo é uma dança coletiva do carnaval pernambucano: nos salões, nas ruas, o povo se entrega ao frevo de corpo e alma. É tão frenético e alucinante que cada um, por si, egocentricamente, ferve ao seu modo, até a exaustão. O frevo não tem nada de religiosidade, apenas ficou com o guarda-chuva do maracatu, uma espécie de pálio, neste folguedo. O guarda-chuva dá um grande equilíbrio ao passista.
No carnaval pernambucano todo o povo que vive nos mocambos, nas praias e beiras de brejos de Pernambuco, desperta do seu torpor e se integra no reinado do frevo, tendo por símbolo de realeza o guarda-chuva.
A música do frevo parece um pouco com a marchinha carioca. A força do frevo repousa neta música estimulante que faz a gente conjugar e viver o verbo...
Eu frevo
Tu freves
Ele freve....
O MARACATU
O maracatu nasceu no Recife, filho legítimo das procissões em louvor a Nossa Senhora do Rosário dos Negros, que batiam o xangô (candomblé), o ano inteiro. O maracatu é um cortejo simples, que do sagrado passou para o profano, para o carnavalesco.
No começo deste século o maracatu tinha um cunho altamente religioso. Dançavam primeiramente em frente das igrejas. Hoje, é uma mistura de música primitiva e teatro, no carnaval pernambucano, o mais folclórico do Brasil.
A presença da rainha dá um sabor todo especial ao maracatu. Com sua presença fixa-se a linha de matriarcado, tão do gosto africano.
Os cantos e as danças são em louvor da boneca (calunga), figura feminina, ponto de concentração das atenções dos participantes e do público.
As nações do maracatu são os grupos humanos. Cada maracatu traz o nome de sua “nação” : Estrela Brilhante, Cambinda Velha, Elefante, etc...
Ao maracatu é atribuída origem sudanesa (do Sudão da África), por causa da presença da lua crescente nos seus estandartes, além de certos animais africanos: o elefante e o leão.
Para alguns sociólogos o nome maracatu significa procissão; para outros significa debandar...
O maracatu deu origem a um ritmo musical mais lento do que o frevo, no carnaval pernambucano, que se propagou pelo Ceará e Alagoas.
OS CABOCOLINHOS
DANÇAS
O padre Fernão Cardim foi um dos primeiros cronistas do Brasil a registrar, em 1584, em seu livro “ Tratado da terra e gente do Brasil”, um bailado executado por curumins (meninos) tupinambá. Apresentavam-se ricamente enfeitados de penas, sob a vista dos catequistas. Foi assim que os missionários conseguiram catequisar, conquistando primeiramente o indiozinho, através de brincadeiras, danças e cantos religiosos.
O Cabocolinho é um bailado de sabor indígena como o próprio nome. No Nordeste a palavra “caboclo” designa o índio ou os seus descendentes, mestiços. Os “cabocolinhos” são os filhos dos caboclos.
Os instrumentos musicais do cabocolinho são também de origem indígena. O pífano, o maracá, o canzá (reco-reco). Participam meninos de 10 a 15 anos. O adulto responsável faz, geralmente, o papel de rei ou de mestre.
De Estado em Estado varia o número de participantes, de 12 a 20, no máximo. Os nomes dos figurantes também variam: cacique, caboco-velho, tuxaua, matroá, diretor, birico, pantaleão, mestre e contramestre. Não há um enredo nesse bailado, consiste mais em desfile e pinoteio dos cabocolinhos. Não falam, mas a gesticulação é abundante: é um bailado mímico.
Na Paraíba, em Alagoas, em Pernambuco, no Ceará, no Rio Grande do Norte os cabocolinhos aparecem no carnaval. Em outros Estados, aparecem por ocasião da Festa do Divino Espírito Santo e são chamados de caboclada, catopé, cabocleiro, guaribeira ou dança dos caboclos.
TERNO DE ZABUMBA
O Terno de Zabumba é um conjunto musical típico do Nordeste, conhecido também pelos nomes de Terno de Música, Esquenta Mulher (Alagoas), Cabaçal (Paraíba), Banda de Couro (Ceará).
O terno compõe-se de dois tocadores de pífano, o mais rudimentar dos instrumentos de sopro, com sete furos, seis para os dedos e um para a boca. A Zabumba e a caixa são instrumentos de percussão indireta, por meio de varetas, baquetas ou cambitos. Esses instrumentos são construídos pelos próprios tocadores.
O Terno de Zabumba alegra sempre as festas, festanças, festarias nordestinas. No baixo São Francisco ele está presente para acompanhar o bailado do Quilombo, a dança do Baianá, para tocar as “salvas” nas rezas. Acompanha também as procissões do meio rural. É uma presença indispensável nos bailes, pois um “baiano” (baião) tocado por um Terno de Zabumba será dançado por todos. Num “forró” pernambucano, pela noite até o amanhecer do dia o Terno de Zabumba faz a animação do baile, o divertimento do sertanejo.
O Terno de Zabumba exerce funções profana e religiosa. Tocam as “salvas”, músicas de “reza”, tocam nas rezas, nas novenas.
Boa noite seu Rufino
Boa noite eu venho dar
Quero que me dê licença
Em seu terreiro brincar.
OS BEATOS
RITOS
RITOS
"Do céu veio uma luz
que Jesus Cristo mandou
Dos castigos nos livrou!
Quem ouvir e não aprende
quem souber e não ensinar
no dia do Juízo
a sua alma penará"
O cangaceiro procura fazer a justiça com as suas próprias mãos. O beato, o penitente procura uma justiça eterna. Ambos são o fruto da desgraça da seca e de uma estrutura social cruel.
Quando chega a seca, o sofrimento, a espera, a morte, chegam também os penitentes. Despontam nas estradas, desoladas, sem fim, com roupas esfarrapadas,semelhantes a um hábito religioso. Ás vezes carregam uma cruz, ou trazem um carneirinho imitando São João Batista. São portadores de fome crônica; cabelos e barbas longas, alpercatas sertanejas - olhar parado, falam uma linguagem incompreensível, misturada com rezas. A conversa deles é quase sempre a mesma: uns andam caminhando para encontrar com Jesus Cristo, outros dizem que receberam uma missão.
MARACATU - GRUPO FOLCLÓRICO ELIZABETH FREIRE-
CIDADE DE SERTÂNIA - PE
FONTE: Histórias, Costumes e Lendas
Editora
Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube:
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