Em 1500, Portugal descobre o Brasil, começa a história do nosso povo.
A baía de Todos os Santos foi descoberta em 1501, por um navegante genovês a serviço de Portugal, Américo Vespúcio. Transformou-se em um importante porto para o comércio de pau-brasil. Região de lindas praias e terra rica, atraiu muitos viajantes, que lá chegaram e travaram conhecimento com os índios. Um deles, o português Diogo Alvares, o Caramuru, assimilou os costumes indígenas e transformou-se no pai da mais antiga família baiana. Aos poucos a conquista estendeu-se para além do litoral. Primeiro o sertão norte, depois as margens do São Francisco. Surgiram as roças de cana-de-açúcar, os engenhos, a cultura do cacau e do fumo.
A baía de Todos os Santos foi descoberta em 1501, por um navegante genovês a serviço de Portugal, Américo Vespúcio. Transformou-se em um importante porto para o comércio de pau-brasil. Região de lindas praias e terra rica, atraiu muitos viajantes, que lá chegaram e travaram conhecimento com os índios. Um deles, o português Diogo Alvares, o Caramuru, assimilou os costumes indígenas e transformou-se no pai da mais antiga família baiana. Aos poucos a conquista estendeu-se para além do litoral. Primeiro o sertão norte, depois as margens do São Francisco. Surgiram as roças de cana-de-açúcar, os engenhos, a cultura do cacau e do fumo.
Na Bahia, os portugueses (colonizadores), os africanos (escravos) e os índios (nativos) se misturaram livremente – sem preconceitos.
A cana-de-açúcar valia ouro que era levado para Portugal, mas aqui ficaram os engenhos de açúcar, as casas grandes das fazendas, as senzalas, as igrejas barrocas do Nordeste. Os senhores de engenho, barões, viscondes dominaram a região.
Mas os engenhos de açúcar (movidos por juntas de bois) precisavam de animais para funcionar. Só além de 10 léguas da costa é que se podia criar o boi. Começou então, a marcha para o interior, para o sertão, e para vencer a vegetação agreste, cheia de espinhos e o sol intenso, nasce o vaqueiro – mameluco ou caboclo – mestiço de branco e índio.
Os escravos africanos quando chegaram ao Brasil estavam num estágio cultural mais adiantado do que o índio. Alguns sabiam ler e escrever, Conheciam os metais, e, na Bahia, usaram a prata e ouro na manufatura dos balangandãs usados pelas mulheres. As “baianas” atuais descendentes de africanos (das tribos ioruba, nagô, jeje, mina, fula, haussá) se esmeram no trajar: saia rodada, com muitas anáguas rendadas, engomadas, bata (blusa de rendas) solta, Pano da Costa, como um xale, sobre o ombro ou turbante. Chinelas ou sapatos de salto baixo e muitos e muitos enfeites: pulseiras, brincos de ouro, prata, coral. A baiana-muçulmana (do Sudão africano), alta e esguia, usa traje branco; as vezes no ombro, um “pano da Costa” preto.
Os holandeses por duas vezes invadiram o Brasil de 1624 a 1625- (Salvador) e de 1630 a 1654 (Nordeste).
O CANGACEIRO
Assim como sucedeu
Ao grande Antonio Silvino,
Sucedeu da mesma forma
Com Lampeão Virgolino
Que abraçou o cangaço
Forçado pelo destino
Porque no ano de Vinte
Seu pai foi assassinado
Da rua da Mata Grande
Duas léguas arredado...
Sendo a força da polícia
Autora do atentado...
(Luís da Câmara Cascudo – “ Vaqueiros e cantadores” – pag. 123 - Coleção Brasileira de Ouro)
A desgraça da seca nunca vem só. À seca associam-se o banditismo e o fanatismo religioso. Surge o cangaceiro e o beato – personagens de um grande drama sertanejo. Cangaceiro é o nome genérico do fora-da-lei. Seu aparecimento está ligado às formas de injustiça social do Nordeste de antigamente: a prepotência dos senhores rurais, a organização político-social.
CAPOEIRA
A capoeira é ao mesmo tempo uma luta e uma dança. Uma arma de defesa pessoal e um divertimento. Foi introduzida no Brasil pelos escravos africanos. Difundiu-se rapidamente em Salvador, no Recife e no Rio de Janeiro.
Alguns golpes de capoeira podem ser mortais. No princípio do século XIX os capoeiristas passaram a ser muito temidos; usavam navalhas e formavam bandos associados a políticos. Houve uma grande repressão policial.
Hoje, as “Academias de Capoeira” transformaram a luta em divertimento: uma dança ao som de cantos, berimbau, pandeiro, caxixi, palmas...
Formam um semicírculo e dois a dois entram na roda, para começar a lutar; meneios de corpo, ginga, rasteira, rabo-de-arraia, bênção-de-peito. É uma dança.
BERIMBAU
O berimbau é um instrumento musical originário da África. Veio com os escravos e é mais usado na Bahia para acompanhar a capoeira. O africano quando veio, como escravo, para o Brasil já sabia lidar com o ferro e muitos dos seus instrumentos musicais eram de ferro – agogô, adjá (campainha), berimbau-de-beiço, berimbau-de-barriga.
O berimbau-de-beiço é também conhecido como marimbau. É um pequeno instrumento que o negro usava preso aos dentes. A caixa de ressonância era a própria boca. É uma peça raríssima, de museu.
O berimbau-de-barriga compõe-se de um arco de madeira de mais ou menos metro e meio de comprimento. Uma corda de metal (arame), e uma caixa de ressonância, que é uma pequena cabeça cortada, amarrada com barbante especial, na parte anterior do arco. O tocador usa uma varetinha de madeira (para percutir a corda). Uma moeda pesada (dobrão) e uma espécie de cestinha cheia de sementes (caxixi) para marcar o ritmo.
O PASTORIL
Os pastoris são danças e cantos que por ocasião das festas de Natal se realizam em homenagem ao Deus Menino.
Em geral se desenvolve defronte de um Presépio ou em tablados, em praça pública. É um rancho alegre de meninas, mocinhas, que ano após ano entoam ao Menino Jesus.
As pastorinhas representam autos, é o festivo teatro popular, alegre, mas cheio de ensinamentos morais. As músicas são cheias de ternura.
Vamos, vamos pastorinhas
No meio deste torrão
Vamos ver o Deus Menino
Entre palhinhas deitado
Alerta, alerta pastoras
Vamos, vamos a Belém
Ver Jesus nascido
Hoje, para o nosso bem
Vamos adorar a flor
Que deriva de José
O filho da Virgem pura
Esposa de São José.
Em Belém se cantam glórias
Saudades de Nazaré
Pois que no presépio assistem
Jesus, Maria e José
Com passo lento já sigo
A Belém para adorar
Pois nasceu o Deus-Menino
Bailem, bailem pastorinhas,
Bailem com todo o primor
Bailem que já é nascido
Nosso Deus e Salvador
FESTAS
AFOXÊ
O Afoxê é o sagrado participando do profano. É uma obrigação religiosa que os membros dos candomblés (de origem jeje-nagô) terão que cumprir. A “saída de carnaval” será feita nem que seja perto do terreiro. O Afoxê é um candomblé adequado ao carnaval. Inicia-se com um despacho para Exu, para que Exu não interrompa as festividades carnavalescas.
Roupas de cetim e arminho em profusão; caboclos de penacho, empunhando arco e flecha. Algumas filhas de santo, vestidas de baianas, com saias rodadas, blusas de renda e panos da Costa.
O centro de profundo interesse do afoxé é a boneca preta – “ Babalotim” – bordada no estandarte, onde os assistentes vão prendendo notas de dinheiro com alfinetes.
O Afoxê ao sair no carnaval baiano não se mistura com os demais participantes. Passa aristocraticamente entre o povo. Canta em língua nagô e tocam atabaques.
RITOS
A LAVAGEM DO BONFIM
Em janeiro, todos os anos, milhares de romeiros chegam ao Santuário do Senhor do Bonfim, na Bahia. O Senhor do Bonfim é o padroeiro do Brasil, desde 1745, quando Teodósio Rodrigues de Faria trouxe a imagem de Cristo crucificado de Setúbal (Portugal), sua terra natal, para um recanto do Recôncavo baiano.
A devoção começou com as novenas do século 18 até chegar às festas atuais, que começam dentro da Igreja, lá em cima da colina e se estende pelas ladeiras e praças vizinhas. Surgiu também a devoção, a promessa de lavar a igreja.
A lavagem de santos e ídolos está ligada a algumas religiões. É um rito ablucional legado pelos mouros ou judeus ao Brasil. Senhor do Bonfim é o Oxalá africano.
A lavagem do Bonfim é uma das maiores festas religiosas populares da “Bahia de Todos os Santos”... É realizada numa quinta-feira de janeiro. O ritual começou há um século com lavagem da nave central da igreja. Depois a lavagem foi proibida pelos padres. Atualmente lavam apenas as escadarias. Os fiéis levam água em potes, vassouras, flores, e formam uma verdadeira procissão de carrocinhas, enfeitadas de papel colorido, bicicletas, carros enfeitados e baianas vestidas de branco.
Fora da igreja são armadas barraquinhas, onde servem comidas e bebidas baianas. Há muita roda de samba e capoeira. O baiano canta, dança, comemora a alegria que o Senhor do Bonfim lhe deu o ano todo. A festa dura de quinta-feira a domingo à noite. E continua na segunda-feira da Ribeira, um bairro próximo, com muita música e dança.
RITO
CANDOMBLÉ
É um culto africano trazido pelos escravos, na época do Brasil colonial. Em outros estados, este culto recebe os nomes de: Xangô (Pernambuco), Macumba (Rio de Janeiro e São Paulo), Batuque (Rio Grande do Sul), Tambor de Mina ( Maranhão).
No candomblé existe um deus principal: Olorum ou Zambi (o dono do céu). O filho desse deus – Oxalá – criou a humanidade. Em seguida estão os orixás (divindades, santos) – Xangô, Oxum, Iansã, Iemanjá, Oxumaré, Omolu, Nanã Barucu, Ogum, Oxossi, etc... Cada divindade africana tem um santo católico correspondente no Brasil. Na Bahia, Iansã é Santa Bárbara, Oxossi é São Jorge, Oxalá é Jesus Cristo, o Senhor do Bonfim.
O objetivo principal do candomblé é, através do êxtase, receber os santos entre os homens. Neste culto existe uma grande intimidade entre os homens e os deuses. Segundo a crença africana, cada pessoa tem um orixá protetor.
A FESTA DE IEMANJÁ, A RAINHA DO MAR
No triste tempo da escravidão, quando os senhores de engenho impunham a religião católica aos escravos, eles em espírito cultuavam os seus deuses africanos e, dos lábios para fora, invocavam os nomes dos santos dos seus donos. Assim, Santa Bárbara católica é a mesma Iansã africana. Oxalá é o Senhor do Bonfim...
DONA JANAÍNA – RAINHA DO MAR
A Sereia do Mar, Rainha do Mar, a Princesa do Mar, Princesa de Aiucá, Iemanjá é amada e cultuada pelos baianos. É a mãe... Mãe das águas, de origem africana. Nessa divindade iorubana... Mãe d’Água divide o sentimento humano que se tem com a mulher em três orixás (divindades) : mãe, esposa, namorada.
A mãe é Nanãburucu ou simplesmente Nanã, relacionada com Sant’Ana, avó de Jesus. A esposa, a mulher é Iemanjá, a mãe de todos, relacionada com Maria. A mais nova é Oxum, a vaidosa, gosta de presentinhos de namorada.
A maior festa de Iemanjá, na Bahia, é no dia 2 de fevereiro no Rio Vermelho. Todas as pessoas que têm “obrigação” com a Rainha do Mar se dirigem para a praia e levam flores e presentes, espelhos, joias, pentes e perfumes.
Velas brancas se enchem de vento; os presentes são lançados em alto mar. Se Iemanjá gostar dos presentes eles ficarão em alto mar. Se não gostar, voltarão para a praia, para a tristeza do povo. E lá na Igreja da Conceição da Praia, as velas estão acesas desde oito de dezembro para Nossa Senhora, pelos devotos de Iemanjá.
O RICO FOLCLORE DA BAHIA PEDE PASSAGEM -I
FONTE: Histórias, Costumes e Lendas
Editora
Três - 1987
IMAGENS: Google
VÍDEO: Youtube
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